A ESTRUTURA DE CAPITAL NA ANÁLISE DE NOVOS INVESTIMENTOS



Documentos relacionados
TIPOS DE INVESTIMENTOS IMPORTANTES NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA- PARTE l

QUAL A DIFERENÇA ENTRE O VPL DA OPERAÇÃO E O VPL DO ACIONISTA?

RECUPERAÇÃO DE IMPOSTOS E O CUSTO REAL DA COMPRA DE MATÉRIA-PRIMA

PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES SOBRE VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES

O QUE É CUSTO DE CAPITAL PARTE ll

CUSTO DE REPOSIÇÃO NA FORMAÇÃO DE PREÇOS

ENTENDENDO OS CONCEITOS DE RISCO E RETORNO - (Parte III)

DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS PARTE l

Tratamento das Receitas e Despesas Financeiras

PAYBACK - CALCULANDO O TEMPO NECESSÁRIO PARA RECUPERAR O INVESTIMENTO

COMO DETERMINAR O PREÇO DE UMA

PARA CRIAR VALOR PARA O ACIONISTA NÃO BASTA TER EVAs POSITIVOS - É PRECISO QUE SEJAM "CRESCENTES"

COMO SELECIONAR PROJETOS QUANDO EXISTE RESTRIÇÃO DE CAPITAL

O QUE É UMA PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - PARTE II

COMO DETERMINAR O PREÇO DE LANÇAMENTO DE UMA AÇÃO NA ADMISSÃO DE NOVOS SÓCIOS

Projeção do Fluxo de Caixa Caso Prático

MERCADO DE OPÇÕES - O QUE É E COMO FUNCIONA

COMO SE GANHA DINHEIRO GIRANDO MAIS O NEGÓCIO

TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE O INDICADOR : RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO

PROCEDIMENTOS PARA ANALISAR PROJETOS EXCLUDENTES COM VIDAS ESTIMADAS DIFERENTES

Como Analisar Projetos Independentes E Excludentes

O NOME DO JOGO É: O MÁXIMO DE RETORNO SOBRE INVESTIMENTO COM O MÍNIMO DE CUSTO DE CAPITAL

ENTENDENDO OS CONCEITOS DE RISCO E RETORNO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO CONTÁBIL versus VALOR DE MERCADO Cálculo do patrimônio líquido pelo valor de mercado

QUE TAL ANALISAR O MVPL Valor Presente Líquido Modificado

O QUE É CFROI CASH FLOW RETURN ON

Outros Tópicos Importantes na Elaboração do Fluxo de Caixa

COMO ELABORAR UMA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR UNIDADE DE NEGÓCIO

EXEMPLO COMPLETO DO CÁLCULO DO FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRATIVOS FINANCEIROS

AS 7 ETAPAS PARA ELABORAR UMA BOA ANÁLISE DE INVESTIMENTO

O QUE TODOS DEVEM DAVER SOBRE PERPETUIDADE

O que é e como funciona uma operação de swap

COMO SALVAR UM PRODUTO DE UMA BAIXA IRREVERSÍVEL (?) NO PREÇO DE VENDA (investindo em diferenciais competitivos)

COMO QUALIFICAR O PREÇO DE VENDA DE SEUS PRODUTOS (UTILIZANDO AS TÉCNICAS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS FORMAÇÃO DE PREÇOS)

Vantagens e Cuidados na utilização do Valor Econômico Agregado - EVA

QUAL É A RELAÇÃO ENTRE RISCO E CUSTO DE CAPITAL

COMO CALCULAR A PERFORMANCE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS - PARTE II

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52) - EXEMPLO PRÁTICO

COMO TRATAR A INFLAÇÃO NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO

COMO CALCULAR E ANALISAR A CAPACIDADE DE

COMPRAR VERSUS ALUGAR (qual a melhor opção)

