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Transcrição:

NOTA TÉCNICA O AUMENTO DOS ELEITORES VINCULADOS AO SALÁRIO MÍNIMO Rodrigo Leandro de Moura 1 MAIO DE 2014

1940.07 1943.01 1945.07 1948.01 1950.07 1953.01 1955.07 1958.01 1960.07 1963.01 1965.07 1968.01 1970.07 1973.01 1975.07 1978.01 1980.07 1983.01 1985.07 1988.01 1990.07 1993.01 1995.07 1998.01 2000.07 2003.01 2005.07 2008.01 2010.07 2013.01 O escopo de influência do salário mínimo (SM) vai além do mercado de trabalho no Brasil, abrangendo também benefícios previdenciários e assistenciais, cujo valor segue o piso nacional. Segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE), de 2012, um total de 24,5 milhões de pessoas recebeu exatamente um SM, proveniente do mercado de trabalho ou de benefício previdenciário. Adicionalmente, segundo dados do Ministério da Previdência, havia quase quatro milhões de benefícios assistenciais em 2012 vinculados ao mínimo. Ou seja, quase 28,5 milhões de pessoas são diretamente afetadas pela política de SM. Aliado a esse aumento dos contingentes de beneficiados, o valor do SM cresce de forma contínua desde a estabilização inflacionária gerada pelo Plano Real, como mostrado no gráfico 1. Se comparado com períodos anteriores, o reajuste real concedido em janeiro de 2014, levou o SM a atingir o maior valor histórico da série, desde o final da década de 1960. 1.200,00 Gráfico 1. Salário mínimo real 1.000,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 Fonte: IPEADATA/IPEA. Elaboração: IBRE/FGV. Série em reais (R$) constantes do último mês, elaborada pelo IPEA, deflacionando-se o salário mínimo nominal pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE a partir de março de 1979. Para períodos anteriores, os deflatores utilizados foram o IGPC-Mtb (jan/1948-mar/1979), o IPC-RJ/FGV (jan/1944-jan/1948) e o IPC-SP/Fipe (jul/1940-jan/1944). O salário mínimo urbano foi instituído no Brasil por decreto-lei do presidente Getúlio Vargas, durante a ditadura do Estado Novo, e começou a vigorar em julho de 1940, com valores diferenciados entre estados e sub-regiões. Em 1943, foi incorporado à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e, em 1963, foi estendido ao campo por meio do Estatuto do Trabalhador Rural. Foi nacionalmente unificado em maio de 1984, mas, desde 2000, a Lei Complementar 103 permite que os estados fixem pisos estaduais superiores ao mínimo nacional. Os dados desta série para o período em que a legislação federal definia faixas diversificadas referem-se sempre ao maior salário mínimo vigente no país. 2

O grande aumento no número de beneficiários que recebem um SM e do valor deste piso torna a política deste piso mais relevante, não apenas em termos sociais e laborais, mas também em termos eleitorais. Em termos percentuais, esse contingente de beneficiados, em idade elegível ao voto, representava 17,1% do total de eleitores, em 2004. Em 2012, esse percentual cresceu para 20,2% e, para 2014, a projeção é que esse percentual alcance 21%. Portanto, esses números demonstram que a política de valorização do salário mínimo, que ocorre desde o Plano Real e foi reforçada pela regra atual de reajuste desse piso crescimento do PIB real de dois anos antes mais o reajuste da inflação do ano anterior tem gerado, cada vez mais, um eleitor dependente de rendimentos vinculados ao mínimo. Isso sem contar os membros da família que não recebem rendimentos (ou cuja renda não está atrelada ao SM), mas votam e são beneficiados indiretamente pelo recebimento desses rendimentos como por exemplo, jovens com 16 anos ou mais de idade que não participam do mercado de trabalho. Contando esses membros, chega-se à conclusão de que quase 39% dos eleitores têm rendimento direta ou indiretamente indexado ao salário mínimo. Cada vez mais, portanto, o típico eleitor brasileiro é alguém que ganha um SM, o que pode gerar uma vantagem para o governo situacionista nas próximas eleições. Isso decorre do grande aumento do número e do valor da remuneração vinculada ao mínimo nos últimos dez anos, em que o atual partido governista esteve no poder. 3

Evolução do Eleitorado x Salário Mínimo O Gráfico 2 abaixo mostra a evolução do eleitorado nos últimos dez anos. Em 2004, o total de eleitores era de pouco mais de 122 milhões e para 2014, projeta-se um total de mais de 146 milhões, o que implica uma taxa média de crescimento de 1,9% ao ano, no período considerado. 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Gráfico 2. Evolução do Número de Eleitores (em milhões) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014* Fonte: TSE. Elaboração: IBRE/FGV-RJ. (*) Projeção. Ao mesmo tempo em que houve um crescimento do número de eleitores, o número de indivíduos cujo rendimento, direta ou indiretamente, é igual a um SM também cresceu. O Gráfico 3 mostra que, em 2004, pouco mais de 20,7 milhões de pessoas tinham rendimentos do trabalho, da previdência ou assistencial igual a um SM. Dez anos depois, esse número pode alcançar mais de 30,7 milhões, o que implicaria um crescimento médio de 4,12% ao ano. Por sua vez, o crescimento médio, incluindo os membros de 16 anos ou mais, que não ganham um SM, mas que indiretamente se beneficiam do SM recebido por outro membro da família, é de 3% ao ano. 4

