ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO NO PERÍODO CHUVOSO SOBRE CULTIVO DE SOJA PARA PARAGOMINAS-PA Jefferson Erasmo de Souza Vilhena 1, Hallan David Velasco Cerqueira 1, Carlos José Capela Bispo 2, Nilzele de Vilhena Gomes 3, Roselene Garcia 4 Edson José Paulino da Rocha 5 RESUMO Devido ao grande crescimento da monocultura de soja e a busca de novos locais para o seu cultivo na Amazônia, é de fundamental importância a procura por novas informações a respeito da variabilidade climática nas áreas de plantio de soja. A chuva se apresenta como principal fator de variabilidade climática na região, em termos espacial e temporal, afetando a produção de soja em Paragominas. Para analisar a precipitação, utilizaram-se dados mensais de uma estação meteorológica automática referente aos meses de fevereiro a maio de 2006, em comparação com uma série de dados climatológicos de precipitação no período de dez anos (1978 a 1988), analisando os horários predominantes das precipitações, as máximas dos meses em questão, o total de precipitações e os valores de consumo de água pela soja, e assim com este resultado, poderemos verificar se a precipitação se apresentará favorável ou não a expansão da cultura na região. Palavras-Chave: Precipitação, Soja, Paragominas-PA. ABSTRACT Due to growth big the soy monoculture and the search new locations for your cultivation in Amazonian, it is of fundamental importance the search for new information regarding the climatic variability in the soy planting areas. The rain introduces like climatic variability main factor in the region, in space and temporal terms, affecting the soy production in Paragominas. To analyze precipitation, it used monthly data of an automatic meteorological station regarding February and May months, 2006, in comparison to a precipitation climatological data series in the period of ten years (1978 to 1988), analyzing the predominant schedules of the precipitations, the maxims of the months in subject, the total of precipitations and the values of consumption of water for the soy, and thus with this result, can verify whether the precipitation will introduce favorable or no the culture expansion in the region. Key-Words: Precipitation, Soy, Paragominas-PA 1 Graduando do Curso de Meteorologia, Depto. de Meteorologia, UFPa, CP 1611, 66075-110, (91)3201-7412. Belém- Pa, e-mail: Jeffe@ufpa.br, hallan@ufpa.br. 2 Mestrando do Curso de Ciências Ambientais. Universidade Federal do Pará - UFPa; Museu Paraense Emílio Goeldi- MPEG; EMBRAPA Amazônia Oriental. CP 479, 66075-110. (91)3201-8106. Belém-Pa, e-mail: ccapela@ufpa.br. 3 Mestranda do Curso de Ciências Ambientais. Universidade Federal do Pará - UFPa; EMBRAPA Amazônia Oriental. CP 479, 66075-110. (091)3201-7471. Belém-Pa, e-mail: nilzele@ufpa.br. 4 Técnica de Química Depto. de Meteorologia. UFPa. CP 479, 66075-110. (91)3201-8106. Belém-Pa. e-mail: rg@ufpa.br. 5 Prof. Depto. de Meteorologia. UFPa. CP 479, 66075-110. (91)3201-8106. Belém-Pa. E-mail: eprocha@ufpa.br.
INTRODUÇÃO A chuva por sua grande variabilidade em termos espacial e temporal constitui-se num dos elementos climáticos de maior importância para a agricultura por sua grande influência em todos os estágios de desenvolvimento das plantas (JACKSON 1979; BASTOS 1990; SOME 1991, apud MARION 2004). O excesso ou a deficiência hídrica em determinados subperíodos de desenvolvimento dos cultivos agrícolas pode acarretar prejuízos, em termos de produtividade e de economia, sendo, portanto, de grande importância os estudos voltados para a avaliação da influência dos regimes pluviométricos na produção agrícola (MARION 2004). O objetivo deste trabalho é analisar a precipitação em um pequeno período no ciclo do cultivo da soja comparando os dados obtidos com os dados de precipitação pluviométrica da estação meteorológica do município de Paragominas PA, no período de 1978 1988 (EMBRAPA Amazônia Oriental, 2002). MATERIAIS E MÉTODOS Área de estudo A área de estudo situa-se sobre um plantio de soja de aproximadamente 200 ha na fazenda Boi Branco (3º 02 S 47º 17 W), no município de Paragominas (19.231 km²), conforme figura 1, localizado a nordeste do Estado do Pará a 320 Km da cidade de Belém, capital do Estado. As variedades de soja plantada foram: a Sambaíba e a BRS Candeia, apresentando um ciclo médio de aproximadamente 130 dias, atingindo altura máxima de 120 cm (Banco de dados/projeto CT- HIDRO). FIGURA 1-Localização da área de estudo. FONTE: Guianet / Maplink / Google Earth. Método de Campo O experimento foi instalado em uma área de plantação de soja (200 ha), onde para análise da precipitação foram utilizados quatro meses de dados, no período de 1º de fevereiro a 31 de maio de 2006 durante o projeto CT-HIDRO/MCT/CNPq, que pesquisa os impactos sobre os recursos
hídricos em virtude da expansão da fronteira agrícola na Amazônia. Esses dados foram coletados através da Estação Meteorológica Automática (EMA) que registrava os dados em uma freqüência de 10 em 10 minutos, através de pluviômetro modelo Rain Gauge TB4 instalado a 3,90 m de altura do solo (figura 2). FIGURA 2 - Estação automática. FONTE: Banco de dados CT-HIDRO. Foram feitas análises da precipitação acumulada para os meses em estudo, comparando os dados coletados com uma série climatológica no período de dez anos, de 1978 a 1988, dados da EMBRAPA Amazônia Oriental (RODRIGUES 2002) para verificar se o período apresentou condições favoráveis para o cultivo da soja. RESULTADOS E CONCLUSÕES Tendo como ciclo da soja um período entre 120 a 130 dias, em que os dados analisados correspondem a 120 dias de plantio, a contar do 1º dia do início do ciclo da soja (1º de fevereiro de 2006), levando-se em conta que o início do período chuvoso para a região ocorre no mês de dezembro e o término no mês de maio, com as máximas de precipitações durante o trimestre: março, abril e maio (FIGUEROA & NOBRE 1990). O início do experimento ocorreu junto com o início do ciclo da soja, há 28 dias antes do trimestre mais chuvoso. Verificou-se que durante o período chuvoso, as precipitações ocorreram em sua maioria entre as 12h00min e as 00h00min, com maior intensificação entre as 15h00min e 20h00min, ocorrendo em algumas exceções de intensificações entre as 22h00min e 02h00min horários locais (Banco de Dados CT-HIDRO). Na figura 3, observa-se que em 85,8% dos dias do ciclo da soja, do período observado, houve precipitação, sendo que; no mês de fevereiro precipitou em 85,7% dos dias, com precipitações inferiores a 25mm; no mês de março 90,3%, com máximo de 57,4mm ocorrido no dia 14; em abril, 93,3% com máximo de 58,9mm ocorrido no dia 4 e; no mês de maio, precipitou 74,19% dos dias, com máximo de 30,7mm ocorrido no dia 20.
