COMPOSIÇÃO QUÍMICA E QUALIDADE SENSORIAL DE CAFÉS ESPECIAIS EM FUNÇÃO DO GENÓTIPO, AMBIENTE E PROCESSAMENTO 1

Documentos relacionados
CARACTERIZAÇÃO DA ENZIMA SUPERÓXIDO DISMUTASE EM CAFÉS NATURAIS, PRODUZIDOS EM DIFERENTES ALTITUDES 1

UTILIZAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA COMO PARAMETRO PARA SE AVALIAR A QUALIDADE DE CAFE 1

O AMBIENTE E A QUALIDADE DO CAFÉ DESMUCILADO PRODUZIDO NA MICRORREGIÃO DA SERRA DA MANTIQUEIRA 1

A EXPRESSÃO DA QUALIDADE DO CAFÉ NATURAL PRODUZIDO EM DIFERENTES AMBIENTES DA MICRORREGIÃO DA SERRA DA MANTIQUEIRA 1

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE CAFÉS MADUROS DE DIFERENTES FLORAÇÕES EM LAVOURA A PLENO-SOL E LAVOURA SOMBREADA

EFEITOS DE ESTRESSE HÍDRICO NA COMPOSIÇÃO BIOQUÍMICA DE GRÃOS DE COFFEA ARABICA CV. RUBI 1

ENVIRONMENT AND VARIETY INFLUENCE ON COFFEE QUALITY OF MATAS DE MINAS

Análise de correspondência aplicada ao estudo da qualidade de cafés especiais

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE CAFÉ COM RESISTÊNCIA À FERRUGEM-DO- CAFEEIRO NO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS 1

AÇÚCARES TOTAIS, REDUTORES E NÃO-REDUTORES, EXTRATO ETÉREO E UMIDADE DE DIFERENTES PADRÕES DE BEBIDA DO CAFÉ ARÁBICA E DO CAFÉ CONILON

POLIFENÓIS, SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS, AÇÚCARES TOTAIS, REDUTORES E NÃO REDUTORES EM GRÃOS DE CAFÉS ARÁBICA E CONILON

ANÁLISE SENSORIAL DE GRÃOS DE CAFÉ SUBMETIDOS A DIFERENTES TIPOS DE PROCESSAMENTO E MÉTODOS DE SECAGEM

PESQUISA CAFEEIRA: SUSTENTABILIDADE E INCLUSÃO SOCIAL

SENSORY ANALYSIS APPLIED TO BEVERAGE QUALITY EVALUATION IN COFFEE SUBMITTED TO DIFFERENT PROCESSING AND DRYING METHODS

RELAÇÕES ENTRE AMBIENTE E QUALIDADE SENSORIAL DE CAFÉS EM MINAS GERAIS RELATIONS BETWEEN ENVIRONMENT AND SENSORY QUALITY OF COFFEE IN MINAS GERAIS

Produtividade e qualidade de diferentes genótipos de Bourbon cultivados em Minas Gerais visando à produção de cafés especiais

QUALIDADE SENSORIAL DE CAFÉS EM DIFERENTES NIVEIS DE ADUBAÇÃO COM N, P e K 1

CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DE GENÓTIPOS DE CAFÉ BOURBON EM DIFERENTES AMBIENTES

PROFILE COFFEE CULTIVARS SENSORY PROCESSED IN DRY AND HUMID VIA AFTER STORAGE

Seleção de cultivares Bourbon visando à produção de cafés especiais

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE GRÃOS DE CAFÉS (Coffea arabica L.) SUBMETIDOS A DIFERENTES TIPOS DE PRÉ-PROCESSAMENTO

QUALIDADE DA BEBIDA DO CAFÉ ARÁBICA EM FUNÇÃO DO TEMPO DE PERMANÊNCIA NO CAMPO APÓS A COLHEITA

AVALIAÇÃO DO ARRANJO DE PLANTAS DE GIRASSOL

REGENERAÇÃO DE EMBRIÕES A PARTIR DE CALO EMBRIOGÊNICO FRIÁVEL DO TIPO HFSE DE DUAS ESPÉCIES DE CAFÉ (Coffea canephora, Coffea arabica)

Composição química do café submetido ao processo de descafeinação.

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABACAXI PÉROLA CULTIVADO NO SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Produção de pimenta cumari em relação a incidência solar

APLICAÇÕES DE TÉCNICAS DE ANÁLISE MULTIVARIADA NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE QUÍMICA E SENSORIAL DE CAFÉ 1.

ANÁLISE SENSORIAL E FISIOLÓGICA DE CAFÉS ARMAZENADOS SUBMETIDOS A DIFERENTES FORMAS DE PROCESSAMENTO E SECAGEM 1

QUALIDADE DO CAFÉ PRODUZIDO EM AGRICULTURA FAMILIAR NO NORTE PIONEIRO PARANAENSE 1

ph DE GRÃOS CRUS E TORRADOS DE SETE CULTIVARES DE CAFÉ (Coffea arabica L.) E SUAS VARIAÇÕES COM O PROCESSO DE TORRAÇÃO.

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE GENÓTIPOS DE CAFÉ ARÁBICA CULTIVADOS EM ELEVADA ALTITUDE NO ESTADO DE SÃO PAULO 1

INTERAÇÃO GENÓTIPOS x AMBIENTES E ESTIMATIVAS DE ADAPTABILIDADE E ESTABILIDADE DE PRODUÇÃO EM CLONES DE CAFÉ CONILON

ANALISE ESPACIAL DA QUALIDADE DE BEBIDA DO CAFÉ EM DUAS SAFRAS CONSECUTIVAS

SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE CAFÉ BOURBON PARA OS MUNICÍPIOS DE SANTO ANTÔNIO DO AMPARO E CAMPOS ALTOS 1

PERFORMANCE DO QUANTIS APLICADO EM LAVOURAS CAFEEIRAS ESQUELETADAS RESULTADOS PRELIMINARES

Características Químicas de Frutos de Pimentão de Três Cultivares Pulverizadas com Biofertilizante AGROBIO e Oxicloreto de Cobre.

