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Transcrição:

BOTELHO, Oliveira *dep. fed. RJ 1905-1906; pres. RJ 1906; dep. fed. RJ 1907-1910; pres. RJ 1910-1914; dep. fed. RJ 1924-1927; min. Faz. 1927-1930. Francisco Chaves de Oliveira Botelho nasceu em Montevidéu, no Uruguai, no dia 19 de fevereiro de 1869, filho de Joaquim Antônio de Oliveira Botelho e de Basília Augusta Chaves. Seu pai era diplomata e servia no Uruguai quando do seu nascimento. Formou-se na Faculdade de Medicina da Bahia em 1890. Depois de formado, mudou-se para o estado do Rio de Janeiro e passou a clinicar em Resende. Nessa cidade iniciou a carreira política, elegendo-se vereador e presidente da Câmara Municipal. Em 1901 foi eleito deputado estadual pelo 5º distrito eleitoral, na legenda do Partido Republicano do Rio de Janeiro (PRRJ), e no ano seguinte tornou-se segundo-secretário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). Em 1903 foi novamente eleito deputado estadual e também vice-presidente do estado do Rio, ao lado de José Caetano Alves de Oliveira e Francisco Marcondes Machado, na chapa que elegeu Nilo Peçanha presidente estadual (1903-1906). Em 1904 tornou-se presidente da ALERJ, mas não concluiu o mandato, pois renunciou em 1905, já que foi eleito deputado federal na vaga aberta com a renúncia de Carlos Augusto de Oliveira Figueiredo, que havia assumido uma cadeira no Senado Federal. Em 1906 foi reeleito deputado federal, mas em novembro abriu mão de seu mandato para assumir a presidência do Rio de Janeiro, diante do afastamento de Nilo Peçanha, que fora eleito vice-presidente da República na chapa encabeçada por Afonso Pena e se preparava para tomar posse no dia 15 daquele mês. Transmitiu o poder em 31 de dezembro para o presidente estadual recém-eleito Alfredo Backer (1906-1910) foi novamente foi eleito deputado federal em abril de 1907 e reeleito em 1909. Enquanto ocupava o governo, Backer rompeu politicamente com Nilo Peçanha devido, principalmente, às divergências envolvendo a sucessão estadual, o que levou Oliveira Botelho à oposição ao primeiro. A divisão de forças no estado do Rio levou ao lançamento

simultâneo de duas candidaturas à sucessão estadual, em 1910. De um lado, Backer e seus partidários defendiam a candidatura de Manuel Edwiges Queirós Viana, enquanto Nilo Peçanha apoiava a de Oliveira Botelho. O antagonismo entre as duas facções culminou com a divisão da Assembleia Legislativa em duas, tendo cada qual proclamado a eleição de seu candidato no dia 10 de julho de 1910. Em consequência dessa divisão, os dois grupos acabaram por deixar a capital do estado, retirando-se ambos para Petrópolis nos dias seguintes ao das eleições. Prevendo a interferência do governo da União, o grupo fiel a Backer conseguiu um habeas-corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecendo sua legitimidade como Assembleia. Não obstante, o governo federal enviou tropas às repartições públicas, ao palácio do governo e à própria Assembleia, e o Congresso passou a debater a intervenção federal, terminando por autorizá-la. O impasse permanecia, e quando Hermes da Fonseca assumiu a presidência da República (15/11/1910) encontrou o chamado Caso Fluminense nessa situação. No final de dezembro Backer abandonou o palácio do governo, e o grupo que o apoiava deu posse ao candidato que elegera, Manuel Edwiges. No entanto, o governo federal interveio, e a posse de Edwiges, realizada fora da Assembleia, foi tornada sem efeito, sendo empossado o candidato simpático a Hermes da Fonseca, Oliveira Botelho, no dia 31 de dezembro de 1910. A legitimidade do novo governo só foi porém reconhecida pelo Decreto 8.499, expedido em 3 de janeiro de 1911 pelo presidente Hermes. Em 3 de agosto, o Legislativo fluminense foi reorganizado, quando o Congresso Nacional reconheceu a Assembleia Legislativa nilista, pondo fim à divisão surgida durante as eleições. Ao assumir o governo, Oliveira Botelho prometeu dar continuidade aos programas políticos, econômicos e financeiros do governo de Nilo Peçanha, caracterizados pelo fortalecimento do Poder Executivo, a redução da autonomia municipal, e a intervenção do estado na economia com fortes incentivos à agricultura. No âmbito político, sua administração assegurou ao nilismo o controle da política fluminense a partir da anulação de decretos e resoluções do governo anterior. Seu governo também foi marcado pelo apoio ao prefeito de Niterói, Feliciano Sodré que ele próprio nomeara, o qual realizava

