10ª CNA-XII CNEA 10ª Conferência Nacional do Ambiente XII Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DE CO 2 EM SALAS DE AULA SEM VENTILAÇÃO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR INTERIOR EM SALAS DE AULAS SEM SISTEMAS AVAC

1 o a C A-XII CNEA VOLUME IV. 1 o a Conferência Nacional do Ambiente XII Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente

Vertente Ambiente Interior

Aula 4 Certificação de edifícios sustentáveis. Daniel R. Medeiros

Faculdade de Ciências Energia2020. Eficiência Energética precisa-se nos nossos Edifícios: Aplicação a Escolas Secundárias

GUIA DE FUNCIONAMENTO DA UNIDADE CURRICULAR

Aula P: Qualidade de Ar Interior

Reabilitar ventilando!

Vânia Seixas 1, Irene Oliveira 2, Margarida Correia Marques 3 METODOLOGIA INTRODUÇÃO

QUALIDADE DO AR EM EDIFÍCIOS

Qualidade do Ar Interior e Ventilação

REABILITAÇÃO DO PARQUE PÚBLICO EDIFICADO Eficiência energética no campus do LNEC e comportamento térmico passivo

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS. VALORIZAR O COMPORTAMENTO PASSIVO NO CAMINHO PARA OS EDIFÍCIOS NZEB ARMANDO PINTO (NAICI/DED/LNEC)

QAI em Edifícios Aeroportuários

DEFINIÇÃO DOS REQUISITOS DE VENTILAÇÃO NAS NORMAS DE QAI

QUALIDADE DO AR EM EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO

Evento PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS, SUSTENTABILIDADE E CONFORTO INTERIOR OPTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS

Legislação nacional de prevenção sobre a Legionella

CERTIFICAÇÃO LEED. Prof. Fernando Simon Westphal Sala

CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL DO DESEMPENHO TÉRMICO DE ESCOLAS ANTES E APÓS A REABILITAÇÃO

Consumidores Inteligentes Casas Eficientes. Guia de Eficiência Energética e Hídrica nos Edifícios. 12.ª Edição Maio de Nexus Água-Energia

Plano de Segurança da Qualidade do Ar Interno - Dados Estatísticos -

Eficiência energética e Qualidade do Ar Interior

Eficiência Energética dos Edifícios (Instalações Industriais) Nuno Martins CT2

VENTILAÇÃO NATURAL Museu das Termas Romanas de Chaves

KEEP COOL II TRANSFORMING THE MARKET FROM COOLING TO SUSTAINABLE SUMMER COMFORT. SEMINÁRIO Keep Cool in Zero Energy Buildings

XX CONGRESSO ENGENHARIA 2020 UMA ESTRATÉGIA PARA PORTUGAL 17 a 19 de outubro de 2014 ALFÂNDEGA DO PORTO

Guia de produto. A escolha do melhor produto para cada aplicação

12 Meses 12 Temas. QAI - Qualidade do Ar Interior. SST Junho de 2018

USO DO CFD NA AVALIAÇÃO DA VELOCIDADE E DA TEMPERATURA NUMA SALA EM CUIABÁ

CURRICULUM VITAE. 22 Abril 1965, Caldas da Rainha, Portugal. Universidade de Aveiro, Aveiro

11 AS JORNADAS DE CLIMATIZAÇÃO Propostas para o novo RSECE - QAI. Auditório da sede da Ordem dos Engenheiros, em Lisboa, 13 de Outubro 2011

ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO E EVOLUÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO EM UMA SALA DE AULA

Introdução CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO. O Ambiente Interior e a Saúde dos Ocupantes de Edifícios de Habitação. 1

Aquecimento e arrefecimento. Ventilação. Humidificação e desumidificação

CAPÍTULO 2. EXIGÊNCIAS FUNCIONAIS E REGULAMENTARES

DEFINIÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE VENTILAÇÃO NATURAL PARA ASSEGURAR A QUALIDADE DO AR INTERIOR DE UM EDIFÍCIO

