CURSO PRF 2017 DIREITO CONSTITUCIONAL AULA 06 DIREITO CONSTITUCIONAL. diferencialensino.com.br

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Transcrição:

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PROFESSOR THIAGO CARDOSO 2

AULA 06 DA NACIONALIDADE Olá meus amigos, tudo bem? Estamos de volta! Bem, pra vocês que não me conhecem, sou o professor Thiago Cardoso e na aula de hoje iremos estudar sobre os Direitos Constitucionais da Nacionalidade que estão previstos no art. 12 e 13 da Constituição Federal de 1988. Vamos lá? Pois bem, antes de mais nada é importante traçarmos um pequeno organograma estrutural da nossa Constituição para que você possa observar onde entra os estudo do Direitos da Nacionalidade. Os Direitos da Nacionalidade estão localizados no Título II, Capítulo III da nossa Carta Magna, vejamos: Título I Dos Princípios Fundamentais Art. 1º ao 4º CF/88 Título II Dos Direitos e Garantias Fundamentais Capítulo I Dos Direitos e Deveres Individuais e Capítulo II Dos Direitos Sociais Art. 5º CF/88 Art. 6º ao 11 CF/88 Capítulo III Da Nacionalidade Art. 12 e 13 CF/88 Capítulo IV Dos Direitos Políticos Art. 14 a 16 CF/88 Capítulo V Dos Partidos Políticos Art. 17 CF/88 Antes de adentrarmos ao tema é importante tecermos algumas considerações sobre o que seria NACIONALIDADE, POVO, POPULAÇÃO e CIDADÃO. Pois bem, vamos às definições: NACIONALIDADE: É vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um determinado Estado. POVO: Conjunto de pessoas que fazem parte de um Estado. POPULAÇÃO: Conjunto de residentes no território, sejam eles NACIONAIS ou ESTRANGEIROS. CIDADÃO: É o nacional (brasileiro nato ou naturalizado) que goza de direitos políticos pode votar e ser votado! Os Direitos Fundamentais relacionados à NACIONALIDADE estão estampados no art. 12 e 13 da Constituição Federal. Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 3

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 54, de 2007) II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. Diante deste contexto é importante destacarmos as espécies de nacionalidade: 4

PRIMÁRIA: Resulta de fato natural (nascimento) estabelecida através de critérios sanguíneos (art. 12, II, b e c ) - ius sanguinis - ou territoriais (art. 12, II, a ) - ius solis. SECUNDÁRIA: Resulta por um ato volitivo, após o nascimento (naturalização) que, em nosso ordenamento jurídico, é EXPRESSA! No que tange à naturalização poderá ser dividida em: ORDINÁRIA (Art. 12, II, a ): se caracteriza por ser DISCRICIONÁRIA, ou seja, depende de autorização do Poder Executivo. EXTRAORDINÁRIA (Art. 12, II, b ): se caracteriza por ser um ATO VINCULATÓRIO, ou seja, cumprido os 3 requisitos dispostos no art. 12, II, b da CF/88, o Poder Executivo não pode negar a naturalização. A lei que regulamenta o procedimento de naturalização é a LEI Nº 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro) e nela destacamos os importantes artigos para seu conhecimento: Art. 111. A concessão da naturalização nos casos previstos no artigo 145, item II, alínea b, da Constituição, é faculdade exclusiva do Poder Executivo e far-se-á mediante portaria do Ministro da Justiça. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) (...) Art. 112. São condições para a concessão da naturalização: I - capacidade civil, segundo a lei brasileira; II - ser registrado como permanente no Brasil; III - residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização; IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à manutenção própria e da família; VI - bom procedimento; VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja cominada pena mínima de prisão, abstratamente considerada, superior a 1 (um) ano; e VIII - boa saúde. (...) Art. 115. O estrangeiro que pretender a naturalização deverá requerê-la ao Ministro da Justiça, declarando: nome por extenso, naturalidade, nacionalidade, filiação, sexo, estado civil, dia, mês e ano de nascimento, profissão, lugares onde haja residido anteriormente no Brasil e no exterior, se satisfaz ao requisito a que alude o artigo 112, item VII e se deseja ou não traduzir ou adaptar o seu nome à língua portuguesa. (Renumerado pela Lei nº 6.964, de 09/12/81) IMPORTANTE!!!! Não há que se falar em distinção entre brasileiros NATOS e NATURALIZADOS, exceto nos casos definidos pela própria Constituição Federal. E a nossa Carta Magna é bem clara quanto à isso, senão vejamos: a) Cargos (art. 12, 3º) + Presidente do TSE (art. 119, p. único, CF/88) + Presidente do CNJ (art. 103-B, 1º) O artigo 12, 3º descreve que: 5