COMO REDUZIR CUSTOS NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

COMO CRIAR UM PLANO DE AMORTIZAÇÃO

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

! Revisão de conceitos importantes! Fluxo com VRG diluído! Fluxo com VRG no final do contrato! Comparação com outras alternativas de financiamento

COMO PREPARAR UM RELATÓRIO QUE APRESENTE OS RESULTADOS DA EMPRESA POR UNIDADE DE NEGÓCIO

UTILIZANDO A TIR PARA ANÁLISE DE DOIS PROJETOS EXCLUDENTE

A MONTAGEM DA EQUAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

DETALHES RELEVANTES NA APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ELABORADO COM BASE NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

REGRESSÃO LINEAR SIMPLES

COMO TRATAR A TAXA DE JUROS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

UM GLOSSÁRIO PARA O DIA A DIA DO EXECUTIVO

TÓPICOS ESPECIAIS DE CONTABILIDADE: JUROS SOBRE CAPITAL

UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 15

VALUE BASED MANAGEMENT (Gerenciamento Baseado no Valor - GBV) - PARTE ll

Como Elaborar um Fluxo de Caixa com Base em Demonstrações Encerradas (Parte II)

COMO INTERPRETAR A RELAÇÃO VENDAS / ATIVOS ( GIRO )

ASPECTOS AVANÇADOS NA ANÁLISE

DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS - PARTE lli

CONSTRUINDO E ANALISANDO O EBITDA NA PRÁTICA

Como Elaborar um Fluxo de Caixa com Base em Demonstrações Encerradas (Parte I)

COMO ANALISAR ECONOMICAMENTE DUAS PROMOÇÕES

O que é Custo de Oportunidade?

PROJEÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

PERGUNTAS E RESPOSTAS QUE TODO EXECUTIVO FINANCEIRO GOSTARIA DE FAZER SOBRE ANÁLISE ECONÔMICA

COMO CALCULAR PRAZOS MÉDIOS QUANDO ESTES EXCEDEM 30 DIAS

PROPOSTA PARA TRATAMENTO DA RECEITA FINANCEIRA NA ANÁLISE DOS RESULTADOS

Quais as aplicações do custo de capital?

COMO CALCULAR O PONTO DE EQUILÍBRIO NA PRÁTICA

QUAL O CRITÉRIO IDEAL PARA REAJUSTAR O PREÇO DE UM SERVIÇO

OS IMPACTOS DA MUDANÇA PARA MAIS OU PARA MENOS NA TAXA DE JUROS SOBRE O PREÇO DE VENDA

AMOSTRAGEM ESTATÍSTICA EM AUDITORIA PARTE ll

ENTENDENDO OS DIVERSOS CONCEITOS DE LUCRO

COMO IDENTIFICAR E ANALISAR OS IMPACTOS DOS DRIVERS DA EMPRESA (CASH E VALUE)

RESENHA TRIBUTÁRIA ATUALIZADA

COMO TRATAR O VALOR RESIDUAL NA ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO

COMO ORGANIZAR A APRESENTAÇÃO DOS INDICADORES ECONÔMICOS E FINANCEIROS (COLOCANDO-OS DEBAIXO DOS 3 DETERMINANTES DO RETORNO SOBRE

QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS IMPOSTOS MAIS IMPORTANTES - PARTE Il

TODAS AS EMPRESAS DEVERIAM TER UM SIMULADOR DE PREÇOS. Francisco Cavalcante

ANÁLISE DE UM NOVO INVESTIMENTO - A IMPORTÂNCIA DO INTERVALO DE PERÍODO NA ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 22

PORQUE E COMO ABRIR O CAPITAL DE UMA EMPRESA

COMO CONVERTER DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS BRASILEIRAS PARA A MOEDA AMERICANA (FAS 52)

COMO FUNCIONAM DOIS PROCEDIMENTOS DO ICMS NA FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

GOVERNANÇA CORPORATIVA

COMO CALCULAR UM FLUXO DE CAIXA COM BASE EM DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS ENCERRADAS. Autor: Francisco Cavalcante UP-TO-DATE. ANO I.

