ANÁLISE DAS DIFERENÇAS DE DIÁRIAS DOS PODERES EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO

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Transcrição:

ANÁLISE DAS DIFERENÇAS DE DIÁRIAS DOS PODERES EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO Diretoria de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional Brasília-DF, Abril de 2015

Diretoria Executiva Nacional Presidente Cláudio Márcio Oliveira Damasceno 1a Vice-Presidente Lúcia Helena Nahas 2º Vice-Presidente Mário Pereira de Pinho Filho Secretário-Geral Rogério Said Calil Diretor-Secretário Antônio Gomes Campelo Diretor de Finanças Carlos César Coutinho Cathalat Diretor-Adjunto de Finanças Albino Dalla Vecchia Diretor de Administração Robson Canha Ferreira Diretor-Adjunto de Administração José Raimundo Melo e Leite Diretor de Assuntos Jurídicos Carlos Roberto Teixeira 1º Diretor-Adjunto de Assuntos Jurídicos Rudimar Nunes Fraga 2º Diretor-Adjunto de Assuntos Jurídicos Sérgio Santiago da Rosa Diretor de Defesa Profissional Carlos Rafael da Silva 1º Diretor-Adjunto de Defesa Profissional Leonardo Picanço Cruz 2ª Diretora-Adjunta de Defesa Profissional Yone de Oliveira Diretor de Estudos Técnicos Pedro Onofre Fernandes Diretor-Adjunto de Estudos Técnicos Alfredo Jorge Madeira Rosa Diretora de Comunicação Social Letícia Cappelano Quadros dos Santos 1ª Diretora-Adjunta de Comunicação Social Regina Ferreira de Queiroz 2ª Diretor-Adjunto de Comunicação Social Genidalto da Silva Paiva Diretora de Assuntos de Aposentadoria, Proventos e Pensões Clotilde Guimarães Diretor-Adjunto de Assuntos de Aposentadoria, Proventos e Pensões Diego Augusto de Sá Diretora do Plano de Saúde Maria Antonieta Figueiredo Rodrigues Diretora-Adjunta do Plano de Saúde Tânia Regina Coutinho de Lourenço Diretor de Assuntos Parlamentares Célio Diniz Rocha Diretor-Adjunto de Assuntos Parlamentares José Castelo Branco Bessa Filho Diretor de Relações Intersindicais Hélio Roberto dos Santos Diretora-Adjunta de Relações Intersindicais Maria Urânia da Silva Costa Diretor de Relações Internacionais Fábio Galízia Ribeiro de Campos Diretor de Defesa da Justiça Fiscal e da Seguridade Social César Araújo Ramos Diretor-Adjunto de Defesa da Justiça Fiscal e da Seguridade Social Henrique Gerhke Diretor de Políticas Sociais e Assuntos Especiais José Devanir de Oliveira Diretor-Suplente Oséas Coimbra Júnior CONSELHO FISCAL Membros Titulares Ivone Marques Monte Luiz Gonçalves Bomtempo Armando Domingos Barcelos Sampaio Membros Suplentes Pérsio Romel Macedo Ferreira Luiz Fernando da Conceição Martins Elias José Maluf DIRETORIA DE ESTUDOS TÉCNICOS Pedro Onofre Fernandes Diretor de Estudos Técnicos Alfredo Jorge Madeira Rosa Diretor-Adjunto de Estudos Técnicos EQUIPE TÉCNICA: Álvaro Luchiezi Júnior Economista, Gerente de Estudos Técnicos Lucas Veras Salgado Economista, Assessor de Diretoria III SDS - Conjunto Baracat - 1º andar salas 1 a 11 Brasília/DF - CEP 70392-900 Telefones: (61) 3218 5200 - (61) 3218 5201 www.sindifisconacional.org.br / email: estudostecnicos@sindifisconacional.org.br É permitida a reprodução deste guia e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte.

