Código de Conduta do Analista Financeiro 2015 Considerando: 1. O papel determinante do Analista Financeiro e do Consultor para Investimento no respeito de um princípio basilar dos mercados financeiros, qual seja o de que toda a informação, e muito particularmente, a que de forma direta ou indireta, pode condicionar o investimento e / ou a gestão financeira, se deve pautar pela observância de rigorosos princípios de licitude, veracidade, objetividade, oportunidade e clareza; 2. A diversidade de entidades com as quais o Analista Financeiro colabora, a diferentes níveis, e da qual se destacam intermediários financeiros, investidores individuais e institucionais, entidades de supervisão, órgãos de comunicação social, empresas e público em geral; 3. O reconhecimento por parte das referidas entidades da necessidade de normas de ética e de conduta profissional, que devem ser comuns a todos os que se dedicam à análise financeira sendo, por conseguinte, imperioso procurar a sua aceitação e observância; 4. Que a APAF - Associação Portuguesa de Analistas Financeiros exige que todos os seus associados adotem o Código de Conduta por si aprovado, assumindo-o na sua prática profissional com observância pelos princípios nele estabelecidos e comprometendo-se, à data da sua entrada na Associação e, renovadamente, nos anos seguintes, por declaração, a cumprir este Código; 5. A necessidade de adaptar o Código de Conduta da APAF, em vigor desde 2003, às alterações regulamentares entretanto ocorridas, designadamente as aprovadas pela CMVM nos seus Regulamentos aplicáveis aos analistas financeiros e aos consultores para investimento, designadamente o Regulamento da CMVM n.º 3/2010, que alterou o Regulamento da CMVM n.º 2/2007, em matéria de Deveres de Conduta e Qualificação Profissional dos Analistas Financeiros e Consultores para Investimento. Página 1 de 7
6. A necessidade de adaptar também o Código de Conduta da APAF às melhores práticas internacionais, designadamente ao Código de Conduta da Federação Europeia de Associações de Analistas Financeiros ( Principles of Ethical Conduct, European Federation of Financial Analysts Societies ); A Direcção da APAF delibera que os membros desta Associação deverão conduzir as suas atividades profissionais com respeito pelo presente Código de Conduta do Analista Financeiro, sob pena de aplicação das sanções previstas no Artigo º 13.º dos seus Estatutos, comprometendo-se a respeitá-lo e a observá-lo desde a data da sua entrada na Associação, compromisso que renovarão anualmente. Assim: I. Princípios Fundamentais Gerais ********** 1. Análise Financeira e Consultoria para Investimento 1.1. Análise Financeira: toda a atividade que, a título profissional, envolva a produção, avaliação ou utilização de informação económica, financeira, estatística ou outra, tendo em vista a gestão de investimentos ou patrimónios, a gestão de carteiras, [o aconselhamento financeiro] ou o exercício de outras atividades afins, assim como a atividade de elaboração e/ou emissão de recomendações de investimento, que se destinem a canais de distribuição ou ao público. 1.2. Analista Financeiro: pessoa singular ou coletiva que exerça a atividade profissional de análise financeira. 1.3. Consultoria para Investimento: toda a atividade que consista no aconselhamento personalizado a um cliente, quer a pedido deste, quer por iniciativa do consultor, relativamente a transações relativas a valores mobiliários ou instrumentos financeiros. 2. Aplicação do Código aos Associados 2.1. O presente Código aplica-se a todos os Analistas Financeiros e Consultores para Investimento que sejam sócios efetivos ou de mérito da APAF - Associação Portuguesa de Analistas Financeiros. 2.2. Salvo quando expressamente se dispuser o contrário, o presente Código aplicase ainda àqueles que, não sendo sócios da APAF, expressamente a ele o adiram. Página 2 de 7
3. Padrões Profissionais 3.1. Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem observar, em todas as suas atividades profissionais, os mais elevados padrões de honestidade, integridade, imparcialidade, equidade e prudência, exercendo os seus deveres com toda a diligência. 4. Prevalência dos Interesses dos Clientes 4.1. Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem sempre atuar no melhor interesse dos seus clientes, efetivos e potenciais, e colocar estes interesses à frente dos seus interesses próprios ou dos interesses dos seus trabalhadores e colaboradores. 5. Independência e Objetividade 5.1. Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem diligenciar com vista a preservar a sua independência e objetividade no desempenho das suas atividades profissionais. 6. Competência Profissional 6.1. Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem esforçar continuamente por manter e melhorar as suas competências profissionais. 7. Conhecimento e Cumprimento da Legalidade 7.1. Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem manter o conhecimento e o cumprimento de toda a legislação e regulamentação aplicável, assim como de códigos de conduta e standards profissionais de associações nacionais ou estrangeiras que lhes sejam aplicáveis e abster-se-ão de tomar parte, de forma consciente, em qualquer incumprimento das referidas regras. II. Princípios Fundamentais Específicos 8. Bases Razoáveis e Representação Justa 8.1. Princípio: Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem apresentar aos seus clientes efetivos e potenciais os relatórios de research, as recomendações para investimento e outros documentos relativos à performance Página 3 de 7