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DOS CAFÉS ESPECIAIS DAS REGIÕES MATAS DE MINAS E SUL DE MINAS 1

Qualidade sensorial do café submetido a diferentes métodos de secagem

EFEITO DO PROCESSAMENTO PÓS-COLHEITA SOBRE A QUALIDADE DO CAFÉ CONILLON

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DIFERENTES PROCESSAMENTOS EM CAFÉS ESPECIAIS ATRAVES DE ANALISE MULTIVARIADA

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES MÉTODOS DE PROCESSAMENTO E DA GRANULOMETRIA NA QUALIDADE DO CAFÉ

EFEITO DO ESTÁDIO DE MATURAÇÃO NA FORÇA DE DESPRENDIMENTO EM CULTIVARES MUNDO NOVO E CATUAÍ AMARELO

EFEITO DO CALCÁRIO E GESSO NA ACIDEZ E LIXIVIAÇÃO DE CÁTIONS DO SOLO SOB CAFEEIROS NA BAHIA 1

Ângela Maria Nogueira 2, Samuel Pereira de Carvalho 3, Gabriel Ferreira Bartholo 4, Antônio Nazareno Guimarães Mendes 3

INFLUÊNCIA DE UM TRATAMENTO COM VAPOR E ÁCIDO NA ACIDEZ E TEORES DE CAFEÍNA DE GRÃOS DE CAFÉ CONILON

AVALIAÇÃO BROMATOLÓGICA DE GRÃOS DE CULTIVARES DE Coffea arabica L. E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE GRÃOS DE CAFÉ SUBMETIDOS A DIFERENTES FORMAS DE PROCESSAMENTO E SECAGEM

Avaliação de Sementes de Coffea arabica L. Submetidas a Diferentes Métodos de Processamento, Secagem e em Dois Teores de Água

VARIAÇÃO NOS TEORES DE COMPOSTOS HIDROSSOLÚVEIS COM O TRATAMENTO PÓS-COLHEITA E GRAU DE TORRA DO CAFÉ ARÁBICA 1

CHANGES IN THE COFFEE GRAIN COLOR RELATED TO THE POST-HARVEST OPERATIONS

AVALIAÇÃO QUÍMICA E SENSORIAL DE CAFÉS PRODUZIDOS EM CABO VERDE, MINAS GERAIS.

AÇÚCARES E SÓLIDOS SOLÚVEIS EM BEBIDAS E BLENDS DE CAFÉS TORRADOS TIPO EXPRESSO

CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO PATROCÍNIO Graduação em Tecnologia em Cafeicultura

CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE GRÃOS DE CAFÉS ARÁBICA (Coffea arabica L.) E CONILON (Coffea canephora P.)

ESTADO NUTRICIONAL DE CAFEZAIS DA REGIÃO SERRANA FLUMINENSE EM FUNÇÃO DO ANO DE AMOSTRAGEM. I. MACRONUTRIENTES

Rendimento e qualidade do melão em diferentes espaçamentos de plantio.

Perfil de ácidos graxos de híbridos de girassol cultivados em Londrina

COMPARAÇÃO DOS TIPOS DE PROCESSAMENTO PÓS-COLHEITA DO CAFÉ ARÁBICA QUANTO À QUALIDADE DO PRODUTO FINAL

MELHORIA DA QUALIDADE DO CAFÉ ARÁBICA (Coffea arabica L.) EM FUNÇÃO DA IMERSÃO EM PRODUTOS NA PÓS-COLHEITA 1

Comparação dos modelos de Gompertz e Verhulst no ajuste de dados de uma variedade de feijão

Cultivo de coffea canephora conduzido com arqueamento de Plantas jovens em Condição de sequeiro e irrigado

ANÁLISE SENSORIAL DO CAFÉ DESPOLPADO DO PLANALTO DE VITÓRIA DA CONQUISTA PARA INDICAÇÃO GEOGRÁFICA 1

VARIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE CAFÉ ARÁBICA DURANTE A TORRA PARTE I: CARACTERÍSTICAS

Murilo Ferraz Tosta Carlos Henrique C. Guiraldeli

QUALIDADE DA BEBIDA DE GENÓTIPOS DE CAFÉ COM RESISTÊNCIA À FERRUGEM-DO-CAFEEIRO CUP QUALITY OF LEAF RUST RESISTANT COFFEE GENOTYPES

ESTADO NUTRICIONAL DE CAFEZAIS DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE EM FUNÇÃO DO ANO DE AMOSTRAGEM. II. MICRONUTRIENTES

QUALIDADE DA SILAGEM DE GENÓTIPOS DE SORGO SUBMETIDOS A DIFERENTES IDADES DE CORTE

Ponderação de testes bioquímicos em grãos de café (Coffea arabica L.) visando índice de qualidade para bebida

(Coffea arabica L.) PROCESSADOS POR VIA SECA E VIA ÚMIDA

EFEITO DA IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO (Coffea arabica L.) 1

DOIS TIPOS DE TORRAÇÃO E COM DIFERENTES FORMAS DE PROCESSAMENTO

INFLUÊNCIA DO AMAZENAMENTO NA COMPOSIÇÃO QUÍMICA/MINERAL DE SEMENTES DE DIFERENTES CULTIVARES DE MAMONA

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTE A FERRUGEM SOB USO DE IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO-MG

QUALIDADE DA SECAGEM EM DIFERENTES TIPOS DE TERREIRO

COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SEMENTES DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODÃO HERBÁCEO.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE VARIEDADES DE CAFÉ (Coffea arabica)

APLICAÇÃO DA GEOESTATÍSTICA NA ANÁLISE DE EXPERIMENTOS COM MAMONA (Ricinus communis L.)