diversas obras públicas, desencadeando críticas por parte da imprensa. Na política nacional, Oliveira Botelho procurou se aproximar politicamente do presidente da República e também de Pinheiro Machado, senador gaúcho e um dos principais políticos do país. Nesse sentido, apoiou a moção de solidariedade a Hermes da Fonseca e a integração do Partido Republicano Fluminense (PRF), agremiação a que pertencia desde a ascensão de Nilo Peçanha, ao Partido Republicano Conservador (PRC), fundado por Pinheiro Machado uma semana antes da posse de Hermes da Fonseca com o objetivo de promover a união das oligarquias dominantes e dos militares em uma agremiação nacional que apoiaria o novo governo. Assim, a partir de fevereiro de 1911, o partido situacionista do estado do Rio de Janeiro passou a se denominar Partido Republicano Conservador Fluminense (PRCF), enquanto a sigla PRF ficou sendo utilizada pela oposição. As ligações com o governo federal ficaram evidentes com a nomeação de Sebastião Lacerda para o cargo de secretário geral do estado, já que este fora indicado por Hermes da Fonseca e tinha uma trajetória política de oposição a Nilo Peçanha. Nas eleições federais de 1912, a chapa oficial apoiada por Oliveira Botelho e Hermes da Fonseca foi vitoriosa e elegeu todos os seus candidatos, preterindo parte dos nilistas. A despeito dessas ações, Oliveira Botelho não rompeu politicamente com Nilo Peçanha, que estava na Europa desde fevereiro de 1911. Ao retornar ao Rio de Janeiro em junho de 1912, Nilo Peçanha assumiu a liderança do PRCF, anteriormente liderado por Quintino Bocaiúva, e com o apoio de Oliveira Botelho articulou a eleição de todos os candidatos do partido no pleito estadual de dezembro daquele ano. Mesmo com a crescente ligação do poder estadual com o governo federal, o nilismo mostrou força na política fluminense. As divergências entre Oliveira Botelho e Nilo Peçanha aumentaram durante as discussões sobre a sucessão de Hermes da Fonseca em 1914. O presidente fluminense apoiou, juntamente com Hermes da Fonseca e Pinheiro Machado, a candidatura do mineiro e então vice-presidente da República Venceslau Brás, enquanto Nilo Peçanha mostrava-se neutro e não comparecia à convenção que homologou essa candidatura, em agosto de 1913. O rompimento definitivo veio com a sucessão estadual, quando Oliveira Botelho, apoiado por

