Interdisciplinar: Revista Eletrônica da UNIVAR http://revista.univar.edu.br ISSN 1984-431X Ano de publicação: 2014 N.:12 Vol.:2 Págs.90-95 ESTUDO COMPARATIVO DAS DOENÇAS PARASITOLÓGICAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA NO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS DE GOIÁS E NO DISTRITO DE APARECIDA DO RIO CLARO Camylla Estéfany Coelho dos Santos 1, Edson Fredulin Scherer 2 e Rair Marcos Ferreira dos Santos 3 RESUMO: O estudo tem como objetivo verificar o índice de parasitoses em crianças de Montes Claros de Goiás, que consomem água tratada, e comparar com os dados obtidos de crianças de Aparecida do Rio Claros, que não consomem à água tratada. Foram coletadas 41 amostras de fezes e analisadas utilizando os métodos de Sedimentação Espontânea (HPJ) e direto com lugol. Os resultados mostraram que em Montes Claros de Goiás 30,40% das amostras eram positivas, enquanto que 27,80% foram positivas em Aparecida do Rio Claro. O maior índice de infecção foi encontrado em crianças de 5 a 12 anos (Montes Claros de Goiás) e 5 a 10 anos (Aparecida do Rio Claro). O protozoário com maior incidência nos dois locais foi a Entamoeba histolytica. Neste caso, não houve relação entre água tratada e ausência de infecção, pois o índice de infecção em crianças que consumiam água tratada foi maior do que o índice em crianças que não consumiam água tratada. Palavras-chave: Enteroparasitoses, prevalência, Entamoeba histolytica. ABSTRACT: The study aims to determine the rate of parasitic infections in children in Montes Claros de Goiás, which consume treated water and compare with the data obtained from children in Aparecida do Rio Claro, which do not consume treated water. We collected and analyzed 41 stool samples using the methods Sedimentation Candid (HPJ) and direct with lugol. The results showed that 30.40% of the samples were positive in Montes Claros de Goiás, while 27.80% were positive in Aparecida do Rio Claro. The highest infection rate was found in children 5-12 years (Montes Claros de Goiás) and 5-10 years (Aparecida do Rio Claro). The protozoan with higher incidence in both locations was Entamoeba histolytica. In this case, there was no relationship between the treated water and the absence of infection, because the infection rate in children who drank treated water was higher than the rate in children who did not consume treated water. Key-words: Enteroparasitosis, prevalence, Entamoeba histolytica. 1 Acadêmica do curso de bacharel em Farmácia nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia UNIVAR. Endereço eletrônico: camyllafarmaceutica@hotmail.com 2 Orientador, Doutorando em Parasitologia e professor responsável na Faculdades Unidas do Vale do Araguaia UNIVAR. Endereço Eletrônico: Edsonscherer1@hotmail.com 3 Acadêmico do curso de bacharel em Farmácia nas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia UNIVAR. 1. INTRODUÇÃO As doenças provocadas por parasitas intestinais são, na grande maioria, causadas por protozoários e helmintos e atingem mais da metade da população mundial. O principal alvo dessas infecções são crianças, devido a seus hábitos de higiene e também pelo fato de crianças ainda possuírem um sistema imunológico imaturo (MONTEIRO e SZARFARC, 1987). As infecções enteroparasitárias ainda representam um dos mais sérios problemas de Saúde Pública no Brasil, principalmente devido a sua correlação com o grau de nutrição dos indivíduos, afetando, sobretudo o desenvolvimento físico, psicossomático e social de escolares (FERREIRA e ANDRADE, 2005). Belo et al. (2012) salientam em seu trabalho que, nas últimas décadas o Brasil passou por diversas modificações para melhorar a sua situação sanitária e consequentemente a qualidade de vida da população, porém, essas parasitoses ainda são endêmicas em diversas áreas do país. De acordo com Silva et al. (2011), os principais parasitas relatados em algumas pesquisas são Giardia lamblia, Entamoeba coli, Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Enterobius vermicularis. As enteroparasitoses podem sofrer variações de acordo com as condições de saneamento básico, nível socioeconômico, grau de escolaridade, idade e hábitos de higiene, entre outras variáveis, dependendo 90