ANÁLISE DAS DIFERENÇAS DE DIÁRIAS DOS PODERES EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO 1 Introdução A Lei nº 8.112/90, em seus artigos 58 e 59, garante ao servidor público federal, quando estiver exercendo atividade fora de sua lotação, o direito ao pagamento de diárias para custeio das despesas com transporte, alojamento e alimentação. Em julho de 2009, quando foi concedido o último reajuste de diárias pelo Poder Executivo, os custos de hospedagem, alimentação e deslocamento urbano já se encontravam subestimados, ou seja, o aumento concedido não foi suficiente para equalização desses custos com os preços praticados no mercado àquela época. De lá para cá, estes mesmos custos aumentaram sensivelmente acima da inflação, muitas vezes explicados pela realização de eventos esportivos no País, nesse período. Os dados do IBGE apontam que a inflação (IPCA) acumula 36,25% entre o último reajuste concedido e dezembro de 2014. Nesse período, outros poderes reajustaram consideravelmente suas diárias e os adicionais para deslocamento urbano percebidos pelos seus servidores, inclusive acima da inflação. O Poder Legislativo reajustou esses valores no ano de 2012 e o Poder Judiciário, em janeiro de 2015. O Ministério Público da União, por sua vez, reajustou o valor da indenização das diárias em outubro de 2014. Comparando o valor das diárias pagas pelos Poderes mencionados, o Auditor Fiscal ficaria em último lugar (atrás inclusive de cargos técnicos dos outros Poderes), como se verá no Ranking da Seção 6. O texto elaborado abaixo chama a atenção para tamanha disparidade na indenização paga aos Auditores Fiscais e outros cargos da Administração Pública. 2 Diárias no Poder Executivo O Decreto nº 5.992, de 19 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a concessão de diárias no âmbito da administração federal direta, autárquica e fundacional foi alterado pelos Decretos nº 6.258, de 19 de novembro de 2007 e nº 6.907, de 21 de julho de 2009. Neste último a estrutura da tabela de reajuste foi modificada em relação à tabela anterior 1, incluindo cargos em um mesmo nível indenizatório, por exemplo. Nenhum desses decretos estabelece expressamente uma forma de reajuste dos valores fixados. Os valores detalhados na Tabela 1, atualmente vigentes, são insuficientes para cobrir as despesas com alimentação, transporte e hospedagem apropriadamente. O maior valor pago para o Auditor Fiscal é de R$ 224,20 quando ele viaja para as capitais Brasília, Manaus e Rio de Janeiro. Para cobrir despesas de deslocamento até o local de embarque (aeroporto/rodoviária) e do desembarque (aeroporto/rodoviária) até o local de trabalho ou de hospedagem, o Auditor Fiscal percebe uma parcela única no valor de R$ 95,00 2. A regulamentação do adicional, entretanto, não considera os gastos internos com deslocamento urbano do viajante. 1 O Decreto nº 6.258, de 19 de novembro de 2007, estabeleceu a tabela com valores das diárias até a edição do Decreto nº 6.907, de 21 julho de 2009. 2 O Decreto nº 6.907, de 21 de julho de 2009, reajustou o adicional concedido. Sindifisco Nacional 3

Tabela 1 Valor da Indenização de Diárias aos Servidores Públicos Federais do Poder Executivo (Em R$) Classificação do Cargo/ Emprego/Função Deslocamentos para Brasília / Manaus / Rio de Janeiro Deslocamentos para Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo Deslocamentos para outras capitais de Estados Demais Deslocamentos Ministro de Estado 581,00 551,95 520,00 458,99 Cargos de Natureza Especial 406,70 386,37 364,00 321,29 DAS-6; CD-1; FDS-1 e FDJ-1 do BACEN DAS-5, DAS-4, DAS-3; CD-2, CD-3, CD-4; FDE-1, FDE-2; FDT-1; FCA-1, FCA-2, FCA-3; FCT1, FCT2; FCT3, GTS1; GTS2; GTS3. DAS-2, DAS-1; FCT4, FCT5, FCT6, FCT7; cargos de nível superior e FCINSS. FG-1, FG-2, FG-3; GR; FST-1, FST-2, FST-3 do BACEN; FDO-1, FCA-4, FCA-5 do BACEN; FCT8, FCT9, FCT10, FCT11, FCT12, FCT13, FCT14, FCT15; cargos de nível intermediário e auxiliar 321,1 304,2 287,3 253,5 267,9 253,8 239,7 211,5 224,20 212,40 200,60 177,00 224,20 212,40 200,60 177,00 Fonte: Decreto nº 6.907, de 21 de julho de 2009 Elaboração: Departamento de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional A Tabela 2 mostra que a diária recebida atualmente pelos Auditores Fiscais é insuficiente para cobrir as despesas com as diárias de hotéis 3 cobradas em três capitais brasileiras. Considerando ainda as despesas com alimentação (duas refeições e lanche) e deslocamentos internos (além dos deslocamentos para o embarque e desembarque), percebe-se claramente que a compensação paga ao Auditor Fiscal é insuficiente para cobrir suas despesas, obrigando-o a complementá-las com seus próprios recursos. 3 A taxa de serviço de 10% não está incluída no valor indicado na Tabela 2. 4 Sindifisco Nacional

