(Versão revista e atualizada do tutorial original publicado em 03/03/2003).

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Transcrição:

Comunicação de Dados no Brasil Este tutorial apresenta os conceitos básicos sobre Comunicação de Dados e sua regulamentação no Brasil. (Versão revista e atualizada do tutorial original publicado em 03/03/2003). Huber Bernal Filho Engenheiro de Teleco (MAUÁ 79), tendo atuado nas áreas de Redes de Dados e Multisserviços, Sistemas Celulares e Sistemas de Supervisão e Controle. Ocupou posições de liderança na Pegasus Telecom (Gerente - Planejamento de Redes), na Compaq (Consultor - Sistemas Antifraude) e na Atech (Coordenador - Projeto Sivam). Atuou também na área de Sistemas de Supervisão e Controle como coordenador de projetos em empresas líderes desse mercado. Tem vasta experiência internacional, tendo trabalhado em projetos de Teleco nos EUA e de Sistemas de Supervisão e Controle na Suécia. Atualmente dedica-se à Teleco e à prestação de serviços de consultoria em telecomunicações. Email: hbernal@teleco.com.br Categoria: Banda Larga Nível: Introdutório Enfoque: Técnico Duração: 15 minutos Publicado em: 01/12/2008 1

Comunicação de Dados: O que é Conceito O termo Comunicação de Dados é utilizado para caracterizar sistemas de telecomunicações em que a informação na origem e no destino encontra-se na forma digital. Essas informações podem ser dos seguintes tipos: voz (incluindo telefonia IP), áudio, imagens, vídeo ou dados propriamente ditos. Geralmente são processadas por sistemas computacionais ou sistemas que possuem as funcionalidades para converter os sinais analógicos para o formato digital, a fim de serem transferidas entre localidades diversas para atender às necessidades de cada usuário. Essa transferência de informações pode ser feita através de meios próprios, no qual o usuário detém a propriedade do sistema, ou por provedores de serviços, que fornecem os meios para interligar as diversas localidades e cobram pelo serviço fornecido. Tecnologias Para viabilizar a transferência de dados no formato digital através de sistemas analógicos (públicos ou particulares), foram desenvolvidos os MODEMS, cuja função era converter os bits 0 e 1 dos formatos digitais em freqüências compatíveis com os sinais analógicos (entre 0 e 7 khz aproximadamente) para então transferir a informação através das redes existentes. Essa tecnologia permitia baixas taxas de transferência de informação a principio, mas o seu desenvolvimento continuou até hoje, e ainda se usam modems para o acesso discado a internet ou para o acesso a redes privadas através dos sistemas públicos. Os sistemas legados usavam protocolos de comunicação do tipo X.25, entre outros, usando baixas taxas de transmissão e interface proprietárias que dependiam muito dos equipamentos dos usuários. Atualmente os provedores de serviços de telecomunicações dispõem de redes de dados muito mais confiáveis, com capacidade para transportar as informações digitais no seu formato original a taxas cada vez maiores e compatíveis com as necessidades de cada usuário. As tecnologias utilizadas são compatíveis com os protocolos Frame Relay, ATM e IP, embora outras tecnologias sejam também atendidas (interfaces FICON, ESCON, Fiber Channel, Gigabit Ethernet, Fast Ethernet, entre outras). Serviços Os serviços de comunicação de dados são geralmente segmentados para os mercados de: provedores, corporações, pequenas e médias empresas e residencial. Nesses mercados os serviços típicos oferecidos são: de interligação de 2 ou mais pontos do usuário (dependendo do seu porte e do tamanho de sua rede corporativa) para formar as VPN s (Virtual Private Network), e de acesso a Internet. São ainda fornecidos projetos especiais de serviços para aplicações específicas de instituições de grande porte. 2

Regulamentação No Brasil os provedores de serviço de comunicação de dados têm iniciado as suas operações a partir de autorizações expedidas pela Anatel para classes específicas de serviços, em âmbito nacional e internacional. Mesmos as empresas que possuem concessão para a exploração de serviços públicos necessitam das referidas autorizações, e não existe nenhuma limitação quando ao número de prestadores por região ou no país como um todo. 3