Hermes da Fonseca e Pinheiro Machado, lançou o nome do prefeito de Niterói Feliciano Sodré. Nilo Peçanha não concordou com essa indicação nem com a interferência federal na política estadual, e candidatou-se ao governo fluminense. Com esse rompimento, os nilistas voltaram a usar a sigla do PRF para sua candidatura, enquanto Feliciano Sodré concorreu pelo PRCF. Durante a campanha eleitoral, Nilo Peçanha percorreu todo o estado promovendo comícios e teve como aliado o jornal Correio da Manhã, dirigido por Edmundo Bittencourt. Enquanto Feliciano Sodré também viajava procurando apoio das lideranças estaduais, Oliveira Botelho convocou a ALERJ para uma sessão extraordinária, na qual pretendia derrubar a mesa diretora da casa, composta por políticos nilistas. Diante da ameaça, a oposição solicitou um habeas-corpus preventivo junto ao STF que, ao ser concedido em 6 de junho de 1914, provocou a divisão da Assembleia em dois grupos: um apoiado pelo STF e outro pelos governos estadual e federal. Enquanto o primeiro buscava continuar a atividade legislativa, o segundo recusava-se a participar. No dia 21 do mesmo mês, quando os nilistas conseguiram um quórum de 23 deputados para formar a sessão, os botelhistas reuniram-se em local diferente, formando-se assim duas assembleias legislativas, a exemplo das eleições estaduais de 1910. Depois do pleito de 12 de julho de 1914, os dois grupos se declararam vencedores e foram reconhecidos pelas respectivas assembleias. Em outubro, ainda como presidente da República, Hermes da Fonseca enviou mensagem à Câmara dos Deputados criticando a decisão do STF na disputa eleitoral fluminense. Tal fato foi encarado como uma tentativa do presidente, apoiado por Pinheiro Machado, de intervir no estado do Rio de Janeiro, mas, como Hermes estava nos últimos dias de seu governo, a Câmara não aprovou a intervenção. Em 16 de dezembro o STF homologou outro habeas-corpus garantido a eleição de Nilo Peçanha, para seu segundo mandato como presidente do Rio de Janeiro (1914-1917). Entretanto, a contenda só foi resolvida quando Venceslau Brás, recém-empossado presidente da República (1914-1918), assegurou a posse de Nilo Peçanha e colocou tropas à disposição do juiz federal do estado. O presidente adotou tal medida em respeito à posição

do STF e em função da reaproximação política entre ele e o novo presidente fluminense, que, mesmo sem ter ratificado seu nome como candidato à presidência da República, nunca se mostrara seu opositor. Segundo Mônica Kornis, o apoio de Venceslau certamente expressava o reconhecimento do prestígio político de Nilo, mas também é possível que tenha pesado na decisão presidencial a rearticulação política do eixo Minas-São Paulo, que tinha como um dos seus objetivos o enfraquecimento de Pinheiro Machado, o grande sustentáculo de Feliciano Sodré e do antinilismo. Depois dessa derrota, Oliveira Botelho continuou na política fluminense atuando na oposição à segunda administração estadual de Nilo Peçanha (1914-1917) e aos governos nilistas de Francisco Guimarães (1917), Agnelo Gerard Collet (1917-1918) e Raul Veiga (1918-1922). Em 1919, a oposição ao nilismo fortaleceu-se após a vitória de Epitácio Pessoa (1919-1922) no pleito presidencial. Como Nilo Peçanha apoiara a candidatura de Rui Barbosa, candidato derrotado, a oposição estadual ganhou mais espaço político e teve mais força e recursos eleitorais, liderados, principalmente, por Oliveira Botelho e Feliciano Sodré. Em março de 1922, o nilismo sofreu mais um forte abalo, com a derrota de Nilo Peçanha para a presidência da República na chapa da Reação Republicana, e a vitória de Artur Bernardes. Depois dos sucessivos reveses na esfera federal, o nilismo entrou em derrocada. Com essa nova conjuntura, ainda em 1922, Oliveira Botelho apoiou novamente a candidatura de Feliciano Sodré à presidência do estado, contra o candidato nilista Raul Fernandes. Em mais uma conturbada eleição, na qual os dois candidatos se declararam eleitos, reconhecidos por duas assembleias legislativas distintas, o recém- eleito presidente Artur Bernardes (1922-1926) decretou a intervenção federal no estado do Rio de Janeiro, nomeou Aurelino Leal interventor federal e convocou novo pleito para outubro de 1923. Oliveira Botelho continuou como um dos principais aliados políticos de Feliciano Sodré, mais uma vez candidato e dessa vez vitorioso. O governo de Sodré (1923-1927) diminuiu a influência nilista no estado, o que foi percebido nas eleições federais de 1924, quando todos os candidatos apoiados pelo Executivo estadual foram eleitos. Nesse pleito, Oliveira

