ATIVIDADE CITOTÓXICA DO EXTRATO AQUOSO DE Morinda citrifolia (RUBIACEAE)

Documentos relacionados
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DO FRUTO DA Morinda citrifolia Linn (NONI)

TOXICIDADE DO EXTRATO BRUTO DE PSYCHOTRIA COLORATA WILLD SOBRE PARÂMETROS REPRODUTIVOS DE RATAS

Avaliação do potencial tóxico de novos compostos e de compostos de interesse ambiental através do ensaio de toxicidade aguda utilizando Artemia salina

Artemia sp. Alunos: Mariana G. Milani Orientadores: Roberta L. Ziolli

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE CHÁS EMAGRECEDORES DE USO POPULAR

Extrato vegetal padronizado obtido através de rigoroso processo extrativo, garantindo sua qualidade;

Estudo da Atividade Citotóxica de Cleome Spinosa Jacq. com o uso de Artemia salina

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO EXTRATO AQUOSO DO ORÉGANO: Origanum vulgare L.

Acompanhamento de mudas de Morinda citrifolia cultivadas em campo submetidas a diferentes tipos de adubações

PERFIL FITOQUÍMICO DA POLPA LIOFILIZADA DA BABOSA (ALOE VERA)

Bioensaio Toxicológico de Plantas Regionais como Ferramenta Interdisciplinar no Ensino de Química

AVALIAÇÃO DO CHÁ VERDE COMERCIALIZADOS PARA A POPULAÇÃO NAS CIDADES DE GOIÂNIA E APARECIDA DE GOIÂNIA GO.

BIOMAS. Professora Débora Lia Ciências/Biologia

Bioensaio toxicológico utilizando Artemia salina: fatores envolvidos em sua eficácia Ariele Cardoso Bueno (1) ; Marcel Piovezan (2)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

FESURV UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE BIOLOGIA E QUÍMICA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS LICENCIATURA BACHARELADO

O USO DO SUCO DE Morinda cintrofolia Linn (NONI) NO BRASIL: DO EMPIRICO AO CIENTIFICO

ESTUDO FITOQUÍMICO E TESTE TOXICOLÓGICO DO EXTRATO ETANÓLICO DAS FOLHAS DE Mouriri cearensis Huber

FARMACOTÉCNICA. Glauce Desmarais

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Porto Alegre/RS

FORMAÇÕES VEGETAIS DA TERRA

XAROPE DE GUACO NATULAB. Espécie vegetal: Mikania glomerata Nome popular: Guaco Família: Asteraceae Parte utilizada: folhas. FORMA FARMACÊUTICA Xarope

ÍNDICE DE EMERGÊNCIA DO NONI (Morinda citrifolia L.), NO SUBMÉDIO DO SÃO FRANCISCO

ESTUDO DA ADSORÇÃO DO CORANTE BÁSICO AZUL DE METILENO POR CASCAS DE Eucalyptus grandis LIXIVIADAS

CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA

ELABORAÇÃO DE GELEIA TRADICIONAL E LIGHT DE GUABIROBA BRUNA NAPOLI¹; DAYANNE REGINA MENDES ANDRADE²; CRISTIANE VIEIRA HELM³

ANÁLISE FITOQUÍMICA DE DIFERENTES AMOSTRAS DE ESPINHEIRA SANTA (Maytenus ilicifolia Mart.)

Uso de plantas medicinais: Crendice ou Ciência?

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E DE TOXICIDADE DOS EXTRATOS DAS FOLHAS DE Clitoria guianensis.

OLIVEIRA, M. A.; FSM; MEDEIROS, V. M.; UFPB;

Grandes Ecossistemas do Brasil

TÍTULO: ATIVIDADE IN VITRO DE ALGUNS ANÁLAGOS DE CURCUMINA CONTRA LEISHMANIA AMAZONENSIS

ESTUDO DO POTENCIAL ANTINOCICEPTIVO DE EXTRATOS DA FOLHA E DO CERNE DA GUATTERIA POGONOPUS

Produção de pomada a partir das folhas de mentrasto (Ageratum conyzoides)

