Contaminação entre soja convencional e soja transgênica

Documentos relacionados
TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DIFERENTES ESTRUTURAS DE SEMENTES DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

Resultados de Pesquisa dos Ensaios de Melhoramento de Soja Safra 2008/09

INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA

CRESCIMENTO DA CULTURA DO PINHÃO MANSO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTAS.

Av. Ademar Diógenes, BR 135 Centro Empresarial Arine 2ºAndar Bom Jesus PI Brasil (89)

COMPARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE PLANTAS DE MILHO COM DIFERENTES EVENTOS DE BIOTECNOLOGIA

Revista Agrarian ISSN:

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA EM FUNÇÃO DE TESTE DE GERMINAÇÃO

fontes e doses de nitrogênio em cobertura na qualidade fisiológica de sementes de trigo

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

BIOENSAIO PARA IDENTIFICAÇÃO DE GIRASSOL RESISTENTE AO HERBICIDA IMAZAPYR

TÍTULO: AVALIAÇÃO REGIONAL DE CULTIVARES DE FEIJÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

EFEITO DO GLYPHOSATE NA PRODUTIVIDADE DO MILHO RR2 CULTIVADO NA SAFRINHA

Palavras-Chave: Adubação mineral. Adubação orgânica. Cama de Peru. Glycine max.

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

INFLUÊNCIA DE BORDADURA NAS LATERAIS E NAS EXTREMIDADES DE FILEIRAS DE MILHO NA PRECISÃO EXPERIMENTAL 1

Comportamento Agronômico de Progênies de Meios-Irmãos de Milheto Cultivados em Sinop MT 1

EFEITO DO GLYPHOSATE NA ALTURA DO MILHO RR2 CULTIVADO NA SAFRINHA

CULTIVARES DE SOJA NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO

ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

Produtividade de Genótipos de Feijão do Grupo Comercial Preto, Cultivados na Safra da Seca de 2015, no Norte de Minas Gerais.

Uso da cama de Peru na substituição parcial ou total da adubação química na cultura da soja¹

Uso de fertilizante na semente do trigo

III Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária - Agronomia

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO DE BAIXO CUSTO DE SEMENTES NA SAFRINHA 2016

Efeito do estresse hídrico e térmico na germinação e crescimento de plântulas de cenoura

Vigor de Plântulas de Milho Submetidas ao Tratamento de Sementes com Produto Enraizador

EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS, EM TRATAMENTO DE SEMENTES, NO CONTROLE DO PULGÃO Aphis gossypii (HOMOPTERA: APHIDIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

EFEITO DE HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES NA GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE Phaseolus vulgaris L.

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

VARIABILIDADE GENÉTICA EM LINHAGENS S 5 DE MILHO

EFEITO DO ÁCIDO ACÉTICO SOBRE A GERMINAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ARROZ 1. INTRODUÇÃO

Avaliação do desenvolvimento inicial de milho crioulo cultivados na região do Cariri Cearense através de teste de germinação

DESEMPENHO DE NOVAS CULTIVARES DE CICLO PRECOCE DE MILHO EM SANTA MARIA 1

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM AQUIDAUANA, MS.

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE SOJA CONVENCIONAL COLETADAS EM TRÊS POSIÇÕES DA PLANTA

Palavras Chaves: Comprimento radicular, pendimethalin, 2,4-D

CARACTERIZAÇÃO DA FENOLOGIA DE CULTIVARES DE SOJA EM AMBIENTE SUBTROPICAL

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA DE PORTE BAIXO PARA O ESTADO DO PARANÁ*

DESEMPENHO AGRONOMICO DE PROGÊNIES DE MILHO PARCIALMENTE ENDOGÂMICAS

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

SUPRESSÃO QUÍMICA DO CRESCIMENTO DE Panicum maximum CV. ARUANA CULTIVADO EM CONSÓRCIO COM A SOJA

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

DOIS VOLUMES DE CALDA EM QUATRO ESPAÇAMENTOS DE PLANTAS DE SOJA

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT

CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE MILHO PARA SILAGEM EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO SUL DE MG