PAPEL DE NANO-ADITIVOS NA FUNCIONALIZAÇÃO DE ARGAMASSAS

XIII Encontro de Química dos Alimentos. Disponibilidade, valorização e inovação: uma abordagem multidimensional dos alimentos

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica

ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA

Saiba mais sobre. Proteções. Solares

Weglobenergy. Sistemas Energéticos em Piscinas

Evento PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS, SUSTENTABILIDADE E CONFORTO INTERIOR OPTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS INFILTRAÇÕES

O conceito Casa Multi-Conforto

Matriz energética. O que é a Energia. A Energia na Cidade: A conversão necessária e suficiente. Conversão e eficiência. A energia e a cidade

Regras de procedimentos para transporte de bens e mercadorias. Associação Portuguesa da Indústria de Refrigeração e Ar Condicionado

Qualidade do ar interior

REVESTIMENTOS SAUDÁVEIS: O PAPEL DA CAL. Ana Velosa

Instituto Politécnico de Viseu. Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Viseu

MONITORAMENTO DE DIÓXIDO DE CARBONO EM UM AMBIENTE ESCOLAR

!J - 9~ t L: j rrtfly:cj 1J 2 ~11 JJ J J J :J E.N S] D ;.\!9 E.O D.PJ J J\J } J r

ÍNDICE DE FIGURAS. Pág.

GRUPO DE TRABALHO SOBRE SISTEMAS PREDIAIS

Terceiro Fórum Transnacional do Projeto Rehabilite

O primeiro escritório e a primeira reabilitação Passive House em Portugal

MÉTODOS DE RENOVAÇÃO DO AR. Engº André Zaghetto

ID:

Universidade do Minho - Escola de Engenharia MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL Plano de Trabalhos para Dissertação de Mestrado 2014/15

REDE DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DO AR. Análise da Qualidade do Ar na Área Envolvente da. Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos

Com a melhoria da eficiência térmica da envolvente opaca dos. Avaliação das taxas de infiltração de ar em edifícios residenciais.

EPA. Elevado Perfil Ambiental

REDE DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DO AR

ECO.AP. 29 de Março de 2011

CONTRIBUIÇÃO DA CAIXILHARIA EXTERIOR PARA A VENTILAÇÃO NATURAL

2 BR APART. Área Bruta / Total Area: m2 Estacionamento / Parking Arrecadação / Storage Room

Desempenho Térmico de edificações Ventilação Natural

Qualidade do ambiente interior em lares e jardins de infância na cidade da Covilhã estudo exploratório

Processamento da Energia de Biocombustíveis

Trabalho da unidade curricular de Mecânica Aplicada I (1º ano) Inclui CONCURSO DE PONTES DE MADEIRA

Ventilação natural: Exercício

GUIA DE FUNCIONAMENTO DA UNIDADE CURRICULAR

Balanço Térmico da Edificação

REDE DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DO AR

AMBIENTE TÉRMICO DE SALA DE AULA PODE CONDICIONAR O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E AVALIAÇÃO DE ALUNOS

Impacto da inalação de fumo dos incêndios florestais na saúde dos bombeiros e das populações

REDE DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DO AR. Análise da Qualidade do Ar na Área Envolvente da. Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos

Fisiologia do Trabalho

Conforto Adaptativo. 14 as Jornadas de Engenharia de Climatização. Influência do comportamento dos ocupantes no consumo energético de edifícios

Estudo da qualidade do ar interior em creches e infantários (projeto ENVIRH)

Estimação de Recurso Solar e software de Sistemas Solares

REDE DE VIGILÂNCIA DA QUALIDADE DO AR

Oportunidades de Eficiência Energética na Reabilitação Urbana

CARACTERIZAÇÃO EXPERIMENTAL DE UM SISTEMA DE VENTILAÇÃO MISTO EM EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO.

