EVOLUÇÃO COSMÉTICA DO PRODUTO PROTETOR SOLAR. Manuela Ratusznei Fonseca 1, Neiva Cristina Lubi²

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Transcrição:

EVOLUÇÃO COSMÉTICA DO PRODUTO PROTETOR SOLAR Manuela Ratusznei Fonseca 1, Neiva Cristina Lubi² 1. Acadêmica do curso de tecnologia em Estética e Imagem Pessoal da Universidade Tuiuti do Paraná (Curitiba, PR); 2. Farmacêutica mestre. Professora Orientadora Adjunto da Universidade Tuiuti Endereço para correspondência: Neiva Cristina Lubi, neivalubi@hotmail.com RESUMO: Apesar dos raios solares serem indispensáveis para a vida no planeta, a exposição em longo prazo pode acarretar danos à saúde humana. Desde a antiguidade já se procurava criar produtos para proteção contra as queimaduras do sol, porém somente nas ultimas décadas, quando os efeitos nocivos do sol foram mais conhecidos e divulgados, novos produtos foram desenvolvidos para, além de proteger das queimaduras, garantir a proteção contra os efeitos crônicos do sol como o fotoenvelhecimento e o desenvolvimento do câncer de pele. As novas tendências em protetores solares buscam tecnologias encapsuladas, blends de filtros solares, veículos com boa espalhabilidade e aditivação de substâncias com características multifuncionais para aumentar a performance cosmética do produto. É de suma importância que o profissional da área de estética mantenha-se sempre informado a respeito das tendências na área de fotoproteção para orientar e escolher produtos eficazes que contribuam com os tratamentos estéticos. Palavras-chave: cosmético, protetor solar, radiação solar e tecnologia. ABSTRACT: Although the sun rays are essential for life on the planet, a long-term exposure can cause harm to human health. Since ancient times Man has sought to create products for protection against sunburn, but only in recent decades, as the harmful effects of sun are well known and disclosed, new products have been designed to protect from sunburns as well as ensure protection against the chronic effects of the sun, as the development of photoaging and skin cancer. The new trends in sunblocks appoint to for encapsulated technology sunblocks, sunblock blends, vehicles with good spreadability and additive substances with multifunctional characteristics to increase performance of the cosmetic product. It is of great importance that professionals in the field of aesthetics keep themselves informed on trends in the area of photoprotection, to guide and choose effective products that contribute to the aesthetic treatments. Keywords: cosmetics, sunscreen, sunlight, and technology. 1

INTRODUÇÃO O bronzeamento se tornou uma característica de beleza, porém é uma evidencia de lesão à pele. Uma exposição demasiada a luz do sol pode ser extremante nociva a saúde humana, pois os raios ultravioletas são responsáveis por queimaduras, fotoenvelhecimento, danos ao DNA e consequentemente pelo desenvolvimento do câncer de pele (ARAUJO & SOUZA, 2008). Diante disso é de vital importância realizar o uso constante de produtos para a proteção da pele contra os raios nocivos do sol. Protetores solares são produtos cosméticos compostos por filtros físicos e químicos capazes de absorver, refletir e dispersar os raios ultravioletas, evitando danos à pele (RIBEIRO, 2010). Desde as primeiras formas cosméticas de protetor solar que tinham em sua formulação misturas de petrolato, zinco e óxido de bismuto e buscavam apenas proteger contra as queimaduras solares, o protetor solar evoluiu até chegar aos produtos atuais dotados de novas tecnologias, que além de proteger contra a queimadura solar, ainda garantem a proteção dos danos crônicos causados pelo sol, conferem ao produto versatilidade (RIBEIRO, 2010). Os produtos atuais garantem uma maior eficácia, protegem contra as radiações UVA e UVB, apresentam uma boa performance cosmética e maior duração na pele (RIBEIRO, 2010). Além disso, evitam o fotoenvelhecimento ao prevenir a formação dos radicais livres, impedem o ressecamento e a desidratação da pele através da adição de vitaminas, ativos hidratantes, antioxidantes e antiinflamatórios (RIBEIRO, 2010). Esse trabalho tem como objetivo abordar a evolução dos protetores solares em relação às novas tecnologias e tendências mercadológicas de caráter multifuncional. METODOLOGIA Nesse trabalho de revisão bibliográfica foram utilizadas fontes eletrônicas, sites e artigos científicos publicados. Os artigos pesquisados compreendem as datas de 2002 a 2010, utilizando as palavras-chaves: cosméticos, protetor solar, radiação solar e tecnologia para realizar a pesquisa. Foram também utilizados livros sobre protetor solar e sua evolução cosmética. Radiação solar O sol é indispensável para a vida no planeta. No ser humano ele é responsável pela síntese de vitamina D necessária para a formação e manutenção dos dentes e ossos, atua na ativação da circulação sanguínea, além de apresentar um fator de bem estar físico e psicológico, porém os 2