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

GERMINAÇÃO E VIGOR DE SEMENTES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DA COLORAÇÃO DO TEGUMENTO

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE SOJA PARA O SUL DE MINAS GERAIS NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES-MG 1

Organismos Geneticamente Modificados

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Desempenho Operacional de Máquinas Agrícolas na Implantação da Cultura do Sorgo Forrageiro

Avaliação de Linhagens de Soja da Embrapa Trigo, Safra Agrícola 2009/2010

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DA MAMONEIRA FERTIRRIGADA EM MOSSORÓ RN

08 POTENCIAL PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA

TÍTULO: METODOLOGIA E ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS FENOTÍPICAS DA CULTURA DA SOJA EM RELAÇÃO A RESISTÊNCIA AO EXTRESSE ABIÓTICO DE CHUVA NA COLHEITA

Rendimento e caraterísticas agronômicas de soja em sistemas de produção com integração lavoura-pecuária e diferentes manejos de solo

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

VIABILIDADE DO TRIGO CULTIVADO NO VERÃO DO BRASIL CENTRAL

LEVANTAMENTO FITOSSOCIOLÓGICO DE PLANTAS DANINHAS EM CANOLA SEMEADA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS. RESUMO

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM AMBIENTES E POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIAS

Dissimilaridade de Ambientes de Avaliação de Milho, na Região Subtropical do Brasil

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

Rendimento e Propriedades Físicas de Grãos de Soja em Função da Arquitetura da Planta

Avaliação de cultivares de milho com e sem pendão visando a produção de minimilho na região Norte do estado de Minas Gerais 1

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

UFGD/FCA-Dourados MS, 1

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

RELAÇÃO ENTRE O TAMANHO E A QUALIDADE FISIOLÓGICA DAS SEMENTES DE SOJA (Glycine max (L.) Merrill)

em função da umidade e rotação de colheita

SELEÇÃO INDIRETA DE PROGÊNIES DE MILHO SAFRINHA POR MEIO DE ANÁLISE DE TRILHA

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CONTROLE RESIDUAL DE PLANTAS DANINHAS DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NA CULTURA DO ALGODÃO

DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO APLICADAS EM COBERTURA E SEUS REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO HÍBRIDO TRANSGÊNICO 2B587PW SEMEADO NA 2ª SAFRA

Avaliação de Cultivares de Milho na Safra 2009/2010, em Dourados, MS

25 a 28 de novembro de 2014 Câmpus de Palmas

COMPORTAMENTO DE SEMENTES DE ARROZ IRRIGADO NA GERMINAÇÃO: GENITORES E SUA GERAÇÃO F2

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

AVALIAÇÃO DO ARRANJO DE PLANTAS DE GIRASSOL

LEVANTAMENTO DA QUALIDADE DE SEMENTES DE AZEVÉM PRODUZIDAS FORA DO SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 965

AJUSTE DE METODOLOGIAS PARA A IDENTIFICAÇÃO DE CULTIVARES DE SOJA QUANTO À TOLERÂNCIA AO GLIFOSATO 1

Tamanho e época de colheita na qualidade de sementes de feijão.

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHOS HÍBRIDOS CONSORCIADOS COM Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

RESPOSTA DO MILHO SAFRINHA A DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

Gessi Ceccon, Giovani Rossi, Marianne Sales Abrão, (3) (4) Rodrigo Neuhaus e Oscar Pereira Colman

COMPETIÇÃO DE CULTIVARES TRANSGÊNICAS DE SOJA EM CULTIVO DE SAFRINHA PARA O SUL DE MINAS GERAIS

Universidade Federal do Ceará Campus Cariri 3 o Encontro Universitário da UFC no Cariri Juazeiro do Norte-CE, 26 a 28 de Outubro de 2011

Níveis de infestação e controle de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) no município de Cassilândia/MS

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE MILHOS TRANSGÊNICOS E ISOGÊNICOS NA SAFRINHA 2013 EM MATO GROSSO SUL

