MANEJO DE NUTRIENTES NO ALGODOEIRO Solos de Goiás Ana Luiza Dias Coelho Borin Engenheira agrônoma, D.Sc. em Ciência do Solo Pesquisadora da Embrapa Algodão
Adubação de sistemas intensivos de produção Conceitos
OBJETIVA O SISTEMA E NÃO UMA ÚNICA CULTURA
Prática de recomendação de nutrientes fundamentada no sistema de rotação de culturas com integração do conhecimento dos resultados da análise de solo, dos padrões de extração e exportação de nutrientes, do potencial de retorno das culturas, da antecipação das aplicações de nutrientes, da dinâmica dos créditos deixados pelos restos culturais, dos fatores de eficiência de aproveitamento de nutrientes, e da evolução da fertilidade do solo. Ana Luiza Dias Coelho Borin, 2015
ADUBAÇÃO DO SISTEMA Fator de eficiência da adubação Teores disponíveis no solo Adubação Crédito de nutrientes das culturas anteriores Demanda nutricional Expectativa de produtividade
Pré-requisitos para adubação de sistemas intensivos de produção: 1) Solo com fertilidade construída (todos os nutrientes acima do nível crítico); 2) Planejamento do sistema de rotação de culturas em função do potencial de retorno;
Rendimento Relativo - % TEORES DE NUTRIENTES NO SOLO Direcionamento da adubação 100 Correção (Solo e Planta) Manutenção (Solo e Planta) Reposição (Planta) 90 80 60 40 20 0 Teor Crítico Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto Teor de nutriente no solo
DIRECIONAMENTO DA ADUBAÇÃO Sistemas intensivos de produção devem oscilar entre: MANUTENÇÃO EXTRAÇÃO DA CULTURA Marcha de absorção EXPORTAÇÃO DA CULTURA Produtividade
IMPORTÂNCIA DA ROTAÇÃO DE CULTURAS Influência das espécies no algodoeiro
Safra Produtividade de algodão em caroço após soja após milho 2008/2009 4.611 4.424 2009/2010 4.720 4.370 2010/2011 3.978 3.478 2011/2012 2.648 1.800 2012/2013 3.938 3.614 2013/2014 5.812 5.757 MÉDIA 4.284 3.907
Produtividade de Fibra pousio braquiária braquiária + C. juncea braquiária + guandu braquiária + C. spectabillis 2010/2011 2011/2012 2012/2013 2013/2014 Fonte: Alexandre Cunha de Barcellos Ferreira (2015), dados não publicados
EFICIÊNCIA DE USO DE FERTILIZANTES PELAS CULTURAS Cultura Taxa de desfrute de nutrientes (%) Nitrogênio Fósforo Potássio algodão 44 16 58 soja - 50 99 milho 79 96 65 Fonte: Cunha et al., 2014 Como as informações sobre taxa de desfrute podem auxiliar no manejo da adubação do sistema de produção????
BALANÇO DE NUTRIENTES Demanda nutricional das culturas Crédito de nutrientes: como dimensionar?