Tabela 2 Comparativo das Diárias de Hotéis e Outras Despesas e Diárias Pagas pelo Poder Executivo (Em R$) Local Hotel Diárias de hotéis Alimentação Taxi interno Total de gastos Diária do Auditor Fiscal Diária Total de Gastos Ibis Budget - Centro 207,00 Rio de Janeiro Ibis Budget - Santos Dumont Windsor Astúrias 285,00 354,00 100,00 60,00 367,00 224,20-142,80 Atlantico 360,00 São Paulo Brasília Normandie 179,00 Planalto 208,00 Excelsior 264,00 Bourbon 252,00 Casablanca 220,90 Planalto Bittar 290,00 Aracoara 297,00 Nacional 299,00 100,00 60,00 339,00 212,40-126,60 100,00 40,00 360,90 224,20-136,70 Fonte: Sindifisco Nacional. Levantamento próprio Decreto nº 5.992, de 19 de dezembro de 2006 modificado pelo Decreto nº 6.907, de 21 de julho de 2009 Elaboração: Departamento de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional. Obs. 1 - Os gastos com alimentação e taxi interno são estimados. Obs. 2 - O total de gastos considera a menor diária de hotel. Obs. 3 - Valores pesquisados em fevereiro de 2015. 3 Diárias no Poder Judiciário Em 22 de janeiro de 2015, a Resolução n 545 do Superior Tribunal Federal alterou o valor de indenização das diárias aos servidores e magistrados desse Tribunal concedida em setembro de 2010 4. Considerando que a inflação acumulada de setembro de 2010 a dezembro de 2014 foi de 28,34%, o reajuste médio dos cargos do STF foi 218% maior do que a inflação do período. Assim como no Poder Executivo, a resolução supracitada também prevê um adicional para deslocamento do embarque/ desembarque do servidor 5. Com o reajuste realizado pelo STF, os demais Tribunais Superiores, Conselhos Jurídicos e Tribunais Regionais Federais, por iniciativa própria, também reajustaram o valor das diárias pagas aos seus magistrados e servidores 6. 4 Os valores anteriormente vigentes sofreram reajuste de 83% para os cargos de ministro e juiz auxiliar ou magistrado instrutor. Para os cargos de analista judiciário (ou cargo em comissão) e técnico judiciário (ou funções comissionadas) o reajuste correspondeu a 287% e 267%, respectivamente. 5 Art. 10. Será concedido, nas viagens em território nacional, adicional correspondente a 80% (oitenta por cento) do valor básico da diária de analista judiciário, para cobrir despesa de deslocamento até o local de embarque e do desembarque ao local de trabalho ou hospedagem e vice-versa. 6 Ato TST GDGSET nº 46, de 2 de fevereiro de 2015; Portaria STJ n 95, de 4 de fevereiro de 2015; Portaria TSE nº 52, de 9 de fevereiro de 2015. Na sessão do Conselho de Justiça Federal do dia 09 de fevereiro de 2015, foi aprovada a alteração da Resolução nº 4/2008 para reajustar o valor das diárias aos TRFs e ao próprio Conselho. Sindifisco Nacional 5