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO

RESULTADOS DO ENSAIO NACIONAL DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL, 2008

Transcrição:

10 Contaminação entre soja convencional e soja transgênica ACHRE, D. 1 ; VASCONCELOS, E.S. de 2 *; MATTEI, E. 1 ; SCHMIT, E.A. 1 ; ANDREAZZA, G. 1 1 Discentes do Curso de Agronomia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Rua Pernambuco 1777, Caixa Postal 91, CEP 85960-000, Marechal Cândido Rondon/PR. E-mail: diandra.achre@hotmail.com.br 2 Professor Adjunto, Centro de Ciências Agrárias CCA/UNIOESTE, Caixa Postal 91, CEP 85960-000, Marechal Cândido Rondon/PR. E-mail: edmar.vasconcelos@unioeste.com RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a contaminação de sementes de soja convencional com sementes de soja transgênica e a contaminação de sementes de soja transgênica com sementes de soja convencional. O experimento foi conduzido no Núcleo de Estações Experimentais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, em Marechal Cândido Rondon (PR), e realizado seguindo o delineamento experimental de blocos casualizados, com dez variedades, em quatro repetições. As variedades selecionadas foram: BRS 284 Convencional 1 (semente obtida em Nova Prata do Iguaçu); BRS 232 Convencional; BRS 284 Convencional 2 (semente obtida em Marechal Cândido Rondon); BRS 184 Convencional; CD 205 Convencional; Don Mario 7.0i Transgênica; BMX Potência Transgênica; BMX Turbo Transgênica; Monsoy 6707 Transgênica e V-Max Transgênica. Foram semeadas 1.600 sementes de cada variedade. Dez dias após a emergência das plantas de soja, foi realizada a aplicação de 2,5 l ha -1 de Glifosato, almejando a diferenciação entre as plantas transgênicas e convencionais, possibilitando a contagem das plantas contaminantes em cada parcela. Foi realizado o teste de germinação em presença de Glifosato, com quatro subamostras de 50 sementes, em três repetições por tratamento, utilizando como substrato rolos de papel germiteste, previamente umedecidos com água destilada + Glifosato (na concentração de 1,2 g i. a. L -1 ), na quantidade de 2,5 vezes o peso do papel. As variedades de soja convencionais apresentaram reduzida contaminação com sementes transgênicas. As variedades de soja transgênicas não tiveram contaminação com soja convencional quando avaliadas em condições de campo; já em laboratório, foi verificada reduzida contaminação das transgênicas. Palavras-chave: Glycine max, organismo geneticamente modificado, Glifosato. ABSTRACT Cross-contamination between conventional and transgenic soybean seeds This study aimed to evaluate the cross-contamination of both conventional soybean seeds with transgenic seeds and transgenic soybean seeds with conventional seeds. The experiment was conducted at the Center of Experimental Stations belonging to the Western Paraná State University, in Marechal Cândido Rondon (Paraná, Brazil), using the randomized complete block design, with ten varieties of seeds and four replications. The varieties selected were the following: BRS 284 Conventional 1 (seed obtained in Nova Prata do Iguaçu, Paraná); BRS 232 Conventional; BRS 284 Conventional 2 (seed obtained in Marechal Cândido Rondon); BRS 184 Conventional; CD 205 Conventional; Don Mario 7.0i Transgenic; BMX Power Transgenic; BMX Turbo Transgenic; Monsoy 6707 Transgenic and V-Max Transgenic. A total of 1,600 seeds of each variety were sown. Ten days after emergence of the plants, an amount of 2.5 l ha -1 of glyphosate was applied aiming at the differentiation between transgenic and conventional plants, enabling the counting of contaminant plants in each plot. The germination test was performed in the presence of glyphosate, with four subsamples of 50 seeds and three replications each treatment, using as substrate germitest paper previously moistened with distilled water + glyphosate (at a Trabalho selecionado durante a VI Semana de Ciências Agrárias (VI SECIAGRA), realizada de 01 a 03/10/2012