DISTRIBUIÇÃO DOS ECOSSISTEMAS BIOMAS AQUÁTICOS E TERRESTRES

ANÁLISE DE MÉTODOS EXTRATIVOS DE CASCARA SAGRADA (Rhamnus. purshiana) TINTURA 20% POR PERCOLAÇÃO E MACERAÇÃO

O CLIMA E A VEGETAÇÃO DO BRASIL

R.R.A. Silva 1, A.G. Souza 1, J.O.F.Melo 1, Eric M. Garcia 1, Hosane A. Taroco 1

EFICÁCIA ANTIMICROBIANA DA TINTURA DE TANSAGEM CONTRA STAPHYLOCOCCUS AUREUS E STREPTOCOCCUS PYOGENES

DESENVOLVIMENTO. P&D de medicamentos. P&D de medicamentos. farmacêutico. IBM1031 Bioestatística e Ensaios Clínicos. Prof. Edson Zangiacomi Martinez 1

Curso Técnico em Zootecnia

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE E DE TOXICIDADE FRENTE À ARTEMIA SALINA DOS EXTRATOS DAS RAÍZES DE CLITORIA GUIANENSIS

tudo sobre MEDICAMENTOS O que é um medicamento? Campanha de valorização dos medicamentos genéricos Volume 1

TÍTULO: OBTENÇÃO DO EXTRATO AQUOSO E FRAÇÕES DA LARANJA SANGUÍNEA MORO E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADES ANALGÉSICA/ANTI-INFLAMATÓRIA

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO EFEITO DA OLEORRESINA DE COPAÍFERA DUCKEI E DO ÁCIDO POLIÁLTICO SOBRE A INDUÇÃO DE DANOS NO DNA E DE APOPTOSE EM CÉLULAS MCF-7

POTENCIAL ANTIBIÓTICO DE EXTRATO AQUOSO DE CASCAS DE CAJUEIRO SOBRE BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORMES PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

Fármaco 25/10/2015. Estudo da interação de drogas com. organismos vivos Propriedades dos medicamentos e seus efeitos nos seres vivos


Introdução. Orientadora do TCC e Professora do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 4

antioxidantes a partir de Plantas Amazônicas

Fármaco 05/03/2017. Estudo da interação de drogas com. Propriedades dos medicamentos e seus efeitos nos seres vivos.

ESTUDO FITOQUÍMICO DOS FRUTOS DA MIRINDIBA (BUCHENAVIA TOMENTOSA EICHLER)

SUCUPIRA BRANCA. Controla as Inflamações das Articulações. Introdução

AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO EXTRATO AQUOSO DA CASCA DE Schinopsis brasiliensis Eng SOBRE Artemia Salina

ECOTOXICOLOGIA Isabel Caçador Faculdade de Ciências Universidade de Lisboa

Jambolão: uma fruta de peso. Departamento de Ciências Biológicas. Faculdade de Ciências e Letras. Univ Estadual Paulista.

COMPARAÇÃO DAS QUALIDADES FÍSICO-QUIMICAS DA MAÇÃ ARGENTINA RED COM A MAÇÃ NACIONAL FUJI

SOLICITANTE: EXECUTADO POR:

SANTA CASA 2018 MEDICINA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO

PALAVRAS-CHAVE: Homeopatia. Consumo. Práticas Alternativas.

HORTICULTURA EM MODO BIOLÓGICO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Interpretando as relações evolutivas

A palavra angiosperma vem do grego angeios, que significa 'bolsa', e sperma, 'semente'. Essas plantas representam o grupo mais variado em número de

Água como solvente ionizante. Soluções aquosas

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Sucupira extrato seco

MAGNÉSIO DIMALATO. FÓRMULA MOLECULAR: C4H6Mg2O7. PESO MOLECULAR: 396,35 g/mol

ESTUDO DOS POLIFENÓIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA CASCA, FOLHAS E FRUTO DE Hymenaea stigonocarpa (JATOBÁ).

ESTUDO QUÍMICO E QUANTIFICAÇÃO DOS FLAVONÓIDES DAS RAÍZES E FOLHAS DE Jatropha gossypifolia.

