Aspectos Preliminares do Comprometimento Pulpar e/ou do Periodonto Apical Friday, 27 July :48 - Last Updated Wednesday, 01 August :04

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Transcrição:

Aspectos Preliminares do Comprometimento Pulpar e/ou do Periodonto Apical por Eduardo Luiz Barbin, Júlio César Emboava Spanó, Maickel de Matos e Rochele Schnorrenberger 1 Lista de Abreviaturas e Siglas => Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA; => Dicionário Priberam da Língua Portuguesa DPLP; => International Classification of Diseases 10 ICD-10; => International Classification of Diseases to Dentistry and Stomatology ICD-DA; => Não Diferentemente Especificado NDE; => Organização Mundial de Saúde OMS; => Universidade Federal de Pelotas UFPel; => World Health Organisation WHO. 2 Introdução A endodontia, nestes tempos de progresso científico e tecnológico, tem alcançado grande avanço em detectar e tratar estados mórbidos relacionados à sua especialidade, decorrentes do conhecimento ascendente adquirido por meio de pesquisas científicas, ambientes educacionais voltados ao aprimoramento dos profissionais e a incorporação de tecnologias voltadas à Odontologia. Contudo, algumas dificuldades continuam existindo de forma a comprometer, em certa monta, a resolubilidade das alterações patológicas de origem pulpar e periapical, uma vez que detectar, com precisão, estas alterações e propor o tratamento adequado é uma tarefa de alta complexidade, dependente da sintomatologia relatada pelo paciente e sua interpretação pelo Cirurgião-dentista, assim como sinais e dados oferecidos pelo exame clínico e complementar. Aspectos que dificultam o diagnóstico das alterações pulpares e periapicais, certamente, estão presentes cotidianamente na vida dos profissionais da área Odontológica, e um diagnóstico eficiente fornece meios para que o tratamento odontológico aproxime-se da perfeição, fornecendo gratificação ao profissional e saúde para o paciente. Diagnóstico é o conhecimento de um estado mórbido obtido por uma cuidadosa e criteriosa coleta de dados (ou evidências), e consiste em obtenção de elementos subjetivos e coleta dos indícios objetivos (LOPES; SIQUEIRA JR, 2004). O diagnóstico é também considerado como um exercício de recolher informações, processá-las e organizá-las (ABBOTT, 2011). Um correto diagnóstico e a intervenção imediata e adequada, feita com tranquilidade e conhecimento, possibilita a solução rápida do quadro da dor (SOARES, 2002). Desta forma, a semiologia das alterações pulpares e periapicais mostra-se de fundamental importância para o clínico, uma vez que estuda os sinais e sintomas, propondo-se estabelecer um diagnóstico através da anamnese, exame clínico e exames complementares. Deus (1992) descreve o sintoma como uma sensação subjetiva acusada pelo doente como 1 / 6