Autor: Francisco Cavalcante UP-TO-DATE. ANO I. NÚMERO 25. Circular para: CAVALCANTE ASSOCIADOS

SECURITIZAÇÃO DE RECEBÍVEIS

ANÁLISE DE PROJETOS DE INVESTIMENTO

DURATION - AVALIANDO O RISCO DE MUDANÇA NAS TAXAS DE JUROS PARTE ll

GASTOS VARIÁVEIS, FIXOS E SEMI-VARIÁVEIS (alguns conhecimentos indispensáveis para quem trabalha com análises econômicas e financeiras) ASSOCIADOS

COMO FAZER O ACOMPANHAMENTO FINANCEIRO DE UM PROJETO (Pós-Auditoria) Conceitos e Procedimentos Para Serem Colocados em Prática Imediatamente

O VALOR DO CONTROLE PARTE 2

AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O LUCRO LÍQUIDO E O FLUXO DE CAIXA

JOGO DOS 4 ERROS - ANALISANDO UM NOVO INVESTIMENTO: ONDE ESTÃO OS 4 ERROS?

COMO CALCULAR A PERFORMANCE DOS FUNDOS DE INVESTIMENTOS - PARTE I

TÓPICO ESPECIAL DE CONTABILIDADE: PARTICIPAÇÕES MINORITÁRIAS

O QUE É ATIVO INTANGÍVEL?

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS

Transcrição:

A ESTRUTURA DE CAPITAL NA ANÁLISE DE NOVOS! O que é estrutura de capital alvo?! Estrutura de capital atual x estrutura de capital alvo.! Qual estrutura de capital devemos levar em consideração na análise de novos investimentos? Francisco Cavalcante(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV. É Sócio-Diretor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. A Cavalcante Associados também elabora projetos de capitalização de empresas, assessora na obtenção de recursos estáveis e compra e venda de participações acionárias. O consultor Francisco Cavalcante já desenvolveu mais de 100 projetos de consultoria, principalmente nas áreas de planejamento financeiro, formação do preço de venda, avaliação de empresas e consultoria financeira em geral. Paulo Dragaud Zeppelini(f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas com MBA em finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais - IBMEC. Executivo financeiro com carreira desenvolvida em instituições financeiras do segmento de mercado de capitais. Atualmente é consultor da Cavalcante Associados, empresa especializada na elaboração de sistemas financeiros nas áreas de projeções financeiras, preços, fluxo de caixa e avaliação de projetos. 1

ÍNDICE PÁG O PROBLEMA 03 O QUE É ESTRUTURA DE CAPITAL ALVO 04 A RESPOSTA DO PROBLEMA 05 UM NOTÓRIO ABSURDO 06 CONCLUSÃO 07 2

O PROBLEMA Quando analisamos um novo projeto, uma das primeira providências consiste em estimar os investimentos. O investimento representa todos os gastos necessários para colher o benefício do novo projeto. Exemplo: Investimento em capital de giro líquido $10.000 Investimentos pré-operacionais (salários e outros) $20.000 Investimentos fixos (edificações, máquinas e outros) $70.000 TOTAL DOS $100.000 O investimento de $100.000 requer uma estimativa de uma estrutura de capital de $100.000 também.! Vamos financiar os $100.000 somente com capitais de terceiros?! Vamos financiar os $100.000 somente com capitais próprios?! Vamos financiar os $100.000 com capitais de terceiros e próprios? Quanto de cada um? Vamos assumir que a decisão seja a seguinte: Vamos financiar o novo projeto 100% com recursos próprios. Aí surge o problema: e se a estrutura de capital alvo da empresa for de 50% de capital de terceiros e 50% de capital próprio? Devemos analisar o novo projeto considerando que ele de fato será financiado na oportunidade com 100% com recursos próprios, ou analisamos o novo projeto levando em consideração a estrutura de capital alvo da companhia? 3

