AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE REATOR UASB EM INDÚSTRIA DE ALIMENTOS



Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE REATOR UASB NO TRATAMENTO DE EFLUENTES GERADOS POR HOSPITAL DA SERRA GAUCHA

ESTUDO DO TEMPO DE DETENÇÃO HIDRÁULICO (TDH) EM REATORES UASB E SUA RELAÇÃO COM A EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE DBO

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REATOR UASB AO RECEBER LODO SÉPTICO

II-109 PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTE DE EMBALAGENS METÁLICAS UTILIZANDO REATOR DE BATELADA SEQUENCIAL (RBS) PARA REMOÇÃO DA DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO

AVALIAÇÃO DO SISTEMA REATOR UASB E FILTRO BIOLÓGICO PERCOLADOR OPERANDO SOB DIFERENTES CONDIÇÕES HIDRÁULICAS

RECIRCULAÇÃO DE EFLUENTE AERÓBIO NITRIFICADO EM REATOR UASB VISANDO A REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA

CORRELAÇÃO ENTRE OS VALORES DE DBO E DQO NO AFLUENTE E EFLUENTE DE DUAS ETEs DA CIDADE DE ARARAQUARA

LODOS ATIVADOS. Profa. Margarita María Dueñas O.

Introdução ao Tratamento de Efluentes LíquidosL. Aspectos Legais. Usos da Água e Geração de Efluentes. Abastecimento Doméstico

NORMA TÉCNICA CONTROLE DE CARGA ORGÂNICA NÃO INDUSTRIAL CPRH N 2.002

X PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS E RESULTADOS NO MONITORAMENTO DO TRATAMENTO DE ESGOTOS

Eficiência de remoção de DBO dos principais processos de tratamento de esgotos adotados no Brasil

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO NA ANÁLISE DE FÓSFORO TOTAL

Tratamento Anaeróbio de Drenagem Ácida de Minas

PARÂMETROS QUALITATIVOS DA ÁGUA EM CORPO HÍDRICO LOCALIZADO NA ZONA URBANA DE SANTA MARIA RS 1

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS. Engº Ricardo de Gouveia

II DESEMPENHO DO REATOR UASB DA ETE LAGES APARECIDA DE GOIÂNIA EM SUA FASE INICIAL DE OPERAÇÃO

Simone Cristina de Oliveira Núcleo Gestor de Araraquara DAAE CESCAR Coletivo Educador de São Carlos, Araraquara, Jaboticabal e Região HISTÓRICO

VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA PARA IMPLANTAÇÃO DO SES AJURICABA-RS

Sistemas Compactos de Tratamento de Esgotos Sanitários para Pequenos Municípios

Licenciamento e Controle Ambiental em Abatedouros de Frangos

ETAPAS DE UM TRATAMENTO DE EFLUENTE

PROTEÇÃO AMBIENTAL. Professor André Pereira Rosa

RELATÓRIO ANUAL DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS

III TRATAMENTO BIOLÓGICO ANAERÓBIO CONJUGADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS.

BACTÉRIAS LIOFILIZADAS EM FOSSAS SÉPTICAS DE ELEVADA REDUÇÃO DE BOD

LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES EM UM LATICÍNIO DO MUNICÍPIO DE MISSAL/PR

DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS INTEGRADA COM LODO DE TANQUE SÉPTICO ASSOCIADO AO TRATAMENTO DE LIXIVIADO EM REATOR UASB

Estudo com tratamento de água para abastecimento PIBIC/

LEOCÁDIO, C.R. 1 ; SOUZA, A.D. 2 ; BARRETO, A.C. 3 ; FREITAS, A.C. 4 ; GONÇALVES, C.A.A. 5

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DE SISTEMA PRÉ-FABRICADO DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO ANALYSIS OF THE EFFICIENCY A SYSTEM PREFABRICATED SEWAGE TREATMENT

UM SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES DE BAIXO CUSTO

Mestrando em Engenharia do Meio Ambiente na EEC/UFG.