dor, ansiedade, mal-estar, ou seja, um fenômeno que só por ele é sentido e que o clínico, ordinariamente, não percebe, e nem é de fácil comprovação, porque é somente revelado pela anamnese ou interrogatório. O autor citado define o sinal como uma manifestação objetiva da doença, manifestação física ou química, diretamente observada pelo clínico ou por ele provocada. A polpa dentária é um tecido conjuntivo frouxo constituído por vasos sanguíneos, nervos e elementos celulares, localizado no interior do elemento dental, ou seja, enclausurado por paredes inextensíveis. O diagnóstico das doenças da polpa dentária é caracterizado, geralmente, pela dificuldade em testar ou imaginar diretamente esta que, devido à sua localização, está dentro de um compartimento relativamente rígido, constituído pela dentina. Assim, é praticamente impossível testar diretamente a polpa dentária quando não exposta e, portanto, a maioria das informações deve ser interpretada indiretamente a partir da resposta do paciente a um estímulo colocado externamente à polpa (NEWTON et al., 2009). Gutmann et al. (2009) prevêem muitas dificuldades para a excelência do tratamento endodôntico, uma vez que, na Endodontia, como disciplina clínica, os termos biológicos são misturados com os clínicos gerando, muitas vezes, confusão entre a nomenclatura utilizada para descrição das condições mórbidas. O autor considera, ainda, que existem muitos instrumentos para diagnósticos, que podem gerar interpretações diferentes bem como variações na compreensão do paciente com relação ao que lhe é perguntado, podendo levar o Cirurgiões-dentistas a interpretações diferentes a partir do mesmo conjunto de dados ou evidências. Logo, este contexto pode conduzir a tratamentos injustificados ou inadequados por não existir uma base sólida para sua aplicação, uma vez que a terapêutica, bem como sua resolutividade, é diagnóstico dependente (BARBIN, 2008). Na Endodontia, a queixa principal mais frequente é a dor, sendo essa a primeira informação fornecida pelo paciente (LEONARDO, 2008). A dor é um referencial importante para que o clínico possa chegar a um diagnóstico. Estrela et al. (2011) considera que a percepção da dor é uma experiência devastadora e seus níveis variáveis de desconforto são um desafio para os métodos de diagnóstico, terapia e conhecimento endodônticos. Levin et al. (2009) ressaltam a subjetividade individual da resposta à dor, inexistindo uma medida absoluta em uma escala comum a todos indivíduos. Várias técnicas para mensuração de dor em seres humanos têm sido descritas. Elas incluem escalas de avaliação verbal, escalas numéricas, as escalas visuais analógicas, escalas de cores analógicas, expressão da dor em dedos e questionários calibrados. Pereira (2005), analisando as ações judiciais interpostas contra Cirurgiões-dentistas, observou que a maioria dos processos teve sua origem em diagnóstico falho, ineficiente e, às vezes, incorreto. Salienta que os Conselhos de classe estão motivando e exigindo do Cirurgião-dentista maior atenção nessa fase do tratamento, considerada uma das principais e de maior importância, pois dela resultará o prognóstico favorável para cura da doença. Segundo Deus (1992), o diagnóstico oral é um método de identificação das enfermidades ou alterações orais, consistindo no que segue: => fundamentos de interrogatório, => princípios de procedimentos do exame clínico do paciente, => utilização adequada dos recursos suplementares, e => métodos de identificação das enfermidades orais e a racionalização para a execução do tratamento oral. 2 / 6

Abbott (2011) lista as cinco principais etapas do diagnóstico: => anamnese (história médica e odontológica), => exame clínico e testes (teste de sensibilidade, palpação, percussão, mobilidade, avaliação periodontal), => exame radiográfico, => investigação do dente, => diagnóstico e arquivamento dos resultados. O diagnóstico pode afetar o plano de tratamento, prognóstico e necessidade de terapia de suporte além do tratamento em si (GUTMANN et al., 2009; BARBIN, 2008). O diagnóstico deve ditar as opções de tratamento, sendo a primeira e a mais importante fase, exigindo que o clínico tenha um profundo conhecimento e compreensão dos processos de doença, sendo de fundamental importância para, em conjunto com o paciente, decidir qual a opção de tratamento escolher (ABBOTT, 2011). Locke (2010) reafirma as definições de alguns conceitos citados no Capítulo 4 ( Chapter 4 ), intitulado Diagnose ou Diagnóstico ("Diagnosis ) da obra "Endodontic Science" de autoria de Carlos Estrela (ESTRELA, 2009), ao relatar que o autor demonstrou um uso de linguagem impecável ao discriminar cientificamente as doenças oriundas do comprometimento pulpar e do periodonto apical por meio da definição de conceitos obtidos no Oxford English Dictionary, como, por exemplo: => Anamnese, definida como a história do caso do paciente que remete à descrição do verbete pelo DPLP (2012) como sendo a informação sobre o princípio e evolução de uma doença até a primeira observação do médico ou do profissional da área da saúde; => Semiotécnica, definida como os recursos para coleta dos sinais e sintomas, correspondente às descrições derivativas do verbete pelo DPLP (2012) como sendo o método, o sistema, o modo de fazer a coleta dos sinais e sintomas; => Semiologia, definida como a análise dos sinais e sintomas, correspondente à descrição do verbete pelo DPLP (2012) como sendo a parte da medicina ou a parte da área da saúde que trata dos sinais ou sintomas das doenças e às descrições derivativas do verbete semiótica ou semiótico pelo DPLP (2012) que se relaciona aos signos ou aos sinais de comunicação; => Propedêutica, definida como a interpretação dos sinais e sintomas, correspondentes às descrições derivativas do verbete pelo DPLP (2012) como sendo um conjunto das noções preliminares que conduzirá à caracterização cientifica da doença, do estado mórbido ou, ainda, segundo um enfoque mais próximo da Endodontia, à caracterização do comprometimento pulpar e/ou do periodonto apical. As pulpopatias e periapicopatias levam muitos pacientes aos consultórios odontológicos, sendo alterações patológicas de alta prevalência na população em geral. Um tratamento imediato e correto da dor de dente costuma gerar, no paciente, reações futuras de boa aceitação ao tratamento dentário (SOARES, 2002). 3 Objetivos e Justificativa O conteúdo dos artigos correlacionados ao Comprometimento Pulpar e/ou do Periodonto Apical tem por objetivo tecer considerações sobre o diagnóstico das Pulpopatias e Periapicopatias, analisando a variedade de designações dos quadros clínicos, conforme 3 / 6