raios solares em grande quantidade podem ser extremamente nocivos a saúde humana (BEZERRA & REBELLO, 2003). A radiação ultravioleta é dividida em radiação UVA, com grande potencial de penetrabilidade UVB, eritematógena e UVC, que apesar de possuir uma alta energia não atinge a superfície da terra (ARAUJO & SOUZA, 2008). Essas radiações são responsáveis por ocasionar queimaduras na pele, fotoenvelhecimento, danificar o DNA e o material genético, causar a oxidação de lipídios, produzir radicais livres, inflamação e desencadear o câncer de pele (ARAUJO & SOUZA, 2008; BITTENCOURT, 2004). Fotoproteção epidermal A epiderme por ser a camada da pele mais susceptível a ação dos raios ultravioletas, apresenta elementos que contribuem para a proteção solar, dentre eles a hiperqueratinização, caracterizada pelo espessamento da camada córnea através de mitoses da camada basal, a ação do ácido urocânico, substância presente no suor que absorve a radiação na pele desempenhando também um papel de proteção, e a melanina absorvedora da energia ultravioleta do sol e neutralizante dos radicais livres (BARATA, 2000; HERNANDEZ & FRESNEL, 2002). Porém essas formas de proteção não são suficientes para evitar as lesões causadas pelos raios solares, fazendo necessário o uso de protetores solares. O melhor método de proteção contra os efeitos agudos ou crônicos dos raios ultravioletas está presente nos protetores solares (BRUNTON et. al., 2007). Protetores solares são produtos cosméticos compostos por filtros físicos e químicos capazes de absorver, refletir e dispersar os raios ultravioletas, evitando danos à pele (RIBEIRO, 2010). Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 47, de 16 de março de 2006, os filtros ultravioletas são substâncias que, quando adicionadas aos produtos para proteção solar, tem a finalidade de filtrar certos raios ultravioletas visando proteger a pele de certos efeitos danosos causados por estes raios (ANVISA, 2006). Os protetores solares devem garantir proteção UVA e UVB, apresentar boa aparência (odor, espalhabilidade, toque seco), aderência a pele, alta fotoestabilidade, serem hipoalergênicos, resistentes a água, apresentarem menor penetração, toxicologicamente seguros, dermatologicamente testados, com maior eficácia, segurança e que atendam as exigências da legislação (MONTEIRO, 2010). Estes produtos são classificados conforme o FPS - fator de proteção solar, que indica o grau de proteção oferecida contra os raios ultravioletas na pele. O FPS 3