11 concentration of 1.2 g a. i. L -1 ) in the amount of 2.5 times the initial weight of the paper. The conventional soybean varieties presented reduced contamination with transgenic seeds. The transgenic soybean varieties presented no contamination with the conventional ones when evaluated in field conditions; however, reduced contamination was verified in the laboratory. Key-words: Glycine max, genetically modified organism, glyphosate. INTRODUÇÃO A soja (Glycine max (L.) Merrill), pertence à família Leguminosae e sub-família Fabaceae, é uma das plantas mais cultivadas no Brasil. Sendo que a área brasileira cultivada na safra 2010/11 até agosto, foi de 25 milhões de hectares com produção estimada em 66 milhões de toneladas, representando um decréscimo de 11,8% na produção da oleaginosa em relação a safra anterior (CONAB, 2012). Nos últimos anos ocorreu o advento da soja Roundup Ready (RR), variedade geneticamente modificada tolerante ao herbicida glifosato, levando à redução no uso de herbicidas, facilidade para a adoção do plantio direto, flexibilidade de aplicação do herbicida só no tempo e local necessário, junto a menor impacto ambiental. Com isso, o aumento na produtividade e estabilidade das lavouras é potencial. Todos estes aspectos constituem benefícios relevantes para a cultura da soja geneticamente modificada; entretanto, questiona-se a existência de riscos ambientais, e entre os principais está o de escape gênico (KLEBA, 1998; SIQUEIRA et al., 2004). A possibilidade de ocorrência de fluxo gênico, de uma variedade geneticamente modificada para uma convencional, e a possibilidade de se detectarem sementes de soja tolerante ao glifosato em mistura com soja convencional, são assuntos relevantes com a chegada e expansão do cultivo de organismos geneticamente modificados (PEREIRA et al., 2007). Alguns métodos têm sido empregados para a determinação da pureza varietal em soja, dentre eles podem ser citados Marcadores Moleculares Microssatélites (SCHUSTER et al., 2004), germinação seguido de análise morfológica (PEREIRA et al., 2007) e método da peroxidase (SADER & RASSINI, 1987). Contudo, nesses métodos são empregadas poucas sementes, dificultando determinar reduzidos níveis de contaminação. O objetivo deste trabalho foi avaliar a contaminação de sementes de soja convencional com sementes de soja transgênica e a contaminação de sementes de soja transgênica com sementes de soja convencional, já que a qualidade e a pureza das sementes de soja adquiridas pelos produtores têm grande influência no aumento produtivo desta cultura. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Estação Experimental Prof. Dr. Antônio Carlos dos Santos Pessoa, pertencente ao Núcleo de Estações Experimentais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon-PR, localizada a 24 33 de latitude sul e 54 31 de longitude oeste, tendo altitude média de 420 metros, e solo classificado como Latossolo Vermelho eutroférrico de textura argilosa. O clima local, segundo classificação de Köppen, é do tipo Cfa, subtropical com chuvas bem distribuídas durante o ano todo e verões quentes. A análise de germinação em presença de Glifosato foi realizada no laboratório de Tecnologia de Sementes e Mudas da Universidade Estadual Oeste do Paraná, campus Marechal Cândido Rondon/PR. O experimento foi realizado seguindo o delineamento experimental de blocos casualizados, com dez variedades, em quatro repetições, originando quarenta parcelas. As variedades foram selecionadas dentre as cultivadas nos últimos anos agrícolas na região Oeste do Estado do Paraná, sendo elas: BRS 284 Convencional 1 1 (semente obtida em Nova Prata do Iguaçu); BRS 232 Convencional; BRS 284 Convencional 2 2 (semente obtida em Marechal Cândido Rondon); BRS 184 Convencional; CD 205 Convencional; Don Mario 7.0i Transgênica; BMX Potência Transgênica; BMX Turbo Transgênica; Monsoy 6707 Transgênica e V-Max transgênica.