diversos autores, bem como os meios para sua realização. Levando em conta a afirmação de Gutmann e colaboradores (2009) de que o diagnóstico pode afetar o plano de tratamento, prognóstico e necessidade de terapia de suporte, além do tratamento em si; a consideração de Barbin (2008) que a terapêutica, bem como sua resolutividade, é diagnóstico dependente; e as observações de Pereira (2005) de que a maioria das ações judiciais interpostas contra Cirurgiões-dentistas teve sua origem em diagnóstico falho, ineficiente e, às vezes, incorreto, repercutir aspectos relacionados ao diagnóstico das Pulpopatias e Periapicopatias pode proporcionar condições adicionais aos alunos e egressos dos cursos de Odontologia de identificarem, com maior eficácia e correção, as morbidades do complexo dentino-pulpar e do periodonto apical e, desta forma, contribuir para a elevação da resolutividade e previsibilidade do tratamento do comprometimento pulpar e/ou do periodonto apical. 4 Referências ABBOTT, Paul V. Classification, diagnosis and clinical manifestations of apical periodontites. Endodontic Topics, 8, 36-54, 2004. ABBOTT, Paul V. Diagnosis and management planning for root-filled teeth with persisting or new apical pathosis. Endodontic Topics, 19, 1-21, 2011. ANVISA. Nota Técnica Sobre a RDC Nº 44/2010. Brasília, 20 de dezembro de 2010b. ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada (RDC). Nº 44, de 26 de outubro de 2010a. BARBIN EL, GUEDES DFC, SOUSA-NETO MD, PÉCORA JD. Determination of para-chloroaniline and Reactive Oxygen Species in Chlorhexidine and Chlorhexidine Associated with Calcium Hydroxide. Vol. 34 Number 12. December 2008. BARBIN E. L.; SPANÓ, J. C. E. Atendimento de Urgência em Endodontia. 2011. PECOS. Universidade Federal de Pelotas. Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/pecos/index.php?option=com_content&view=article&id=52:urgencia-e m-endodontia&catid=34:endo&itemid=57>; <http://www.ufpel.edu.br/pecos/artigos/endodontia/01_pa_urgencias_odonto_endo_2011_04_1 2.pdf>. Acesso em 12 de maio de 2012. BARBIN E. L.; SPANÓ, J. C. E. Reabsorções Dentárias Radiculares. 2011. PECOS. Universidade Federal de Pelotas. Disponível em: <http://www.ufpel.edu.br/pecos/index.php?option=com_content&view=article&id=52:urgencia-e m-endodontia&catid=34:endo&itemid=57>; <http://www.ufpel.edu.br/pecos/artigos/endodontia/01_pa_urgencias_odonto_endo_2011_04_1 2.pdf>. Acesso em 12 de maio de 2012. BADAN, M. Oxigenoargentoterapia. Mogi-Mirim, Pacini & Piccolomini, 1949. BHASKAR SN. Periapical lesion-types, incidence and clinical features. Oral Surgery, Oral Medicine and Oral Pathology 21, 657 71, 1966. CHEN, Eugene; ABBOTT, Paul. Dental Pulp Testing: A review. International Journal of Dentistry. Vol. 2009 p. 12. 2009. COHEN S, BURNS RC. Caminhos da Polpa. 9 ed. Rio de Janeiro: Campus Editora; 2007. 1104p. COHEN, Stehen; HARGREAVES, Kenneth M. Caminhos da Polpa. 10 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 928p. DEUS, Quintiliano Diniz. Endodontia. 5 ed. Rio de Janeiro: Medsi, 1992. 4 / 6

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