Comunicação de Dados: Redes A arquitetura típica das redes de comunicação de dados pode ser caracterizada pelas camadas apresentadas a seguir. Rede Física A rede física é composta pelos meios utilizados para transferir a informação, e pode ser dos seguintes tipos: Cobre (cabos de pares trançados de cobre), normalmente utilizados no acesso até o usuário final. Óptica (cabos de óptica), usados tanto no acesso como nas redes metropolitanas ou de longa distância. Sobre os cabos ópticos podem ainda ser instalados os sistemas DWDM que, com sua capacidade de multiplexar vários comprimentos de onda (várias cores), multiplicam a capacidade de cada fibra. Essa solução vem sendo adotada com muita freqüência pelas operadoras no Brasil. Wireless (rádios e satélites), usados tanto no acesso como nas redes metropolitana e de longa distância, geralmente em locais onde há menor disponibilidade de outro tipo de infraestrutura. Sistemas Ópticos de Visada Direta, que utilizam feixes de luz infravermelha para transmissão de informação entre pontos próximos, geralmente em locais onde há dificuldade de implantação de outro tipo de infraestrutura. Rede de Transmissão A rede de transmissão utiliza os meios da rede física para implementar uma infraestrutura de transferência de informações segura e redundante entre os diversos pontos de presença do provedor de serviços. Geralmente são redes do tipo TDM (Time Division Multiplex) que utilizam o padrão SDH (Synchronous Digital Hierarchy) e fornecem circuitos com capacidades que variam de 2 Mbit/s (E1) a 10 Gbit/s (STM64). Existem ainda algumas redes legadas, que utilizam o padrão PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy) e que fornecem circuitos que variam de 64 kbit/s (E0) a 140 Mbit/s (E4). Essas redes têm sido mantidas principalmente em locais onde ainda persiste o uso de sistemas legados, geralmente longe das grandes cidades. Rede de Dados 4

As redes de dados utilizam a infraestrutura fornecida pelos circuitos das redes de transmissão para interligar seus equipamentos de forma a compor a topologia planejada. Esta topologia é normalmente composta por: Um núcleo central (core), onde se encontram os equipamentos de maior porte que promovem o roteamento e/ou chaveamento das informações. Esses equipamentos normalmente são redundantes e estão interligados entre si através de rotas redundantes para garantir a segurança da rede e a qualidade de serviço ao usuário final; Camada de distribuição, onde se encontram equipamentos de médio porte que promovem a concentração das informações para envio ao core, ou a distribuição das informações do core para a camada de acesso. Esses equipamentos podem ser redundantes e podem ser interligados ao core e aos equipamentos de acesso através de rotas redundantes para garantir a segurança da rede e a qualidade de serviço ao usuário final; Camada de acesso, onde se encontram os equipamentos de menor porte, situados na periferia da rede para fornecer as interfaces e o acesso até os vários usuários. Esses equipamentos também podem ser redundantes e, dependendo da infra-estrutura disponível, podem ser interligados através de rotas redundantes aos equipamentos de distribuição e ao usuário final para garantir a segurança da rede e a qualidade de serviço ao usuário final. Graças ao desenvolvimento dos equipamentos de dados e das redes físicas de fibra óptica, atualmente já é comum o uso de redes de dados construídas diretamente sobre a rede física, especialmente as redes IP, dispensando o uso dos equipamentos de transmissão e mantendo a mesma segurança e qualidade de serviço (Obs.: Na realidade algumas características para manter a QoS estão sendo transferidas para a rede óptica). As redes de dados mais comuns normalmente usam as seguintes tecnologias: Frame Relay, ATM e IP, sendo esta última a de maior uso atualmente. Algumas redes legadas ainda utilizam tecnologias proprietárias e protocolos como o X.25, mas tendem a ser desativadas, conforme os usuários finais façam a substituição desses sistemas por tecnologias mais modernas. Redes Dedicadas 5

