INCIDÊNCIA DE CERCOSPORA SOJINA HARA EM CULTIVARES DE SOJA (*)

Documentos relacionados
SEVERIDADE DE Cercospora sojina HARA EM SOJA TRANSGÊNICA BRS VALIOSA RR NO ESTADO DO MARANHÃO, SOB DIFERENTES DOSAGENS DE AGROSILÍCIO

Avaliação da Severidade da Ferrugem Asiática em Diferentes Arranjos da População de Plantas de Soja

COMPORTAMENTO DE CLONES DE CAFÉ CONILON DIANTE DE DOENÇAS NO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 300

Manejo da Ferrugem Asiática da Soja Por Número de Aplicação De Fungicidas, Safra 2012/2013

SEVERIDADE DE Puccinia polysora Underw. EM MILHO NO ESTADO DE SÃO PAULO, NA SAFRA 2015/2016 INTRODUÇÃO

1. Introdução Doenças e nematoides no algodoeiro são um dos principais problemas técnicos enfrentados

SELEÇÃO DE PLANTAS DE ROMÃ PARA RESISTÊNCIA À ANTRACNOSE

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE PARA A REGIÃO DO PONTAL DO TRIÂNGULO MINEIRO

REAÇÃO À BRUSONE DE GENÓTIPOS DE TRIGO NO ESTÁDIO DE PLÂNTULA

CONTROLE DE TOMBAMENTO DE PLÂNTULAS E MELA DO ALGODOEIRO NO OESTE DA BAHIA

RESISTÊNCIA DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICO A MANCHAS FOLIARES NO ESTADO DE SÃO PAULO

3. Titulo: Testes para avaliação de linhagens de soja resistentes a percevejos.

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

EFEITO DA SELEÇÃO EM TERRENO NATURALMENTE INFESTADO PELA FUSARIOSE NO MELHORAMENTO DE VARIEDADES DE ALGODOEIRO RESISTENTES AO PATÓGENO ( 1 ) SINOPSE

06 AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE FUNGICIDA COM

NUTRIÇÃO DA SOJA E SUA INFLUÊNCIA NA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA PARA INFECÇÃO E SEVERIDADE DOS SINTOMAS DA FERRUGEM ASIÁTICA

VII Congresso Brasileiro do Algodão, Foz do Iguaçu, PR 2009 Página 1044

CIRCULAR TÉCNICA. Reação de cultivares de algodoeiro a doenças e nematoides, safra 2017/18

Sintomas provocados pelo nematoide-das-galhas em algodoeiro (Foto: Rafael Galbieri)

RESISTÊNCIA DE SOJA A INSETOS: IX. AMOSTRAGEM PARA AVALIAÇÃO DE DANO DE PERCEVEJO (i)

CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS E OCORRÊNCIA DE RAMULOSE NO ALGODOEIRO EM TRÊS DENSIDADES POPULACIONAIS

Palavras-chave: cultivares de milho, efeito residual de adubos.

INCIDÊNCIA E SEVERIDADE DA VIROSE DO ENDURECIMENTO EM GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO-AZEDO CULTIVADOS NO DISTRITO FEDERAL

COMPORTAMENTO VARIETAL DE ALGODOEIROS À RAMULOSE CAUSADA POR Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides

Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas

ÉPOCAS DE SEMEADURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA *

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 913

Manejo de cafeeiro em áreas infestadas pelos nematoides-das-galhas com uso de cultivar resistente

ESTUDO DE ÉPOCA DE PLANTIO DO ALGODOEIRO ADENSADO NA REGIÃO DE CAMPINAS-SP INTRODUÇÃO

Índice de clorofila em variedades de cana-de-açúcar tardia, sob condições irrigadas e de sequeiro

Controle da Mancha-em-Rede (Drechslera teres) em Cevada, Cultivar Embrapa 129, com os Novos Fungicidas Taspa e Artea, no Ano de 1998

HERANÇA DA RESISTÊNCIA AO CANCRO DA HASTE (Diaporthe phaseolorum (Cke.& Ell). Sacc.F.sp. Meridionalis Morgan Jones) EM SOJA (Glycine max (L.