da região em estudo (BASSO et al., 2008). Os sintomas podem variar de leve a grave, dependendo do agente em questão, grau da infecção e outros fatores. Já nos quadros leves, as manifestações podem ser inespecíficas como anorexia, irritabilidade, distúrbios do sono, náuseas, vômitos ocasionais e diarreia, e quadros mais graves são mais comuns em pacientes com desnutrição e sistema imunológico comprometido (ROQUE et al., 2005). Estudos de Libânio; Chernicharo e Nascimento (2005) relatam que, a contaminação das águas naturais simboliza um dos principais fatores que colocam em risco a saúde pública, sendo que é amplamente conhecida a estreita relação que existe entre a qualidade de água e diversas enfermidades que acometem as populações, principalmente aquelas não beneficiadas pelos serviços de saneamento. Já os estudos de Ribeiro e Rooke (2010) relatam que esse serviço básico incorpora sistemas compostos por uma infraestrutura física e uma estrutura educacional, legal e institucional que engloba, dentre vários itens, o fornecimento de água com qualidade e suficiente às populações, coleta e tratamento de esgotos sanitários, acondicionamento e coleta dos resíduos sólidos e controle de vetores de doenças transmissíveis. Entretanto, Ribeiro e Rooke (2010) destacam ainda que a implantação de um sistema de abastecimento de água é importante quando se fala em aspectos sanitários e sociais. Porém, quando se fala em aspectos econômicos tem a mesma importância com os objetivos de, por exemplo, aumentar a vida produtiva de indivíduos economicamente ativos, melhorando consequentemente a economia do país; diminuir os gastos particulares e públicos que se tem com consultas e internações hospitalares; facilitar as instalações de indústrias, onde a água é utilizada como matéria-prima ou meio de operação e incentivar o turismo em locais onde existe potencial para seu desenvolvimento. Atualmente, a portaria que dispõe sobre a qualidade da água para consumo, seu padrão de potabilidade e preconiza os procedimentos de controle e vigilância é a Portaria do Ministério da Saúde n 2.914, em vigor desde dezembro de 2011. Na mesma, salienta-se que "Toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água, deve ser objeto de controle e vigilância da qualidade da água." (BRASIL, 2011). Dessa forma, Castro et al. (2004) afirma que quando se tem como foco o saneamento básico, um dos parâmetros mais usados para verificar as condições de vida da população é a realização de inquéritos coproparasitológicos, visto que níveis altos dessas parasitoses indicam a necessidade de se adotar medidas de saneamento para a população. O presente trabalho é importante, pois, através dos dados obtidos dos exames parasitológicos e do questionário, será possível verificar se as condições hídricas podem ou não estar afetando os índices de exames parasitológicos positivos nessa região e também traçar um perfil das condições socioeconômicas e sanitárias do município de Montes Claros de Goiás e de sua comunidade Aparecida do Rio Claro, que não é suprida com água tratada adequadamente. Diante de tal realidade, este estudo tem como objetivo verificar o índice de doenças parasitológicas em crianças e adolescentes que consomem água tratada, e comparar com os dados obtidos em crianças e adolescentes na mesma faixa etária que não tem acesso à água tratada nessas localidades, para analisar a possível relação entre tais enteroparasitoses e a falta de água própria para consumo e avaliar a hipótese de outros fatores também contribuírem para essa aquisição como idade, sexo, classe social, e o tipo de água utilizada para o consumo, objetivando melhorar a qualidade de vida dos moradores do município de Montes Claros de Goiás e consequentemente uma melhoria na saúde pública do local. 