12 Cada parcela foi composta de quatro fileiras de cinco metros de comprimento, tendo cinquenta centímetros de espaçamento entre si, nas quais foram dispostas 1.600 sementes de cada variedade. Dez dias após a emergência das plantas de soja foi realizada a aplicação de 2,5 l ha -1 de Glifosato almejando a diferenciação entre as plantas transgênicas e convencionais, possibilitando a contagem das plantas contaminantes em cada parcela. O teste de germinação foi conduzido com quatro subamostras de 50 sementes, com três repetições por tratamento, sendo cada tratamento agrupado em blocos para acompanhar o delineamento empregado no campo, foi utilizado como substrato rolos de papel germitest, previamente umedecidos com água destilada + glifosato (na concentração de 1,2 g i. a. L -1 ), na quantidade de 2,5 vezes o peso do papel. Os rolos foram mantidos em germinador com temperatura constante de 25 ºC e a contagem feita no oitavo dia após a semeadura, a metodologia utilizada foi a Regra de Análise de Sementes (2009). Os dados de plantas contaminantes tanto do teste a campo quanto do teste de germinação em laboratório, foram submetidos á análise de variância, utilizando o Software Genes (CRUZ, 2006), e quando necessário foi aplicado o teste de Tukey com p<0,05 para diferenciar as médias. RESULTADOS E DISCUSSÕES A análise de variância detectou efeito significativo do número de sementes contaminantes entre as variedades de soja avaliadas, tanto em condição de campo quanto em condição de laboratório. Este resultado indica que dentre os materiais avaliados existe variedade com maior nível de contaminação, demonstrando que em algum momento da produção, transporte ou armazenamento, as sementes sofreram contaminações (Tabela 1). A presença constante de sementes de soja geneticamente modificada em lotes de sementes convencionais tornou-se um crescente problema para o comércio internacional de sementes (ISTA, 2001), de fato os resultados apresentados na Tabela 1 geram aporte para essa afirmação. Schuster et al. (2004) também evidenciaram misturas varietais em diferentes lotes de semente de soja, utilizando a técnica de microsatélites. Nesse experimento convém relatar que após a aplicação do glifosato, as plantas de soja convencionais paralisaram seu crescimento e murcharam, posteriormente ficando cloróticas e necrosadas, levando à morte do vegetal seguindo sintomas relatados por Trezzi et al. (2001). Nas plantas de soja geneticamente modificadas não ocorreu tal anomalia após a aplicação do herbicida. Este resultado nos remete a maior certeza na diferenciação entre plantas geneticamente modificadas e plantas que não possuem o gene de resistência ao glifosato. No caso do bioensaio em casa de vegetação, Miranda et al. (2006) detectou a presença de sementes de soja geneticamente modificadas misturadas às convencionais nas amostras contaminadas com mais de 1%, apresentando 100% de acertos e, em amostras com contaminação igual ou inferior a este valor, obtiveram-se 92% de acertos e 8% de resultados falsos negativos, ou seja, consideraram-se plântulas de soja geneticamente modificadas como convencionais. Os resultados obtidos em laboratório concordam com Miranda et al. (2005) que ao avaliar a eficiência dos bioensaios de pré-embebição, substrato umedecido e imersão das sementes contendo solução herbicida na detecção de soja geneticamente modificada, determinou que quanto menor a porcentagem de mistura presente na amostra, maior a dificuldade de detecção. Todavia, Bertagnolli (2005) estudando o bioensaio em sistema hidropônico, relatou que, independentemente, da porcentagem de sementes de soja geneticamente modificada na amostra, alcançou a totalidade de resultados corretos na detecção, sem resultados falsos positivos ou falsos negativos. No que diz respeito à contaminação da semente é o governo que deve prover de meios de fiscalização e retirada das sementes contaminadas do mercado. O controle deve ser feito ainda