Epidemias Severas da Ferrugem Polissora do Milho na Região Sul do Brasil na. safra 2009/2010

AUMENTO DOS PROBLEMAS COM DOENÇAS NO CERRADO DO BRASIL

COMPORTAMENTO DAS CULTIVARES DE SOJA RECOMENDADAS PARA O RIO GRANDE DO SUL, NA SAFRA DE 1989/90, EM PASSO FUNDO

problemas fitossanitários, entre eles as doenças, que impedem ou limitam o maior rendimento ou lucratividade (JULIATTI et al., 2004).

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE SANITÁRIA DE SEMENTES DE SOJA PRODUZIDAS NO MUNICÍPIO DE FREDERICO WESTPHALEN-RS

INFLUÊNCIA DA IDADE DA FOLHA NA SUSCETIBILIDADE DE PLANTAS DE SOJA À INFECÇÃO POR PHAKOPSORA PACHYRHIZI

EFEITO DE TRÊS NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NPK EM QUATRO VARIEDADES DE MANDIOCA ( 1 )

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

CARACTERIZAÇÃO AGRONÔMICA DE CULTIVARES DE SOJA PARA O SUL DE MINAS GERAIS NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES-MG 1

SEVERIDADE DA MANCHA DE RAMULÁRIA EM GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO EM DUAS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL 1 INTRODUÇÃO

SEVERIDADE DE DOENÇAS EM VARIEDADES DE MILHO CRIOULO

TÍTULO: METODOLOGIA E ANÁLISE DE CARACTERÍSTICAS FENOTÍPICAS DA CULTURA DA SOJA EM RELAÇÃO A RESISTÊNCIA AO EXTRESSE ABIÓTICO DE CHUVA NA COLHEITA

REAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MILHO Bt E NÃO Bt A INOCULAÇÃO ARTIFICIAL DE Fusarium sp. RESUMO

ESTUDO DO SISTEMA RADICULAR DA SOJA (GLYCINE MAX (L.) MERRIL) EM SOLO LATOSSOLO ROXO ADU BADO OU SEM ADUBO ( 1 ) SINOPSE 1 INTRODUÇÃO

EFICIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE MOFO- BRANCO NO ALGODOEIRO

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

RESISTÊNCIA DE BATATA À PINTA-PRETA

EFEITO DOS GENÓTIPOS NA INCIDÊNCIA DA VIROSE EM AMENDOIM

TÍTULO: MANEJO DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA (GLYCINEMAX)

COMPORTAMENTO DE NOVAS VARIEDADES DE PIMENTÃO NA REGIÃO DE CAMPINAS ( 1, 2 ) SINOPSE

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CULTIVARES DE FEIJÃO COM SEMENTES DISPONÍVEIS NO MERCADO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

OBSERVAÇÕES SOBRE A ADUBAÇÃO FOLIAR EM FEI- JOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) II ( 1 ). EDUARDO ANTÔNIO

CULTIVARES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO RECOMENDADAS PARA OS CERRADOS DO MEIO- NORTE DO BRASIL

ADUBAÇÃO DE SOQUEIRA DE CANA-DE-AÇÚCAR ( 1 ). JOSÉ GOMES DA SILVA e EDUARDO ABRAMIDES ( 2 ). Conquanto abundante

RESUMO. ANTONIO SIDNEY POMFEU, Seção de Genética, Instituto. 0) Recebido para publicação a 25 de setembro de 1979.

OCORRÊNCIA DE MURCHA DE FUSARIUM EM MAMONA, LAGES SC* Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC, 2 EMBRAPA CPACT

Epidemiologia da mancha de phaeosphaeria em cultivares de milho no município de Capão Bonito

Avaliação dos Fungicidas no Controle da Ferrugem Asiática da Soja, Safra 2012/2013

USO DE ADUBAÇÃO FOLIAR ASSOCIADA A FUNGICIDAS NO CONTROLE DE DOENÇAS FÚNGICAS EM MILHO 2ª SAFRA NO MATO GROSSO

NOTAS CIENTÍFICAS. Reação de cultivares de soja a isolado de Curtobacterium flaccumfaciens pv. flaccumfaciens, proveniente de feijoeiro (1)

CANA-DE-AÇÚCAR: COMPORTAMENTO DE VARIEDADES EM PIRACICABA, SP 0

Comportamento de genótipos de trigo, oriundos do Paraná, quanto à severidade de oídio, na safra 2008

CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS FOLIARES EM CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA TRANSGÊNICOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

Avaliação do controle químico da mancha foliar causada por Exserohilum turcicum em sorgo 1. Introdução. Material e Métodos