8º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica CIIC a 14 de agosto de 2014 Campinas, São Paulo.

Desempenho de Treze Cultivares de Alface em Hidroponia, no Verão, em Santa Maria - RS.

SANDRA TORRES ALVARENGA CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E SENSORIAL DE CAFÉS ESPECIAIS DO SUL DE MINAS GERAIS

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

DETERMINAÇÃO DOS NÍVEIS DE TRIGONELINA, FURFURAL, ÁCIDOS CLOROGÊNICOS E CAFEÍNA NO PROCESSAMENTO E NA TORRAÇÃO DOS GRÃOS DO CAFÉ IMATURO 1

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE CAFÉS (Coffea arabica L.) DA REGIÃO DO ALTO RIO GRANDE SUL DE MINAS GERAIS

EXPECTATIVAS E PREFERÊNCIAS DO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO AO CAFÉ TORRADO E MOÍDO Parte 1: TESTE DO PRODUTO EM 10 CIDADES BRASILEIRAS (1)

FISIOLOGIA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO SILICATADA

FORMAS DE PROCESSAMENTO E SECAGEM VISANDO A MELHORIA DA QUALIDADE DO CAFÉ PRODUZIDO EM PEQUENAS PROPRIEDADES AGRÍCOLAS

POLIFENÓIS, ph, ACIDEZ TITULÁVEL TOTAL, SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS, FIBRA BRUTA E RESÍDUO MINERAL FIXO DE DIFERENTES ESPÉCIES DE CAFÉ ARÁBICA E CONILON

PRODUTIVIDADE DE 2ª SAFRA DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTES A FERRUGEM SOB IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO

Análise de trilha para componentes da produção de álcool em híbridos de sorgo sacarino 1

COMPARAÇÃO DOS TIPOS DE PROCESSAMENTO PÓS-COLHEITA DO CAFÉ CONILON QUANTO À QUALIDADE DO PRODUTO FINAL

SISTEMA CIEL*a*b* E CIEL*c*h : AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO COM O SISTEMA DE DISCO AGTRON/SCAA

LEGUMINOSAS: ALTERNATIVA AGROECOLÓGICA NO MANEJO DE CAFEZAL EM RONDÔNIA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE SEIS GENÓTIPOS DE MARACUJAZEIRO- AZEDO CULTIVADOS NO DISTRITO FEDERAL

CONDIÇÕES AGROMETEOROLÓGICAS DE CAFEEIROS NA REGIÃO DA SERRA DA MANTIQUEIRA MINEIRA, ANOS

17 EFEITO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES NA

ANÁLISE SENSORIAL DA BEBIDA DAS CULTIVARES OURO VERDE, TUPI E OBATÃ 1

VII Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica CIIC a 15 de agosto de 2013 Campinas, São Paulo

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

Transcrição:

COMPOSIÇÃO QUÍMICA E QUALIDADE SENSORIAL DE CAFÉS ESPECIAIS EM FUNÇÃO DO GENÓTIPO, AMBIENTE E PROCESSAMENTO 1 Diego Egídio Ribeiro 2 ; Mariele Vilela Bernardes Prado 3 ; Murilo Ferraz Tosta 4 ; José Henrique da Silva Taveira 5 ; Marcos Paulo Santos Luz 6 ; Carlos Henrique Cardeal Guiraldeli 7 ; Isabella Avila Lemos 8 ; Caio de Castro Pereira 9 ; Vanny Ferraz 10 ; Flávio Meira Borém 11 1 Trabalho financiado pelo MAPA/CNPq, com apoio da UFLA, Embrapa Café e FAPEMIG; 2 Estudante de Doutorado em Engenharia Agrícola/UFLA, diegoagro10@hotmail.com; 3 Mestre em Estatística e Experimentação Agrícola/UFLA, mari_bernardes@hotmail.com; 4 Estudante de Mestrado em Engenharia Agrícola/UFLA, mutosta@hotmail.com; 5 Estudante de Doutorado em Engenharia Agrícola/UFLA, henriquetaveira@yahoo.com.br; 6 Estudante de Mestrado em Engenharia Agrícola/UFLA, marcospauloluz@gmail.com; 7 Estudante de Agronomia/UFLA;ch_cardeal@hotmail.com; 8 Estudante de Agronomia/UFLA; isa_lemosti@hotmail.com; 9 Estudante de Agronomia/UFLA; caiopereira000@hotmail.com; 10 Pesquisadora do Departamento de Química/UFMG, vannyferraz@ufmg.br; 11 Professor do Departamento de Engenharia/UFLA, flavioborem@deg.ufla.br. RESUMO: Objetivou-se, com a realização deste trabalho, analisar o efeito do genótipo, da altitude, da vertente e das formas de processamento, durante três safras consecutivas, nos teores de trigonelina, cafeína, sacarose, 3-CQA, 4-CQA e 5-CQA, presentes no grão cru, bem como na qualidade sensorial da bebida de cafés especiais. Foram coletadas amostras de café (Coffea arabica L.), ao longo de três safras agrícolas (2009/10, 2010/11 e 2011/12), em lavouras comerciais de propriedades localizadas no município de Carmo de Minas, Minas Gerais, Brasil. O delineamento experimental foi baseado no estudo da interação entre variáveis ambientais, genéticas e de processamento. O ambiente de cultivo do café foi estratificado em três classes de altitude (inferior a 1.000 m, entre 1.000 e 1.200 m e superior a 1.200 m) e dois grupos de vertentes, sol (NE, N, NO e O) e sombra (L, SE, S e SO), resultando na combinação de seis variáveis ambientais. Foram coletados frutos de dois genótipos: Bourbon Amarelo (frutos amarelos) e (frutos vermelhos). Para todas as combinações envolvendo ambiente e genótipo, foram coletadas três repetições e processadas nas duas formas distintas (via seca e úmida), totalizando, assim, 72 amostras por safra. Os cafés foram colhidos, processados, secados, armazenados e, posteriormente, analisados química (cafeína, trigonelina, sacarose, 3-CQA, 4- CQA e 5-CQA) e sensorialmente. A nota total da bebida do café variou significativamente para a interação entre genótipo e altitude. As demais interações de segunda, terceira e quarta ordem não apresentaram significância (P<0,05) para todas as variáveis analisadas. Foram encontradas diferenças significativas nos teores médios de trigonelina, 3-CQA e cafeína, em função da altitude, no teor médio de sacarose e na nota total da bebida do café, em função do efeito isolado do processamento e do genótipo. A partir dos resultados obtidos, conclui-se que independente do processamento e da vertente, os genótipos Bourbon Amarelo e apresentam, no grão cru, maiores teores de trigonelina, 3-CQA e cafeína quando cultivados acima de 1200 m de altitude. Os cafés naturais têm maiores teores de sacarose comparativamente aos desmucilados e o Bourbon Amarelo dentre os genótipos estudados. A qualidade sensorial da bebida do genótipo Bourbon Amarelo está diretamente associada com a altitude. A partir dos atributos sensoriais positivos, sem a presença de qualquer defeito na bebida, a qualidade sensorial dos cafés processados por via seca é superior à dos cafés processados por via úmida. PALAVRAS-CHAVE: altitude, Coffea arabica L., Bourbon Amarelo, qualidade da bebida. CHEMICAL COMPOSITION AND SENSORY QUALITY OF SPECIALTY COFFEE AND FUNCTION OF GENOTYPE, ENVIRONMENT AND PROCESSING ABSTRACT: The aim of this study was to analyze the effect of genotype, altitude, slope exposure and forms of processing, over three consecutive crop seasons, on the levels of trigonelline, caffeine, sucrose, 3-CQA, 4-CQA and 5- CQA, present in green coffee beans, and also sensory quality of the specialty coffee beverage. Samples of coffee (Coffea arabica L.) were collected over three agricultural crop seasons (2009/10, 2010/11 and 2011/12) in commercial fields from properties located in the municipality of Carmo de Minas, Minas Gerais, Brazil. The experiment design was based on the study of the interaction among environmental variables, genetic variables and coffee processing methods. The coffee growing area was stratified into three classes of altitude (less than 1,000 m, from 1,000 to 1,200 m and greater than 1,200 m) and two groups of slope exposure, sun (NE, N, NW and W) and shade (E, SE, S and SW), resulting in the combination of six environmental variables. Fruits from two genotypes were collected: Yellow Bourbon (yellow fruits) and (red fruits). For all the combinations involving environment and genotype, three replications were collected and processed in two different methods (dry and wet processing), for a total of 72 samples per crop