é calculado pela dose eritemática mínima em pele protegida pelo produto/dose eritemática mínima em pele desprotegida. Quanto maior o número do FPS, maior a proteção oferecida (DRAELOS, 1999). Segundo Flor e Devolos (2007), a melhor maneira de identificar a eficácia de um protetor solar é por meio de testes em vivo com luz natural do sol em seres humanos, contudo podemos realizar por testes in vitro por espectrofotometria a previsão do FPS. A ANVISA pela RDC 237, de 2 de agosto de 2002, estabelece que todo produto protetor solar seja testado em testes in vivo pois, sem esses, o produto apresentará apenas um FPS estimado ou aproximado (BRASIL, 2002). Os filtros físicos ou inorgânicos formam um filtro sobre a pele refletindo ou dispersando os raios ultravioletas do sol. Os principais exemplos de filtros físicos são o óxido de zinco e dióxido de titânio, que são substâncias conhecidas por deixarem uma aparência opaca sobre a pele (BEZERRA & REBELLO, 2003). Na reflexão ou dispersão, os raios incidem nas partículas inorgânicas e são refletidas de volta ou espalhadas para várias direções, por esse motivo que as partículas dos filtros físicos são opacas quando aplicadas sobre a pele. Estes filtros solares são impermeáveis apresentando baixo potencial alergênico, recomendados para o uso em formulações de protetores solares infantis, para mulheres gestantes e pessoas com peles sensíveis (RIBEIRO, 2010). Os filtros solares químicos ou orgânicos absorvem os raios ultravioletas nocivos, transformando-os em uma radiação não prejudicial com a finalidade de reduzir sua ação na pele. Sua ação se deve à excitação da molécula do filtro orgânico, que entra em um estado de ressonância e volta ao estado normal, liberando assim energia absorvida em um comprimento de onda menos energético. O filtro químico pode oferecer proteção contra os raios UVA, UVB ou ter um amplo espectro de cobertura (RIBEIRO, 2010). Por absorverem normalmente apenas os raios UVA ou UVB, é preciso combinar mais que um filtro solar para garantir uma completa proteção, porém essa combinação pode provocar irritabilidade à pele (FLOR E DEVOLOS, 2007). Veículos em protetores solares É de grande importância o veículo em que se incorpora as substâncias filtrantes, a escolha deve levar em consideração o tipo de pele, a solubilidade dos produtos, o tempo de ação pretendido e a preferência da pessoa (FONSECA & PRISTA, 2000). O veículo e o filtro solar devem combinar-se para assegurar uma boa 4

espalhabilidade formando um filme na superfície da pele, que garanta uma boa dispersão das partículas protetoras solares, pois quanto melhor dispersas, maior será a captura de fótons dos raios ultravioletas (BORGES, 2006). Existe uma grande variedade de veículos empregados em protetores solares, os mais utilizados são os óleos, que apresentam a vantagem de serem mais aderentes, mais resistentes a água, permanecem mais tempo na pele e garantirem melhor solubilidade dos ativos, porém esteticamente não possuem uma aparência muito agradável, por serem mais viscosos, deixando brilho na pele (FONSECA & PRISTA, 2000). Os géis apresentam uma transparência e um aspecto exclusivo para o consumidor, porém são limitados em relação à resistência a água e não oferecem devida proteção pela limitação quanto à uniformidade (VANZIN & CAMARGO, 2008). As emulsões são o veículo mais comum e uma das melhores formas cosméticas de protetores solares, usadas para fabricar cremes e leites. São composto de uma mistura de óleos e água e estabilizado por componente emulsificante, podendo sendo tipo A/O ou O/A, apresentam um aspecto agradável, boa aplicação sobre a pele, com possibilidade de ser à prova d água e oferecem excelente fotoproteção (BARATA, 2000; VANZIN & CAMARGO, 2008). As loções hidro-alcoólicas são compostas de água e álcool, apresentam aplicação fácil e agradável, porém são pouco aderentes a pele, evaporam rapidamente e desaparecem com suor ou água não apresentam proteção prolongada e necessitam de uma quantidade maior de produto, por não oferecer a proteção desejada, não são muito aconselhadas (FONSECA & PRISTA, 2000). Os sticks para lábios são destinados para proteger os lábios contra os raios solares, compostos por ceras, parafinas acrescidas de um filtro solar (HERNANDEZ & FRESNEL, 2002). Os aerossóis representam as formas mais modernas encontradas em proteção solar. A vaporização produz uma película mais uniforme na pele e apresenta vantagem por não precisar aplicar com as mãos evitando suja-lás e evitando contaminar o produto (BARATA, 2000). Novas tecnologias em protetores solares Uma lenta evolução ocorreu na área de protetores solares verificadas no início do século XX até o final dos anos 70. Neste período verificou-se pesquisas de novos filtros solares, menos tóxicos e mais abrangentes. A partir da década de 80, ocorreu um crescimento na área dos protetores solares que se estendeu até os 5

