Proteção de Plantas :Gestão da propriedade intelectual nos programas de melhoramento. Luiz Carlos Federizzi Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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Transcrição:

Proteção de Plantas :Gestão da propriedade intelectual nos programas de melhoramento Luiz Carlos Federizzi Universidade Federal do Rio Grande do Sul

MELHORAMENTO DE PLANTAS ARTE Experiência, intuição, aprendizado com outros melhoristas CIÊNCIA Conhecimentos de genética, botânica, bioquímica, fisiologia, estatística... NEGÓCIO Gera dinheiro, mas custa muito dinheiro de modificar as plantas a serviço do homem. Agricultor Indústria Consumidor

PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTICO DE AVEIA UFRGS PROAVENA Desenvolvimento de germoplasma Adaptação de genes de importância agronômica ao material genético brasileiro Novas variedades Estudos de genética da aveia Gerar conhecimento/melhorar eficiência

Base Legal Lei nº 9279, de 14/05/1996: Art. 18. Não são patenteáveis: [...] III -o todo ou parte dos seres vivos [...] Lei nº 9.456, de 25/04/1997 Decreto nº 2.366, de 05/11/1997 Decreto Legislativo nº 28, de 19/04/1999 (internalizou a Ata 1978 UPOV) Legislação de Sementes e Mudas

PROTEÇÃO X REGISTRO Propriedade Intelectual Assegura os direito de exploração comercial (royalties) Instituído pela Lei nº 9.456/1997 Vinculada a ordenamentos internacionais DHE Habilita cultivares para produção e comercialização no país Instituído pela Legislação de Sementes e Mudas Lei nº 10.711/2003 Decreto nº 5.153/2004 VCU

Ao Agricultor: A quem interessa a Proteção de Cultivares inovação: > qualidade/produtividade face às cultivares antigas; diversificação de cultivos. Ao Produtor de Sementes: expansão e novas opções de negócios; segurança para investimentos.

Ao Obtentor: A quem interessa a Proteção de Cultivares retorno de investimentos na pesquisa. Ao Governo: aumenta investimentos do setor privado na pesquisa; atrai investimentos para o setor agrícola; estratégia para o sucesso da agricultura brasileira; maior competitividade no agronegócio internacional.

Por que proteger? Para a Instituição fica mais conhecida como geradora de bens e produtos para a sociedade; A Instituição se torna mais conhecida e respeitada; Para o melhoristavaloriza o trabalho e propicia melhor conhecimento de como vai o comportamento no campo das variedades lançadas;

Por que proteger? Para o melhoristatrabalho de educação/extensão direto com os produtores e industrias; Melhora conhecimento de campo do melhorista; Recebimento de benefícios pecuniários; Proteção deve ser exercida pela Instituição;

Mudanças com a Lei de Proteção Condições (exigências) de lançamento flexibilizadas (mais fácil); Maior responsabilidade de lançar variedades que realmente fazem a diferença; Genética diferente para os principais caracteres; Qualidade (industria);

PADRÃO UFRGS PARA SER VARIEDADE rendimento de grão superior as variedades existentes rendimento de grãos estável através dos anos e locais qualidade de grão atributos para indústria boa resistência as principais moléstias (ferrugem da folha e do colmo, mancha do grão, giberela) aceitável tolerância à geada ciclo adequado para melhor explorar a estação de crescimento (nem tão longo, nem tão curto)

Benefícios a sociedade Maior produção de grãos na mesma área; Diminui as pegadas da agricultura no ambiente; Mantém ativa a industria de transformação (produtos com a mesma qualidade ano após ano); Gera empregos; Gera impostos;

Na UFRGS SEDETEC Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico; EITT Escritório de Interação e Transferência de Tecnologia;

Portarias :: Portaria MEC nº 322 de 16 de abril de 1998 Define formas de apropriação dos ganhos econômicos resultantes da exploração de resultado de criação intelectual, protegida por direitos de propriedade intelectual, por parte de servidores do MEC. :: Portaria MCT nº 88 de 23 de abril de 1988 Dispõe sobre os ganhos econômicos resultantes da exploração de resultado de criação intelectual, protegida por direitos de propriedade intelectual, de servidor de órgão ou de entidade do MCT.