CRÉDITO DE NUTRIENTES PELA CULTURA ANTERIOR CRÉDITO = EXTRAÇÃO EXPORTAÇÃO (quanto a planta necessita para produzir) (quanto de nutriente será retirado pela colheita) Disponibilização crédito = função decomposição e mineralização (relação C:N da palhada, temperatura, umidade)
DEMANDAS NUTRICIONAIS Marcha de absorção e balanço de nutrientes
BALANÇO DE NUTRIENTES DA SOJA 1 tonelada Nitrogênio 82 kg Fósforo 17 kg Potássio 41 kg Nitrogênio Fósforo Potássio 65 sacas N P 2 O 5 K 2 O Extração Extração Extração 324 kg 66 kg 160 kg Exportação Exportação Exportação 253 kg 51 kg 94 kg Diferença 71 kg Diferença 15 kg Diferença 66 kg Fonte: Adaptado de Embrapa (2013) e Oliveira Junior et al. (2014)
BALANÇO DE NUTRIENTES DO MILHO 1 tonelada Nitrogênio 20 kg Fósforo 7 kg Potássio 20 kg Nitrogênio Fósforo Potássio 140 sacas N P 2 O 5 K 2 O Extração Extração Extração 168 kg 59 kg 168 kg Exportação Exportação Exportação 126 kg 50 kg 34 kg Diferença Diferença Diferença 42 kg 9 kg 134 kg FONTE: Fancelli e Tsumanuma (2007); Oliveira Jr et al. (2010) e Resende et al. (2012)
Absorção de K em milho é muito intensa (média de 4 cultivares). Adubação não deve repor apenas o que é exportado. Inicial (out 2012) > > > > > > > > > R2-3 (jan 2013) > > > > > > Após colheita (abr 2013) Extração: 307 kg/ha K 2 O - Exportação (14 t grãos): 56 kg/ha K 2 O + Adubação: 150 kg/ha K 2 O Teor K Mehlich no solo (mg/dm 3 ) Fonte: Alvaro Resende - Embrapa Milho e Sorgo (não publicado)
EXTRAÇÃO DE MACRONUTRIENTES PELO ALGODOEIRO N = 338 kg ha -1 K 2 O = 222 kg ha -1 P 2 O 5 = 41 kg ha -1 Fonte: Ana Luiza Dias Coelho Borin, Embrapa Algodão Dados não publicados
BALANÇO DE NUTRIENTES DO ALGODÃO 1 tonelada Nitrogênio 71 kg Fósforo 9 kg Potássio 47 kg Nitrogênio Fósforo Potássio 300 @ N P 2 O 5 K 2 O Extração Extração Extração 320 kg 41 kg 212 kg Exportação Exportação Exportação 140 kg 23 kg 45 kg Diferença Diferença Diferença 180 kg 18 kg 167 kg Fonte: Ana Luiza Dias Coelho Borin, Embrapa Algodão Dados não publicados
MUDANÇAS NOS PADRÕES DE EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO PELO ALGODOEIRO EXTRAÇÃO TOTAL Cultivar FM 975 WS Produtividade ---kg/ha--- N P 2 O 5 K 2 O Ca Mg S -------------------kg/t de algodão em caroço------------------- 4.753 71 (70*) 9 (26*) 46 (73*) 33 10 4 EXPORTAÇÃO TOTAL Cultivar FM 975 WS Produtividade ---kg/ha--- N P 2 O 5 K 2 O Ca Mg S -------------------kg/t de algodão em caroço------------------- 4.753 31 (34*) 5 (12*) 10 (22*) 2 3 2 Experimento em Santa Helena de Goiás GO, safra 2013/2014 Fonte: Embrapa Algodão (dados não publicados * Referência anterior Fonte: Carvalho et al., 2011; : Sing & Ahlawat, 2012
TEORES DE POTÁSSIO NO SOLO X TEORES NA PLANTA Extração máxima: 222 kg/ha de K 2 O Adubação: 90 kg/ha de K 2 O Exportação máxima: 48 kg/ha de K 2 O Estádio V2-10 dias Estádio F9-81 dias Colheita - 197 dias 0-20 62,56 0-20 40,08 0-20 61,58 20-40 26,39 20-40 19,55 20-40 53,76 TEORES DE POTÁSSIO NO SOLO mg dm -3 Fonte: Ana Luiza Dias Coelho Borin, Embrapa Algodão Dados não publicados