A Tabela 3 mostra o valor das diárias praticadas no Poder Judiciário Federal (Tribunais Superiores e Federais). A diária paga ao Auditor Fiscal não encontra equivalência em nenhuma outra do Poder Judiciário Federal. A diferença em relação à maior diária do Auditor Fiscal chega a superar 400%, o que demonstra a disparidade entre os valores pagos pelo Poder Executivo e Poder Judiciário. Tabela 3 Valor das Diárias em 2015 Poder Judiciário Federal - Tribunais Superiores e Federais (R$) Classificação do Cargo/Emprego/Função Ministro (STF, STJ, TST, TSE); Juiz Auxiliar (TST); Conselheiro CNJ; Membro TSE Juiz Auxiliar ou Magistrado Instrutor (STF, STJ, CNJ); Desembargador (TST); Juiz Eleitoral(TST); Juiz Auxiliar(TST); Secretário-Geral da Presidência (TST); Juiz Auxiliar (CNJ); Membro TRF Diárias Diferença em relação à maior diária paga aos Auditores Fiscais 1.125,43 401,98% 1.069,16 376,88% Juiz Federal Titutar ou Substituto (TRF) 1.015,70 353,03% Juiz Titular de Vara do Trabalho e Juiz Substituto 1.012,89 351,78% Servidor Acompanhando Ministro (TST) 900,35 301,58% Desembargador Convocado (TST) 844,08 276,48% Analista Judiciário (STF, STJ, TST, CNJ) ou Ocupante de Cargo em Comissão (STF, STJ, TST, CNJ, TSE) Técnico Judiciário ou ocupante de Função Comissionada (STF,STJ, TSE, TST, CNJ) 618,99 176,09% 506,45 125,89% Fonte: Resolução n 545 STF; Ato TST GDGSET nº 46/2015; Portaria STJ n 95/2015; Portaria TSE nº 52/2015. O CNJ aprovou em 09 de fevereiro de 2015, alteração da Resolução nº 4/2008 para reajustar o valor das diárias aos TRFs e ao próprio Conselho. Elaboração: Departamento de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional A Tabela 4 ressalta a diferença do adicional de deslocamento entre os três poderes. Tabela 4 Adicional de Deslocamento Embarque/Desembarque (R$) Judiciário Legislativo Executivo MPU STF, STJ, CNJ TSE Senado Câmara Auditor Fiscal 495,19 405,16 219,84 279,00 160,00 95,00 Fonte: Decreto nº 6.907, de 21 de julho de 2009; Portaria MPU nº 60, de 19 de setembro de 2014; Ato da Diretoria Geral nº 2542/ 2010; Ato da Mesa, de 31 de abril de 2012; Resolução nº 545, de 22 de janeiro de 2015; Portaria STJ/GDGn. 95 de 4 de fevereiro de 2015; Portaria TSE nº 52, de 9 de fevereiro de 2015. A diferença entre o adicional pago aos Auditores Fiscais e o maior adicional pago no Poder Judiciário é superior a 420%. No Poder Legislativo esta diferença é de quase 200%. Ressalve-se que no caso dos servidores e magistrados do Conselho Nacional de Justiça e Justiça Federal, o adicional é variável e corresponde a, no mínimo, R$106,00 7. 7 Parágrafos 2º e 3º do artigo 107 da Resolução nº 4 de 14 de março de 2008. 6 Sindifisco Nacional