CAPRA III REUNIÃO NACIONAL DE CAPRINICULTURA LIVRO DE ATAS Outubro de 2014 Escola Superior Agrária de Bragança

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA LABORATÓRIO DE ESTUDOS DA QUALIDADE AR INTERIOR LEQAI 2018

Vulnerabilidade e pacotes de medidas de melhoria e de adaptação

REABILITAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO EM EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO Análise crítica

Comissionamento de Instalações Thiago Portes - Comis Engenharia

Regras de procedimentos para transporte de bens e mercadorias

Ventilação natural. Profa. Dra. Denise Helena Silva Duarte Prof. Dr. Leonardo Marques Monteiro AUT DESEMPENHO TÉRMICO, ARQUITETURA E URBANISMO

DISSERTAÇÃO COM VISTA À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ENGENHARIA CIVIL. Opção de Processos e Gestão da Construção

REABILITAÇÃO SUSTENTÁVEL PARA LISBOA

EFEITO DO AR EXTERIOR NA QUALIDADE DO AR INTERIOR EM EDIFÍCIOS COM VENTILAÇÃO NATURAL

Avaliação de Ambiente Interior Estudo de caso

Relatório Agrometeorológico

Sucessos e constrangimentos na implementação da metodologia Eco-Escolas na ESTeSL

ÍNDICES PMV E PPD NA DEFINIÇÃO DA PERFORMANCE DE UM AMBIENTE

Transcrição:

1ª CNA-XII CNEA 1ª Conferência Nacional do Ambiente XII Congresso Nacional de Engenharia do Ambiente Repensar o Ambiente: Luxo ou inevitabilidade? Editores Carlos Borrego, Ana Isabel Miranda, Luís Arroja, Teresa Fidélis, Eduardo Anselmo Castro, Ana Paula Gomes Universidade de Aveiro 6 a 8 de novembro de 213

Ficha Técnica 1ª Conferência Nacional do Ambiente/XII Congresso Nacional do Ambiente ISBN: 978-989-98673--7 Nota explicativa Esta publicação contém as comunicações apresentadas na 1ª Conferência Nacional do Ambiente realizada na Universidade de Aveiro, de 6 a 8 de novembro de 213. Editores Carlos Borrego, Ana Isabel Miranda, Luís Arroja, Teresa Fidélis, Eduardo Anselmo Castro, Ana Paula Gomes Desenho da capa Luís Pinto Impressão Tipografia Minerva Central Aveiro Novembro 213 Edição Departamento de Ambiente e Ordenamento Universidade de Aveiro Tiragem exemplares