1. MATERIAIS E MÉTODOS Para a pesquisa, foi feito um estudo de campo, comparativo, com a realização de levantamento de dados através de exames coprológicos, utilizando método quantitativo e aplicação de um questionário estruturado, composto por questões referentes à idade, sexo, escolaridade, renda familiar mensal, tipo de água utilizada para beber, origem da água utilizada e data do último exame de fezes realizado. O estudo foi realizado no período de maio a junho de 2014, onde foram coletadas 41 amostras de fezes no total, fornecidas por crianças e adolescentes residentes no município de Montes Claros de Goiás e no povoado Aparecida do Rio Claro na faixa etária entre 2 a 12 anos de idade. Para a coleta das amostras foram distribuídos coletores universais, identificados com o número corresponde ao do questionário. Os pais ou responsáveis pelos menores foram previamente informados sobre a pesquisa e sobre o modo de coleta do material, responderam ao questionário e foi solicitada a permissão para que as crianças e adolescentes participassem através da assinatura do Termo de Esclarecimento e Consentimento Livre. Os exames parasitológicos foram realizados no Laboratório de Bioquímica das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia, localizada no município de Barra do Garças, sendo que o transporte das amostras foi feito com o auxílio de uma caixa térmica e foram analisadas utilizando o método parasitológico de Sedimentação Espontânea (HPJ) segundo metodologia descrita por Neves (2005) e método Direto corado com lugol. A cidade de Montes Claros de Goiás se encontra no interior do estado de Goiás, na região Centro-oeste do Brasil, com uma população atual de 8.210 habitantes, de acordo com o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2014). Sua formação iniciou-se em 1956, após Enemias Lino de Oliveira doar sua fazenda, na época denominada "Salobinha", que foi divida em lotes iguais e vendidos a preços acessíveis contribuindo, assim, para o rápido povoamento da localidade. No ano de 1958 o povoado foi elevado a distrito, pertencendo ao município de Diorama, porém, com o expressivo progresso da região, o distrito de Salobinha obteve sua 91
autonomia municipal em 1963, adotando o novo topônimo "Montes Claros de Goiás", devido à existência de pequenas elevações ou montes nas proximidades da zona urbana e do Rio Claro, a 15 km da sede municipal. Atualmente, fazem parte do município os seguintes distritos: Registro do Araguaia, Lucilândia, Ponte Alta e Aparecida do Rio Claro. Aparecida do Rio Claro foi incorporada ao município em 1976, localizando-se às margens da BR 060 e do Rio Claro, a 7 km da cidade. A comunidade em questão foi escolhida por não contar com um sistema para tratamento de água, visto que seus moradores utilizam água oriunda de um poço artesiano (MONTES CLAROS DE GOIÁS, 2014). Para as análises quantitativas utilizou-se o software da Microsoft Office, Excel, 7.0, onde elaborou-se gráficos e tabulas que serão apresentados a seguir. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Esse é o primeiro estudo realizado no município de Montes Claros de Goiás, que avalia as condições hídricas associadas à transmissão de parasitoses. Para a realização da pesquisa, foram conseguidas 41 amostras de fezes no total, sendo 23 amostras das crianças de Montes Claros de Goiás, onde 30,40% se encontravam parasitadas por pelo menos uma espécie de enteroparasito, e 18 amostras das crianças de Aparecida do Rio Claro, onde 27,80% eram positivas (GRÁFICO 1). Valores semelhantes também foram encontrados por Beletini (2012) na cidade de Cascavel PR, onde 26% das crianças estavam infectadas por pelo menos uma espécie de parasito. É importante observar a possibilidade de influência dos estágios do parasito nos resultados negativos, visto que amostras múltiplas aumentam a possibilidade de encontrá-los (DE CARLI, 2011). Por razões metodológicas, no presente estudo foram coletas somente uma amostra de cada criança, podendo ter influenciado os índices de amostras negativas, já que com três amostras aumentamos a chance de encontrar mais parasitos em decorrência do ciclo parasitário. Portanto, esses dados podem ser bons indicadores de existir um número maior de amostras positivas. GRÁFICO 1 Resultado percentual dos exames parasitológicos das crianças do município de Montes Claros de Goiás e do distrito Aparecida do Rio Claro. Os dados da TABELA 1 demonstram que, do total de exames parasitológicos positivos, o protozoário Entamoeba histolytica apresentou maior incidência em 71,4% das