Art. 12 (...) 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas. VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) Meus amigos, vocês não podem esquecer quais são os cargos privativos de brasileiros natos e para isso, segue um pequeno esqueminha minemônico: MP3.COM M P3 Ministro STF Pres e Vic Pres. República Pres. Câmara Dep. Fed. C Pres. Senado Federal M O Carreira Diplomática Oficial das Forças Armadas Ministro do Estado Da Defesa Importante salientar que o cargo de PRESIDENTE DO TSE e o PRESIDENTE DO CNJ só poderão ser exercidos por brasileiros NATOS, vez que: Art. 119 (...) Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. 6

Art. 103-B - (...) 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. b) Função do Conselho da República (art. 89, VII) Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: (...) VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução. c) Extradição (art. 5º, LI) Art. 5º (...) LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; d) Direito de Propriedade (art. 222, CF/88) Entendido, moçada?! Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002) Olha só, a perda da nacionalidade pode ocorrer SOMENTE POR ORDEM JUDICIAL (Art. 12, 4º, I, CF/88). No que tange à dupla nacionalidade, em regra, o brasileiro que adquire outra nacionalidade perde a condição de nacional brasileiro. Porém, a CF admite, em duas situações, a dupla nacionalidade: Art. 12: (...) 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: (...) II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; Nesse ponto, pode surgir a seguinte indagação: UM BRASILEIRO NATO PODE PERDER A NACIONALIDADE? Para responder essa pergunta, é importante destacar o recente julgado da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no Mandado de Segurança nº 33864: Ementa: CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. BRASILEIRA NATURALIZADA AMERICANA. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO NO EXTERIOR. FUGA PARA O BRASIL. PERDA DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA EM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO REGULAR. HIPÓTESE CONSTITUCIONALMENTE PREVISTA. NÃO OCORRÊNCIA DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER. DENEGAÇÃO DA ORDEM. 1. O Supremo Tribunal Federal é competente para o julgamento de mandado de segurança impetrado contra ato do Ministro da Justiça em matéria extradicional. (HC 83.113/DF, Rel. Min. Celso de Mello). 2. A Constituição Federal, ao cuidar da perda da nacionalidade brasileira, estabelece duas hipóteses: (i) o cancelamento judicial da naturalização (art. 12, 4º, I); e (ii) a aquisição de outra nacionalidade. Nesta última hipótese, a nacionalidade brasileira só não será perdida em duas situações que constituem exceção à regra: (i) reconhecimento de outra nacionalidade originária (art. 12, 4º, II, a); e (ii) ter sido a outra nacionalidade imposta pelo Estado estrangeiro como condição de permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis (art. 12, 4º, II, b). 3. No caso sob exame, a situação da impetrante não se subsume a qualquer das exceções constitucionalmente previstas para a aquisição de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade brasileira. 4. Denegação da ordem com a revogação da liminar concedida. 7

(MS 33864, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 19/04/2016, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-200 DIVULG 19-09-2016 PUBLIC 20-09-2016) No caso em análise, a brasileira havia renunciado voluntariamente a nacionalidade brasileira para ficar com a nacionalidade americana. Em tais casos, de renúncia unilateral, prevista no art. 12, 4º, II, onde não há nenhuma das exceções previstas nas alíneas a e b, uma vez adquirido a nacionalidade americana e cometido crime nos EUA e fugido para o Brasil, pode haver a extradição normalmente, vez que não há mais que se falar em cidadã brasileira aquela que, voluntariamente, optou pela nacionalidade americana. ATENÇÃO PARA ESTE JULGADO QUE, APESAR DE NÃO TER EFEITO VINCULANTE, PODE EMBASAR ACERTADAMENTE OUTRAS DECISÕES! Vamos para os exercícios? Preparados? Vamos lá! 01 (CESPE/2016) Acerca da Constituição Federal de 1988 e das disposições nela inscritas relativamente a direitos e garantias fundamentais e à administração pública, julgue o item a seguir. Constituição Federal de 1988 define os cargos que são privativos de brasileiros natos e proíbe que legislação infraconstitucional estabeleça distinções entre brasileiros natos e naturalizados. 02 (CESPE/2016) No que concerne aos direitos e deveres individuais e coletivos, à nacionalidade e aos direitos políticos, julgue o item que se segue, tendo como referência as disposições da CF. Para que o filho de casal brasileiro nascido em país estrangeiro seja considerado brasileiro nato, ambos os pais devem estar, nesse país, a serviço da República Federativa do Brasil. 03 (CESPE/2016) - No que concerne aos direitos e deveres individuais e coletivos, à nacionalidade e aos direitos políticos, julgue o item que se segue, tendo como referência as disposições da CF. Situação hipotética: Em 2010, João foi naturalizado brasileiro e, em 2012, se envolveu em tráfico ilícito internacional de entorpecentes. Devido a essa infração penal, determinado país requereu a sua extradição. Assertiva: Nessa situação, o pedido deverá ser negado, uma vez que a CF veda a extradição de brasileiro. 8