season. The coffee fruits were collected, processed, dried, stored and later analyzed chemically (caffeine, trigonelline, sucrose, 3-CQA, 4-CQA and 5-CQA) and sensorially. The total score of the coffee beverage varied significantly for the interaction among genotype and altitude. The other interactions of second, third and fourth order did not show statistical significance (P<0.05) for the variables analyzed. Significant differences were found in the average contents of trigonelline, 3-CQA and caffeine as a function of altitude; and in the average content of sucrose and total score of the coffee beverage as a function of the isolated effect of processing and of genotype. From the obtained results, it may be concluded that regardless the type of processing and slope exposure, seeds of Yellow Bourbon and genotypes have higher amounts of trigonelline, 3-CQA and caffeine when grown above 1200m of altitude. Natural coffees have higher amount of sucrose comparing to pulped coffees, and the Yellow Bourbon considering the genotype evaluation. The sensory quality of the Yellow Bourbon genotype is strongly correlated with altitude. The dry way processing provides a superior sensory quality comparing to the wet way, considering the positive characteristics and samples free of any type of defects. KEY WORDS: altitude, Coffea arabica L., Yellow Bourbon, beverage quality. INTRODUÇÃO A história recente da cafeicultura brasileira tem demonstrado que o setor produtivo evoluiu rumo à diferenciação de seu produto, ampliando a visão para o mercado de cafés especiais. No entanto, explorar a potencialidade dos cafés de um determinado país, estado ou região, visando atender à crescente demanda por este novo segmento, exige, sobretudo, compreender os fenômenos que cercam a expressão da qualidade. Isso porque se trata de eventos de grande complexidade, uma vez que a qualidade da bebida, representada pelo sabor e o aroma formados no café torrado, está diretamente associada à composição química do grão cru. Por outro lado, sabe-se que alguns dos compostos químicos presentes no grão cru são influenciados por diversos fatores, desde a escolha da espécie e/ou da variedade para o plantio, até o preparo da bebida. Entre esses fatores, o genótipo, o ambiente, assim como o processamento são considerados fundamentais na obtenção de um produto final com qualidade (AVELINO et al., 2002; 2005; BORÉM, 2008; DECAZY et al., 2003). Diversos autores analisaram a composição química do café e suas variações qualitativas e quantitativas, decorrentes das espécies e variedades estudadas, dos efeitos isolados do processamento bem como do ambiente de produção (AVELINO et al., 2005; CAMPA et al., 2005; DUARTE; PEREIRA; FARAH, 2010; KNOPP; BYTOF; SELMAR, 2006; KY et al., 2001; MONTEIRO; FARAH, 2012). Em outros trabalhos, na tentativa de complementar a classificação sensorial, buscou-se relacionar componentes físico-químicos do grão cru com a qualidade do café, destacando, entre eles, os isômeros do ácido clorogênico (3-CQA, 4-CQA e 5-CQA), cafeína, trigonelina e sacarose (FARAH et al., 2006; FRANCA; MENDONÇA; OLIVEIRA, 2005; MALTA; CHAGAS; OLIVEIRA, 2003; SILVA et al., 2005). No entanto, estudos que exploram a combinação de determinados compostos químicos presentes no grão cru, resultantes das interações entre fatores genéticos, ambientais e tecnológicos envolvidos nos processos de produção, e sua relação com os descritores de qualidade, ainda carecem de análises mais detalhadas. Afinal, quais são os possíveis efeitos envolvendo o genótipo, o ambiente e o processamento na relação de compostos químicos com a qualidade da bebida do café especial? Dessa forma, objetivou-se, com a realização deste trabalho, analisar o efeito do genótipo, da altitude, da vertente e das formas de processamento, durante três safras consecutivas, nos teores de trigonelina, cafeína, sacarose, 3-CQA, 4-CQA e 5-CQA, presentes no grão cru, bem como na qualidade sensorial da bebida de cafés especiais. MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas amostras de café (Coffea arabica L.), ao longo de três safras agrícolas (2009/10, 2010/11 e 2011/12), em lavouras comerciais de propriedades localizadas no município de Carmo de Minas, Minas Gerais, Brasil (Figura 1). O delineamento experimental foi baseado no estudo da interação entre variáveis ambientais, genéticas e de processamento. O ambiente de cultivo do café foi estratificado em três classes de altitude (inferior a 1.000 m, entre 1.000 e 1.200 m e superior a 1.200 m) e dois grupos de vertentes, sol (NE, N, NO e O) e sombra (L, SE, S e SO), resultando na combinação de seis variáveis ambientais. Para cada um dos ambientes foram coletados frutos representativos de dois genótipos: Bourbon Amarelo (frutos amarelos) e (frutos vermelhos). Para todas as combinações envolvendo ambiente e genótipo, foram coletadas três repetições e processadas nas duas formas distintas (via seca e úmida), totalizando, assim, 72 amostras por safra. Todos os procedimentos de colheita, processamento e secagem foram realizados segundo Borém (2008). As análises químicas foram realizadas no grão cru de café, sendo determinados, simultaneamente, os teores de cafeína, trigonelina e, para os ácidos clorogênicos (CGA), os isômeros dos ácidos cafeoilquínicos (3-CQA, 4-CQA e 5-CQA), segundo metodologia adaptada de Farah et al. (2005).

Figura 1. Localização do município de Carmo de Minas, na região sul/sudoeste do estado de Minas Gerais e no Brasil. Para a sacarose, a determinação foi realizada em outra análise, conforme metodologia adaptada de Trugo, Farah e Cabral (1995). A análise sensorial foi realizada por provadores treinados e qualificados como juízes certificados de cafés especiais, utilizando-se a metodologia proposta pela Associação Americana de Cafés Especiais SCAA (LINGLE, 2001). As análises estatísticas foram realizadas por meio do programa estatístico R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2012) sendo considerados os valores médios das safras a partir das análises química e sensorial. Após a verificação das premissas da normalidade e da homocedasticidade, os resultados dos teores de trigonelina, cafeína, sacarose, ácidos clorogênicos e das pontuações finais (nota) obtidas na análise sensorial foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e, para as diferenças significativas detectadas no teste F, aplicou-se o teste de Tukey, a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores médios (% ms) de trigonelina, ácidos clorogênicos (3-CQA, 4-CQA, 5-CQA), cafeína, sacarose e nota total da bebida do café, em função da interação altitude, processamento, genótipo e vertente, encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Teores médios (% ms) de trigonelina, ácidos clorogênicos (3-CQA, 4-CQA, 5-CQA), cafeína, sacarose e nota total da bebida, resultantes da interação entre altitude (m), processamento, genótipo e vertente. Altitude Processamento Genótipo Vertente Trigonelina 3-CQA 4-CQA 5-CQA Cafeína Sacarose >1200 1000-1200 <1000 Sol 1,00 0,64 0,74 6,13 1,37 6,64 84,75 Sombra 1,05 0,61 0,81 6,10 1,31 5,88 83,15 Via úmida Bourbon Sol 1,05 0,58 0,73 6,26 1,42 7,30 90,52 Amarelo Sombra 1,18 0,63 0,72 6,17 1,35 6,62 88,82 Sol 1,04 0,61 0,73 6,03 1,34 7,45 84,81 Sombra 0,95 0,64 0,72 5,96 1,34 6,81 86,11 Via seca Bourbon Sol 1,02 0,60 0,77 6,08 1,30 7,71 90,13 Amarelo Sombra 1,02 0,62 0,73 6,22 1,23 8,95 90,25 Sol 1,00 0,63 0,74 6,14 1,17 5,31 82,11 Sombra 0,91 0,52 0,84 6,56 1,32 5,76 82,95 Via úmida Bourbon Sol 0,96 0,57 0,76 5,91 1,30 6,64 84,81 Amarelo Sombra 1,00 0,54 0,78 6,48 1,32 7,33 85,96 Sol 0,90 0,61 0,69 6,30 1,22 6,96 84,14 Sombra 0,97 0,53 0,76 5,84 1,35 7,41 83,71 Via seca Bourbon Sol 1,01 0,47 0,71 5,81 1,28 6,80 86,25 Amarelo Sombra 0,98 0,56 0,74 5,93 1,28 7,88 86,08 Sol 0,91 0,51 0,70 6,16 1,31 5,68 82,00 Sombra 0,86 0,53 0,74 5,96 1,20 6,15 82,68 Via úmida Bourbon Sol 0,81 0,49 0,77 5,72 1,25 6,46 83,14 Amarelo Sombra 0,98 0,58 0,74 6,87 1,18 7,29 84,42 Sol 0,93 0,50 0,69 5,82 1,26 7,03 83,56 Sombra 0,95 0,47 0,73 5,67 1,30 7,44 82,72 Via seca Bourbon Sol 0,85 0,49 0,74 5,70 1,06 7,36 83,79 Amarelo Sombra 0,99 0,51 0,72 5,80 1,28 7,18 85,35 P valor 0,55 0,54 0,96 0,60 0,82 0,47 0,78 Nota