dias atuais, com novas tendências do mercado disponíveis (RIBEIRO, 2010). As tendências para o século XXI são saúde e beleza em sintonia com cosméticos multifuncionais que atendam as necessidades de homens e mulheres modernos, além da conscientização da importância vital do uso de produtos protetores solares. Produtos atuais além de ter um amplo espectro de proteção UVA e UVB, devem apresentar uma boa cosmética, evitar o ressecamento e a desidratação da pele, prevenir a formação dos radicais livres, (responsáveis pelo fotoenvelhecimento) com a adição de vitaminas, ativos hidratantes, antioxidantes e anti-inflamatórios (MONTEIRO, 2010). Segundo Monteiro (2010), as novas tendências são linhas que apresentam ativos específicos para peles sensíveis, oleosas, desidratadas e maduras, além de incorporar em sua formulação ativos clareadores para peles com discromias, base para disfarçar imperfeições e melhorar a aparência da pele. Porém não há estudos que identifiquem se essas associações interferem no FPS do produto. Pesquisas procuram formular protetores solares com um FPS maior, porém, sem aumentar a quantidade de filtro solar, tornando o produto mais barato e menos irritante (MILESI & GUTERRES, 2002). Os silicones têm apresentado resultados satisfatórios ao serem incorporados à fotoprotetores, proporcionando ao produto um aumento do FPS com menor quantidade de ativos, melhorando a segurança, eficácia, durabilidade, resistência a água, aparência, oferecendo uma boa aplicação, contribuindo para a espalhabilidade, reduzindo a concentração, o potencial irritante e possivelmente proporcionando um produto mais barato (MILESI & GUTERRES, 2002). A tecnologia da microencapsulação é outro recurso que visa melhorar a ação de cosméticos, ela consiste em armazenar ativos em sistemas carreadores como lipossomas e nanoesferas, que conduzirão os mesmos, levando-os para o local desejado sem sofrer alteração ou degradação realizando a liberação diretamente no local da ação. A microencapsulação de protetores solares origina complexos de inclusão que diminuem as limitações de solubilidade, estabilidade, garantindo assim melhor eficácia, além de diminuir certas irritações (NOGUEIRA, 2007). Pesquisas realizadas em alguns filtros químicos constataram uma toxicidade estrogênica, a qual apresenta uma grande penetração cutânea a ponto de ser identificada na urina, no plasma do sangue e provocar diferenças nos níveis de testosterona e estradiol nos homens. Esses 6

estrogênios químicos oferecem grande risco, por serem responsáveis por alterações na próstata, útero e em porções do cérebro (VANZIN & CAMARGO, 2008). Para evitar esses problemas, ativos filtrantes químicos encapsulados estão sendo utilizados para diminuir a penetração na pele, a toxicidade, além de reduzir a oleosidade, odor e garantir melhor espalhabilidade dos ativos O Silasoma, é o primeiro ativo fotoprotetor químico em microcápsulas dispersíveis em água e por ser microencapsulado é toxicologicamente seguro por evitar a penetração cutânea tendo indicação para pessoas com peles sensíveis, com acne, crianças e peles oleosas por apresentar-se também oil free O Silasoma proporciona segurança, eficácia, um fácil espalhamento sobre a pele, formando uma película uniforme, que além de apresentar uma boa aparência aumenta o seu FPS, não deixa a pele oleosa, possui um odor aprazível, hipoalergênico e sem reações de fotossensibilidade, dermatite de contato, dermatite alérgica, foliculite ou acne O Silasoma, é protetor UVA/ UVB, apresenta filtros UVA como 4-tercbutil-4'-metoxi-dibenzoilmetano (Avobenzona) e UVB como cotimetoxinamato, aprovados pela FDA. Apresenta 40% de água e 60% de microcápsulas, das quais 90% são filtros UV e 10% resina de silicone polipeptídica. A concentração de 10 % é indicada para fotoprotetores de FPS 15, enquanto que a concentração de 20% para FPS 25 O Helioguard 365 é um ativo protetor solar UVA natural e lipossomado. Trata-se da interação de dois extratos de algas marinhas vermelhas da espécie Porphira umbilicais que produzem substâncias de defesa natural contra os raios UVA, por viverem em uma região litorânea exposta a radiação solar. Essas substâncias protetoras se encontram em pequenas concentrações que são enriquecidas e lipossomadas para que resultem em um protetor UVA capaz de filtrar os raios ultravioletas como os filtros sintéticos (VANZIN & CAMARGO, 2008). Além de ser um protetor solar eficaz, testes comprovavam que em áreas que foram aplicadas o Helioguard 365 apresentou mais firmeza, elasticidade, suavidade, maciez e menor peroxidação de lipídios do que em filtros sintéticos. É indicado para ser associado em produtos protetores solares, pós-sol, bronzeadores e anti-envelhecimento (VANZIN & CAMARGO, 2008). Os protetores solares físicos como o dióxido de titânio e óxido de zinco não 7

