EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 2008.72.00.011999-9/SC RELATORA : Juíza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO CONSERVACAO EMBARGANTE : E SERVICOS TERCEIRIZADOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA e outro ADVOGADO : Aluisio Coutinho Guedes Pinto EMBARGADO : ACÓRDÃO DE FLS. INTERESSADO : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) ADVOGADO : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional D.E. Publicado em 04/11/2010 EMENTA EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. ALCANCE DA DECISÃO. 1. A leitura isolada do pedido inicial induz à equivocada idéia de que a pretensão diz respeito às empresas substituídas que fornecem o vale-transporte em pecúnia. 2. Não obstante, deve ser levada em consideração a causa de pedir deduzida. Nesse contexto, verifica-se que a fundamentação refere-se aos associados do SEAC/SC e do SINDESP/SC que fornecem o vale transporte em pecúnia "em conformidade com as Convenções Coletivas de Trabalho das categorias". 3. Logo, por interpretação sistemática, não é possível ignorar este elemento fáticojurídico. Com efeito, o acórdão das fls. 211-214 não foi suficientemente claro no ponto, de forma que devem ser acolhidos os embargos de declaração para sanar a obscuridade referida. 4. Embargos de declaração acolhidos a fim de sanar a obscuridade apontada e suspender a exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre vale-transporte, no caso específico regulamentado na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, acolher os embargos de declaração, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 19 de outubro de 2010. VÂNIA HACK DE ALMEIDA Relatora
Documento eletrônico assinado digitalmente por VÂNIA HACK DE ALMEIDA, Relatora, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3753106v9 e, se solicitado, do código CRC FC1787FC. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): VANIA HACK DE ALMEIDA:2116 Nº de Série do Certificado: 44366107 Data e Hora: 27/10/2010 14:44:21 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL Nº 2008.72.00.011999-9/SC RELATORA : Juíza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO CONSERVACAO EMBARGANTE : E SERVICOS TERCEIRIZADOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA e outro ADVOGADO : Aluisio Coutinho Guedes Pinto EMBARGADO : ACÓRDÃO DE FLS. INTERESSADO : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) ADVOGADO : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional RELATÓRIO Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Sindicato das Empresas de Asseio, Conservação e Serviços Terceirizados do Estado de Santa Catarina - SEAC/SC e o Sindicato das Empresas de Segurança Privada de Santa Catarina - SINDESP/SC contra o acórdão assim ementado: MANDADO DE SEGURANÇA; CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE- TRANSPORTE. PAGAMENTO EM DINHEIRO. 1. Embora o Decreto nº 95.247/87 tenha vedado o pagamento do vale-transporte em pecúnia, não se observa restrição semelhante na lei que buscou regulamentar (Lei nº 7.418/85). 2. Por outro lado, o artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, em seu parágrafo 9º, lista as parcelas pagas pelos empregadores excluídas da incidência da contribuição social, dentre as quais se encontra o "vale-transporte, na forma da legislação própria."
3. No caso, as impetrantes não estão buscando a isenção no recolhimento da contribuição previdenciária sobre o pagamento em pecúnia do vale-transporte, mas sim requerendo autorização judicial para pagar o benefício diretamente ao empregado, efetuando o regular desconto da parcela que este deve arcar para o custeio do benefício. 4. Na linha de parte dos precedentes desta Corte, ocorrendo o pagamento do valetransporte em pecúnia, sem o devido desconto de 6%, é devida a incidência de contribuição previdenciária sobre a rubrica. A situação é diversa na hipótese discutida, não se aplicando os precedentes desta Corte e do STJ quando se referem a pagamento em pecúnia do vale-transporte sem que o empregador tenha feito o desconto dos 6%. 5. Apelação provida a fim de suspender a exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre o vale-transporte fornecido em pecúnia. Defende a parte embargante a ocorrência de obscuridade no acórdão, uma vez que não restou claro se a incidência da contribuição previdenciária seria aplicável sempre que as empresas substituídas realizassem o desconto de 6% sobre o valor do vale-transporte ou apenas no caso específico regulamentado na convenção coletiva da categoria. Requer que se esclareça a abrangência da suspensão de exigibilidade da contribuição previdenciária. É o relatório. Vieram os autos conclusos. VOTO Requer a embargante esclarecimento acerca do alcance do acórdão. In verbis: "Ocorre que apesar de o acórdão ora embargado dar provimento à apelação dos Sindicatos-autores, poder-se-ia questionar se a suspensão da exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre o vale-transporte fornecido em pecúnia seria aplicável sempre que as empresas substituídas realizarem o desconto de 6% sobre o valor do vale-transporte, ou apenas, no caso específico regulamentado na Convenção Coletiva de Trabalho da Categoria." A solução da quaestio envolve análise da causa de pedir e pedidos vertidos na inicial. Isto posto, transcrevo trecho da petição formulada pelo impetrante: "Impetra-se o presente mandado de segurança coletivo, com pedido de liminar, com o escopo de que seja assegurado aos associados dos impetrantes a suspensão da exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre os valores pagos a título de vale-transporte aos seus funcionários, bem como, seja afastada a prática de qualquer ato coercitivo a ser praticado pela autoridade impetrada em razão do pretenso não recolhimento do tributo em tela.