Gráfico 3. Número de Indivíduos Cujo Rendimento, direta ou indiretamente, é igual a 1 Salário Mínimo (em milhões) 60 50 40 30 20 10 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL TODOS OS MEMBROS DAS FAMÍLIAS QUE TÊM ALGUÉM QUE RECEBE 1 SM (TRABALHO E PREVIDENCIA) Fonte: PNAD/IBGE. Elaboração: IBRE/FGV-RJ. (*) Projeção. 23,0 22,0 Gráfico 4. Razão do Número de Indivíduos Cujo Rendimento é igual a 1 Salário Mínimo Em Relação ao Total de Eleitores (em %) 21,0 20,0 y = 0,2819x + 17,682 R² = 0,6899 20,2 20,9 19,0 18,0 17,0 17,1 16,0 15,0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 RAZÃO TOTAL / ELEITORES Linear (RAZÃO TOTAL / ELEITORES) Fonte: TSE e PNAD/IBGE. Elaboração: IBRE/FGV-RJ. (*) Projeção. 5

O Gráfico 4 reúne os dados dos gráficos 2 e 3. Como esperado, ele mostra que o percentual de beneficiados do SM em relação ao total de eleitores saltou de 17% em 2004 para 20,2% em 2012 e a projeção é que alcance 20,9% em 2013 e 21% em 2014. Vale destacar que a evolução desse percentual oscila de um ano para o outro. Por exemplo, de 2005 para 2006 e de 2009 para 2010 houve uma queda, ocasionada, em parte, pelo grande aumento do eleitorado, típico de anos pares, quando ocorre eleição em particular, nesses anos as eleições foram para os governos federal e estaduais. Vale notar também que esses percentuais estão sujeitos ao que denomino de efeito do número redondo do SM. Por exemplo, em 2005, o valor do SM, em setembro mês de referência da PNAD foi de R$ 300 (Tabela A1, Anexo). Assim, muitos empregadores passaram a pagar esse valor por ser um número redondo, o que fez com que o percentual crescesse bastante, em relação a 2004. Mas esse efeito pode também jogar contra esse crescimento. Por exemplo, de 2006 para 2007 houve um recuo do percentual, mesmo não sendo ano de eleição. Isso pode ter ocorrido, pois o valor do SM neste ano foi de R$ 380, e muitos empregadores, arredondaram o salário pago para R$ 400. Os dados mostram que o percentual de trabalhadores que ganham esse valor foi elevado. No entanto, mesmo com tais oscilações, observa-se uma clara tendência de crescimento dada reta plotada no Gráfico 4. Assim, espera-se que esse percentual cresça, pois a valorização do SM tem empurrado cada vez mais pessoas para a base da distribuição salarial do mercado de trabalho. Em termos, previdenciários, a expectativa é que, com o envelhecimento da população, o contingente de pessoas cuja aposentadoria e pensão sejam vinculadas ao mínimo também cresça. Em termos de benefícios assistenciais, como o benefício de prestação continuada (BPC) contempla, além de pessoas com deficiência, idosos com 65 anos ou mais, cuja renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ do SM vigente, o processo de transição demográfico deve levar também a um aumento dos beneficiários do BPC. Conclusão Assim, cada vez mais, portanto, o típico eleitor brasileiro é alguém que ganha um salário mínimo, o que pode gerar uma vantagem para o governo situacionista nas próximas eleições. Isso decorre do grande aumento do número e do valor da remuneração vinculada ao salário mínimo nos últimos dez anos, em que o atual partido governista esteve no poder. Por outro lado, a regra atual de reajuste do salário mínimo, válida até janeiro de 2015, é extremamente onerosa para o setor público e para as empresas, o que tende a acarretar pressões inflacionárias crescentes. Além 6

disso, quando esses aumentos deixarem de ser sancionados pelo mercado de trabalho, como ocorreu nos últimos anos, aquela regra vai gerar desemprego. Indiretamente, portanto, pode penalizar tanto o atual como os próximos governos. Vale ressaltar que um piso salarial e uma rede de proteção social são necessários em qualquer país, garantindo um padrão mínimo de vida, tanto para os que trabalham como para os que não apresentam condições físicas para tanto. Mas até que ponto um governo deve ser avaliado e votado mais pelo reajuste que ele concede aos benefícios sociais e menos pelas medidas que gerem um crescimento sustentável para as próximas décadas? Anexo Tabela A1. Valor nominal do Salário Mínimo de 2004 a 2012 (em R$). jan-abr mai-dez 2004 240 260 jan-abr mai-dez 2005 260 300 jan-mar abr-dez 2006 300 350 jan-mar abr-dez 2007 350 380 jan-fev mar-dez 2008 380 415 jan fev-dez 2009 415 465 jan-dez 2010 510 jan-fev mar-dez 2011 540 545 jan-dez 2012 622 7

8 www.fgv.br/ibre Rio de Janeiro Rua Barão de Itambi, 60 22231-000 - Rio de Janeiro RJ São Paulo Av. Paulista, 548-6º andar 01310-000 - São Paulo SP