13 no nível de semente, pois tudo se inicia em seu processo de produção (FUSCALDI et al., 2011). Porém em relação à contaminação da soja convencional pela soja Geneticamente Modificado, aponta-se a possibilidades de contaminação em toda a cadeia produtiva, desde a produção de sementes, passando pela polinização cruzada, processo de colheita e armazenagem, até o processo logístico. No teste a campo, a variedade BRS 284 Convencional 1 apresentou o maior número de plantas contaminantes, alcançando uma proporção de quinze plantas entre um total de 1600 sementes, o que resulta em 0,94% de plantas contaminantes. Para as variedades BRS 232 Convencional, BRS 284 Convencional 2 e BRS 184 Convencional a contaminação foi no máximo 0,54% o que representa uma semente no total de duzentas (Tabela 2). Vale ressaltar que essa contaminação de soja convencional por soja transgênica pode acontecer em vários momentos, podendo ser na produção e tratamento da semente, no plantio, por fluxo gênico, na colheita, no transporte, na armazenagem e ainda no processamento (FUSCALDI et al., 2011). Porém as variedades transgênicas não apresentaram plantas contaminantes, resultado que pode ser explicado pelo sistema de cultivo adotado durante a produção de sementes que realiza a aplicação do herbicida, eliminando a planta de soja convencional. TABELA 1. Resumo das análises de variância para plantas contaminantes obtidas em condição de campo e em laboratório, para diferentes variedades de soja convencional e transgênica cultivadas em Marechal Cândido Rondon-PR no ano agrícola 2011. Quadrados Médios FV GL Teste em campo (1600 sementes) Teste em laboratório (200 sementes) Bloco 2 5,43 0,02 Tratamento 9 76,31 ** 3,92 ** Resíduo 18 3,88 0,09 **- Significativo a 1% de probabilidade, pelo teste F. Os dados obtidos pela análise das sementes em laboratório também evidenciam maior nível de sementes contaminantes nas variedades convencionais, confirmando o que foi verificado no campo. Em laboratório também foi verificado contaminação das sementes transgênicas por sementes convencionais. Esse resultado pode ser devido a condição de análise das plantas levando a acreditar que outras anomalias das plantas pode ser confundido com sintomas do efeito do glifosato, gerando o falso positivo. Ista (2003) também determinaram contaminação entre soja convencional e transgênica, sendo utilizados testes de bioensaio como eficientes alternativas na detecção de sementes de soja geneticamente modificada. Segundo Fuscaldi et al. (2011) o que causa preocupação é a falta de oferta de variedade de semente não transgênica. No caso da soja, foi constatado que algumas variedades de semente não transgênicas estão sendo retiradas do mercado em alguns estados, só restando ao produtor à opção da variedade geneticamente modificada. De acordo com Leitão (2009), os produtores de soja são obrigados a pagar royalties quando o nível de contaminação da carga de soja por grãos transgênicos for maior do que 5%. Vale ressaltar que a cobrança de royalties incide sobre toda a produção, como se toda a carga fosse transgênica.