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: FARMÁCIA INSTITUIÇÃO: FACULDADE ANHANGUERA DE BRASÍLIA

Elaboração e Avaliação Sensorial de Bolo de Noni

ANÁLISE DO POTENCIAL GENOTÓXICO E MUTAGÊNICO DA Luffa operculata Cong.

Colégio São Paulo. Bioma. adapt ações. Biologia 9º ano Prof. Marana Vargas

BIOENSAIOS COM ORGANISMOS AQUÁTICOS... Ecotoxicologia Ana Morbey - 16/06/04 Instituto do Ambiente

Alimentos funcionais. Vanessa Rosse de Souza Nutricionista - UFF Rio de Janeiro

Caracterização física de frutos de Noni (Morinda citrifolia L.) em estádio de maturação fisiológica 1

Nome: Data: 1. Observa a molécula de água e tenta descobrir qual a fórmula escrita que melhor a representa (marca com um X a resposta correta):

AVALIAÇÃO DE CÁPSULAS DE CASTANHA DA ÍNDIA DISPONÍVEIS PARA VENDA NA INTERNET

Bolsista PBIC/UEG,UnUCET, Anápolis - UEG. Orientador, docente do Curso de Química Industrial e Licenciatura em Química, UnUCET UEG.

INVESTIGAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-LEISHMANIA DO ÓLEO DA RAIZ DA PLANTA DO CERRADO BRASILEIRO Jatropha ribifolia.

TESTES IN VITRO E IN VIVO UTILIZADOS NA TRIAGEM TOXICOLÓGICA DE PRODUTOS NATURAIS

PRÓPOLIS DO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE BIOLÓGICA Apresentação: Pôster

DISCIPLINA DE CIÊNCIAS

PERFIL DE USO DAS PLANTAS MEDICINAIS PELOS USUÁRIOS DE UMA UNIDADE INTEGRADA DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO EM PLANTAS MEDICINAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS - SIPLAM

TRABALHO DE CAMPO DE BIOGEOGRAFIA

AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO EXTRATO METANÓLICO DE Caesalpinia Pyramidalis, SUBMETIDO À RADIAÇÃO GAMA, FRENTE À ARTEMIAS SALINAS.

OS BENEFÍCOS DA FITOTERAPIA NA SAÚDE DO HOMEM

FENOLOGIA E SCREENING FITOQUÍMICO DO AÇOITA-CAVALO

CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS DO MORINDA CITRIFOLIA L: Revisão de Literatura

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-HELMÍNTICA DO EXTRATO AQUOSO DE CHENOPODIUM AMBROSIOIDES (MASTRUZ) SOBRE NEMATÓDEOS GASTRINTESTINAIS DE OVINOS

E SE UM BLOOM DE CIANOBACTÉRIAS TE BATESSE À PORTA?

INVESTIGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA EM UNIVERSITÁRIOS

VEGETAÇÃO BRASILEIRA. DIVIDE-SE EM: 1) Formações florestais ou arbóreas 2) Formações arbustivas e herbáceas 3) Formações complexas e litorâneas

SÍNTESE E AVALIAÇÃO BIOLÓGICA DE DERIVADOS DE DIARILPIRIMIDINONAS OBTIDOS VIA REAÇÃO DE BIGINELLI-LIKE

HEDERA CIMED Extrato hidroetanólico seco das folhas de Hedera Helix L.

Saiba como cuidar da sua plantinha!

Transcrição:

ATIVIDADE CITOTÓXICA DO EXTRATO AQUOSO DE Morinda citrifolia (RUBIACEAE) Laísa Maria de Resende CASTRO 01(1); Lucas Pinheiro DIAS 02 (2); Taciana Oliveira de SOUSA 03 (3) George Laylson da Silva OLIVEIRA 04 (4) (1) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí IFPI, e-mail: laisarecastro@hotmail.com (2) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí IFPI, e-mail: lpinheirodias@gmail.com (3) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí IFPI, e-mail: tacisousa@gmail.com (4) Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí IFPI, e-mail: georgenota10@hotmail.com RESUMO A Morinda citrifolia Linn pertence à família Rubiaceae apresenta aproximadamente 500 gêneros, e aproximadamente 7000 espécies, sendo encontradas em todo o mundo. Estudos científicos acumulados até os dias atuais têm revelado e confirmado algumas das atividades biológicas da Noni descritas como: atividade antioxidante, antiinflamatória, analgésica, antibacteriana, antitumoral, entre outros. Este trabalho visa à avaliação de ações citotóxicas de extrato aquoso da folha do noni (Morinda citrifolia Linn), para indicar possíveis relações antitumorais na utilização deste extrato, já que a maioria dos trabalhos com esta espécie se dá com a avaliação fitoterápica do fruto. Foi utilizado 5,75mg/ml ou 5750µL/ml de extrato das folhas de Morinda citrifolia, para obter os valores de DL 50, foi utilizada a análise PROBIT, através do software SPSS com 95 % de índice de confiança. A DL 50 foi obtida através do gráfico da quantidade de indivíduos mortos em função do logaritmo da dose testada. Feita a análise de Próbitos com o software SSPS, encontrou-se um valor de DL 50 igual a 585,6 µg/ml, sendo o valor inferior à DL 50 > 1000 ppm, é considerada tóxica. De acordo com os dados, o extrato aquoso de Morinda citrifolia apresentou uma boa toxicidade frente a Artemia Salina, necessitando de trabalhos posteriores para confirmar a atividade antitumoral da folha do noni. Palavras-chave: Morinda citrifolia, teste citotóxico, artemia salina

1. INTRODUÇÃO A Morinda citrifolia Linn é uma tradicional planta medicinal popular que tem sido usada por mais de 2000 anos pelos povos polinésios. A planta é originária do sudeste da Ásia e, subsequentemente, foi distribuída por vários viajantes colonizadores das ilhas do pacífico e/ou através do oceano e outros animais como pássaros até estas ilhas. Esta planta é muito conhecida como Noni, e tem sido utilizado como alimento, bebida, medicamento e para tingimento de tecidos. De acordo com o uso na medicina tradicional e popular, entre as enfermidades e afecções mais tratadas encontram-se: alergia, artrite, asma, câncer, depressão, diabetes, hipertensão, distúrbios menstruais, musculares, obesidade, úlceras gástricas, dores de cabeça, inibição sexual, insônia, depressão, estresse, problemas respiratórios, AIDS, esclerose múltipla e dependência de drogas (MÜLLER, 2007). A planta pertence à família Rubiaceae de folhas permanentes, de pequeno a médio porte. A árvore frequentemente cresce em regiões costeiras ao nível do mar e em áreas florestais com cerca de 400 metros acima do nível do mar. Desenvolve-se bem em solos vulcânicos ricos em minerais, apesar de também se desenvolverem em solos arenosos ou muito úmidos (WANG, 2001). Este trabalho visa à avaliação de ações citotóxicas de extrato aquoso da folha do noni (Morinda citrifolia Linn), para indicar possíveis relações antitumorais na utilização deste extrato, já que a maioria dos trabalhos com esta espécie se dá com a avaliação fitoterápica do fruto. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A família Rubiaceae apresenta aproximadamente 500 gêneros, e aproximadamente 7.000 espécies, sendo encontradas em todo o mundo, tanto nas regiões frígidas como nas zonas temperadas e tropicais, apresentando hábitos variados, podem ser encontradas na forma de: ervas, arbustos, subarbustos e trepadeiras (MÜLLER, 2007). A Morinda citrifolia (Figura 1) cresce tanto em florestas, como em terrenos rochosos ou arenosos. É tolerante a solos salinos e certas condições de seca. É, portanto, encontrada numa grande variedade de habitat: terrenos vulcânicos ou mesmo em terra calcária. Pode crescer até 9m de altura, e tem folhas largas, simples, de verde escuro, com veias vincadas. A planta apresenta flores e frutos durante todo o ano, sendo as flores pequenas e brancas; os frutos contêm muitas sementes, e tem um forte odor. Os galhos jovens são angulares e observam-se ranhuras (estrias). As folhas são elípticas, opostas e com margens onduladas, possuindo coloração verde brilhante na face superior e opaca na inferior (MÜLLER, 2007). Figura 1: Morinda citrifolia A utilização de plantas com fins medicinais, para tratamento, cura e prevenção de doenças, é uma das mais antigas formas de prática medicinal da humanidade. No início da década de 1990, a

Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou que 65-80% da população dos países em desenvolvimento dependiam das plantas medicinais como única forma de acesso aos cuidados básicos de saúde (AKERELE, 1993 apud BRITO & FERNANDES, 2008). Estudos científicos acumulados até os dias atuais têm revelado e confirmado algumas das atividades biológicas da Noni descritas como: atividade antioxidante, antiinflamatória, analgésica, antibacteriana, antitumoral, entre outros. No entanto, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) levanta dúvidas sobre a finalidade e a segurança no consumo de Morinda citrifolia (noni), devido diversos relatos de casos devidamente publicados em revistas científicas indexadas sobre a associação do consumo do suco deste vegetal a casos de toxicidade hepática. Por conta disso, a ANVISA proibiu a comercialização de produtos contendo noni no Brasil até que os requisitos legais que comprovem de sua segurança de uso sejam atendidos. Nessas condições, verificam-se mais publicações científicas sobre esta espécie vegetal, avaliando suas atividades fitoterápicas. É bastante importante a realização de bioensaios para determinações de citotoxicidade, dentre esses bioensaios, têm-se a toxicidade sobre A. salina (Figura 2), que é um microcrustáceo de água salgada comumente usada como alimento para peixes. A simplicidade com que pode ser manuseado, a rapidez dos ensaios e o baixo custo favorece a sua utilização rotineira em diversos estudos, além do que, tais ensaios de letalidade são muito utilizados em análises preliminares de toxicidade geral. As A. salinas têm tamanho e coloração variadas, que vão do rosa pálido ao avermelhado, branco ou esverdeado (NASCIMENTO et al., 2008). Figura 3 Artemia salina Leach. 3. DESCRIÇÃO DA PROPOSTA Este trabalho é o início de uma pesquisa sobre a folha do noni (Morinda citrifolia), sendo uma pesquisa voluntária de alunos e professores do IFPI, com o objetivo de certificar as atividades biológicas deste vegetal. O teste de citotoxicidade frente Artemia salina foi o primeiro teste realizado da pesquisa, para analisar toxicidade do extrato da folha noni, já que é um teste simples e rápido, e pode servir como método de triagem para o posterior estudo fitoquímico de plantas medicinais. O ensaio de toxicidade aguda com Artemia sp é um teste rápido, de baixo custo, eficiente e que requer uma pequena quantidade de amostra (2 20 mg). A simplicidade desse teste, que não requer métodos assépticos, nem equipamentos especiais, favorece sua utilização rotineira, podendo ser desenvolvido no próprio laboratório (SIQUEIRA et al., 1998). 4. METODOLOGIA 4.1 Preparação do extrato aquoso