FIGURA 3 Distribuição mensal da precipitação nos meses de fevereiro (A), março (B), abril (C) e maio (D) de 2006. Durante o ciclo da soja, as máximas de precipitação (figura 4) foram nos meses de março e abril, com 306,6 e 367,3mm respectivamente, e as mínimas nos meses de fevereiro e maio, com 153,7 e 140,7mm respectivamente, com um total no período observado de 968,2mm, ressalta-se que no mês de maio houve ausência de dados do dia 23 ao dia 27 entre os horários de 17h00min e 08h00min. Na figura 4, observa-se que nos meses de março e abril, a precipitação registrada manteve a média climatológica de 10 anos (1978 1988) segundo dados da estação meteorológica da EMBRAPA em Paragominas, enquanto que nos meses de fevereiro e maio, a precipitação registrada ficou abaixo da média climatológica. FIGURA 4 - Precipitação mensal acumulado meses de fevereiro, março, abril e maio de 2006.
O consumo de água pela soja, durante todo o seu ciclo, varia de 300 a 850 mm, dependendo do cultivo, da época e das condições locais (EMBRAPA CNPSo 1994), observa-se assim, que os valores de precipitação observados estão dentro dos padrões de consumo de água pela soja, sendo portando favorável ao cultivo. Com o conhecimento da quantidade de água consumida pela cultura em cada um dos vários estágios de crescimento, permite-se ajustar assim, as datas de semeadura de forma que as fases de crescimento mais críticas coincidam com os períodos aos quais é mais provável a água estar disponível (FARIAS 2001). Sugestões Devido à falta de informação sobre o motivo da precipitação registrada nos meses de fevereiro e maio estarem abaixo da média climatológica de 1978 1988 sugere-se futuros estudos para esclarecimento dessa diferença na climatologia dos meses de fevereiro e maio. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo apoio financeiro concedido ao projeto CT-HIDRO/MCT/CNPq. A Profª Julia Cohen pelo empréstimo da Estação Meteorológica. Aos Coordenadores e colegas do Laboratório de Estudos e Modelagem Hidro- Ambientais - LEMHA pela imprescindível colaboração na montagem dos experimentos, coleta e obtenção dos resultados dos estudos propostos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COSTA, C.P.W. Distribuição espacial e temporal da precipitação na Amazônia oriental de 2006. 23f. Trabalho de conclusão de curso (graduação em meteorologia)-universidade Federal do Para, Centro de Geociências. Belém, 2006. EMBRAPA-CNPSo. Tropical soybean: improvement and production. Rome, Italy: FAO, 1994. 254f. (FAO Plant Production and Protection Series, N 27). FARIAS, J.R.B, et al. Caracterização de risco de déficit hídrico nas regiões produtoras de soja no Brasil. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 9, n. 3, 415-421f, 2001. FIGUEROA, S.N.; NOBRE, C. A. Precipitation distribution over Central and Western tropical South America. Climanálise, São José dos Campos - Sp, v. 5, n.6, 36-44f, jun. 1990.
GOMES, N.V. Estudo da variabilidade espacial e temporal da precipitação na Amazônia através do algoritmo gpi de 2006. 64f. Trabalho de conclusão de curso (graduação em meteorologia)-universidade Federal do Para, Centro de Geociências, Belém, 2006. MAPA GEOGRAFICO DE PARAGOMINAS, Guianet, disponível em http://www.guianet.com.br/pa/mapapa.htm, site visitado em 16 de setembro de 2006, Maplink, disponível em http://maplink.uol.com.br/rodoviario/mapa.asp, site visitado em 16 de setembro de 2006, Google Earth, software disponível em http://earth.google.com, site visitado em 16 de setembro de 2006. MARION, EVERSON. Parâmetros hídricos para estimativa do rendimento de grãos de soja. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção - Universidade Federal de Santa Catarina. 2004. 102f. RODRIGUES, T.E, et al. Caracterização e avaliação da potencialidade dos solos e zoneamento agroecológico do município de Paragominas - estado do Pará. 2002. 42f. RODRIGUES, T.E, et al. Caracterização e classificação dos solos do município de Paragominas-estado do Pará. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA Amazônia Oriental. 2002. 41f.