4 Diárias no Poder Legislativo No Poder Legislativo, os últimos reajustes de diárias ocorreram em 2010 e 2012 8. Assim como nos outros poderes, os servidores do Poder Legislativo contam com adicional para cobrir despesas com deslocamento do local de embarque e desembarque até o local de trabalho ou de pousada. Na Câmara dos Deputados, esse adicional é de R$ 279,00, enquanto no Senado Federal, R$ 219,84, ou seja, em relação ao adicional pago ao Auditor Fiscal, ele é 2,3 vezes maior no Senado Federal e 2,9 vezes na Câmara dos Deputados. Os dados apresentados na Tabela 5 mostram que servidores do Poder Legislativo também recebem indenizações a título de diária bem acima daquelas percebidas pelos Auditores Fiscais. O valor da maior diária recebida pelo Auditor Fiscal chega a ser 2,4 vezes menor do que o valor recebido pelos cargos de nível superior no Poder Legislativo, e 1,5 vezes menor que os cargos técnicos desse mesmo Poder. Tabela 5 Diárias Concedidas aos Servidores do Poder Legislativo (R$) Instituição Cargo Diária Diferença em relação à maior diária paga aos Auditores Fiscais Senador da República 581,00 159% Ocupante de FC-5 523,42 133% Ocupante de FC-4 488,53 118% Senado Federal Consultor, Advogado e Ocupante de FC-3 436,19 95% Ocupante de FC-2 403,04 80% Analista Legislativo e ocupante de FC-1 373,38 67% Técnico Legislativo e Auxiliar Legislativo 345,46 54% Presidente 611,00 173% Deputados 524,00 134% Câmara dos Deputados FC-10, FC-09, CNE-01, CNE-02 489,00 118% FC-08, FC-07, CNE-03, CNE-04, CNE-07 437,00 95% Analistas e Técnicos Legislativos, demais FC e CNE 349,00 56% Fonte: Ato da Diretoria Geral nº 2542/2010 e Ato da Mesa nº 31, de 03 de abril de 2012. Elaboração: Departamento de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional 5 Diárias no MPU No que tange ao Ministério Público da União (MPU), o valor das diárias dos seus membros corresponde a um trinta avos do seu subsídio 9. Contudo, o valor pago aos cargos de analista e de técnico no MPU é menor que nos tribunais, conforme mostra a Tabela 6. Estes cargos recebem 32% e 33% da diária percebida pelo cargo mais alto do MPU. 8 Ato da Mesa Diretora da Câmara Federal de 31 de março de 2012 e Ato da Diretoria Geral do Senado nº 2542/2010 9 Conforme a Portaria PGR/MPU nº 60, de 19 de setembro de 2014. Sindifisco Nacional 7

Tabela 6 Diárias Concedidas aos Servidores do Ministério Público da União Classificação do Cargo/Emprego/Função Diárias (R$) Diferença em relação à maior diária paga aos Auditores Fiscais Membros do MPU Procurador Geral da República 1.125,43 401,98% Sub-procurador Geral da República 979,62 336,94% Procurador Regional da República 930,64 315,09% Procurador da República 884,11 294,34% Analista ou Cargo em Comissão 378,00 68,60% Técnico ou Função de Confiança 359,00 60,12% Colaborador e Colaborador Eventual - Nível Superior 342,00 52,54% Colaborador e Colaborador Eventual - Nível Médio 324,00 44,51% Fonte: Portaria nº 60, de 19 de setembro de 2014. Elaboração: Departamento de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional Veja-se, entretanto, que mesmo os cargos de analista, técnico, colaboradores de nível superior e colaboradores de nível médio recebem diárias superiores ao Auditor Fiscal. A Tabela 6 mostra que a diária dos membros do MPU é 5 vezes maior do que a maior diária paga ao Auditor Fiscal. 6 Ranking das diárias Como forma de salientar a discrepância dos valores de indenização de diárias pagas pela Administração Pública Federal ao Auditor Fiscal, é interessante montar um ranking compreendendo os cargos de nível superior citados ao longo do texto. A Tabela 7 mostra que o Auditor Fiscal está na 24ª posição no ranking de diárias pagas a servidores de nível superior dos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e do MPU. Essa posição poderia ser ainda pior caso fossem considerados os cargos de nível médio Técnico Legislativo e Auxiliar Legislativo (Senado) e Colaborador e Colaborador Eventual - nível médio (MPU). Nesse caso, a diária do Auditor Fiscal ocuparia a 26ª posição. É importante ressaltar que tanto no ranking de nível superior, como no ranking incluindo os cargos técnicos acima citados, o Auditor Fiscal permaneceria na última colocação, independentemente da função comissionada que ele exerça 10. O cargo de DAS 6, que representa a alta hierarquia dentro de um Ministério, como os cargos de Secretário ou Secretário Executivo, percebem diárias de R$ 321,10, enquanto o cargo técnico supracitado com menor valor de diária 11 recebe R$ 324,00. 10 Com exceção nos casos de Ministro e Cargo de Natureza Especial. 11 Colaborador e Colaborador Eventual - Nível Médio (MPU). 8 Sindifisco Nacional