Por outro lado, os valores médios da nota total da bebida do café variaram significativamente para a interação genótipo altitude (Tabelas 2 e 3). Já as demais interações de segunda e terceira ordem não apresentaram diferenças significativas. Analisando-se os dados da Tabela 2, verifica-se que a nota média total da bebida do genótipo Bourbon Amarelo é superior à do, nas faixas de altitude acima de 1.000 m. Os genótipos estudados apresentaram a mesma qualidade sensorial da bebida quando cultivados em altitudes abaixo de 1.000 m. Tabela 2. Teores médios (% ms) de trigonelina, ácidos clorogênicos (3-CQA, 4-CQA, 5-CQA), cafeína, sacarose e nota total da bebida do café, resultantes do desdobramento da variável genótipo dentro de altitude (m). Altitude Genótipo Trigonelina 3-CQA 4-CQA 5-CQA Cafeína Sacarose Nota >1200 1,01 0,63 0,75 6,05 1,34 6,70 84,70 a Bourbon Amarelo 1,07 0,61 0,73 6,18 1,33 7,64 89,93 b 1000-1200 0,94 0,57 0,76 6,21 1,26 6,36 83,23 a Bourbon Amarelo 0,99 0,54 0,75 6,03 1,29 7,16 85,77 b < 1000 0,91 0,50 0,72 5,90 1,27 6,57 82,74 a Bourbon Amarelo 0,91 0,52 0,74 6,02 1,19 7,07 84,17 a P valor 0,39 0,40 0,60 0,70 0,36 0,71 0,00* * Médias seguidas por uma mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey (5% de significância). Já para o desdobramento da variável altitude dentro de genótipo, nota-se que a qualidade sensorial do não diferiu significativamente nas três faixas de altitude estudadas. Porém, para o genótipo Bourbon Amarelo, nota-se maior expressão da qualidade, quando cultivado acima de 1.200 m, com nota total média igual a 89,93 (Tabela 3). Tabela 3. Teores médios (% ms) de trigonelina, ácidos clorogênicos (3-CQA, 4-CQA, 5-CQA), cafeína, sacarose e nota total da bebida do café, resultantes do desdobramento da variável altitude (m) dentro de genótipo. Genótipo Altitude Trigonelina 3-CQA 4-CQA 5-CQA Cafeína Sacarose Nota >1200 1,01 0,63 0,75 6,05 1,34 6,70 84,70 a 1000-1200 0,94 0,57 0,76 6,21 1,26 6,36 83,23 a < 1000 0,91 0,50 0,72 5,90 1,27 6,57 82,74 a >1200 1,07 0,61 0,73 6,18 1,33 7,64 89,93 b Bourbon Amarelo 1000-1200 0,99 0,54 0,75 6,03 1,29 7,16 85,77 a < 1000 0,91 0,52 0,74 6,02 1,19 7,07 84,17 a P valor 0,39 0,40 0,60 0,70 0,36 0,71 0,00* * Médias seguidas por uma mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey (5% de significância). Além do efeito significativo da interação genótipo altitude na qualidade da bebida, também foram encontradas diferenças significativas nos teores médios de trigonelina, 3-CQA e cafeína, em função da altitude e nos valores médios dos teores de sacarose e nota total da bebida do café, em função do efeito isolado do processamento e do genótipo. Convém ressaltar que não foram encontradas diferenças significativas para o efeito isolado da vertente, para todas as variáveis analisadas (Tabela 4). Os maiores teores médios de trigonelina (1,04% ms) foram encontrados em lavouras de café produzidas acima de 1.200 m de altitude. Para os ácidos clorogênicos estudados neste trabalho (3-CQA, 4-CQA e 5-CQA), o único isômero que apresentou diferença significativa foi o 3-CQA, para o qual o maior teor médio foi encontrado em cafés produzidos acima de 1.200 m (0,62% ms). Entretanto, para cafeína, somente os teores médios das amostras coletadas acima de 1.200 m (1,33% ms) e abaixo de 1,000 m (1,23% ms) diferiram significativamente entre si (Tabela 4). Fatores ambientais, como temperaturas mais baixas recorrentes em maiores altitudes, associados a eventos fisiológicos, como períodos mais longos de enchimento dos grãos, são relatados na literatura e fornecem indícios para explicar as diferenças encontradas para as variáveis químicas (FAGAN et al., 2011; GEROMEL et al., 2008; VAAST et al., 2006). Segundo Laviola et al. (2007), o efeito da temperatura é notado, principalmente, entre as fases de granação e maturação dos frutos do cafeeiro, sendo que o prolongamento dessas fases, causado por temperaturas mais amenas, está diretamente associado com o maior acúmulo relativo de matéria seca em grãos de café. No entanto, ainda que variações na qualidade do café já tenham sido descritas em função do genótipo e da altitude (AVELINO et al., 2002; 2005; DECAZY et al., 2003), sua correlação com o efeito conjunto de variáveis químicas carece de maiores estudos. Os maiores valores médios dos teores de sacarose (7,41% ms) foram encontrados nos cafés processados por via seca, independente do genótipo, da altitude ou da vertente estudada (Tabela 4). Dentre os fatores tecnológicos envolvidos no processo de produção do café, considera-se que o tipo de processamento altera significativamente o conteúdo de açúcares nos grãos crus (DUARTE; PEREIRA; FARAH, 2010; KNOPP; BYTOF; SELMAR, 2006). Bytof et al. (2005) sugerem que, durante o processamento pós-colheita, diversos processos metabólicos ocorrem no interior dos grãos do café, alterando significativamente a composição química do grão cru. Dessa forma, a diferença encontrada no presente