Avaliação de CO 2 em Salas de Aula sem Ventilação Rodrigues, F. 1 * e Feliciano, M. 1 1 Centro de Investigação de Montanha, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, *fjmrodrigs@gmail.com. SUMÁRIO A maioria das pessoas passa cerca de 8% a 9% do seu tempo em ambientes fechados (EEA, 213), tais como habitações, escritórios, escolas, entre outros. Por essa razão, a qualidade do ar interior (QAI) é tida como um dos fatores determinantes para a produtividade, o conforto e o bem-estar e saúde do homem (Burroughs e Hansen, 211). Em edifícios escolares, particularmente em salas de aulas, o dióxido de carbono (CO 2 ) é um dos poluentes que mais preocupação pode criar aos utilizadores e gestores desses espaços. Apesar de não ser considerado um gás poluente no exterior, em espaços fechados, com ocupação humana e sem ventilação ou ventilação insuficiente, o CO 2 tende a acumular-se, podendo atingir níveis bastante superiores aos valores máximos recomendáveis. DESCRIÇÃO DO TRABALHO O desenvolvimento do estudo de QAI surgiu com o objetivo de avaliar a dinâmica do CO 2 em salas de aula sem ventilação mecânica. Os ensaios decorreram em 4 salas de aula do Instituto Politécnico de Bragança (duas no edifício da ESAB e outras duas no edifício da ESTiG), com construções e volumes distintos (9 a 38 m 3 ). Durante os ensaios experimentais, que decorreram entre Março e Maio de 213, foi recolhida informação relativa à dimensão do espaço, às aberturas (janelas e portas), e aos ocupantes (número, altura e peso). Em cada uma das salas foi monitorado o CO 2 (GrayWolf DirectSense IQ- 61), a temperatura e humidade relativa, entre as 9 e as 18 horas, perfazendo um total de 6 ensaios em cada sala. Condições meteorológicas exteriores também foram monitoradas. Com os registos dos níveis de CO 2 foi possível obter as renovações de ar (RPH) das salas, ao longo do tempo, com e sem aberturas de janelas. Para o efeito, utilizou-se o método de Newton-Raphson para resolver a equação geral da evolução temporal da concentração do CO 2 em ambientes interiores (Griffiths e Eftekhari, 28), em ordem à variável caudal de ar novo. Para aplicar este método analítico foi necessária informação adicional como as características dos ocupantes (e.g. massa corporal, altura) para calcular a área de DuBois (Persily, 1997) que em conjunto com a actividade metabólica permite obter a taxa de produção do poluente no espaço fechado. RESULTADOS Os principais resultados permitem identificar uma relação direta entre as concentrações de CO 2 e o número de ocupantes, principalmente durante os períodos em que não ocorre renovação do ar. Nestas condições de ausência de ventilação, os níveis de CO 2 atingem rapidamente os 1 ppm, mesmo em situações em que a taxa de ocupação é inferior a 3%. Nas salas mais pequenas, os valores médios, para o período de duração dos ensaios, situam-se entre os 19 e 23 ppm e nas salas de maior dimensão variam entre os 1 e 14 ppm, dado assegurarem um maior volume por ocupante. Durante as pausas para almoço, os níveis de CO 2 sofrem decréscimos de algumas centenas de ppm, mas raramente desceram abaixo dos 1 ppm durante esses períodos. Quanto às taxas de ventilação natural, verificou-se que, na ausência de aberturas de janelas e portas, a entrada de ar novo oscilou em média entre 1, RPH, nas salas do edifício da ESAB, 1, RPH, nas salas da ESTiG. Com a abertura de janelas e portas, a ventilação dos espaços interiores melhorou consideravelmente, tendo-se registado aumentos médios de 4 a 1 vezes superiores por m 2 de abertura. Estes valores são representativos de um conjunto vasto de condições 1ª cna 873

ambientais, nomeadamente de condições de vento e de diferença de temperatura exterior e interior. Conclusão A taxa de ocupação das salas é um fator determinante na variação da concentração de CO 2 em locais fechados. Os espaços com menor volume de ar, mediante aberturas, conseguem renovar o ar mais vezes do que espaços maiores, apresentando menores caudais de ar de renovação. A abertura de portas e janelas, em simultâneo ou não, poderá ser uma solução para assegurar a redução dos níveis de CO 2 abaixo dos níveis máximos recomendáveis, mas implicará áreas e tempos de abertura relativamente longos, que poderão ser desaconselhados nas épocas mais frias e ventosas. Estas questões serão aprofundadas e complementadas no futuro com o desenvolvimento de um modelo de gestão de QAI para estas situações. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BURROUGHS, H.E., HANSEN, S.J. Managing Indoor Air Quality. ª ed. Lilburn, GA: The Fairmont Press, Inc, 211. ISBN: 978-1-4398-714-3. Decreto-Lei n.º 8/26, de 4 de Abril, relativo à definição de padrões de qualidade energético-ambiental da construção, e que aprova o Regulamento das Características de Conforto Térmico dos Edifícios (RCCTE). Diário da República. 1ª Série (A), N.º 67. Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações. EEA, European Environmental Agency. Environment and human health. Report /213. Luxembourgh: Publications Office of the European Union, 213. ISSN: 17-9177. ISBN: 978-92-9213-392-4. GRIFFITHS, M., EFTEKHARI, M. Control of CO 2 in a naturally ventilated classroom. Energy and Buildings. ISSN: 378-7788. 4:4 (28) 6-6. PERSILY, A.K. Evaluating Building IAQ and Ventilation with Indoor Carbon Dioxide. ASHRAE Transactions. 13:2 (1997) 12pp. 1ª cna 874