Em conformidade com as Convenções Coletivas de Trabalho das categorias, nas regiões em não possuem sede, escritório regional ou representante, e nos locais não servidos por transporte público ou que não haja transporte público no horário de início ou fim da jornada de trabalho, os associados do SEAC/SC e do SINDESP/SC vêm fornecendo aos seus empregados vale-transporte em pecúnia, descontando a cota-parte do empregado de 6%, sem que seja configurada sua natureza salarial: (...) omissis Contudo, a Receita Federal do Brasil vem questionando a conduta das empresas associadas que seguem as referidas cláusulas convencionais e as autuando, sob alegação de que o benefício do vale-transporte, quando fornecido em pecúnia, integraria a remuneração do empregado, sofrendo a incidência da contribuição previdenciária. (fl. 07-08) Ao final, consta do pedido principal: "Ex positis, tendo sido comprovado justo receio a direito líquido e certo dos associados dos Impetrantes e por ser medida de inteira justiça, requer a V. Exa., se digne determinar o que segue: (...) e) a definitiva concessão da segurança, com a total procedência do presente Mandamus, confirmando-se o pedido liminar, no sentido de assegurar aos associados das impetrantes a suspensão da exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre o vale-transporte fornecido em pecúnia, devendo a autoridade impetrada absterse da prática de atos coercitivos ou punitivos em razão do não recolhimento da contribuição em tela;" (fl. 22) Como se vê, a leitura isolada do pedido induz à equivocada idéia de que a pretensão diz respeito às empresas substituídas que fornecem o vale-transporte em pecúnia. Não obstante, deve ser levada em consideração a causa de pedir deduzida. Nesse contexto, verifica-se que a fundamentação refere-se aos associados do SEAC/SC e do SINDESP/SC que fornecem o vale transporte em pecúnia "em conformidade com as Convenções Coletivas de Trabalho das categorias". Logo, por interpretação sistemática, não é possível ignorar este elemento fático-jurídico. Com efeito, o acórdão das fls. 211-214 não foi suficientemente claro no ponto, de forma que devem ser acolhidos os embargos de declaração para sanar a obscuridade referida. Ante o exposto, voto por acolher os embargos de declaração a fim de sanar a obscuridade apontada e suspender a exigibilidade da contribuição previdenciária incidente sobre vale-transporte, no caso específico regulamentado na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.
VÂNIA HACK DE ALMEIDA Relatora Documento eletrônico assinado digitalmente por VÂNIA HACK DE ALMEIDA, Relatora, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3727451v10 e, se solicitado, do código CRC 93435377. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): VANIA HACK DE ALMEIDA:2116 Nº de Série do Certificado: 44366107 Data e Hora: 27/10/2010 14:44:28 EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 19/10/2010 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2008.72.00.011999-9/SC ORIGEM: SC 200872000119999 INCIDENTE : EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RELATOR : Juiza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA PRESIDENTE : LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH PROCURADOR : Dr(a) PITTA MARINHO SINDICATO DAS EMPRESAS DE ASSEIO CONSERVACAO APELANTE : E SERVICOS TERCEIRIZADOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA e outro ADVOGADO : Aluisio Coutinho Guedes Pinto APELADO : UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) ADVOGADO : Procuradoria-Regional da Fazenda Nacional Certifico que o(a) 2ª TURMA, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A TURMA, POR UNANIMIDADE, DECIDIU ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO A FIM DE SANAR A OBSCURIDADE APONTADA E SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE SOBRE VALE-TRANSPORTE, NO CASO ESPECÍFICO REGULAMENTADO NA CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO DA CATEGORIA.
RELATOR ACÓRDÃO VOTANTE(S) : Juiza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA : Juiza Federal VÂNIA HACK DE ALMEIDA : Des. Federal LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH : Juiz Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA Diretora de Secretaria Documento eletrônico assinado digitalmente por MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA, Diretora de Secretaria, conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, e a Resolução nº 61/2007, publicada no Diário Eletrônico da 4a Região nº 295 de 24/12/2007. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico https://www.trf4.gov.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 3797986v1 e, se solicitado, do código CRC BC00A77C. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): MARIA CECILIA DRESCH DA SILVEIRA:10657 Nº de Série do Certificado: 44363483 Data e Hora: 19/10/2010 18:00:00!