As folhas de Morinda citrifolia (noni) foram coletadas em bairros de Teresina-PI. Após a coleta, o material ainda fresco, foi macerado, pesando 30g, adicionou 150 ml de água destilada, agitou essa solução no agitador por 1 hora, depois centrifugou por 2 minutos com rotação de 4700 ppm. Filtra o extrato e realiza a gravimétria, sendo utilizado 5,75mg/ml ou 5750µL/ml de extrato. 4.2. Teste citotóxico frente Artemia salina Artemia sp é um crustáceo da ordem Anostraca (sem carapaça) que vive em lagos de água salgada e salinas de todo o mundo, estando adaptada para sobrevivência em corpos de água que sofrem grandes variações sazonais, podendo tolerar salinidades que flutuam de 3,5 a 70. O teste de toxicidade frente à Artemia salina realizado segundo a metodologia de Meyer et al. (1982) com algumas alterações. Foram transferidos aproximadamente 10 larvas de Artemia para 15 tubos de ensaio, já que o teste foi feito em triplicata, contendo solução salina e o respectivo extrato/fração a ser testado em cinco concentrações (100µg/ml; 200µg/ml; 400µg/ml; 800 µg/ml; 1000 µg/ml), sendo feito controle positivo, também em triplicata apenas com solução salina e as Artemias (NASCIMENTO et al., 2008). Após 24 horas de contato, contam-se os animais mortos. Para obter os valores de DL 50, foi utilizada a análise PROBIT, através do software SPSS com 95 % de índice de confiança. A DL 50 foi obtida através do gráfico da quantidade de indivíduos mortos em função do logaritmo da dose testada. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos com o teste de toxicidade frente Artemia salina do extrato aquoso da Morinda citrifoli Linn. está descrita na Tabela 1. Tabela 1 Contagem de A. salina mortas após 24 h de exposição ao extrato aquoso de Morinda citrifolia Concentração do extrato µg/ml Quantidade de A. salina expostos Quantidade de A. salina mortas 100 30 1 200 30 9 400 30 10 800 30 21 1000 30 17 Quanto menor o valor de DL 50, mais tóxico é o composto frente a um organismo-teste, e maior é sua atividade citotóxica, sugerindo maior potencial como antitumoral. McLaughlin et. al. (1998) relatam que esse ensaio tem boa correlação com atividade citotóxica em alguns tumores humanos sólidos. Não houve morte de nenhuma A. salina no teste controle, o que mostra que o solvente utilizado é inofensivo a este microcrustáceo, e as mortes foi resultante unicamente da ação do extrato aquoso de Morinda citrifolia. O teste com A. salina é utilizado para indicar o potencial citotóxico de extratos e substâncias quando apresenta alta letalidade (RAMOS et al. 2007), e o extrato aquoso de Morinda citrifolia apresentou uma boa citotoxicidade. Feita a análise de Próbitos com o software SSPS, com os dados presentes na Tabela 1, encontrou-se um valor de DL 50 igual a 585,6 µg/ml, sendo o valor inferior à DL 50 > 1000 ppm, é considerada tóxica.

6. Considerações Finais Segundo a literatura, existem dados que o fruto do noni (Morinda citrifolia) apresenta relação tumoral, e com este resultado percebe-se que a folha também, apresenta boa citotoxicidade e possíveis relações antitumorais. Além disso, faz-se necessário também, o isolamento também dos compostos metabólicos, sendo este um trabalho preliminar, necessitando de resultados complementares para confirmar o mesmo. REFERÊNCIAS BRITO, Danilo Rodrigues Barros & FERNANDES, Rozeverter. Moreno. Avaliação Da Atividade Anti- Helmíntica Da Morinda Citrifolia (Noni), Em Aves Poedeiras Naturalmente Infectadas. Dissertação do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Universidade Federal do Piauí. Teresina Piauí. 2008 NASCIMENTO, J. E.; MELO, A. F. M.; LIMA E SILVA, T. C.; VERAS FILHO, J.; SANTOS, E. M., ALBUQUERQUE, U. P.; AMORIM, E. L. C.; Estudo fitoquímico e bioensaio toxicológico frente a larva de Artemia salina Leach. de três espécies medicinais do gênero Phyllanthus (Phyllanthaceae). Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl., v. 29, n.2, p. 145-150, 2008. MÜLLER, Juliane Centeno. Toxicidade Reprodutiva Da Morinda citrifolia Linn. Dissertação de Pósgraduação em Farmacologia da Universidade Federal do Paraná UFPR. Curitiba PR. 2007 MCLAUGHLIN JL, ROGERS LL, ANDERSON JE. The Use of Biological Assays to Evaluate Botanicals, Drug Information Journal 32: 513-524. 1998 RAMOS, Diovany Doffinger; CARDOSO, Claudia Andréa Lima; YAMAMOTO, Natanael Takeo. Avaliação do potencial citotóxico e atividade antioxidante em Campomanesia adamantium (Cambess.) O.Berg (Myrtaceae). Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 5, supl. 2, p. 774-776, jul. 2007 SIQUEIRA JM, Bomm MD, PEREIRA NFG, GARCEZ WS, Boaventura MAD. Estudo Fitoquímico de Unonopsis lindmanii Annonaceae, biomonitorado pelo ensaio de toxicidade sobre a Artemia salina Leach. Revista Química Nova 21. 1998. WANG, M. Y.; SU, C. Cancer preventive effect of Morinda citrifolia (noni). Annals of the New York Academy of Sciences, v.952, p.161-168, 2001.