NPK CIRCULANTE NO SISTEMA 300 @ Nitrogênio 180 kg Fósforo 18 kg Potássio 167 kg Fonte: Ana Luiza Dias Coelho Borin, Embrapa Algodão Dados não publicados Nitrogênio Fósforo Potássio 65 sacas 71 kg 15 kg 66 kg FONTE: Adaptado de Embrapa (2013) e Oliveira Junior et al. (2014) 140 sacas Nitrogênio 42 kg Fósforo 9 kg Potássio 134 kg FONTE: Fancelli e Tsumanuma (2007); Oliveira Jr et al. (2010) e Resende et al. (2012)
EXPECTATIVA DE PRODUTIVIDADE 300 @ 350 @ 400 @ N 320 kg N 373 kg N 426 kg P 2 O 5 41 kg P 2 O 5 48 kg P 2 O 5 54 kg K 2 O 212 kg K 2 O 247 kg K 2 O 282 kg
PRÁTICA DA ADUBAÇÃO DE SISTEMAS Exemplos práticos que podem ser adotados
CRÉDITO DE NITROGÊNIO 10% do crédito dos restos culturais da soja é disponibilizado para a cultura seguinte; Baixa relação C:N Redução de 20%
DÉFICIT DE NITROGÊNIO Alta relação C:N Acréscimo de 20% Adubação com N, diminúi a relação C:N Adubação N
CRÉDITO DE POTÁSSIO Nutriente prontamente disponível por não participar de nenhuma estrutura na planta Adubação total Sem adubação Pré adubação Sem Adubação
DISPONIBILIZAÇÃO DO POTÁSSIO O K não faz parte de nenhuma fração orgânica ele é liberado rapidamente Quantidade acumulada na biomassa de braquiária e liberada da palhada durante o ciclo do algodoeiro, em função de doses de potássio aplicado na braquiária. Santa helena de goiás, safra 2009/2010. Dose de K 2 O K-acumulado K-liberado 15 DAD - semeadura 55 DAD 40 DAS kg/ha -------------------------- kg/ha --------------------------- 0 268 115 (43%) 259 (97%) 60 321 146 (45%) 313 (98%) 90 382 241 (63%) 377 (99%) 120 372 215 (58%) 363 (98%)
RESULTADOS DE PESQUISA Resultados de variáveis de produção e teor de k na folha do algodoeiro, em função de doses e épocas de aplicação de potássio no experimento. Santa helena de goiás, safra 2009/2010. Tratamentos Produção Pluma K- folha Épocas de aplicação kg/ha g/kg 100% pré 5.479 2.234 30,5 50% pré + 50% cob 5.466 2.221 31,5 100% cob 5.733 2.343 30 FONTE: dados não publicados
APROVEITAMENTO DO CRÉDITO DOS NUTRIENTES Adubação total Sem adubação
FATORES DE EFICIÊNCIA Aproveitamento de nutrientes em solos tropicais
REAÇÕES QUE AFETAM A EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO NITROGENADA: 30% 75% Fator para a eficiência do N = 63% Multiplicar por 1,59 Relação C:N NH 3 N 2 N orgânico MOS microrganismos NH 4 + NO 3 - NO 2 - NO 3 - NH 4 + NO 3 - NH 4 + NO 2 - NO 3 - microrganismos
REAÇÕES QUE AFETAM A EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA: 30% 75% Fator para a eficiência do P = 75% Multiplicar por 1,33 Relação C:N P orgânico H 2 PO 4 - MOS microrganismo s H 2 PO 4 - HPO 4-2 PO 4 - ph baixo Óxidos de ferro Óxidos de alumínio Al +3 PO 4 - ph alto Cálcio microrganismo s
Fator para a eficiência do K = 80% Multiplicar por 1,25 MOS K + K + K +
CONSIDERAÇÕES FINAIS
SÍNTESE DO PAINEL DE ADUBAÇÃO Para adubar o sistema é preciso ter fertilidade do solo já construída; Direcionamento da adubação deve oscilar entre manutenção e reposição; Balanços negativos de N e K tem se tornado mais comuns; Padrões de extração e exportação estão mudando; Monitoramento e pesquisas no ambiente de produção LOCAL promovem o aperfeiçoamento dos critérios de recomendação de adubação.
Ana Luiza Dias Coelho Borin Embrapa Algodão Núcleo Cerrado Goiás ana.borin@embrapa.br OBRIGADA!