amostras de Montes Claros de Goiás e em 60% das amostras de Aparecida do Rio Claro. O protozoário G. lamblia se mostrou mais incidente nas amostras de Aparecida do Rio Claro (40%) do que nas amostras de Montes Claros de Goiás (14,3%). Essa maior prevalência para Entamoeba histolytica também foi encontrada por Martins; Pires e Dias (s.d.) em amostras de crianças da comunidade de Rincão Santa Catarina. Contudo, outros estudos realizados também no estado de Goiás, na região sudeste, por Borges, Marciano e Oliveira (2011) e em creches do município de Rio Verde, por Zaiden et. al (2008), obtiveram resultados diferentes, onde o protozoário com maior incidência foi a Giardia lamblia. Ainda de acordo com Beletini (2012), essa maior incidência de infecções por protozoários, representadas pela E. histolytica e principalmente pela G. lamblia pode ser explicada pelo fato de que as regiões sul, centro-oeste e sudeste apresentam condições ambientais propícias para o seu desenvolvimento. Em relação aos helmintos, no distrito foram encontrados apenas ovos de Ascaris lumbricóides, em 20% das amostras, visto que essa semelhança de valores mínimos também foram obtidas na pesquisa de Lodo et. al (2010), realizada no município de Bom Jesus dos Perdões (SP), representando 5,3% dos casos e nos estudos de Cañete et al. (2012), onde a prevalência geral de infecções por helmintos foi de 11,5%, com a presença de ovos de Ascaris lumbricóides em 6,7% das amostras. Em Montes Claros de Goiás não foi detectada nenhuma espécie de helminto. TABELA 1 Distribuição dos protozoários e helmintos encontrados nas amostras das crianças da cidade de Montes Claros de Goiás e do distrito Aparecida do Rio Claro. Infecção parasitária Montes Claros de Goiás (%) Aparecida do Rio Claro (%) Entamoeba histolytica 71,4% 60% Entamoeba coli 42,8% 20% Giardia lamblia 14,3% 40% Ascaris lumbricoides 0% 20% Total 30,4% 27,8% De acordo com a TABELA 2, em relação ao tipo de abastecimento de água, a maioria dos pais ou responsáveis pelas crianças, com amostras positivas, de Montes Claros de Goiás respondeu ser da Rede pública (71,4%), enquanto que todos de Aparecida do Rio Claro responderam ser de Poço artesiano ou cisterna (100%), visto que a comunidade não conta com unidade de tratamento de água. Quanto ao tipo de água utilizada para beber, 71,4% responderam que as crianças residentes no município utilizam água filtrada e 100% dos responsáveis de Aparecida do Rio Claro responderam que as crianças consomem água não filtrada. Portanto, esses dados e principalmente o fato de a população de Aparecida do Rio Claro consumir água de um poço 92
artesiano, são indicadores que justificam os índices consideráveis de amostras positivas encontrados na pesquisa, visto que, a prevalência de protozoários vem colaborar com outros trabalhos realizados, evidenciando um caráter de transmissão hídrica, já que a E. histolytica é transmitida, geralmente, através de água contaminada. Outro fator relevante para a pesquisa foi identificar se os entrevistados tinham ou não banheiro em casa, sendo que, 100% responderam sim, tanto de Montes Claros de Goiás quanto de Aparecida do Rio Claro, explicando assim a baixa porcentagem de helmintos, pois o contato com o solo contaminado é um dos principais mecanismos de aquisição desse parasito. Belo et al. (2012) também relatou em seu estudo uma relação entre a existência de instalação sanitária no domicílio e uma ocorrência menor de helmintos. TABELA 2 Características da água fornecida aos entrevistados de Montes Claros de Goiás e Aparecida do Rio Claro. Montes Claros de Goiás (%) Aparecida do Rio Claro (%) Tipo de abastecimento de água Rede pública 71,4 - Poço artesiano 28,6 100 Mina - - Outros - - Tipo de água utilizada para beber Filtrada 71,4 - Não filtrada 28,6 100 Fervida - - Outros - - Banheiro em casa Sim 100 100 Não - - Número de amostras positivas 7 5 Observa-se, de acordo com a GRÁFICO 2, que a prevalência maior de positividade nas amostras de Montes Claros de Goiás foi encontrada em crianças de 05 a 07 anos, 08 a 10 anos e 11 a 12 anos (28,6%), e nas amostras de Aparecida do Rio Claro essa prevalência foi detectada em crianças na faixa etária entre 