O QUE É ESTRUTURA DE CAPITAL ALVO Daqui para frente vamos tratar capital de terceiros como "CT" e capital próprio como "CP". Vamos assumir que o CT custa 10% ao ano. Vamos considerar que estes 10% já considera a economia fiscal. O CP custa 20% ao ano. O CP tem que custar mais caro que o CT porque assume maiores riscos. O capital de terceiros deverá receber o serviço da dívida caso a companhia opere com lucro ou prejuízo, gere ou não caixa. O CT está inclusive protegido por garantias. O capital próprio deseja dividendos e valorização, que dependem do lucro e da geração de caixa. O capital próprio não está protegido por garantias. A estrutura de capital alvo é a estrutura de capital ideal. A estrutura de capital alvo é aquela onde o custo médio ponderado de capital (CMPC), ou simplesmente custo de capital é o mínimo. Em nosso exemplo o CT custa 10% ao ano e o CP custa 20% ao ano. Devemos usar o máximo de CT e o mínimo de CP. Todavia, sabemos que um excessivo endividamento aumenta o risco da insolvência da empresa, notadamente quando ela passar por períodos recessivos. Portanto, a estrutura de capital alvo é aquela onde a empresa usa o máximo de CT e o mínimo de CP, porém não colocando em xeque a capacidade de pagamento de seus compromissos, notadamente se passar por um período de crise. Em nosso exemplo, vamos assumir que a estrutura de capital alvo seja de 50% de CT e 50% de CP. Portanto, o custo médio pondera de capital (CMPC) será de 15% ao ano. CMPC = (0,50 x 0,10) + (0,50 x 0,20) = 0,15 4

A RESPOSTA DO PROBLEMA Para analisar um novo investimento, devemos considerar a estrutura de capital alvo da empresa. Não devemos considerar a verdadeira estrutura de capital do novo investimento, quando esta for diferente da estrutura de capital alvo da empresa. Exemplo: O CMPC da estrutura de capital alvo do nosso exemplo é de 15% ao ano, e a companhia já está operando com esta estrutura de capital. Vamos assumir que a empresa tenha 2 projetos novos a serem realizados em 2002: Projeto A e Projeto B. No Projeto A e o Projeto B tem ambos uma taxa interna de retorno (TIR) estimada de 18% ao ano. O projeto A será realizado em primeiro lugar. Na oportunidade, existem condições passageiras que dificultam o acesso ao CT. Existe um grande fila de projetos no BNDES, que faz com que o banco esteja administrando as liberações de financiamento, tornando a análise e aprovação do crédito mais longa. A empresa decide que diminuirá temporariamente o pagamento de dividendos para financiar o Projeto A 100% com CP que custa 20% ao ano. Entretanto, a empresa iniciou negociações para que o Projeto B seja 100% financiado com CT através de um leasing que custará 10% ao ano. Se analisarmos o Projeto A em relação à sua estrutura de capital do momento ele será rejeitado. Não aprovaremos um projeto com uma TIR de 18% ao ano financiado com um capital que custa 20% ao ano. Entretanto, o Projeto B, semelhante ao Projeto A, com a mesma TIR de 18% ao ano será aprovado com "louvor" pois utilizará um capital que custa 10% ao ano. 5

UM NOTÓRIO ABSURDO. Observamos que a estrutura de capital dos 2 projetos somente não é a alvo, com CMPC de 15% ao ano, por motivos conjunturais. Porém, os 2 projetos analisados na perspectiva de 1 (um) ano e consolidados respeitarão a estrutura de capital alvo de 15% ao ano. Não faz sentido aprovar um e rejeitar o outro. Portanto, teríamos que aprovar os 2 projetos. A interpretação para ambos é a seguinte: Cada projeto tem uma TIR de 18% ao ano contra um CMPC de 15% ao ano. 6

CONCLUSÃO Para analisar novos projetos de investimento considere sempre a estrutura de capital alvo da companhia. 7