Existem ainda outros serviços de dados fornecidos como serviços especiais, para aplicações específicas. São serviços que disponibilizam interfaces para interligação de computadores de grande porte, para bancos e instituições financeiras, e para interligação de estúdios e produtoras de vídeos, para estações de TV, entre outros. Os provedores desses serviços implementam redes ou partes de redes especialmente para o usuário final, utilizando equipamentos que se interligam à rede de transmissão ou diretamente à rede física (principalmente às redes ópticas) com as interfaces especificadas pelo usuário final. 6

Comunicação de Dados: Tecnologias Frame Relay (FR) Frame relay é um protocolo destinado a transmissão eficiente de dados para tráfego intermitente ou de rajada. Foi desenvolvido a partir do protocolo X.25, simplificando ou eliminando muitas das funções de controle da camada de rede de modo a melhorar o desempenho do sistema em termos de quantidade de informação transmitida. Os dados a serem transmitidos são divididos em pacotes (frames), e a esses pacotes são adicionados 2 bytes contendo informações de endereço (DLCI Data Link Connection Identifier) e controle que a rede usa para determinar o destino da informação. Os pacotes viajam através dos vários equipamentos (switches) que compõem a rede até chegarem ao destino final. O frame relay utiliza formas simples de chaveamento de pacotes, o que o torna extremamente eficaz, e não realiza nenhuma função de correção de erro (retransmissão de dados), deixando para as estações finais a responsabilidade de reenvio dos dados no caso de perda dos pacotes. Esta facilidade tornou-se possível devido ao aumento da confiabilidade das redes, notadamente aquelas baseadas em fibra óptica. A comunicação fim a fim entre duas portas da rede é feita de duas formas: Através de PVC s (Permanent Virtual Circuit), que são circuitos virtuais permanentes com origem e destino pré-definidos configurados na rede quando da ativação do serviço. Embora o caminho dos pacotes na rede possa variar ao longo do tempo, os pontos de origem e destino são sempre fixos; Através de SVC s (Switched Virtual Circuit), que são circuitos virtuais temporários alocados sob demanda conforme a necessidade de cada usuário. Nestes circuitos tanto a origem como o destino são variáveis, de acordo com a necessidade do usuário e com o momento em que o circuito é ativado. Para cada porta da rede frame relay define-se: a taxa de bits e o CIR (Committed Information Rate). A taxa de bits especifica a capacidade máxima da porta, e o CIR especifica a taxa de bits máxima garantida pela rede para aquela porta. Caso a taxa de bits transferida seja maior que o CIR, a rede não garante o envio da informação. Asynchronous Transfer Mode (ATM) ATM é um conjunto de protocolos de transmissão de dados por comutação de pacotes em que são utilizadas células de tamanho fixo de 53 bytes. Não há camada de rede e muitas das funções básicas foram simplificadas ou eliminadas de modo a se melhorar o desempenho do sistema em termos de quantidade de informação transmitida. O cabeçalho do pacote ATM tem 5 bytes, sendo os 48 bytes restantes destinados à informação útil. Nesse cabeçalho estão contidas as informações de identificação de canal (VCI) e rota (VPI) virtuais, o tipo do dado (PT) e a prioridade de descarte do pacote (CLP). O preenchimento do 48 bytes de informação útil é função da camada AAL (ATM Adaptation Layer), responsável também pela flexibilidade do protocolo em transportar vários tipos de serviços no mesmo 7