Controle genético da resistência da soja à raça 4 de Cercospora sojina (1)

Avaliação Preliminar de Danos por Brusone em Grãos de Cevada

OCORRÊNCIA DE Cercospora sp. EM CANOLA NA REGIÃO DO CERRADO MINEIRO

CARACTERIZAÇÃO DE GRUPOS DE GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA AVALIADOS EM DOURADOS, MS

CONTROLE QUÍMICO DE FERRUGEM ASIÁTICA NA CULTURA DA SOJA (Glycine max) SAFRA 16/17

EFiCÁCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE DOENÇAS TRANSMITIDAS PELAS SEMENTES DE TRIGO. Resumo

EFEITO DE TEMPERATURAS E HORAS DE MOLHAMENTO FOLIAR NA SEVERIDADE DA CERCOSPORIOSE (Cercospora beticola) DA BETERRABA

Variedades RB, Participação, Uso e Manejo

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE AVEIA BRANCA (Avena sativa) NA REGIÃO SUL DE MATO GROSSO DO SUL, SAFRAS 1997 E 1998

COMPLEXO DE DOENÇAS FOLIARES NA CULTURA DO AMENDOIM, NAS REGIÕES PRODUTORAS DO ESTADO DE SÃO PAULO, NA SAFRA 2015/2016

Avaliação de Danos Causados por Duas Estirpes do Soybean mosaic virus em Duas Cultivares de Soja*

ESTABILIDADE FENOTÍPICA, UM COMPLEMENTO RELEVANTE NA AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE GENÓTIPOS DE ALGODOEIRO PARA RESISTÊNCIA A DOENÇAS 1

OBSERVAÇÕES PRELIMINARES SOBRE A ADUBAÇÃO FOLIAR EM FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) I ( 1 ).


ARQUITETURA E VALOR DE CULTIVO DE LINHAGENS DE FEIJÃO- CAUPI DE PORTE ERETO E SEMI-ERETO, NO NORTE DE MINAS GERAIS.

EFEITO DO TRÁFEGO DE MÁQUINAS SOBRE ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO E DESENVOLVIMENTO DA AVEIA PRETA. Instituto Federal Catarinense, Rio do Sul/SC

Identificação de Níveis e de Fontes de Resistências aos Enfezamentos em Milho

05 AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DOS PRINCIPAIS

COMPORTAMENTO DE LINHAGENS E CULTIVARES DE FEIJOEIRO (PHASEOLUS VULGARIS, L.) NO VALE DO PARAÍBA, SP ( 1 )

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS

AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA DE PREVISÃO PARA O MÍLDIO DA CEBOLA

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA NA REGIÃO DO SUL DE MINAS GERAIS NO MUNICÍPIO DE LAVRAS-MG

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ÉPOCAS E DOSES DE APLICAÇÃO DE NITROGÊNIO SOBRE COMPONENTES DO RENDIMENTO DE SEMENTES DO CAPIM- BRAQUIÁRIA

Ferrugem de soja: avaliação de resistência de linhagens, safra 2015/2016

QUALIDADE DE SEMENTES

Transcrição:

INCIDÊNCIA DE CERCOSPORA SOJINA HARA EM CULTIVARES DE SOJA (*) MARGARIDA FUMIK.O ITO ( 2 > 5 ), MANOEL ALBINO COELHO DE MIRANDA ( 3-5 ), CHRISTINA DUDIENAS ( 2 >, JOSÉ CARLOS VILA NOVA ALVES PEREIRA ( 4 ) e EDUARDO ANTÓNIO BULISANI ( 3 ) RESUMO Seis cultivares de soja foram avaliados em condições de campo, com relação à mancha foliar "olho-de-rã" (Cercospora sojina Hara) em Ribeirão Preto (SP). Utilizou-se uma escala de notas de 1 a 5, sendo 1 para infecção mínima e 5 paia infecçso máxima. Os cultivares IAC-9 e IAC-10 apresentaram-se como suscetíveis, IAC-8 e IAC-12, como intermediários, e Cristalina e IAC-11, como resistentes. Mesmo nestes foram detectadas plantas suscetíveis. Diante desse fato e do risco potencial que esta moléstia pode apresentar, preconiza-se a eliminação de plantas infectadas dos cultivares resistentes, principalmente em campos destinados à produção de sementes. Termos de indexação: mancha foliar olho-de-rã; Cercospora sojina; soja, cultivares IAC-8, IAC-9, IAC-10, IAC-11 e IAC-12; resistência. ( ) Trabalho apresentado no XVII Congresso da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, São Paulo (SP), 9-13 de julho de 1984. Recebido para publicação em 18 de maio de 1984. ( ) Seçâo de Microbiologia Fitotécnica, Instituto Agronómico (IAC), Caixa Postal 28, 13100 - Campinas (SP). ( ) Seção de Leguminosas, IAC. ( ) Estação Experimental de Ribeirão Preto, IAC. ( S ) Bolsista do CNPq.