apresentam uma boa aparência, por deixarem a pele com um aspecto esbranquiçado. Para melhorar seu aspecto esses componentes são reduzidos de 500nm para 200nm e chamados nanoparticulas ultrafinas ou micronizadas, padronizados e revestidos para garantir uma suspensão perfeita das partículas, fotoestabilidade dos componentes tornando-se mais resistentes a água por ficarem mais solúveis em óleos (VANZIN & CAMARGO, 2008). Os filtros Shin Etsu SPS T5 e SPD Z5, são filtros 100% físicos, apresentam uma fórmula possível de se adquirir diferentes FPS dependendo da sua concentração. Apresentam boa espalhabilidade e por apresentar-se 100% físicos, são toxicologicamente seguros para pessoas com peles sensíveis, crianças, gestantes e lactantes e por se tratar de uma suspensão de silicone apresenta-se 100% oil free, indicado para peles oleosas Os produtos anti-solares mais atuais também associam diferentes filtros solares químicos e físicos para garantir uma melhor proteção à pele, reduzindo a concentração individual de cada um desses filtros, resultando em um produto com menos efeitos adversos e uma ação sinérgica que potencializa a ação fotoprotetora (MONTEIRO, 2010). Os Blends são sistemas inovadores, associações de filtros físicos e químicos estabilizados, utilizados para conseguir diferentes FPS pela sua concentração facilitando a prescrição de filtros por médicos pelo fato de precisar somente escolher a quantidade de blend e o tipo de veiculo para conseguir o FPS desejado Os Blends Becare Sun são um tipo de blend que facilita a prescrição e o preparo de protetores solares de vários fatores de proteção, são associações de filtros físicos e químicos (octilmetoxicinamanto, octilsalicilato, benzofenona 3, dióxido de titânio e óxido de zinco). A eficácia de um protetor solar depende da compatibilidade do veículo com os filtros químicos e físicos e do produto final garantir a espalhabilidade dos ativos, portanto apesar de facilitar a manipulação de protetores solares, os blends não substituem os testes em vivo na determinação exata do FPS (VANZIN & CAMARGO, 2008). Os Blens Escalol são outro tipo de blend disponível, além de conterem misturas de filtros físicos e químicos, que facilitam a manipulação de protetores solares ainda apresenta a vantagem de conter uma quantidade menor de filtros químicos, uma formulação mais barata, mais fotoestável, com FPS mais seguro e melhor sinergismo entre os filtros químicos e físicos (VANZIN & CAMARGO, 2008). 8