Sumário. manua_pratic_05a_(1-8)_2014_cs4_01.indd 9 26/05/ :40:32

CARACTERIZAÇÃO E TRATABILIDADE DO EFLUENTE DE LAVAGEM DE UMA RECICLADORA DE PLÁSTICOS

ENSAIOS FÍSICO-QUÍMICOS PARA O TRATAMENTO DOS EFLUENTES DO TRANSPORTE HIDRÁULICO DAS CINZAS PESADAS DA USINA TERMELÉTRICA CHARQUEADAS

Gerenciamento e Tratamento de Águas Residuárias - GTAR

Mostra de Projetos Programa de Utilização Agrícola do Lodo de Esgoto no Estado do Paraná

Eficiência de ETE Com Mesmo Processo de Tratamento Estudo de Casos: Lençois, Canavieiras, Camacan e Sauípe

Utilização da Fibra da Casca de Coco Verde como Suporte para Formação de Biofilme Visando o Tratamento de Efluentes

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

II LEITOS CULTIVADOS ( CONSTRUCTED WETLAND ): COMPARAÇÃO ENTRE VALORES OBTIDOS PARA UMA MESMA VAZÃO AFLUENTE EM ÉPOCAS DISTINTAS

III-109 CO-DIGESTÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORGÂNICOS

II-149 TRATAMENTO CONJUNTO DO LIQUIDO LIXIVIADO DE ATERRO SANITÁRIO E ESGOTO DOMESTICO NO PROCESSO DE LODOS ATIVADOS CONVENCIONAL

TRATAMENTO BIOLÓGICO DE LIXIVIADOS DE ATERROS SANITÁRIOS UTILIZANDO REATOR ANAERÓBIO HORIZONTAL DE LEITO FIXO (RAHLF)

INATIVAÇÃO DE INDICADORES PATOGÊNICOS EM ÁGUAS CONTAMINADAS: USO DE SISTEMAS COMBINADOS DE TRATAMENTO E PRÉ-DESINFECÇÃO

I EFICIÊNCIA NA REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA SOB A FORMA DE DBO E DQO TOTAL E SOLÚVEL NO SISTEMA TS-FAN

Aplicação de Reúso na Indústria Têxtil

REMOÇÃO DE COR EM EFLUENTES INDUSTRIAIS

II IMPACTOS GERADOS EM UMA LAGOA FACULTATIVA PELO DERRAMAMENTO CLANDESTINO DE ÓLEOS E GRAXAS (ESTUDO DE CASO)

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS E EFLUENTES NA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA ETE TIPO AERAÇÃO PROLONGADA COM BASE EM TRÊS ANOS DE MONITORAMENTO INTENSIVO

RESULTADOS PARCIAIS DO EMPREGO DE METODOLOGIA PARA INTEGRAR SISTEMAS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES AGROINDUSTRIAIS NO IFTRIÂNGULO UBERABA MG

SISTEMA INTEGRADO PARA TRATAMENTO BIOLÓGICO E DESINFECÇÃO DE ESGOTOS SANITÁRIOS: UMA ALTERNATIVA PARA ATENDIMENTO A PEQUENAS POPULAÇÕES

O processo de tratamento da ETE-CARIOBA é composto das seguintes unidades principais:

FERTILIZANTES Fertilizante: Classificação Quanto a Natureza do Nutriente Contido Quanto ao Critério Químico Quanto ao Critério Físico

II-046 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E BIOLÓGICA DOS RESÍDUOS DE SISTEMAS TIPO TANQUE SÉPTICO-SUMIDOURO DA CIDADE DO NATAL

DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA EM LAGOA FACULTATIVA DE ESGOTO: CARACTERIZAÇÃO DA ETA

II Avaliação de uma Estação de Tratamento de Esgoto Compacta, do tipo Discos Biológicos Rotativos DBR

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA COMPOSTO POR RALF SEGUIDO POR FILTRO BIOLÓGICO TRATANDO EFLUENTES DOMÉSTICOS. Diego Filipe Belloni 1

MONITORAMENTO DE CHORUME NO ANTIGO LIXÃO DO ROGER EM JOÃO PESSOA PARAÍBA - BRASIL

Avaliação da potencialidade do uso de ácido peracético e peróxido de hidrogênio na desinfecção de esgoto sanitário

Localização: margem esquerda do ribeirão Arrudas (região outrora conhecida como Marzagânia) Tratamento preliminar: perímetro urbano de Belo Horizonte

AEROTEC SANEAMENTO BÁSICO LTDA.