1. INTRODUÇÃO A mancha foliar "olho-de-rã", causada pelo fungo Cercospora sojina Hara, tem sido relatada ocasionando perdas na produção, em muitas regiões produtoras de soja. YORINORI & GARCIA (1977) observaram, no Estado do Paraná, desde 1971, que campos do cultivar Bragg têm sofrido prejuízos quase totais. Nos últimos anos, YORINORI (1984) verificou uma certa severidade da doença em cultivares suscetíveis no Planalto Central (Região do Alto Paranaíba, em Minas Gerais e no Sul de Goiás). Em São Paulo não foi ainda citada alta incidência da doença. COS TA (1977) não obteve informação sobre sua distribuição no Estado nem sobre sua importância como causadora de perdas. Entretanto, como é considerável a parcela de sementes importadas dos Estados sulinos utilizadas para plantio no Estado de São Paulo, há o risco potencial de surtos epidêmicos da moléstia quando ocorrerem condições ecológicas favoráveis ao patógeno. Este trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento de cultivares de soja quanto a Cercospora sojina, a campo, em local cuja ocorrência de sintomas em plantas suscetíveis é frequente. 2. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado na Estação Experimental de Ribeirão Preto, do Instituto Agronómico, numa área utilizada para ensaios com soja desde 1977. Foram testadas quatro épocas de plantio: 1?: 25/10/1983; 2?: 16/11/ 1983; 3?: 5/12/1983 e 4?; 27/12/1983, com seis cultivares: Cristalina, IAC-8, IAC-9, IAC-10, IAC-11 e IAC-12, com delineamento em parcelas subdivididas com quatro repetições, sendo as épocas as parcelas e, os cultivares, as subparcelas. Cada subparcela era composta por seis linhas de 6m de comprimento, espaçadas de 0,6m, utilizando-se como adubação básica 350kg/ha do fertilizante de fórmula 0:18:6 (N, P 2 0 5, K 2 0). A avaliação das reações dos cultivares foi realizada a 14/3/1984, por leituras visuais, através de uma escala de notas (DUDIENAS et alii, 1984) variando de 1 a 5, sendo 1 para plantas com 0 a 10% de área foliar afetada, 2 para 11 a 20%, 3 para 21 a 30%, 4 para 31 a 40% e 5 acima de 40%.

A classificação dos tipos de reação foi efetuada, considerando-se resistente (R) notas 1 e 2, intermediário (I) nota 3, e suscetível (S) notas 4 e 5. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No quadro 1, onde são apresentadas as reações dos cultivares de soja, observa-se que IAC-9 e IAC-10 foram suscetíveis, IAC-8 e IAC-12 comportaram-se como intermediários,, e Cristalina e IAC-11 foram resistentes. Nos cultivares Cristalina, IAC-8, IAC-10 e IAC-11, a reação foi igual para todas as épocas de plantio. O IAC-9 apresentou a mesma reação, S, nas três primeiras épocas, sendo que a reação I, na quarta, pode ser devida a estarem as plantas ainda muito jovens, pois o cultivar é mais tardio. O IAC-12 não apresentou reações bem definidas, variando de suscetível a resistente dentro das épocas: assim, aparentemente, não houve efeito de época de plantio. Nos cultivares Cristalina e IAC-11, em que não houve incidência de C. sojina, foram encontradas apenas algumas plantas isoladas com sintomas