Escalol Block é um tipo de blend com possibilidade de desenvolver filtro 100% físicos; é composto de 40% de dióxido de titânio micronizado ultrafino e de ésteres emolientes, apresenta uma boa espalhabilidade, sensorial sedoso, solubilidade e propriedades suspensoras Escalol UVAB Liquid são associações dos mais importantes filtros químicos como octilmetoxicinamato, benzofefona 3 e salicilato de octila. Com a associação do Escalol Block e Escalol UVAB Liquid é possível conseguir variados FPS, dependendo da concentração de cada blend no veículo (VANZIN & CAMARGO, 2008). A proteção biológica é realizada por matérias primas que incorporadas em protetores podem aumentar a sua eficácia, como a vitamina E que diminui a lesão ao DNA provocada pela radiação UV O Phytosan é um ativo vegetal que contém proteínas, glicoproteinas e polissacarídeos derivados da soja. Aumenta a proteção do DNA e a tolerância da pele contra os raios ultravioletas e por estimular o sistema de defesa natural da pele e por suprimir a ação da proteína p53, reduzindo o envelhecimento da pele, além de aumentar o FPS de fotoprotetores Smartvector UV C-E são microcápsulas de DNA marinho que se rompem e liberam vitamina C e E, antioxidantes que protegem a pele contra radicais livres provenientes da ação da radiação solar. As microcápsulas de DNA marinho são frágeis à radiação solar entre 380-390Jcm2, decompõe-se facilmente e liberam os ativos (VANZIN & CAMARGO, 2008). A vitamina E é utilizada em DL tocoferol e a vitamina C na forma lipossolúvel - tetraisopalmitato, liberando formas altamente biodisponíveis dessas vitaminas na pele. Esses antioxidantes com sistemas de liberação inteligente são um diferencial em fotoproteção por aumentar a ação dos antioxidantes, indicados para serem associados em protetores solares anti-envelhecimento de uso diurno A biotecnologia por apresentar características únicas, perfeitamente adequadas às novas tendências, como o uso de produtos naturais, biocompatibilidade e segurança de aplicação, é cada vez mais utilizada em produtos cosméticos, dos quais se destacam as enzimas com ativos inovadores e específicos (DELGADO et. al., 2007). As últimas novidades cosméticas utilizam enzimas capazes de reparar e proteger o DNA prejudicado pela radiação solar e ainda suportam e mantém sua ação em condições extremas. Essas enzimas associadas a protetores solares e a sistemas 9

de liberação evitam lesões provocadas pelos raios UV e conseqüentemente o fotoenlhecimento e o câncer de pele (DELGADO et. al., 2007). Essas enzimas são T4 endonuclease V, enzima de uma bactéria que reconhece áreas lesionadas do DNA e, por um sistema de reparo de excisão dos nucleotídios da célula, removem a lesão e restauram a seqüência original de DNA. A enzima fotoliase, que contêm cofatores cromóforos que absorvem luz, capturando energia e a enzima 8-oxoguanina glicosilase-1 que repara um dano oxidativo estirpando produtos 8-oxoguanina do DNA, responsável por modificações oxidativas nas bases do DNA através do mecanismo de reparo por excisão de base (DELGADO et. al., 2007). Além disso, outro beneficio do uso de enzimas é sua biodegradabilidade, ou seja, sua fácil degradação pela natureza, não poluir o ambiente e não provocar reações indesejadas, apresentando uma forte tendência na área de avanços tecnológicos (DELGADO et. al., 2007). DISCUSSÃO As exigências do mercado e as descobertas dos danos causados pelo sol, propiciam o desenvolvimento de protetores solares eficientes e versáteis quanto à multifuncionalidade estimulando o uso freqüente pelas pessoas. Entretanto, é importante destacar que os estudos sobre a interferência desses ativos multifuncionais ainda não são suficientes comprometendo a estabilidade do produto. Um fato interessante observado foi em relação à existência de filtros encapsulados que garantem melhor eficácia por chegarem diretamente no local da ação sem sofrer alterações, blends que são associações de filtros solares do qual pode-se alcançar diferentes FPS facilitando a formulação, filtros toxicologicamente seguros, sendo um importante aliado em vários tratamentos. Apesar de tantas vantagens que os novos produtos apresentam o conhecimento da vital importância do uso do protetor solar deve ser difundido, e os mesmos devem ser acessíveis ao consumo de toda população. CONCLUSÃO As tendências atuais em proteção solar buscam tecnologias toxicologicamente seguras, que apresentem proteção mais ampla e multifuncionalidade através da incorporação de matérias-primas que aumentam a eficácia, bem como de ativos hidratantes e anti-envelhecimento. Os conhecimentos dessas informações criam diretrizes para que o profissional da área de estética possa escolher o melhor produto, para as condições especificas do cliente e desta forma satisfaze-ló nas suas inquietações sem prejudicar a saúde. 10

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