INFLUÊNCIA DO LANÇAMENTO DE ESGOTO ORGÂNICO NAS CARACTERÍSTICAS LIMNOLÓGICAS DE CÓRREGOS AFLUENTES DO RIO CAMANDOCAIA, AMPARO/SP ETAPA II

Aula 1º P ESA A Importância do Tratamento dos Esgotos

O USO DO FILTRO ANAERÓBIO PARA PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTES DE REATORES ANAERÓBIOS NO BRASIL

PALAVRAS-CHAVE: Desafios operacionais, reator UASB, Filtro Biológico Percolador, geração de odor.

I ESTUDO PRELIMINAR DA REMOÇÃO DE SÓLIDOS E TURBIDEZ POR DISPOSIÇÃO EM SOLO UTILIZANDO EFLUENTE PRÉ-TRATADO POR SISTEMAS ANAERÓBIOS

Introdução ao Tratamento de Resíduos Industriais

PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE BOMBINHAS 3ª AUDIÊNCIA PÚBLICA

Parâmetros de qualidade da água. Variáveis Físicas Variáveis Químicas Variáveis Microbiológicas Variáveis Hidrobiológicas Variáveis Ecotoxicológicas

Controle de Qualidade do Efluente e Monitoramento da ETE

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE UM REATOR UASB NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE UMA INDÚSTRIA CERVEJEIRA

Reuso macroexterno: reuso de efluentes provenientes de estações de tratamento administradas por concessionárias ou de outra indústria;

TRATAMENTOS BIOLÓGICOS TRATAMENTOS BIOLÓGICOS

PERFORMANCE DE UM REATOR UASB NA ATENUAÇÃO DA CARGA ORGÂNICA PRESENTE NA MISTURA DE ESGOTO SANITÁRIO E PERCOLADO

JUSTIFICATIVAS PROPOSTA de LIMITES DE EMISSÕES FONTES EXISTENTES REFINARIAS

Anexo IX. Ref. Pregão nº. 052/2011 DMED. ET Análises de Água e Efluentes

SAAE Serviço autônomo de Água e Esgoto. Sistemas de Tratamento de Esgoto

VAZÃO E MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS URBANAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR

ETEs COMPACTAS VERTICAIS BIOFIBER

TRATAMENTO DE ESGOTO URBANO: COMPARAÇÃO DE CUSTOS E AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA

ASPECTOS TÉCNICOS RELEVANTES PARA O DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE TRATAMENTO BIOLÓGICO AERÓBIO E ANAERÓBIO

LODO DE ESGOTO: UTILIZAÇÃO SUSTENTÁVEL

EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE FECULARIA POR MEIO DE LAGOAS

DZ-1314.R-0 - DIRETRIZ PARA LICENCIAMENTO DE PROCESSOS DE DESTRUIÇÃO TÉRMICA DE RESÍDUOS

USO DE LEITOS FILTRANTES COMO PRÉ-TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS BRUTO: ESTUDO EM ESCALA REAL EM ALAGOINHAS, BRASIL

EFICIÊNCIA DOS FILTROS ANAERÓBIOS TIPO CYNAMON NO TRATAMENTO DE ESGOTOS - PARTE I

Aplicação da hidrologia para prevenção de desastres naturais, com ênfase em mapeamento

Global Conference Building a Sustainable World. Conferência Global Construindo o Mundo Sustentável. e Eventos Preparatórios e Simultâneos

Tratamento Secundário. Tratamento Biológico

Química das Águas - parte 3

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO REAGENTE DE FENTON NO TRATAMENTO DO EFLUENTE DE LAVAGEM DE UMA RECICLADORA DE PLÁSTICOS PARA FINS DE REUSO

