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Transcrição:

PARLAMENTO EUROPEU 2014-2019 Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos 27.02.2015 DOCUMENTO DE TRABALHO sobre o estabelecimento de um visto de circulação e a alteração tanto da Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen como dos Regulamentos (CE) n.º 562/2006 e (CE) n.º 767/2008 Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos Relator: Brice Hortefeux DT\1051856.doc PE541.438v03-00 Unida na diversidade

1. Introdução Em abril de 2014, durante a anterior legislatura, a Comissão Europeia apresentou à Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos duas novas propostas relativas à política de vistos: uma respeitante à reformulação do Código de Vistos, outra relativa ao estabelecimento de um novo tipo de visto, o visto de circulação. A criação do visto de circulação tem como base os resultados de uma consulta pública lançada entre 25 de março e 17 de junho de 2013, na qual participaram, principalmente, associações de artistas. O visto de circulação consiste num novo tipo de visto que permitirá ao seu titular circular no espaço Schengen durante mais de 90 dias num período de 180 dias, desde que não permaneça mais de 90 dias num só Estado-Membro. Este visto será válido durante um ano, podendo ser prorrogado por um ano suplementar, o que significa que terá uma validade máxima de dois anos. Segundo a Comissão Europeia, este visto deve ser considerado uma alavanca ao serviço do desenvolvimento económico dos Estados-Membros do espaço Schengen. A Comissão Europeia considera que os ganhos diretos e indiretos resultantes das deslocações efetuadas ao abrigo do visto de circulação poderiam gerar entre 500 milhões e mil milhões de euros por ano. A proposta de regulamento foi redigida de forma a permitir a sua fusão, no futuro, com o Código de Vistos. Certas condições e certos procedimentos do Código de Vistos aplicam-se ao visto de circulação. No entanto, o âmbito de aplicação das duas propostas não é coincidente, visto que o Código de Vistos não abrange os nacionais de países terceiros isentos da obrigação de visto, contrariamente ao visto de circulação. O presente documento de trabalho visa identificar os principais aspetos da proposta, bem como evocar as principais questões suscitadas pela leitura da proposta de regulamento. 2. Principais aspetos da proposta a) Escolha de base jurídica A Comissão Europeia justifica o estabelecimento deste novo tipo de visto com base na existência de uma lacuna jurídica entre o visto de curta duração previsto no artigo 77.º, n.º 2, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia e as autorizações de residência ou vistos nacionais de longa duração que são da competência dos Estados-Membros no âmbito da política de imigração (artigo 79.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia). De facto, o Tratado de Lisboa não menciona explicitamente a duração de uma estadia de curta duração, que, de acordo com o artigo 10.º do Código das Fronteiras Schengen, é de três meses. Na ausência de duração definida, a Comissão Europeia entende que as disposições do tratado são aplicáveis ao visto de circulação, na medida em que este corresponde a um aditamento aos PE541.438v03-00 2/5 DT\1051856.doc

vistos de curta duração. Deve ser precisado que o visto de circulação é acumulável com um visto de longa duração ou uma autorização de residência. No entanto, o artigo 77.º, n.º 2, a alínea c), do Tratado dispõe que a política de vistos estabelece as «condições aplicáveis à livre circulação de nacionais de países terceiros na União durante um curto período». Como tal, cumpre avaliar se uma estadia de um a dois anos é juridicamente compatível com a noção de «curto período» e se o estabelecimento deste visto terá repercussões na política de imigração. A acumulação deste novo visto com um visto de longa duração ou uma autorização de residência poderia, efetivamente, permitir a permanência no espaço Schengen durante um período de longa duração, o que não é compatível com a noção de «curto período». b) Ausência de categorias de beneficiários A Comissão Europeia calcula que este visto possa ser utilizado por um público limitado de 60 000 a 120 000 pessoas. Porém, na ausência de categorias específicas definidas, os consulados só podem exercer um controlo sobre a duração da estadia. Este visto poderia ter como destinatários tanto profissionais do espetáculo, atletas, investigadores, estudantes, prestadores de serviços e empresários como pensionistas ou turistas que desejem viajar durante mais de três meses no espaço Schengen. Os nacionais de países terceiros isentos da obrigação de visto abrangidos pelo anexo II do regulamento n.º 539/2001, bem como os nacionais de países terceiros abrangidos por acordos bilaterais entre os respetivos países e certos Estados-Membros do espaço Schengen, deverão, de ora em diante, pagar uma taxa de emissão de visto de 60 euros caso desejem obter um visto de circulação. No entanto, os nacionais de países terceiros isentos da obrigação de visto serão dispensados do requisito de fornecer as suas impressões digitais. A menção «não aplicável» será registada no Sistema de Informação sobre Vistos (VIS). Tendo em conta que não existem categorias específicas definidas, é curioso que o número de requerentes seja fixado entre 60 000 e 120 000. Para além disso, existem diretivas setoriais que estabelecem os procedimentos e as condições de estadia dos investigadores e estudantes, bem como das transferências temporárias intra-grupos. Por conseguinte, cumpre avaliar a possível concorrência ou redundância dos dispositivos para estas categorias específicas e a forma como este visto se conjugará, no caso dos empresários, com os vistos de entradas múltiplas para viajantes habituais registados no VIS. DT\1051856.doc 3/5 PE541.438v03-00