formato de pacote. O AAL é um processo executado pelos equipamentos de terminação das redes ATM, cabendo aos demais equipamentos apenas a tarefa de rotear os pacotes de acordo com a informação contida no seu cabeçalho. Foram definidas quatro classes de serviço para o tráfego no ATM: CBR, VBR, ABR e UBR. CBR Constant Bit Rate VBR Variable Bit Rate ABR Available Bit Rate UBR Unspecified Bit Rate Aplicado a conexões que necessitam de banda fixa (estática) devido aos requisitos de tempo bastante apertados entre a origem e o destino. Aplicações típicas deste serviço são: áudio interativo (telefonia), distribuição de áudio e vídeo (televisão, pay-per-view, etc), e áudio e vídeo on demand. Aplicado a conexões que transportam tráfego em rajadas que necessitam de garantia de banda, embora a taxa de bits possa variar. Aplicações típicas deste serviço são as interligações entre redes e a emulação de LAN s. Aplicado a conexões que transportam tráfego em rajadas que podem prescindir da garantia de banda, variando a taxa de bits de acordo com a disponibilidade da rede ATM. Aplicações típicas deste serviço também são as interligações entre redes e a emulação de LAN s onde os equipamentos de interfaces têm funcionalidades ATM. Aplicado a conexões que transportam tráfego que não tem requisitos de tempo real e cujos requisitos e atraso ou variação do atraso são mais flexíveis. Aplicações típicas deste serviço também são as interligações entre redes e a emulação de LAN s que executam a transferência de arquivos e emails. Internet Protocol (IP) IP é o protocolo utilizado na Internet para fornecer os endereços e funções de roteamento de pacotes quando seguem uma rota do sistema de origem para o sistema destino. É um protocolo de interligação de redes executado em computadores e roteadores para interconectar redes comutadas a pacotes. É também o protocolo padrão da Internet. O tutorial O que é IP?, citado nas referências, fornece maiores detalhes do protocolo IP. Legados Entre os protocolos dos sistemas legados, o X.25 teve grande utilização no mercado. O protocolo foi padronizado pela UIT, e especifica a interface entre um sistema computacional e uma rede de comunicação por pacotes. No Brasil foi implementada também a RENPAC, Rede Nacional de Pacotes, que teve grande utilização como sistema de comunicação de dados. A RENPAC é uma plataforma multiprotocolar (X.25, X.28, SDLC, PPP) que utiliza internamente um protocolo proprietário baseado em células. Muitos de seus usuários estão migrando para a internet, devido a sua grande popularização e desenvolvimento. 8

Outros protocolos proprietários e padronizados encontram-se ainda em aplicação em redes legadas. Interfaces As interfaces típicas utilizadas nos serviços de comunicação de dados são: elétricas e ópticas. As interfaces elétricas mais utilizadas são as seguintes: G.703, com cabos e conectores coaxiais; V.35, com cabos multivias e conectores M34 e DB25; LAN, com cabos de pares trançados de cobre e conectores RJ-45. A interface óptica mais utilizada e a G.957, para cordões ópticos do tipo monomodo, com conectores tipo FC ou SC, entre outros. Outras interfaces podem ser encontradas, em projetos especiais ou sistemas legados, com padronizações proprietárias e de utilização mais restrita. 9

Comunicação de Dados: Serviços Serviços para Provedores Nem todos os provedores de serviços de comunicação de dados possuem redes completamente próprias. Eles alugam meios de outros provedores de infraestrutura de rede para compor ou estender as suas redes. Os serviços disponíveis para esses provedores são descritos a seguir. Circuitos Dedicados Acessos Dedicados Acesso a Internet São circuitos de redes TDM, de capacidade que pode variar de E1 a STM16, usados para interligar os equipamentos das redes de dados dos diversos pontos de presença dos provedores. As interfaces típicas são: elétrica, no padrão G.703 E1 a STM1, e óptica, no padrão G.957 STM1 a STM16. São circuitos de redes TDM, de capacidade que pode variar de 64 kbit/s a STM1, usados para interligar as portas das redes de dados dos pontos de presença dos provedores aos equipamentos de seus clientes. As interfaces típicas são: elétrica, nos padrões V.35 64 kbit/s a E1 e G.703 E1 a STM1, e óptica, no padrão G.957 STM1. Atualmente são disponibilizadas também as interfaces LAN, nos padrões Fast Ethernet (100 Mbit/s) e Gigabit Ethernet (1 Gbit/s). São circuitos de redes IP, de capacidade que pode variar de E1 a STM1, usados para interligar os equipamentos das redes IP dos pontos de presença dos provedores aos backbones nacional e internacional da Internet. As interfaces típicas são: elétrica, no padrão G.703 E1 a STM1, e óptica, no padrão G.957 STM1. Também neste caso, atualmente são disponibilizadas as interfaces LAN, nos padrões Fast Ethernet (100 Mbit/s) e Gigabit Ethernet (1 Gbit/s). 10