14 TABELA 2. Número médio de plantas contaminantes presentes em 1600 sementes de diferentes variedades de soja convencional e transgênica cultivadas em Marechal Cândido Rondon/PR no ano agrícola 2011. Variedades Número de sementes contaminantes em 1600 sementes Número de sementes contaminantes em 200 sementes BRS 284 Convencional 1 1 15,00 a 3 3,33 a BRS 232 Convencional 8,67 b 3,00 a BRS 284 Convencional 2 2 5,67 bc 1,67 b BRS 184 Convencional 4,33 bc 1,33 b CD 205 Convencional 1,67 c 0,67 bc DM 7.0i Transgênica 0,00 c 0,67 bc Potência Transgênica 0,00 c 0,67 bc Turbo Transgênica 0,00 c 0,00 c Monsoy 6707 Transgênica 0,00 c 0,00 c Vmax Transgênica 0,00 c 0,00 c 1 -As sementes dessa cultivar de soja foram obtidas em Nova Prata do Iguaçu/PR; 2 - As sementes dessa cultivar de soja foram obtidas em Marechal Cândido Rondon/PR; 3 - Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey com p<0,05. CONCLUSÕES As variedades de soja convencionais apresentaram reduzida contaminação com sementes transgênicas, enquanto que as variedades de soja transgênicas não tiveram contaminação com soja convencional, quando avaliadas em condições de campo. Na avaliação em laboratório foi verificado reduzida contaminação das sementes convencionais e em menor quantidade ainda nas sementes transgênicas. A determinação em laboratório, por empregar menor número de sementes e ser advinda de diferentes graus de conhecimento do avaliador, pode levar ao aparecimento de resultado falso positivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERTAGNOLLI, C.M. Detecção e quantificação de sementes de soja geneticamente modificada resistente ao glifosato em sistema hidropônico. 2005. 64f. Tese (Doutorado em Ciência e Tecnologia de Sementes) - Faculdade de Agronomia "Eliseu Maciel", Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2005. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento de safra brasileira de grãos 2011/2012, 11 o levantamento, Agosto. 2012. Brasília: CONAB, 2012, 29 p. CRUZ, C.D. Programa Genes: aplicativo computacional em genética e estatística: versão 2006. Viçosa: UFV, 2006. FUSCALDI, K.C.; MEDEIROS, J.X.; PANTOJA, M.J. Soja convencional e transgênica: percepção de atores do SAG da soja sobre esta coexistência. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v.49, n.4, 2011.

15 INTERNATIONAL SEED TESTING ASSOCIATION. ISTA s strategy recarding methods for the detection, identification and quantification of genetically modified seeds in conventional seed lots, Zürich: ISTA, 2001. INTERNATIONAL SEED TESTING ASSOCIATION. First ISTA proficiency test on GENETICAMENTE MODIFICADAO testing of Zea mays L. Seed Testing International, Zürich, n.125, p.10, 2003. KLEBA, J.B. Riscos e benefícios de plantas transgênicas resistentes a herbicidas: o caso da soja RR da Monsanto. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v.15, p.9-42, 1998. LEITÃO, F.O. Análise da coexistência da soja transgênica e convencional no Mato Grosso: rumo a novas formas de governança. Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Dissertação de Mestrado, p.157, 2009. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Regra de Análise de Sementes, Brasília, 2009. MIRANDA, D.M.; TILLMANN, M.A.M.; BALERINI, F.; VILLELA, F.A. Bioensaios na detecção e quantificação de sementes de soja geneticamente modificada resistente ao glifosato. Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v.27, n.2, p. 93-103, 2005. MIRANDA, D.M.; TILLMANN, M.A.; NALDIN, J.A.; BALERINI, F. Bioensaio em casa-devegetação na detecção e quantificação de sementes de soja geneticamente modificada. Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v.28, n.1, P.187-192, 2006. PEREIRA, W.A.; DEL GIÚDICE, M.P.; CARNEIRO, J.E.S.; DIAS, D.C.F.S.; BORÉM, A. Fluxo gênico em soja geneticamente modificada e método para sua detecção. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.42, n.7, p.999-1006, 2007. SADER, R.; RASSINI, J.B., Verificação de misturas varietais em cultivares de soja, pelo método da peroxidase. Revista Brasileira de Sementes, v.9, n.3, p.65-68, 1987. SIQUEIRA, J.O.; TRANNIN, I.C.B.; RAMALHO, M.A.P.; FONTES, E.M.G. Interferências no agrossistema e riscos ambientais de culturas transgênicas tolerantes a herbicidas e protegidas contra insetos. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v.21, p.11-81, 2004. SCHUSTER, I; QUEIROZ, V.T.; TEIXEIRA, A.I. BARROS, E.G.; Moreira, M.A. Determinação da pureza varietal de sementes de soja com o auxílio de marcadores moleculares microssatélites. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.3, p.247-253, 2004. TREZZI, M.M.; KRUSE, N.D.; VIDAL, R.A. Inibidores de EPSPS. In: VIDAL, R.A.; MEROTTO JR, A. (Ed.). Herbicidologia, Porto Alegre, p.37-45, 2001.