Tabela 7 Ranking das Diárias em 2015 Poder Judiciário, Legislativo e Executivo (R$) Ranking Classificação do Cargo/Emprego/Função Diárias 1º 2º Ministro (STF, STJ, TST, TSE); Juiz Auxiliar (TST); Conselheiro CNJ; Membro TSE, Membro do MPU Juiz Auxiliar ou Magistrado Instrutor (STF, STJ, CNJ); Desembargador (TST); Juiz Eleitoral(TST); Juiz Auxiliar(TST); Secretário-Geral da Presidência (TST); Juiz Auxiliar (CNJ); Membro TRF 1.125,43 1.069,16 3º Juiz Federal Titutar ou Substituto (TRF) 1.015,70 4º Juiz Titular de Vara do Trabalho e Juiz Substituto 1.012,89 5º Servidor Acompanhando Ministro (TST) 900,35 6º Desembargador Convocado (TST) 844,08 8º Analista Judiciário (STF, STJ, TST, CNJ) ou Ocupante de Cargo em Comissão (STF, STJ, TST, CNJ, TSE) 618,99 9º Presidente da Câmara 611,00 10º Senador da República 581,00 11º Deputado 524,00 12º Ocupante de FC-5 (Senado) 523,42 13º Técnico Judiciário ou ocupante de Função Comissionada (STF,STJ, TSE, TST, CNJ) 506,45 14º FC-10, FC-09, CNE-01, CNE-02 (Câmara) 489,00 15º Ocupante de FC-4 (Senado) 488,53 16º FC-08, FC-07, CNE-03, CNE-04, CNE-07 (Câmara) 437,00 17º Consultor, Advogado e Ocupante de FC-3 (Senado) 436,19 18º Ocupante de FC-2 (Senado) 403,04 19º Analista ou Cargo em Comissão (MPU) 378,00 20º Analista Legislativo e ocupante de FC-1 (Senado) 373,38 21º Técnico ou Função de Confiança (MPU) 359,00 22º Analistas e Técnicos Legislativos, demais FC e CNE (Câmara) 349,00 23º Colaborador e Colaborador Eventual - Nível Superior (MPU) 342,00 24º Auditor Fiscal - RFB 224,20 Fonte: Resolução n 545 STF; Ato TST GDGSET nº 46/2015; Portaria STJ n 95/2015; Portaria TSE nº 52/2015. O CNJ aprovou em 09 de fevereiro de 2015, alteração da Resolução nº 4/2008 para reajustar o valor das diárias aos TRFs e ao próprio Conselho. Sindifisco Nacional 9

7 Conclusão Este estudo mostrou que as atuais diárias e adicional de deslocamento pagos pelo Executivo não conseguem suprir as despesas de hospedagem, locomoção e alimentação do Auditor Fiscal, como determina o art. 58 da Lei nº 8.112/90. Como consequência da defasagem existente no valor das diárias, o Auditor Fiscal assume grande parte dos custos com o seu próprio orçamento pessoal quando é instado a se deslocar a trabalho no Brasil. Em muitos casos, não podendo incorrer em tais despesas complementares, vê-se obrigado a recorrer a esquemas familiares ou pessoais de hospedagem e transporte. Os últimos reajustes nas diárias concedidos ao Poder Judiciário, Legislativo e ao MPU, todos mais recentes que o Poder Executivo, demonstram o descaso e a falta de comprometimento do Poder Executivo para com os seus servidores. Ao colocar a diária do Auditor Fiscal em último lugar no ranking das diárias pagas aos servidores de outros poderes evidenciam-se as precárias condições de trabalho a que estão submetidos os Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e a necessidade premente de um reajuste substantivo e realista no valor das diárias e adicional de deslocamento. Caso isso não aconteça, só resta aos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil recusar o deslocamento para trabalho fora de sua sede, uma vez que os custos com locomoção, pousada e alimentação em muito suplantam o valor da diária concedido. Essa defasagem de valores vai contra o que determina o art. 2º, do Decreto nº 5.992/06 combinado com o art. 58, da Lei nº 8.112/90. Portanto, a atitude do Auditor Fiscal em recusar o deslocamento é justa, legítima e legal. Nesse sentido, espera-se que o governo reconheça e corrija com a urgência devida essa injustiça contra o Auditor Fiscal que afeta diretamente as suas condições de trabalho e a eficácia de seus resultados, inclusive da arrecadação tributária, da qual o país tanto depende nesse momento pelo qual passa a economia nacional.

Diretoria de Estudos Técnicos do Sindifisco Nacional Brasília-DF, Abril de 2015