dos investimentos em termos objetivos, atuais e completos para um padrão profissional comparável. 8.2. Recomendações A) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem ter uma base razoável para o seu research, recomendações e gestão de investimento, suportada por um research e análise completos e diligentes. B) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem exercer a sua profissão de acordo com ao mais elevados padrões de objetividade, distinguindo claramente os fatos e as opiniões devendo as previsões ser qualificadas e rotuladas como tal. C) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem divulgar os princípios básicos e os métodos e parâmetros utilizados para a sua análise e quaisquer alterações materiais efetuados aos mesmos de forma a que cada investidor possa aferir da sua razoabilidade; todos os fatos relevantes e fatores de risco serão totalmente divulgados. D) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem, ao recorrer a material preparado por terceiros, citar a respetiva fonte. E) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem manter registos apropriados dos documentos e fontes que fundamentam o sentido do seu research, preservando todos os documentos nos termos legais. F) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento, enquanto estiverem na posse de informação privilegiada relativa a emitentes de instrumentos financeiros ou aos próprios instrumentos financeiros, não deverão negociar ou comunicar a outros tal informação até que a mesma seja tornada pública. G) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem sempre agir de forma justa e de acordo com os mais altos padrões da profissão no cumprimento do seu dever de agir no melhor interesse do cliente ao receber ordens de execução. 9. Preservação dos Interesses dos Clientes 9.1. Princípio: Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem sempre negociar de boa-fé e em termos equitativos com todos os seus clientes efetivos e potenciais. Página 4 de 7
9.2. Recomendações: A) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem sempre manter os mais elevados padrões profissionais na prestação ou no envio de informação aos seus clientes. B) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem sempre promover a realização dos testes de adequação de acordo com os mais elevados padrões da profissão. C) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento não devem divulgar informação confidencial sobre os seus clientes efetivos e potenciais, assim como sobre os seus negócios, salvo se a isso forem obrigados por lei. D) Os analistas financeiros e os consultores para Investimento não devem fazer quaisquer declarações que possam induzir em erro os seus clientes efetivos e potenciais relativamente ao serviço que prestam. 10. Prevenção e Divulgação de Conflitos de Interesses 10.1. Princípio: Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem tomar todas as medidas necessárias para resolver os conflitos de interesse que possam razoavelmente aparecer e ser prejudiciais à sua independência e objetividade e divulgar qualquer conflito aparente. 10.2. Recomendações: A) Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem divulgar aos seus clientes efetivos e potenciais, empregadores e qualquer parte relacionadas todas as questões que possam razoavelmente prejudicar a sua independência e objetividade. B) Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem informar os seus supervisores de qualquer forma de pressão que sobre eles seja exercida por outros no exercício das suas funções profissionais. C) Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem abster-se de deter valores mobiliários abrangidos ou instrumentos financeiros relacionados com o seu âmbito de atividade, a menos que tal propriedade seja razoavelmente considerada como não prejudicial à objetividade do research e tal seja divulgado aos clientes efetivos e potenciais D) Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem abster-se de realizar, para si ou para terceiros, operações de Página 5 de 7
investimento com base em informações de carácter confidencial a que tenha acesso por força da sua atividade profissional. D) O Analista Financeiro deve abster-se de atuar como contraparte nas transações cuja realização aconselha. E) Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem dar prioridade às transações para investimento de clientes face às transações dos seus empregadores ou pessoal. F) Os analistas financeiros e os consultores para investimento devem divulgar aos seus clientes efetivos e potenciais todos os pagamentos relevantes e benefícios recebidos de qualquer fonte que não o seu empregador. G) Os analistas financeiros e os consultores para investimento não devem aceitar presentes ou outros benefícios que possam razoavelmente parecer prejudicar a sua independência e objetividade. 11. Relacionamento com órgãos de comunicação social Sempre que emita opiniões tendentes a ser objeto de divulgação através de órgãos de informação, o Analista Financeiro deve: A) Utilizar um discurso reservado, objetivo e fundamentado, no respeito do dever de sigilo para com os clientes e empregadores; B) Pugnar pela disseminação dessas opiniões exclusivamente no contexto em que foram emitidas e pela correção de notícias que tenham expresso erradamente tais opiniões. 12. Qualificação Profissional Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem usar as suas qualificações profissionais com diligência de forma a salvaguardar a confiança em tais qualificações e nas Federações e Associações responsáveis pela sua emissão e viabilização. Os analistas financeiros e os consultores para Investimento devem dar passos concretos / adotar medidas concretas para manter e melhorar continuamente a sua competência profissional. 13. Sanções 13.1. Sem prejuízo e independentemente da responsabilidade civil, contraordenacional ou criminal em que os factos praticados façam incorrer o infrator, a violação, pelos Analistas Financeiros, das normas constantes do presente Código Página 6 de 7
de Conduta constitui uma infração disciplinar, punível nos termos previstos nos Estatutos da APAF, com sanções que podem ir da repreensão escrita à perda compulsiva e irrevogável da qualidade de sócio. 14. Comissão para o Código de Conduta da APAF 14.1. A avaliação do respeito pelos princípios vertidos no presente Código de Conduta, a supervisão e divulgação do processo de implementação do mesmo e, bem assim, a definição das sanções aplicáveis nos termos da alínea anterior, cabem à Comissão para o Código de Conduta da APAF, em estreita articulação com os demais órgãos da APAF. 14.2. A Comissão para o Código de Conduta da APAF é nomeada pela Assembleia Geral sob proposta da Direção, para mandatos de três anos revogáveis. 15. Entrada em vigor O presente Código de Conduta entra em vigor em -------- de 2015/2016, após divulgação pública promovida pela Direção da Associação. Página 7 de 7