c) A dimensão de segurança A proposta insiste, em particular, no ganho económico que resultará da criação do visto de circulação e considera que as condições de segurança garantidas pelas salvaguardas ex ante são suficientes: proibição de analisar um pedido nas fronteiras externas dos Estados-Membros, exigência de documentos de viagem reconhecidos por, pelo menos, dois Estados-Membros, prazo de 20 dias de calendário para tomar uma decisão prorrogável até 40 dias de calendário em situações excecionais e lista de documentos comprovativos adicionais que complementem os documentos enumerados no artigo 13.º, n.º 1, da proposta relativa ao Código de Vistos. O requerente tem de apresentar uma prova de que tenciona permanecer no território de vários Estados-Membros durante mais de 90 dias num período de 180 dias, mas sem permanecer mais de 90 dias no território de um só Estado-Membro, bem como uma prova de que dispõe de um seguro de doença cuja cobertura dos riscos seja equivalente à proteção de que beneficiam os nacionais dos Estados-Membros visitados. Contudo, devido à eliminação dos controlos nas fronteiras internas, não é possível garantir que o titular de um visto respeite a regra de uma estadia não superior a 90 dias num só Estado-Membro num período de 180 dias, já que o requerente só é obrigado a apresentar uma prova de intenção de estadia. Além disso, o requerente pode ficar isento desta obrigação caso seja convidado ou contratado por uma empresa, organização ou instituição «idónea e conhecida», ou caso se trate de um familiar próximo. A proposta conforme apresentada não esconde o risco de o visto de circulação ser utilizado para contornar os requisitos aplicáveis aos vistos nacionais de longa duração, que são mais exigentes. Finalmente, a proposta prevê que o Estado-Membro competente para analisar e decidir sobre o pedido seja o Estado-Membro em que o requerente tenciona entrar em primeiro lugar. Este princípio permite, assim, que o requerente introduza o seu pedido junto das autoridades de um país que não seja o país ou um dos países em que tenciona permanecer ou exercer uma atividade, o que limita a capacidade de apreciação e, por conseguinte, de controlo dos países em que permanecer. d) Impacto económico A Comissão Europeia refere que a criação de um visto de circulação poderia gerar rendimentos adicionais na ordem dos 500 milhões a mil milhões de euros. No entanto, a Comissão Europeia indica que estes valores são fornecidos pela Liga Europeia das Associações de Empresários do Espetáculo, favorável à criação do visto de circulação, o que levanta dúvidas sobre a fiabilidade dos dados. Além disso, um certo número de países terceiros concluíram acordos bilaterais com alguns Estados-Membros que isentam os respetivos nacionais da obrigação de visto. A presente proposta não menciona se a reintrodução da obrigação de visto relativamente a PE541.438v03-00 4/5 DT\1051856.doc

estes cidadãos poderá constituir, pelo contrário, um fator dissuasivo, tendo em conta que a Comissão aposta no caráter atrativo deste instrumento. e) O custo da introdução do visto de circulação A Comissão Europeia considera que a introdução do visto de circulação não constituirá um encargo suplementar, tendo em conta que o seu procedimento corresponde, em grande medida, ao procedimento relativo ao visto de curta duração. No entanto, cumpre avaliar tanto o custo da introdução deste visto nos países terceiros que beneficiam atualmente de um acordo bilateral como a carga de trabalho adicional gerada nos consulados situados nesses países, que sofrem frequentemente de falta de pessoal devido aos cortes orçamentais. Numa altura em que a Comissão Europeia apela a uma racionalização das atividades dos serviços consulares, não se correrá o risco de sobrecarregar os consulados com a introdução deste visto? 3. Conclusão O relator considera primordial que a Comissão Europeia demonstre a mais-valia do visto de circulação em termos de ganhos económicos para os Estados-Membros do espaço Schengen e garanta que as necessidades de segurança sejam respeitadas. No entanto, até à data, o Conselho parece ter reservas quanto à dimensão de segurança e ao risco de este visto aumentar os desvios e os fluxos de imigração ilegal. Além disso, os ganhos económicos apresentados baseiam-se num estudo fornecido por uma associação que defende a criação do visto de circulação, o que não é uma garantia de imparcialidade. O relator entende, por conseguinte, que deveria ser realizada uma avaliação de impacto independente e específica relativamente ao visto de circulação. Por último, o relator considera que o sucesso das negociações dependerá de uma boa articulação entre os trabalhos do Parlamento Europeu e do Conselho, sendo essencial que ambas as instituições caminhem na mesma direção. DT\1051856.doc 5/5 PE541.438v03-00