Serviços Corporativos As corporações são os grandes usuários de serviços de comunicação de dados no Brasil e no mundo. Os serviços oferecidos permitem a implementação de VPN s (Virtual Private Network), para interligar a rede corporativa entre os diversos pontos do usuário, e o acesso dedicado ou discado a Internet. Os serviços disponíveis são descritos a seguir. Circuitos Dedicados VPN São circuitos de redes TDM, de capacidade que pode variar de 64 kbit/s a STM1. As interfaces típicas são: elétrica, nos padrões V.35 64 kbit/s a E1 e G.703 E1 a STM1, e óptica, no padrão G.957 STM1. Podem interligar quaisquer equipamentos de dados ou voz, de forma permanente. Os serviços VPN fornecidos podem ser de três tipos: Circuitos virtuais, que são implementadas através de circuitos das redes Frame Relay ou ATM, oferecendo segurança e qualidade de serviço elevadas. Internet, que são implementadas através de acessos dedicados ou discados à Internet. Os provedores de serviços podem fornecer as funcionalidades de segurança e autenticação, porém a qualidade de serviço será a da Internet. IP, que são implementadas através de circuitos da rede IP, oferecendo também segurança e qualidade de serviço elevadas, com várias classes de tráfego. Os circuitos utilizados são de capacidade que pode variar de 64 kbit/s a STM1. A interface típica é a elétrica (padrões V.35 64 kbit/s a E1, e G.703 E1 a STM1). Podem ser oferecidas também interfaces LAN (10/100/1000 Mbit/s), no padrão Ethernet RJ-45. Os provedores de serviços podem oferecer também o gerenciamento dos equipamentos de interface (roteadores) do usuário. Os serviços de acesso a Internet podem ser de dois tipos: Acesso a Internet Dedicados, implementadas através de circuitos dedicados da rede IP do provedor de serviços, com capacidade que pode variar de 256 kbit/s a 12 Mbit/s. As interfaces típicas são: elétrica, nos padrões V.35 256 kbit/s a 2 Mbit/s, G.703 2 Mbit/s e LAN 10/100 Mbit/s; Discados, implementados através de acesso discado à rede IP do provedor de serviços. A velocidade típica dos acessos discados é 56 kbit/s. Serviços para Pequenas e Médias Empresas/Residências As pequenas e médias empresas têm um perfil diferente das grandes corporações. Embora necessitem também de serviços de comunicação de dados, a falta de conhecimento tecnológico e o custo são fatores que limitam os tipos de serviços oferecidos no mercado. Já os usuários residenciais demandam basicamente por serviços de acesso a Internet. Os serviços disponíveis para este segmento descritos a seguir. 11