AVALIAÇÃO MATEMÁTICA DOS PROCESSOS DE REMOÇÃO DE MATÉRIA ORGÂNICA EM FILTRO ANAERÓBIO DE FLUXO ASCENDENTE

ANÁLISE COMPARATIVA DA UTILIZAÇÃO DE DOIS TIPOS DE COAGULANTES PARA O TRATAMENTO DE ÁGUA DE ABASTECIMENTO

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

TÍTULO: MONITORAMENTO DO EFLUENTE DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO COM VISTA A REUSO

Transcrição:

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE REATOR UASB EM INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Rebecca Manesco Paixão 1 ; Luiz Henrique Biscaia Ribeiro da Silva¹; Ricardo Andreola ² RESUMO: Este trabalho apresenta a avaliação do desempenho de Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente, de manta de lodo (Reator UASB) empregado como parte do tratamento secundário de efluentes líquidos industriais em uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) presente em uma indústria de alimentos localizada no estado do Paraná. Coletou-se amostras compostas do afluente e efluente do Reator UASB, e monitorou-se os seguintes parâmetros físico-químicos: ph, demanda química de oxigênio (DQO), alcalinidade total (AT), acidez volátil (AV) e sólidos suspensos totais (SST), de acordo com os métodos estabelecidos pelo Standart Methods for the examination of Water and Wastewater. Os resultados médios de remoção global de DQO e de SST foram de 52% e 79% respectivamente, enquanto que para os outros parâmetros, encontrou-se para afluente e efluente, respectivamente, valores médios de ph 8, concentrações para alcalinidade total de 1572 mg CaCO 3 /L e 2448 mg CaCO 3 /L e concentrações de acidez volátil de 1032 mg/l e 156 mg/l. Concluiu-se que o Reator UASB apresenta bom funcionamento e é uma alternativa viável como parte do tratamento de efluentes líquidos industriais. PALAVRAS-CHAVE: Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente; Efluente líquido industrial; Estação de Tratamento de Efluentes. 1 INTRODUÇÃO Segundo Campos et al. (2006), o maior desafio do homem contemporâneo é compatibilizar produção e desenvolvimento dentro de uma filosofia autossustentável. Tornando-se inadmissíveis atividades que degradem, sob qualquer aspecto, o meio ambiente. Assim, o objetivo do tratamento de efluentes é corrigir características indesejáveis, a fim de que seu uso ou disposição final possa ocorrer de acordo com critérios definidos pela legislação ambiental vigente, no caso, a CONAMA nº 430 de 2011. O tratamento de efluentes pode ser classificado de acordo com o método de remoção dos materiais presentes no líquido, podendo ser físico, químico ou biológico, ou pela sua etapa no sistema de tratamento, sendo preliminar, primário, secundário ou terciário (VON SPERLING, 1996). O reator UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), ou também denominado de Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente, de manta de lodo, consiste de etapa secundária de tratamento biológico realizado na Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), e segundo Monterani (2010), o fundamento deste processo biológico está na capacidade dos microrganismos envolvidos utilizarem compostos orgânicos biodegradáveis, transformando-os em subprodutos que podem ser removidos do meio, apresentando-se estes na forma sólida, líquida e gasosa. Dentre as vantagens da utilização dos reatores UASB, pode-se citar: baixo custo de implantação, operação e manutenção, baixa produção de lodo, pequena área de construção e geração de subprodutos, além de os microrganismos se apresentarem 1 Acadêmicos do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Cesumar UNICESUMAR,. beccapaixao@hotmail.com; liquebroncos@hotmail.com. ² Orientador, docente do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário Cesumar UNICESUMAR,. ricardo.andreola@unicesumar.edu.br