da doença: na primeira época, uma planta de Cristalina e duas de IAC-11; na segunda, três plantas de IAC-11; na terceira, seis plantas de IAC-11, sendo que duas delas em associação com uma virose não identificada; e, na quarta época, três plantas de IAC-11, sendo duas em associação com virose. Essa mistura de plantas com reações variando de resistente a altamente suscetível foi observada por YORINORI (1984), em oito cultivares brasileiros de soja. Assume-se que os cultivares resistentes, nos quais houve incidência da doença, não são homogéneos quanto a essa característica. Desconsiderando as poucas plantas que apresentaram sintomas, a reação apresentada por Cristalina concorda com o resultado obtido por RO CHA et alii (1984); contudo, o comportamento de IAC-8 diferiu, pois-neste experimento foi classificado como intermediário, e aqueles autores não observaram sintomas quando o inocularam com um isolado de C. sojina proveniente do Rio Paranaíba (MG). Como este patógeno apresenta especialização fisiológica, observada pela primeira vez por ATHOW et alii (1962), pode ser que estejam envolvidas diferentes raças, resultando assim em diferentes reações das plantas. Pela genealogia (Quadro 1), pode-se pressupor que a resistência observada no cultivar Cristalina seja proveniente do 'Davis', apontado como resistente às quatro raças de C. sojina existentes nos EUA, por ROOS (1968), e também aos isolados obtidos no Brasil em diferentes locais (VEI GA, 1973, e YORINORI, 1982). A resistência de IAC-11 pode ter origem tanto no 'Davis' quanto no 'Paraná', ou em ambos. A alta incidência desta doença em Ribeirão Preto deve ter sido ocasionada pela utilização da mesma área, ano após ano, com esta cultura, aumentando o potencial de inoculo do fungo, que deve ter sido introduzido através de sementes contaminadas, um dos veículos de disseminação do patógeno. Assume, portanto, importância a eliminação de plantas suscetíveis, dentro de cultivares resistentes, principalmente em campos destinados à produção de sementes, evitando, assim, a introdução do patógeno em novas áreas e diminuindo a possibilidade do aparecimento de novas raças, às quais o cultivar não apresenta resistência. SUMMARY INCIDENCE OF CERCOSPORA SOJINA HARA ON SOYBEAN CULTTVARS The reaction of 6 soybean cultivais to frogeye (Cercospora sojina Hara) was evaluated under field conditions, using a scale of notes vary ing fiom 1 to 5, being 1 foi minimum infection and 5 foi maximum infection. Cultivais IAC-9 and IAC-10 were susceptible; IAC-8 and IAC-12 weie intermediate; and Cristalina and IAC-11 were resistant. Even the resistant cultivais had a few plants infected. Taking this into account and considering the potential risk of this disease, loguing is lecommended mainly in seed production fields. Index terms: Cercospora sojina; soybean; resistance.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATHOW, K.L.; PROBST, A.H.; KURTZMAN, CP. & LAVIOLETTE, F.A A newly identified physiological race of Cercospora sojina Hara on soybean. Phytopathology, 52:712-714, 1962. COSTA, AS. Investigação sobre moléstias da soja no Estado de São Paulo. Summa Phytopathologica, Piracicaba, 3: 3-30, 1977. DUDIENAS, C; ITO, M.F.; & BENATTI JÚNIOR, R. Comportamento de diferentes cultivares de rami (Boehmeria nívea Gaudich.) quanto a manchas foliares causadas por Cercospora krugiana Muller & Chupp, em condições de campo. Fitopatologia Brasileira, Brasília, 9:551-554, 1984. ROCHA, V.S.; GOMES, J.L.L.; SEDIYAMA, T.; SEDIYAMA, C.S. & ATHOW K.L. Avaliação da resistência de cultivares de soja adaptadas às regiões Sul e Sudeste, a dois isolados de Cercospora sojina Hara. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 3., Campinas, 1984. Resumos, p.31. ROOS, J.P. Additional physiological races of Cercospora sojina on soybeans in North Carolina. Phytopathology, 58:708-709, 1968. VEIGA, P. Cercospora sojina Hara: obtenção do inóculo e avaliação da resistência em soja (Glycine max (L.) Merrill). Piracicaba, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", 1973. 45p. Tese. (Mestrado) YORINORI, J.T. Doenças da soja no Brassil. In: A SOJA no Brasil Central. ed. rev. ampl. Campinas, Fundação Cargill, 1982. p.301-345.. Reação das cultivares brasileiras de soja a Cercospora sojina Hara. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 3., Campinas, 1984. Resumos, p.30. & GARCIA, A. Danos causados por Cercospora sojina Hara nas sementes do cultivar de soja Bragg. Fitopatologia Brasileira, Brasília, 2: 107-108, 1977. (Resumo)