Circuitos Dedicados Acesso a Internet São circuitos de redes TDM, de capacidade que pode variar de 64 kbit/s a 2 Mbit/s. A interface típica é a elétrica, no padrão V.35. Podem interligar quaisquer equipamentos de dados ou voz, de forma permanente. Alguns provedores oferecem também interfaces LAN (10/100 Mbit/s), no padrão Ethernet RJ-45. Os serviços de acesso a Internet podem ser de dois tipos: Dedicados, implementadas através de circuitos dedicados da rede IP do provedor de serviços, com capacidade que pode variar de 128 kbit/s a 10 Mbit/s. A tecnologia típica para estes serviços é o ADSL, e sua versões mais novas ADSL2/2+ (via par trançado de cobre), embora existam provedores oferecendo estes serviços via cable modens (TVs por assinatura), con capacidade que pode variar de 512 kbit/s até 12 Mbit/s, ou acessos rádio (rádios Spread Spectrum, aplicados também para Wifi e Wimax). A interface típica para o usuário é LAN (10/100 Mbit/s), no padrão Ethernet RJ-45; Discados, implementados através de acesso discado à rede IP do provedor de serviços. A velocidade típica dos acessos discados é 56 kbit/s. Serviços Especiais Devido à demanda do mercado por projetos especiais, embora em número reduzido, os provedores têm desenvolvido alguns serviços, conforme descrito a seguir. Interligação de Computadores de Grande Porte Estes projetos têm sido desenvolvidos para bancos e instituições financeiras, e têm a finalidade de interligar pontos do usuário para implantação de redundância de sistemas. Normalmente são redes dedicadas com interfaces especiais (ESCON, FICON, Fiber Channel, Gigabit Ethernet, entre outras), onde os investimentos são significativos e o custo do serviço é elevado, porém o usuário delega ao provedor uma responsabilidade que está fora do foco do seu negócio. Redes para Integração de Vídeo Estes projetos têm sido desenvolvidos para emissoras de TV, e têm a finalidade de interligar pontos do usuário ou de seus parceiros para o fornecimento de informações no formato de vídeo para edição, contribuição ou apresentação. A informação de vídeo normalmente é inteiramente digital com taxas de bits elevadas. Também são redes dedicadas com interfaces especiais, onde os investimentos são significativos e o custo do serviço é elevado, e o usuário também delega ao provedor uma responsabilidade que está fora do foco do seu negócio. Serviços Legados Ainda são oferecidos no Brasil serviços legados de comunicação de dados, com protocolos X.25, entre outros, e taxas de bits de até 9600 bit/s. 12

Comunicação de Dados: Regulamentação Após o início da privatização do setor de Telecomunicações no Brasil, consolidado através da edição da Lei n.º 9.472/97 - Lei Geral de Telecomunicações ( LGT ), os Serviços de Comunicação de Dados foram classificados como submodalidade do Serviço Limitado Especializado SLE (Redes e Circuitos), e várias autorizações foram emitidas pela Anatel para diversos provedores qualificados, e até para aqueles que já possuíam concessões para explorar os serviços públicos. Mais recentemente foi aprovado o Regulamento para o Serviço de Comunicação Multimídia - SCM, que prevê a ampliação e modernização dos serviços de comunicação de dados, e substitui o SLE para Redes e Circuitos. A Anatel não emite mais outorgas para essas modalidades de SLE. As duas classes de serviços são descritas a seguir. Serviço de Comunicação Multimídia O Regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia foi aprovado pela Resolução nº 272, de 9 de agosto de 2001. O Serviço de Comunicação Multimídia SCM é um serviço fixo de telecomunicações de interesse coletivo, prestado em âmbito nacional e internacional, no regime privado, que possibilita a oferta de capacidade de transmissão, emissão e recepção de informações multimídia, utilizando quaisquer meios, a assinantes dentro de uma área de prestação de serviço. Serviço Limitado Especializado O Regulamento do Serviço Limitado foi aprovado pelo Decreto nº 2.197, de 8 de abril de 1997. Segundo esse regulamento, o serviço limitado especializado compreende os serviços telefônico, telegráfico, de transmissão de dados ou qualquer outra forma de telecomunicações, destinados à prestação a terceiros, desde que sejam estes uma mesma pessoa ou grupo de pessoas naturais ou jurídicas, caracterizados pela realização de atividade específica. 13