densamente agrupados, a não utilização de meios suportes inertes propicia um aproveitamento máximo do volume reacional do reator e a forma esférica dos grânulos proporciona uma relação máxima de microrganismos/volume (SCHOENHALS; FRARE; SARMENTO, 2007; MONTERANI, 2010). Já, quanto as desvantagens da tecnologia anaeróbia, Aquino e Chernicharo (2005) citam que estão relacionadas à remoção de nutrientes (nitrogênio e fósforo) e patógenos, ao fato da DQO residual ser elevada, para atender aos valores máximos permissíveis pela CONAMA nº 430 de 2011 e à maior instabilidade dos reatores anaeróbios durante distúrbios, necessitando-se assim de outras etapas de tratamento antes do despejo no corpo hídrico receptor. O presente trabalho consistiu em avaliar o desempenho de um reator UASB operando em escala real na redução da carga poluidora de efluentes provenientes de uma indústria de alimentos localizada no estado do Paraná, através de análise de parâmetros físico-químicos. 2 MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada em uma indústria de alimentos localizada no estado do Paraná. A Figura 1 apresenta um desenho esquemático da ETE da indústria, a qual é composta por etapas de tratamento preliminar, primário e secundário. Figura 1: Estação de Tratamento de Efluentes da empresa A coleta dos efluentes foi realizada na entrada e saída do Reator UASB, nos pontos 1 e 2 demonstrados na Figura 1, respectivamente, de forma composta, de 2 em 2 horas, durante um mês, com análises semanais. Para os pontos de coleta, foram realizadas análises físico-químicas para determinação de potencial hidrogeniônico (ph), demanda química de oxigênio (DQO), acidez volátil (AV), alcalinidade total (AT) e sólidos suspensos totais (SST). As análises seguiram as metodologias descritas na Tabela 1.

Tabela 1: Metodologias das análises físico-químicas Parâmetro Referência Método ph APHA, 1998 (4500 H) Potenciométrico, medindo-se o ph através de peagâmetro Digimed DM-20 DQO APHA, 1998 (5220 D) Emprega-se reagentes como solução padrão de ftalato ácido de potássio, solução ácida e solução digestora. Ocorre a redução do cromo, e fazse a leitura da mudança de coloração em espectrofotômetro HACH DR 2010 AT APHA, 1998 (2320 B) Titula-se a amostra com ácido sulfúrico até ph 5,7 AV Titula-se a amostra com hidróxido de sódio APHA, 1998 (2310 B) de ph 4 até ph 7 Gravimétrico, com secagem da amostra no SST APHA, 1998 (2540 B) cadinho de porcelana, em estufa a 105ºC até peso constante 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios dos parâmetros físico-químicos obtidos nas 4 semanas de monitoramento dos afluentes e efluentes do Reator UASB encontram-se na Tabela 2. Tabela 2: Resultados dos parâmetros físico-químicos analisados, para afluente e efluente do Reator UASB Parâmetro 1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana ph afluente 8.18 8.09 7.85 7.8 efluente 8.33 8.7 8.06 8.21 DQO (mg/l) afluente 2600 2525 3100 5400 efluente 1180 1080 720 4150 AT (mg CaCo 3 /L) afluente 1393 1711 1552 1632 efluente 2588 2348 2428 2428 AV (mg/l) afluente 1044 1068 888 1128 efluente 192 204 96 132 SST (mg/l) afluente 12441 9528 10553 7240 efluente 544 2456 4933 520 3.1 ph, ALCALINIDADE E ACIDEZ Segundo Aquino e Chernicharo (2005), esses três fatores estão intimamente relacionados entre si, sendo igualmente importantes para controle e operação adequada dos processos anaeróbios. A variação de ph manteve-se sob caráter neutro à alcalino, com variações de 7,8 a 8,7, apresentando valores próximos ao encontrado por Campos et al. (2006). De acordo