estudo reforça tais relatos e, possivelmente, demonstra o efeito isolado do processamento do café, alterando de maneira significativa o teor de sacarose. Tabela 4. Teores médios (% ms) de trigonelina, ácidos clorogênicos (3-CQA, 4-CQA e 5-CQA), cafeína, sacarose e nota total da bebida do café, resultantes da altitude (m), processamento, genótipo e vertente. Trigonelina 3-CQA 4-CQA 5-CQA Cafeína Sacarose Nota Altitude >1200 1,04 a 0,62 a 0,74 6,12 1,33 a 7,17 87,32 a 1000-1200 0,97 b 0,56 b 0,75 6,12 1,28 ab 6,76 84,50 b < 1000 0,91 b 0,51 b 0,73 5,96 1,23 b 6,82 83,46 b P valor 0,00* 0,00* 0,53 0,68 0,01* 0,28 0,00* Via úmida 0,98 0,57 0,76 6,20 1,29 6,42 b 84,61 b Processamento Via seca 0,97 0,55 0,73 5,93 1,27 7,41 a 85,57 a P valor 0,83 0,23 0,07 0,10 0,52 0,00* 0,02* Genótipo Vertente 0,96 0,57 0,74 6,06 1,29 6,54 b 83,56 b Bourbon Amarelo 0,99 0,56 0,74 6,08 1,27 7,29 a 86,63 a P valor 0,22 0,43 0,95 0,89 0,58 0,00* 0,00* Sol 0,96 0,56 0,73 6,00 1,27 6,78 84,84 Sombra 0,99 0,56 0,75 6,13 1,29 7,06 85,34 P valor 0,20 0,75 0,21 0,45 0,66 0,22 0,67 * Médias seguidas por uma mesma letra, na coluna, não diferem entre si, pelo teste Tukey (5% de significância). A qualidade também apresentou diferença significativa em função do processamento do café (Tabela 4). Os maiores valores médios da nota total da bebida do café foram encontrados no processamento por via seca (85,57). Na literatura são encontrados relatos que descrevem os cafés produzidos por via seca com qualidade comparativamente inferior à dos cafés produzidos por via úmida (PEREIRA; VILELLA; ANDRADE, 2002; VILELLA, 2002; VINCENT, 1987; WILBAUX, 1963). No entanto, as variações na qualidade do café têm sido discutidas, principalmente, em função da presença ou da ausência de defeitos na bebida. Nesse caso, a ausência de cuidados na colheita e na secagem resulta, com maior probabilidade, em cafés naturais com fermentações indesejáveis e qualidade inferior (BORÉM, 2008). No presente trabalho, a qualidade do café foi avaliada a partir dos atributos sensoriais positivos, sem a presença de qualquer defeito na bebida. Nessas condições, os resultados encontrados neste estudo contradizem o que tradicionalmente é descrito na literatura, uma vez que a nota média total da bebida dos cafés naturais foi superior à dos cafés desmucilados. Para o fator genótipo (Tabela 4), os maiores teores médios de sacarose foram encontrados no Bourbon Amarelo (7,29% ms). Os principais relatos encontrados na literatura que descrevem o efeito isolado do genótipo na composição química do café referem-se, principalmente, a diferentes espécies do gênero Coffea (CAMPA et al., 2004; 2005; KY et al., 2001). Variações no teor de sacarose entre variedades distintas de café arábica podem estar relacionadas com diferenças na expressão gênica, tanto na síntese como na degradação deste composto. Portanto, análises moleculares são necessárias para melhor entendimento das variações no teor de sacarose encontradas para os genótipos neste estudo. CONCLUSÕES Independente do processamento e da vertente, os genótipos Bourbon Amarelo e apresentam, no grão cru, maiores teores de trigonelina, 3-CQA e cafeína quando cultivados acima de 1200 m de altitude; Os cafés naturais têm maiores teores de sacarose comparativamente aos desmucilados e o Bourbon Amarelo dentre os genótipos estudados; A qualidade sensorial da bebida do genótipo Bourbon Amarelo está diretamente associada com a altitude; A partir dos atributos sensoriais positivos, sem a presença de qualquer defeito na bebida, a qualidade sensorial dos cafés processados por via seca é superior à dos cafés processados por via úmida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AVELINO, J. et al. Effects of slope exposure, altitude and yield on coffee quality in two altitude terroirs of Costa Rica, Orosi and Santa María de Dota. Journal of Science Food and Agriculture, Sussex, v. 85, p. 1869-1876, 2005. AVELINO, J. et al. Ver une identification de cafés-terroir au Honduras. Montpeller Cedex: Plantations Recherche Developpement, 2002. 11 p. BORÉM, F. M. Pós-colheita do café. Lavras: UFLA, 2008. v. 1, p. 631. BYTOF, G. et al. Influence of processing on the generation of γ-aminobutiric acid in green coffee beans. European Food Research Technology, Heidelberg, v. 220, n. 3, p. 245-250, 2005.