Botelho elegeu-se deputado federal. Em agosto de 1924, passou a integrar a executiva do PRF, partido que abrigava a oposição ao nilismo desde 1920, quando Nilo Peçanha e seus aliados passaram a utilizar a sigla do Partido Republicano do Rio de Janeiro (PRRJ). Em 1926 o PRF apoiou a candidatura de Washington Luís à presidência da República (1926-1930) e em fevereiro de 1927, com o apoio do governo federal e estadual, Oliveira Botelho foi reeleito deputado federal. Em abril esteve ao lado de Manuel Duarte quando este foi eleito presidente do Rio de Janeiro (1927-1930), por indicação de Feliciano Sodré. Em dezembro, o novo presidente da República, reiterando seu apoio político ao PRF, nomeou Oliveira Botelho ministro da Fazenda, atendendo a uma reivindicação que os políticos situacionistas fluminenses faziam desde 1925. Oliveira Botelho foi nomeado pelo presidente Washington Luís em substituição a Getúlio Vargas, que fora eleito presidente do Rio Grande do Sul (1928-1930). Como ministro, adotou várias medidas ligadas à contabilidade pública, como o início e o fim do exercício financeiro fixados em 1º de janeiro e 31 de dezembro, respectivamente, e a apresentação do balanço anual em 15 de abril. Além disso, sancionou normas relativas aos leilões públicos de volumes ou objetos abandonados nas repartições públicas e estradas de ferro e ao empréstimo interno por meio de apólices intituladas Obrigações Rodoviárias para a construção e conservação de estradas de rodagem e para a criação da Alfândega de Niterói. Em outubro de 1930, com a vitória da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder e destituiu o presidente Washington Luís, juntamente com todos os seus ministros, deixou o ministério. Em 1934 voltou a atuar no PRF, quando surgiram disputas de poder na direção do partido relacionadas à eleição da comissão executiva e à formulação de um novo programa partidário. Nesse embate, liderou o grupo composto por Thiers Cardoso e Norival de Freitas, que se sobrepôs ao liderado por Manuel Duarte, que depois dessa derrota interna se desligou do PRF e fundou no mês de maio o Partido Evolucionista do Rio de Janeiro. Nessa reformulação, a facção de Oliveira Botelho convidou Feliciano Sodré, que até então estava

afastado do partido, para liderá-lo, fato confirmado em agosto de 1934 na eleição da nova comissão executiva, na qual o grupo de Oliveira Botelho foi dominante. Com essa nova configuração, nas eleições de outubro de 1934 para a Câmara dos Deputados e a Assembleia Constituinte estadual, o PRF não conseguiu eleger nenhum deputado federal e apenas um deputado estadual, Arnaldo Tavares. Oliveira Botelho faleceu na cidade de Resende (RJ) no dia 3 de junho de 1943. Raimundo Helio Lopes FONTES: ABRANCHES, J. Governos; ASSEMB. LEGISL. RJ. Disponível em:: <http://www.alerj.rj.gov.br/memoria/historia/gov88975/oliveira_botelho.html>. Acesso em: 17/3/2011; BELOCH, I; ABREU, A. Dicionário; COL. BRAS. GENEALOGIA. Disponível em: <http://www.cbg.org.br/arquivos_genealogicos_r_02.html>. Acesso em: 17/3/2011; FERREIRA, M. República; KORNIS, M. Enfrentamento; LACOMBE, L. Chefes; PAULA, C; LATTMAN-WELTMAN, F. Ministros.