AVALIAÇÃO DE CO2 EM SALAS DE AULA SEM VENTILAÇÃO MECÂNICA Rodrigues, 1* F., Feliciano, 1 M. 1Centro de Investigação de Montanha, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança, Campus de Santa Apolónia, Apartado 1172, 31-8, Bragança, Portugal, *fjmrodrigs@gmail.com. Introdução A maioria das pessoas passa acima de 8% do seu tempo em ambientes fechados (EEA, 213), tais como habitações, escolas, entre outros. Por essa razão, a qualidade do ar interior (QAI) é tida como um fator determinante para a produtividade, o bem-estar e a saúde do homem (Burroughs e Hansen, 211). Em salas de aulas, o dióxido de carbono (CO2) é um dos poluentes que mais preocupa os utilizadores e gestores desses espaços. Apesar de não ser considerado um gás poluente no exterior, em espaços fechados, com ocupação humana e com ventilação ineficiente, o CO2 tende a acumular-se, podendo atingir níveis bastante superiores aos valores máximos recomendáveis. Metodologia O estudo de QAI surgiu com o objetivo de avaliar a dinâmica do CO2 em salas de aula sem ventilação mecânica. Os ensaios decorreram em 4 salas de aula do Instituto Politécnico de Bragança, duas no edifício da Escola Superior Agrária (ESA) e duas no edifício da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTiG), com construções e volumes distintos. Durante os ensaios experimentais, que decorreram entre Março e Maio de 213, foi recolhida informação relativa à dimensão do espaço, às aberturas (e.g. janelas e portas), e aos ocupantes (número, massa corporal e altura). Em cada uma das salas foi monitorado o CO2 (GrayWolf DirectSense IQ-61), a temperatura e humidade relativa, entre as 9 e as 18 horas, perfazendo um total de 6 ensaios em cada sala. Condições meteorológicas exteriores também foram monitoradas. Ventilação natural Ocupantes CO2 no interior A B N.º de ocupantes, a sua altura, massa corporal e atividade metabólica. Ventilação das salas por via manual, através da abertura de janelas e portas, e em algumas salas também clarabóias. Vento Monitorização da velocidade do vento Figura 1 Sonda DirectSense IQ-61, na sala G3-S/1 (A) e na sala 1 (B). Temperatura Salas Monitorização da temperatura interior e exterior Através do CO2 observado obtiveram-se as renovações de ar por hora (RPH) das salas, ao longo do tempo, com e sem aberturas. Para o efeito, utilizou-se o método de Newton-Raphson para resolver a equação geral da evolução temporal da concentração do CO2 em ambientes interiores (CIBSE, ; Griffiths e Eftekhari, 28), em ordem à variável caudal de ar novo. G-S3/1 G3-S/1 1 117 18 m3 3 ocupantes 38 m3 7 ocupantes 9 m3 ocupantes 12 m3 38 ocupantes Figura 2 Volume, N.º máximo de ocupantes e representação geométricas das salas monitoradas. Resultados Sala G3-S/1 6 Mar 22 Mar 4 Abr 17 Abr 17 Mai 31 Mai Sala 117 7 6 4 3 2 1 7 6 4 3 2 1 7 Mar 21 Mar 2 Abr 18 Abr 16 Mai 3 Mai Figura 3 Concentrações de CO2 registadas ao longo dos 6 ensaios em cada sala. 3 2 aberta (ocup.: 72%) Início de aula: porta aberta (ocup.: %) 3 Mar aberta (ocup.: 6%) 2 janelas (ocup.: 4%) Fim de aula: 2 janelas (ocup.: 84%) (ocup.: 6%) 1 2 Mar 3 Abr 16 Abr 9 Mar 19 Mar Abr 2 Abr 18 Mai 28 Mai Sala G-S3/1 14 Mai 2 1 (ocup.: 27%) 29 Mai 3 1 9 Mar 19 Mar Abr 2 Abr 18 Mai 28 Mai Sala 117 (ocup.: 3%) (ocup.: 37%) (ocup.: 6%) 2 