04 (CESPE/2016) - Acerca do tratamento da nacionalidade brasileira na Constituição Federal de 1988 (CF), assinale a opção correta. a) Brasileiros natos e naturalizados são equiparados para todos os efeitos, dado o princípio da isonomia, conforme o qual todos são iguais perante a lei. b) Filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro podem optar pela naturalização, desde que o façam antes da maioridade civil. c) É permitida a extradição de brasileiros naturalizados, respeitadas as condições previstas na CF. d) São considerados brasileiros natos apenas os nascidos em solo nacional. e) A naturalização é concedida exclusivamente a portugueses tutelados pelo Estatuto da Igualdade, caso haja reciprocidade em favor dos brasileiros. 05 - (CESPE/2016) Com base nas normas constitucionais que versam sobre direitos e garantias fundamentais, assinale a opção correta acerca do direito de nacionalidade. a) Configura-se a denominada nacionalidade adquirida no caso em que o indivíduo nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiros, passa a residir no Brasil e opta pela nacionalidade brasileira depois de ter atingido a maioridade. b) É proibida qualquer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, os quais são detentores dos mesmos direitos e deveres previstos na Constituição Federal de 1988 (CF). c) A perda da nacionalidade brasileira em razão do reconhecimento de outra nacionalidade originária não se dá automaticamente. d) Tanto a nacionalidade primária quanto a nacionalidade secundária dependem da vontade do indivíduo, que tem a liberdade de aceitar ou não o vínculo jurídico-positivo que o liga ao Estado brasileiro. e) Na determinação da nacionalidade primária, no Brasil se adota com primazia o jus solis (vínculo de territorialidade), mas também se admitem o jus matrimoniale (vínculo de casamento) e o jus sanguinis (vínculo de sangue). 06- (CESPE/2016) - Acerca dos direitos e garantias fundamentais, de acordo com o disposto na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue o próximo item. Adotou-se como regra o critério sanguíneo para a definição da nacionalidade brasileira. 07- (CESPE/2016) - Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e deveres individuais e coletivos, julgue o item a seguir. Em nenhuma hipótese, o brasileiro nato poderá ser extraditado. 08- (CESPE/2016) - A respeito do processo legislativo e dos direitos e garantias fundamentais, conforme disposto na Constituição Federal de 1988, julgue (C ou E) o item subsequente. A Constituição Federal determina que o brasileiro nato nunca será extraditado e que o brasileiro naturalizado somente será extraditado no caso de ter praticado crime comum antes da naturalização. 09 (CESPE/2015) - Quanto ao conceito de Constituição e aos direitos individuais e de nacionalidade, julgue o seguinte item. São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira que esteja no exterior a serviço do Brasil ou de organização internacional. 10- (CESPE/2014) - Em relação aos direitos de nacionalidade, assinale a opção correta considerando o disposto na CF. a) Aos portugueses com residência permanente no país, serão atribuídos os direitos inerentes a brasileiro nato. b) Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que cometer crime contra a vida do presidente da República. c) É privativo de brasileiro nato o cargo de juiz de direito. d) Considera-se brasileiro naturalizado o nascido no estrangeiro, de pai brasileiro e mãe estrangeira, se o pai estiver a serviço da República Federativa do Brasil. e) O Distrito Federal e os municípios poderão ter símbolos próprios. 11- (CESPE/2014) - Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e garantias fundamentais. Considere a seguinte situação hipotética. João, brasileiro nato, durante viagem a determinado país estrangeiro, cometeu um crime e, depois disso, regressou ao Brasil. Em seguida, o referido país requereu a extradição de João. Nessa situação hipotética, independentemente das circunstâncias e da natureza do delito, João não poderá ser extraditado pelo Brasil. 9

GABARITO 01V/02F/03F/04V/05V/06F/07V/08F/09F/10V/11V 10