05 a 07 anos e 08 a 10 anos (40%). Logo, nota-se que ainda existe uma prevalência significativa de doenças parasitológicas em crianças na faixa etária de dois a doze anos, sendo que pode ser justificado pelo fato de que as crianças que se encontram neste período da vida estão mais vulneráveis à aquisição das mesmas e ainda possuem hábitos de higiene que contribuem para essa aquisição. Estudos como o de Borges, Marciano e Oliveira (2011) confirmam a idéia de que à medida que a idade aumenta, diminui-se progressivamente a positividade para parasitoses, sendo que esse decréscimo pode ser explicado pela resistência imune adquirida ao decorrer da vida, após contatos sucessivos com o parasito. GRÁFICO 2 Resultado percentual dos exames parasitológicos positivos das crianças de Montes Claros de Goiás e Aparecida do Rio Claro em relação à faixa etária. Conforme o GRÁFICO 3, das amostras positivas de Montes Claros de Goiás, 57,1% pertenciam a crianças do sexo feminino e 42,8% a crianças do sexo masculino, sendo que na avaliação das amostras de Aparecida do Rio Claro, o mesmo ocorreu, com uma positividade maior encontrada também entre crianças do sexo feminino (80%). Esses dados podem ser explicados pelo fato de que, do total de amostras coletas 65% (em Montes Claros de Goiás) e 55,5% (em Aparecida do Rio Claro) foram fornecidas por crianças do sexo feminino. Estudos relatam ainda que, esse índice de parasitose com relação ao gênero pode variar de acordo com o estado em que se realiza o estudo, sendo que no Amazonas os casos de enteroparasitoses são mais frequêntes no gênero masculino e em outros estados como São Paulo, Minas Gerais, Tocantins e Goiás os parasitas acometem, na maioria, o gênero feminino, corroborando com o presente estudo (BELETINI, 2012). Logo, pode-se observar que não houve relação significativa entre o sexo da criança e a positividade da amostra. GRÁFICO 3 Resultado percentual das amostras positivas das crianças de Montes Claros de Goiás e Aparecida do Rio Claro em relação ao sexo. Como mostra o GRÁFICO 4, 71,40% das crianças de Montes Claros de Goiás e 60% das crianças de Aparecida do Rio Claro se encontravam monoparasitadas, dados esses que são similares aos encontrados por Gomes, Silva e Matos (s.d.) em Santa Juliana Minas Gerais, onde 59% das amostras positivas continham apenas uma espécie de enteroparasito. Em relação ao poliparasitismo, as associações mais encontradas foram de E. histolytica com G. lamblia. 93
da região, melhorando consequentemente a qualidade de vida da população estudada. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSO, R.M.C. et al. Evolução da prevalência de parasitoses intestinais em escolares em Caxias do Sul, RS. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.41, n.3, 263-268, mai-jun. 2008. GRÁFICO 4 Resultado percentual de monoparasitismo e poliparasitismo encontrado em amostras das crianças de Montes Claros de Goiás e do distrito Aparecida do Rio Claro. Analisando as informações obtidas através do questionário, a renda familiar mensal dos pais ou responsáveis pelas crianças com amostras positivas, que foram entrevistados, na sua maioria foi de um a três salários mínimos, tanto os residentes no município (85,7%) quanto os da comunidade (100%), como pode ser observado no GRÁFICO 5. GRÁFICO 5 Resultado percentual das amostras positivas das crianças de Montes Claros de Goiás e Aparecida do Rio Claro em relação à renda familiar mensal. Os fatores de risco a que as crianças estão expostas podem, de alguma forma, contribuir para a aquisição de parasitoses intestinais. Contudo, como já foi demonstrado, os dados revelaram que neste caso não houve relação entre água tratada e ausência de infecção, visto que o índice de infecção em crianças que consumiam água tratada, residente na cidade de Montes Claros de Goiás, também se mostrou considerável, como os valores das amostras conseguidas no distrito de Aparecida do Rio Claro. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, existe a necessidade de serem investigados outros fatores que possivelmente levaram às infecções, sendo indicativo considerar outros fatores sócio-ambientais e comportamentais relacionados com a falta de higiene, tais como, não lavar as mãos, hábito de andar descalça e a contaminação dos alimentos, não descartando a importância da prevenção com o foco na melhoria das condições sanitárias e de saneamento básico e a promoção da educação em saúde. Além disso, por ser o primeiro estudo que analisa as condições hídricas e a presença de parasitoses no município, poderá servir de base para futuras elaborações de políticas públicas no âmbito do saneamento básico e melhorias das condições hídricas BELETINI, M.G. Enterobiose e outras enteroparasitoses em crianças matriculadas em um centro de educação de Cascavel PR. 2012. Trabalho de conclusão de curso (Bacharel em Farmácia) Faculdade Assis Gurgacz, Cascavel, 2012. BELO, V.S. et al. Fatores associados à ocorrência de parasitoses intestinais em uma população de crianças e adolescentes. Rev Paul Pediatr, v.30, n.2, 195-201. 2012. BORGES, W.F.; MARCIANO, F.M.; OLIVEIRA, H.B. Parasitoses intestinais: elevada prevalência de Giardia lamblia em pacientes atendidos pelo serviço público de saúde da região sudeste de Goiás, Brasil. Revista de Patologia Tropical, v.40, n.2, 149-157, abr-jun. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde (2011). Procedimento de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. CAÑETE, R. et al. Intestinal Parasites in Children from a Day Care Centre in Matanzas City, Cuba. PLOS ONE, v.7, dez. 2012. CASTRO, A. Z. et al. Levantamento das Parasitoses Intestinais em Escolares da Rede Pública na Cidade de Cachoeiro de Itapemirim ES. NewsLab, ed.63. 2004. DE CARLI, G.A. Parasitologia Clínica: seleção de métodos e técnicas de laboratório para o diagnóstico das parasitoses humanas. 2ª ed. São Paulo: Atheneu, 2011. 906p. FERREIRA, G.R.; ANDRADE, C.F.S. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de Estiva Gerbi, SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.38, n.5, 402-405, set-out. 2005. GOMES, R.P.; SILVA, S.C.; MATOS, A. Fatores condicionantes de parasitoses intestinais em crianças de 1 a 8 anos de idade. Educação e prevalência. Disponível em: http://www.ciencianews.com.br/arquivos/acet/imag ENS/revista_virtual/artigos/artrenatogomes.pdf>. Acesso em junho de 2014. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Goiás. Montes Claros de Goiás. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang= 94
&codmun=521370&search= infogr%e1ficos:- informa%e7%f5es-completas//.> Acesso em fevereiro de 2014. LIBÂNIO, P.A.C.; CHERNICHARO, C.A.L.; NASCIMENTO, N.O. A dimensão da qualidade de água: avaliação da relação entre indicadores sociais, de disponibilidade hídrica, de saneamento e de saúde pública. Eng. sanit. ambiet., v.10, n.3, 219-228, julset. 2005. LODO, M. et al. Prevalência de enteroparasitas em município do interior paulista. Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum, v.20, n.3, 769-777. 2010. MARTINS, C.M.C.; PIRES, C.M; DIAS, L.M.A. Estudo de Prevalência de Parasitas Intestinais nas crianças dos 2 a 12 anos da Comunidade de Rincão Santa Catarina. Disponível em: <http://bdigital.unipiaget.cv:8080/jspui/handle/10964/5 17>. Acesso em junho de 2014. MONTEIRO, C.A.; SZARFARC, S.C. Estudo das condições de saúde das crianças no município de São Paulo, SP (Brasil), 1984-1985. Rev. Saúde púb., v.21, n.3, 255-260, 1987. MONTES CLAROS DE GOIÁS. Portal1 / Município/ Histórico. Disponível em: <http://www.montesclarosdegoias.gov.br/portal1/muni cipio/historia.asp?ildmun=100152144>. Acesso em março de 2014. NEVES, D.P. et al. Parasitologia Humana. 11ª ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2005. 455p. RIBEIRO, J.W.; ROOKE, J.M.S. Saneamento básico e sua relação com o meio ambiente e a saúde pública. 2010. Trabalho acadêmico (Especialização em Análise Ambiental) Faculdade de Engenharia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2010. SILVA, J.C. et al. Parasitismo por Ascaris lumbricoides e seus aspectos epidemiológicos em crianças do Estado do Maranhão. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.44, n.1, 100-102, jan-fev. 2011. ZAIDEN, M.F. et. al. Epidemiologia das parasitoses intestinais em crianças de creches de Rio Verde GO. Medicina, Ribeirão Preto, v.41, n.2, 182-187, abr-jun. 2008. 95