1052 AVALIAÇÃO DAS AÇÕES TÉCNICAS EM SITUAÇÕES DE PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL COM SUPERIORIDADE NUMÉRICA Raphael Brito e Sousa/ CECA Pedro Emilio Drumond Moreira/ CECA Gibson Moreira Praça/ CECA Pablo Juan Greco/ CECA raphaelbes7@gmail.com RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar o comportamento técnico individual em pequenos jogos (PJ) no futebol com superioridade e igualdade numérica. Participaram 18 atletas de uma equipe de Futebol Sub-17. Realizaram-se PJ nas constelações de 3vs.3 e, 4vs.3 (jogador adicional na equipe no ataque), além de dois jogadores de apoio laterais, na configuração 3vs.3+2. Resultados apontaram maior incidência das ações técnicas de arando às com superioridade. Nas mesmas ações o jogo, a configuração 3vs.3+2 apresentou maior incidência nos jogos em igualdade numérica em comparação ao jogo na configuração 4vs.3. Os resultados apresentam diferenças no comportamento técnico individual entre PJ com igualdade ou superioridade numérica. Sugere-se a realização de pequenos jogos em igualdade numérica para aumento da incidência de ações técnicas ofensivas. Por outro lado, se houver a necessidade de uma estrutura em superioridade numérica sugere-se o -se que manipulações no número de jogadores nos PJ interferem no comportamento técnico individual de jogadores de Futebol. Palavras-chave: Futebol, Pequenos Jogos, Comportamento técnico. INTRODUÇÃO: O desempenho no futebol - como Jogo Esportivo Coletivo(JEC) - é multifatorial, caracterizado pela interdependência dinâmica de componentes técnicos,
1053 táticos, físicos e mecânicos (AGUIAR et al., 2012). Dentre estes, a técnica apresenta-se importante à boa performance. (HUIJGEN, 2013; REILLY; BANGSBO; FRANKS, 2000; RUSSELL; KINGSLEY, 2011). Através da técnica busca-se melhorar o resultado, permitindo uma ação mais econômica e efetiva dos movimentos (FILIN, 1996). Sendo 94). Os pequenos jogos tem sido a escolha de treinadores para desenvolver a capacidade técnica e/ou física em atletas de futebol (RAMPININI, et al., 2007; HILL-HAAS, et al., 2008; HILL-HAAS, et al., 2009). Estudos avaliaram a variável técnica nos pequenos jogos, (CASAMICHANA; CASTELLANO, 2010; DELLAL et al., 2012; JONES; DRUST, 2007; OWEN et al., 2014) e permitem manipulações em tamanho do campo, número de jogadores e outras, com objetivos diversos para o treinamento da técnica. Dentre essas manipulações, estudos verificaram que a utilização da superioridade numérica acarreta mudanças no comportamento físico. (CLEMENTE, FILIPE MANUEL, 2015; EVANGELOS; MYLONIS; et al., 2012; PRAÇA; CUSTÓDIO; GRECO, 2015). Embora seu uso seja comum na pesquisa, pouco investigou-se acerca dos aspectos técnicos nessa situação (EVANGELOS; MYLONIS; et al., 2012). Tal investigação seria importante para subsidiar treinadores no uso das condições de superioridade para o treinamento da técnica de jogadores de futebol. Portanto o objetivo desse estudo foi avaliar as ações técnicas individuais em situações de pequenos jogos no futebol com superioridade numérica e igualdade numérica. MÉTODOS: Selecionaram-se 18 atletas de uma equipe de Futebol Sub-17, dos quais seis eram defensores, seis meio-campistas e seis atacantes. Realizaram-se pequenos jogos na configuração em igualdade numérica (3vs.3), superioridade numérica ofensiva - 4vs. 3 -, além de dois jogadores de apoio laterais, 3vs.3+2. Realizaram-se os jogos em campo de 36mx27m, mantendo-se todas as regras do jogo formal, inclusive o impedimento. Realizaram-se os jogos em 2 séries de 4 minutos de duração e 4 minutos de recuperação passiva.
1054 Utilizou-se o instrumento de observação de ações técnicas de Owen et al. (2014) no qual sugere-se uma divisão das ações técnicas nas seguintes categorias: Bloqueio, Condução, Interceptação, Passe, Domínio, Chute, Mudança de direção com a bola e Desarme. Os jogos foram gravados e os vídeos analisados por peritos devidamente treinados. A consistência das observações foi avaliada por mim do coeficiente Kappa de Cohen, o qual apresentou valores superiores a 0,8, para consistência inter e intra-avaliador. Dados foram analisados por meio do teste de qui-quadrado de proporções. Utilizou-se o software SPSS 20.0, mantendo-se um nível de significância de 5%. RESULTADOS: A Tabela 1 apresenta a frequência das ações técnicas realizadas em cada um dos Pequenos Jogos. TABELA 1 Frequência de ações técnicas em cada pequeno jogo 4vs.3 3vs.3 3vs.3+2 p Bloqueio 20 31 29 0,276 Condução 145 221¹ ² 181 ¹ 0 Interceptação 22 22 19 0,867 Passe 373 392 392 0,732 Dominio 306 371¹ ² 366 ¹ 0,023 Chute 106 134 127 0,176 Mudança de direção (com bola) 46 59 58 0,382 Desarme 37 60¹ 44 0,052 ¹> do que 4vs.3 ²> do que 3vs.3+2 Observou-se diferença significativa na frequência de algumas ações técnicas na comparação entre os jogos. Especificamente, resultados apontaram maior incidência das comparação às com superioridade numérica. Nas mesmas ações o jogo, a configuração
1055 incidência nos jogos em igualdade numérica em comparação ao jogo na configuração 4vs3. Desta forma, o jogo em igualdade numérica favoreceu o aparecimento de mais ações técnicas defensivas e controle de bola que as outras duas configurações. O presente estudo investigou a diferença nas ações técnicas entre pequenos jogos com superioridade numérica. O principal achado deste foi a maior frequência de ações em jogos de igualdade em comparação com os de superioridade, que contrapõe os resultados encontrados em outros estudos, nos quais os jogos com superioridade numérica obtiveram - através do mesmo instrumento - maior frequência de ações que as outras configurações de jogos investigados (EVANGELOS; IOANNIS; et al., 2012; EVANGELOS; MYLONIS; et al., 2012). Sugere-se que os resultados encontrados no estudo foram devido as dificuldades de criar situações de superioridade nos jogos de igualdade numérica, aparecendo assim tem maior frequência proporcionada pela superioridade numérica (EVANGELOS et al., 2012). Os pequenos jogos procuram representar situações do jogo e treinar o atleta de forma integral, levando em conta o objetivo da sessão e o contexto (CLEMENTE et al., 2012), portanto, sugere-se considerar o formato do jogo e avaliar sua influência sobre as ações técnicas realizadas pelos atletas. CONCLUSÃO: Conclui-se que os resultados apresentam diferenças no comportamento técnico individual entre pequenos jogos com igualdade numérica ou com superioridade. Esses resultados influenciam no planejamento das sessões de treinos por treinadores, e sugere-se a realização de pequenos jogos em igualdade numérica para aumento da incidência de ações técnicas ofensivas. Por outro lado, sugere-se uma estrutura com superioridade numérica no jogo com apoios para que ocorram mais ações ofensivas como jogos permitem diferentes efeitos no comportamento técnico individual de jogadores de Futebol. REFERÊNCIAS
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