Comunicação de Dados: Considerações Finais Os serviços de comunicação de dados têm evoluído a passos largos. Novos tipos de serviços já são oferecidos nos EUA e Europa, e estão começando a chegar ao Brasil. Nas redes de telefonia celular os usuários já podem acessar a internet, enviar e receber diversos tipos de mensagens, e até mesmo autenticar suas compras feitas com cartão de crédito. A tecnologia das redes 3G já permitem taxas de bits de até 2Mbit/s, oferecendo ao usuário a possibilidade de acesso a dados e imagens de excelente qualidade, e a aplicações de tempo real tais como áudio e vídeo streaming. Essa mesma tecnologia permite que a banda larga 3G possa ser usada também para o acesso a Internet a partir de computadores, sejam eles notebooks ou desktops. Tantos as redes corporativas como as redes tipo SoHo (Small Office Home Office) já podem utilizar tecnologias de Wireless LAN que permitem flexibilidade e redução de custos de cabeamento de rede com segurança e confiabilidade, até para serviços de acesso a Internet. Já o desenvolvimento da nova geração de redes, as chamadas NGN Next Generation Networks deve trazer grande avanço, pois vai permitir a convergência dos serviços ditos de voz e dados através da criação de uma única rede multisserviços. Ao invés das Centrais de Comutação proprietárias, centralizadas, e com infraestrutura de grande porte, as novas arquiteturas de redes descentralizam as funcionalidades transferindo-as para a periferia da rede. O resultado é uma rede distribuída que possibilita o desenvolvimento de novas tecnologias abertas com menor custo, grande flexibilidade, e que podem acomodar tanto os circuitos comutados de voz quando o chaveamento das redes de pacotes. Neste contexto, a implementação de novos serviços diferenciados torna-se muito rápida com vantagens tanto para os provedores como para o usuário final. Nesse mesmo contexto, a disponibilização de serviços VoIP como alternativa ou complemento aos serviços de telefonia convencional tem crescido de forma consistente, usando a nova infraestrutura de redes IP existente, promovendo ganhos tanto para os provedores de serviços como para os usuários finais. Com o aumento da demanda por banda, as redes dos provedores de acesso têm crescido de forma vertiginosa, e a ociosidade existente em passado recente deu lugar ao crescimento contínuo dos dos seus backbones. O desenvolvimento das tecnologias de redes ópticas, sobretudo dos equipamentos DWDM, permitiu o aproveitamento das rede de fibra óptica existente e a multiplicação das redes de transmissão, propiciando também o uso dessa infraestrutura diretamente pelos equipamentos das redes de dados IP sobre fibra óptica. Além disso, o uso de interfaces do tipo LAN (Fast Ethernet e Gigabit Ethernet) ou com portas Frame Relay, ATM e IP que podem ser instaladas diretamente nos equipamentos de transmissão de tecnologia SDH, tem sido constante e permitiu interligações mais produtivas entre equipamentos de usuários finais. Referências 14

Anatel Regulamento do Serviço Limitado, Decreto nº 2.197, de 8 de abril de 1997. Regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia, Resolução nº 272, de 9 de agosto de 2001. Tutoriais do Teleco O que é IP? Redes Privadas Virtuais (VPN) Internacionais IETF The Internet Engineering Task Force, órgão responsável pelo desenvolvimento de padronização para a Internet (RFC). FR Fórum Frame Relay Fórum, órgão responsável pelo desenvolvimento de padronização do protocolo. ATM Fórum ATM Fórum, órgão responsável pelo desenvolvimento de padronização do protocolo. 15

Comunicação de Dados: Teste seu Entendimento 1. Considerando as características da arquitetura típica das redes de dados, qual das afirmações abaixo é correta: A rede do usuário se interliga diretamente na rede física do provedor de serviços de comunicação de dados. A rede de transmissão não utiliza os meios da rede física para implementar uma infraestrutura de transferência de informações. A topologia da rede de dados é composta pelas seguintes camadas: núcleo central (core), distribuição e acesso. Nenhuma das anteriores. 2. Qual dos serviços abaixo não representa um serviço de comunicação de dados: Serviço de Telefonia Fixa Comutada. VPN - Circuitos Virtuais. Acesso dedicado a Internet. Interligação de Computadores de Grande Porte. 3. Considerando a legislação vigente no Brasil, qual das afirmações abaixo é correta: A Anatel, órgão regulador do setor de Telecomunicações, é responsável pela emissão de autorizações de operação para os prestadores de serviços de comunicação de dados. Os serviços de comunicação de dados fazem parte da classe de Serviços de Comunicação Multimídia. As concessionárias de serviços públicos de telefonia também solicitam a autorização da Anatel para prestar serviços de comunicação de dados. Todas as anteriores. 16