Fim de aula: (ocup.: 23%) Início de aula: (ocup.: 23%) porta e clarabóias (ocup.: 27%) (ocup.: 3%) 3 janelas e porta (ocup.: 31%) 2 janelas e porta (ocup.: 34%) Janela aberta (ocup.: 4%) Sala G3-S/1 3 6 Mar 22 Mar aberta (ocup.: 1%) 3 janelas (ocup.: 2,8%) 4 Abr 17 Abr 17 Mai 31 Mai 7 Mar 7 6 4 3 2 1 Sala 1 Mar 2 Mar 3 Abr 16 Abr 14 Mai 29 Mai Quanto às taxas de ventilação natural, na ausência de aberturas, a entrada de ar novo oscilou em média entre 1, RPH, nas salas da ESA, e 1, RPH, nas salas da ESTiG. Com aberturas, a ventilação melhorou bastante, tendose registado aumentos médios de 4-1 vezes superiores por m2 de abertura. Estes valores são representativos de um conjunto vasto de condições ambientais, sobretudo de condições de vento e de diferença de temperatura exterior e interior. 7 6 4 3 2 1 Sala G-S3/1 Sala 1 Os principais resultados permitem identificar uma relação direta entre as concentrações de CO2 e o n.º de ocupantes, sobretudo durante os períodos em que não ocorre renovação do ar. Nessas condições, os níveis de CO2 atingem rapidamente os 1 ppm, mesmo em situações em que a taxa de ocupação é inferior a 3%. Nas salas mais pequenas, os valores médios, para o período de duração dos ensaios, situam-se entre os 19 e 23 ppm e nas salas de maior dimensão variam entre os 1 e 14 ppm, dado assegurarem um maior volume por ocupante. Durante as pausas para almoço, os níveis de CO2 sofrem decréscimos de algumas centenas de ppm, mas raramente desceram abaixo dos 1 ppm durante esses períodos. 2 (ocup.: 39%) 21 Mar janela aberta (ocup.: 2%) janela aberta (ocup.: 17%) (ocup.: 16%) 1 2 Abr 18 Abr 16 Mai 3 Mai Figura 4 Renovações de ar por hora com destaques para os valores mais elevados, registadas ao longo dos 6 ensaios em cada sala. Conclusões A taxa de ocupação das salas é um fator determinante na variação da concentração de CO2 em locais fechados. Os espaços com menor volume de ar, mediante aberturas, conseguem renovar o ar mais vezes do que espaços maiores, apresentando menores caudais de ar de renovação. A abertura de portas e janelas, em simultâneo ou não, poderá ser uma solução para assegurar a redução dos níveis de CO2 abaixo dos níveis máximos recomendáveis, mas implicará áreas e tempos de abertura relativamente longos, que poderão ser desaconselhados nas épocas mais frias e ventosas. Estas questões serão aprofundadas e complementadas no futuro com o desenvolvimento de um modelo de gestão de QAI para estas situações. Referências bibliográficas Burroughs, H.E., Hansen, S.J. (211). Managing Indoor Air Quality. th edition. Lilburn, GA. The Fairmont Press, Inc. ISBN: 978-1-4398-714-3. CIBSE. (). Natural Ventilation in Non-domestic Buildings. Applications Manual AM 1. The Chartered Institution of Building Services Engineers Publications. London, UK. ISBN: 1-93287-6-1 EEA. (213). Environment and human health. European Environmental Agency, Report /213. Luxembourgh. Publications Office of the European Union. ISBN: 978-92-9213-392-4. Griffiths, M., Eftekhari, M. (28). Control of CO2 in a naturally ventilated classroom. Energy and Buildings, 4(4): 6-6. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio prestado pela ESA e ESTiG neste estudo, nomeadamente aos docentes e discentes envolvidos diretamente na realização da experiência.