CAMPA, C. et al. Qualitative relationship between caffeine and chlorogenic acid contents among wild Coffea species. Food Chemistry, Oxford, v. 93, n. 1, p. 135 139, Nov. 2005. CAMPA, C. et al. Trigonelline and sucrose diversity in wild Coffea species. Food Chemistry, Oxford, v. 88, n. 1, p. 39 43, Nov. 2004. DECAZY, F. et al. Quality of different Honduran coffees in relation to several environments. Journal of Food Science, Chicago, v. 68, n. 7, p. 2356 2361, 2003. DUARTE, G. S.; PEREIRA, A. A.; FARAH, A. Chlorogenic acids and other relevant compounds in Brazilian coffees processed by semi-dry and wet post-harvesting methods. Food Chemistry, Oxford, v. 118, p. 851 855, 2010. FAGAN, E. B. et al. Efeito do tempo de formação do grão de café (Coffea sp) na qualidade da bebida. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 27, n. 5, p. 729-738, 2011. FARAH, A. et al. Correlation between cup quality and chemical attributes of Brazilian coffee. Food Chemistry, Oxford, v. 98, n. 2, p. 373-380, 2006. FARAH, A. et al. Formation of chlorogenic acids lactones in roasted coffee. Journal of Agricultural and Food Chemistry, Washington, v. 53, n. 5, p. 1105 1113, 2005. FRANCA, A. S.; MENDONÇA, J. C. F.; OLIVEIRA, S. D. Composition of green and roasted coffees of different cup qualities. LWT - Food Science and Technology, Oxford, v. 38, n. 7, p. 709 715, 2005. GEROMEL, C. et al. Effects of shade on the development and sugar metabolism of coffee (Coffea arabica L.) fruits. Plant Physiology and Biochemistry, v. 46, n. 5-6, p. 569-579, 2008. KNOPP, S.; BYTOF, G.; SELMAR, D. Influence of processing on the content of sugars in green Arabica coffee beans. Food Research Technology, Mysore, v. 223, p. 195-201, Dec. 2006. KY, C. L. et al. Caffeine, trigonelline, chlorogenic acids and sucrose diversity in wild Coffea arabica L. and C. canephora P. accessions. Food Chemistry, Oxford, v. 75, n. 2, p. 223-230, 2001. LAVIOLA, B. G. et al. Acúmulo de nutrientes em frutos de cafeeiro em quatro altitudes de cultivo: cálcio, magnésio e enxofre. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 31, n. 6, p. 1451-1462, 2007. LINGLE, T. R. The coffee cupper s handbook: a systematic guide to the sensory evaluation of coffee s flavor. 3. ed. Long Beach: Speciality Coffee Association of America, 2001. 47 p. MALTA, M. R.; CHAGAS, S. J. de R.; OLIVEIRA, W. M. de. Composição físico-química e qualidade do café submetido a diferentes tipos de processamento (natural, descascado e desmucilado). In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 3., 2003. Porto Seguro. Anais... Brasília: EMBRAPA CAFÉ, 2003. p. 259. MONTEIRO, M. C.; FARAH, A. Chlorogenic acids in Brazilian Coffea arabica cultivars from various consecutive crops. Food Chemistry, Oxford, 134, p. 611-614, 2012. PEREIRA, R. G. F. A; VILELLA, T. C.; ANDRADE, E. T. Composição química de grãos de café (Coffea arabica L.) submetidos a diferentes tipos de pré-processamento. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 2., 2002, Vitória. Resumos... Brasília: EMBRAPA CAFÉ, 2002. p. 826-831. R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: A language and environment for statistical computing. Vienna: Foundation for Statistical Computing, 2012. Disponível em: <http://www.r-project.org/>. Acesso em: 10 dez. 2012. SILVA, E. A. et al. The influence of water managemet and environmental conditions on the chemical composition and beverage quality of coffee beans. Brazilian Journal of Plant Physiology, Campinas, v. 17, n. 2, p. 229-238, 2005. TRUGO, L. C.; FARAH, A.; CABRAL, L. Oligosaccharides distribution in Brazilian soybean cultivars. Food Chemistry, Oxford, v. 52, n. 4, p. 385 387, 1995. VAAST, P. et al. Fruit thinning and shade improve bean characteristics and beverage quality of coffee (Coffea arabica L.) under optimal conditions. Journal of Science Food and Agriculture, Sussex, v. 86, n. 1, p. 197-204, 2006. VILLELA, T. C. Qualidade de café despolpado, desmucilado, descascado e natural, durante o processo de secagem. 2002. 66 p. Dissertação (Mestrado em Ciências dos Alimentos)-Universidade Federal de Lavras, Lavras. 2002. VINCENT, J. C. Green coffee processing. In: CLARKE, R. J.; MACRAE, R. (Ed.). Technology. London: Elsevier, 1987. p. 1 33. WILBAUX, R. Agricultural engineering radiation research: survey report. Rome: American Society of Agricultural Engineers, 1963. 39 p.