Portarias/UFRGS :: Portaria UFRGS nº 3.064 de 05 de novembro de 1998 Estabelece regras para a transferência de tecnologia e registro da propriedade industrial no âmbito da UFRGS. :: Portaria UFRGS Nº 349 de 08 de fevereiro de 2002 Estabelece regras para o registro intelectual de cultivares no âmbito da UFRGS. :: Portaria UFRGS nº 493 de 27 de fevereiro de 2002 Estabelece regras para o desenvolvimento, aplicação e comercialização de plantas transgênicas no âmbito da UFRGS.

Royalties 2/3 UFRGS 1/3 Inventores 1/3 UFRGS 1/3 Departamento (Programa)

EITT/UFRGS Ajuda na parte de registro (paga taxas, procurações, etc.); Faz as cobranças; Mantém conta na FAURGS e fornece as notas e recibos; Distribui os recursos aferidos;

ProAvena Programa faz os documentos e encaminha ao RNC/MAPA e ao SNPC/MAPA; Programa faz as autorizações para os produtores; Não fazemos contratos (burocracia); Relação de confiança com os produtores;

ProAvena Estabelece o valor a ser cobrado; Taxa de 6 % do valor efetivamente vendido de sementes (6% do valor bruto comercializado, não conta semente própria); Indica os parceiros que farão as primeiras multiplicações;

ProAvena Fornece toda a informação técnica necessária; Participa em dias de campo; Divulga os produtores que possuem sementes; Cobra do produtores o pagamento;

Evolução da quantidade de sementes aprovada de cultivares de aveia UFRGS 2008-2010 100 90 80 10592 12000 10000 % 70 60 50 40 30 3255 6586 8000 6000 4000 Quantidade (t) 20 10 2000 0 2008 2009 2010 0

Evolução da quantidade de sementes de cultivares de aveia UFRGS 2008-2010 70 60 70 60 56 50 % 40 30 20 10 0 URS Guapa 32 24 7 URS 21 3 17 URS Tarimba 2 12 URS Taura URS Guria 3 3 URS Charrua 2008 2009 2010 7000 6000 6036 t 5000 4000 3000 2000 1000 0 2415 4056 URS Guapa 840 2175 719 URS 21 232 1900 URS Tarimba 122 1300 URS Taura 364 URS Guria 273 URS Charrua 2008 2009 2010

PANÍCULA DE PLANTA F 5 Exemplo de produção de sementes de novos cultivares aveia na UFRGS Linhas de plantas F 6 1 BULK 0,3 a 0,5 kg 2 ENSAIO PRELIMINAR 5-10 kg 3,5 kg para Ensaio Regional Produção de sementes (otimizada) Sobra de sementes 3 ENSAIO REGIONAL 5-10 kg 100-150 kg 3 3,5 kg para Ensaio Brasileiro 4 ENSAIO BRASILEIRO Ano 1 3 a 6 t 4 5 ENSAIO BRASILEIRO Ano 2 Produtor de 100 200 t sementes básicas 5 6 LANÇAMENTO COMERCIAL Produtores de sementes certificadas AGRICULTOR 6 AGRICULTOR 7

Escolha dos parceiros Ética; Qualidade de produção de sementes; Possibilidade de venda/marketing; Parcerias anteriores; Diminuição de riscos;

Escolha dos parceiros Ideal seria leilão; Para cada variedade/ nicho de mercado; Plano de negócios para cada variedade; Impossível fazer atualmente na Universidade;

Manejo Sementes Todas linhagens que são promovidas ao Ensaio Regional são multiplicadas em faixas (2 a 5 kg); A linhagem vai bem no Regional já temos 2 ou 3 sacos de semente genética que é multiplicada; Se o material vai bem no primeiro ano de Brasileiro de Linhagens teremos (2000 a 3000 kg) que é repassado ao agricultor;