com o autor, essa faixa de variação demonstra boa condição de tamponamento (capacidade do meio em neutralizar ácidos). Monterani (2010) considera que para a alcalinidade total ocorrer de forma satisfatória, esta deve se situar na faixa de 1000 a 5000 mg CaCO 3 /L, fato que ocorreu para o Reator UASB em estudo. O mesmo autor, também cita que o acúmulo de ácidos voláteis acima de 150 mg/l é uma indicação de que o sistema não está operando em condições ótimas, ou seja, pode inibir a atividade metanogênica. Porém, observa-se que para os valores obtidos de ácidos voláteis, as duas primeiras semanas concentraram-se acima do valor indicado. No entanto, como o ph do efluente apresentou pouca variação, trabalhando na faixa da neutralidade, significando que os ácidos graxos estavam em grande quantidade ionizados, sendo não tóxicos às bactérias metanogênicas. 3.2 REMOÇÃO DE SÓLIDOS E MATÉRIA ORGÂNICA Para a análise de DQO, a taxa de remoção global foi de 52%, quando comparamos a entrada do afluente no Reator UASB, e a saída do efluente. Enquanto que para as análises de SST, observou-se que a taxa de remoção global foi de 79%, sendo este valor, próximo ao encontrado por Calijuri et al. (2009). Os valores encontrados demonstraram boa remoção de sólidos e de matéria orgânica, sendo que segundo Rodrigues et al. (2010) o aumento da concentração de sólidos no efluente do Reator UASB pode indicar irregularides operacionais, pois pode estar havendo arraste de partículas ou excesso de lodo no reator. 4 CONCLUSÃO Sob as condições de operação do Reator UASB, através das análises fisícoquímicas, observou-se que esse demonstrou elevada capacidade de remoção de sólidos, sendo que para os outros parâmetros analisados, os resultados foram considerados satisfatórios quando comparados aos obtidos em outros trabalhos. Confirmando-se assim, a viabilidade do sistema no controle da poluição hídrica causada por efluentes líquidos industriais. Também deve-se considerar a ETE como um conjunto de etapas para atender a legislação vigente, no caso a CONAMA nº 430 de 2011, sendo assim necessárias outras etapas de tratamento após os Reatores UASB. REFERÊNCIAS AQUINO, S. F.; CHERNICHARO, C. A. L. Acúmulo de Ácidos Graxos Voláteis (AGVS) em reatores anaeróbios sob estresse: causas e estratégias de controle. Eng. Sanit. Ambient., Minas Gerais, v. 10, n. 2, p.152-161, 2005. APHA; AWWA; WEF. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20. ed. Washington: APHA, 1998. BRASIL. Resolução CONAMA nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no

357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília: Sema, 2011. CALIJURI, M. L.; BASTOS, R. K. X.; MAGALHÃES, T. B.; CAPELETE, B. C. Tratamento de esgotos sanitários em sistemas reatores UASB/wetlands construídas de fluxo horizontal: eficiência e estabilidade de remoção de matéria orgânica, sólidos, nutrientes e coliformes. Eng. Sanit. Ambient., Viçosa, v. 14, n. 1, p. 421-430, 2009. CAMPOS, C. M. M.; CARMO, F. R.; BOTELHOS, C. G.; COSTA, C. C. Desenvolvimento e operação de Reator Anaeróbio de Manta de Lodo (UASB) no tratamento dos efluentes da suinocultura em escala laboratorial. Ciênc. Agrotec., Lavras, v. 30, n. 1, p.140-147, 2006. MONTERANI, F. Monitoramento biológico e físico-químico de reatores anaeróbios (RAC - UASB) no tratamento de efluentes líquidos na suinocultura. 2010. 247 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2010. RODRIGUES, L. S.; SILVA, I. J.; ZOCRATO, M. C. O.; PAPA, D. N.; VON SPERLING, M.; OLIVEIRA, P. R. Avaliação de desempenho de Reator UASB no tratamento de águas residuárias de suinocultura. Agriambi, Belo Horizonte, v. 14, n. 1, p. 94-100, 2010. SCHOENHALS, M.; FRARE, L. M.; SARMENTO, L. A. V. Análise do desempenho de reatores anaeróbios de fluxo ascendente e manta de lodo no tratamento de efluentes da suinocultura. Engenharia Ambiental, Espírito Santo do Pinhal, v. 4, n. 1, p.5-23, 2007. VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Belo Horizonte: Departamento de Engenhaira Sanitária e Ambiental, v. 1, n. 2, 1996. 238 p.