A IMPRENSA DO PARANÁ E A ELEIÇÃO

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Transcrição:

A IMPRENSA DO PARANÁ E A ELEIÇÃO A mídia ficou devendo nesta eleição. Os veículos de comunicação do Paraná perderam uma ótima oportunidade para consolidar posições no mercado editorial, inclusive na concorrência entre si. A parcialidade marcou a cobertura eleitoral. Gazeta do Povo e Jornal do Estado deram tratamento editorial favorável a Dias. A postura tendenciosa se deu especialmente na linha de abordagem. Tendo a liberdade de expressão como álibi, os veículos mais críticos superdimensionaram problemas que habitualmente são desafio para qualquer administração pública ou exploraram fatos que estão sob investigação da Justiça e que, ainda sem conclusão, não autorizam qualquer acusação. A parcialidade é flagrante e está refletida nos números. Roberto, desde o início da campanha em 1º de julho até o dia da eleição, teve a sua candidatura atacada em 6.028 matérias nas mídias nacional e regional, exclusivamente em temas ligados à eleição. Já contra Dias pesaram 2.820 reportagens, quantidade que não chega à metade do que foi adverso para, o que lhe garantiu uma exposição favorável expressivamente maior na comparação entre os concorrentes. O RIGOR O aperto a fica mais evidente entre os veículos de maior circulação e audiência. Sabidamente o jornal mais lido, a Gazeta do Povo, por exemplo, respondeu por 837 registros negativos. Com Dias, o impresso de Francisco Cunha Pereira foi bem mais condescendente: foram tão somente 298 matérias negativas. A Folha de Londrina, segue a mesma linha, o número de notícias negativas para é ainda maior, na comparação com o total de matérias que falaram dele. Foram 719, que representaram 52,9% do total. Para, a FL deu 288 matérias negativas, o equivalente a 38,1% do total. Na TV Paranaense, que atinge uma quantidade infinitamente maior de eleitores, o quadro não é muito diferente. Enquanto teve 20 reportagens negativas no Paraná TV 2ª edição, noticioso de maior audiência da televisão paranaense, Dias teve apenas cinco notícias adversas. Se há matérias positivas no telejornal em maior quantidade para os dois candidatos, é porque o teor destes assuntos se limitou em boa parte dos casos às agendas de ambos e às pesquisas, que invariavelmente colocavam à frente de. LUGAR DE DESTAQUE A frieza dos números ganha dimensões mais importantes quando se analisa a posição das matérias nas respectivas mídias, levando-se em conta todos jornais, sites e emissoras de TV. Enquanto teve 250 chamadas de capas 1

negativas nestes quatro meses, Dias foi atingido desfavoravelmente em 77 vezes. Como manchete principal de capa, foram oito contra o governador e nenhuma contra Dias. A visibilidade das matérias negativas no miolo dos impressos, com exposição geralmente no alto das páginas políticas, também dá ampla vantagem para o candidato oposicionista. No período foram 526 inserções adversas para e 196 para. O CONTEÚDO E é no conteúdo da notícia, com a abordagem nele empregada, que reside o maior desgaste para o governador. Entre os fatos com desdobramentos diretamente eleitorais, contrários ao governador, está o desgaste político decorrente da anulação da aliança PMDB/PSDB. Foram 473 registros negativos, que correspondem a 64% de tudo aquilo que se falou do assunto. Mais para o final da campanha em primeiro turno, o caso Razera entrou na mídia causando sério desgaste à imagem de. Foram 505 matérias, respondendo por 84,7% do tema na mídia. TRATAMENTO DESIGUAL Dias também teve fatos que lhe causaram desgaste. Mas isso se deu numa quantidade de matérias bem menor do que os casos relacionados ao adversário. Foi assim com a fazenda Lagoa da Prata, que teve 210 reportagens críticas ao pedetista, e as denúncias contra o vice Derli Donin, que resultaram em apenas 79 matérias. O GOVERNO COMO TABELA Mas o candidato Dias tirou mais proveito do noticiário quando a mídia, particularmente os veículos da RPC, voltou suas baterias contra o governo estadual, com reflexos sobre o candidato à reeleição (mesmo sem citar o governador). Temas ligados à saúde, pela suposta falta de UTIs, e à educação, pelo vandalismo e falta de estrutura de funcionamento em estabelecimentos de ensino, ganham as páginas da Gazeta, com fotos, e as imagens dos telejornais da TV Paranaense. A segurança pública, contudo, é o assunto mais visado na esfera de governo. O roubo de um toca-cds por policiais militares que patrulhavam o centro histórico de Curitiba, fato muito explorado no início de agosto pela RPC, ilustra uma postura editorial. Foram 13 matérias em TVs em aproximadamente 15 dias, incluindo aí as repercussões no Fantástico, Jornal da Globo, Hoje e Fala Brasil. Entre os jornais foram 5 matérias. A Gazeta do Povo foi o principal veículo impresso a tratar negativamente do assunto. Neste período, ainda permeia o noticiário a hipotética infiltração do PCC no Estado, embora em menor peso do que o verificado em meses anteriores. 2

O ápice de fatos relacionados ao governo, com reflexos sobre a eleição, se dá poucos dias antes da eleição em primeiro turno. No final de setembro ganha destaque negativo o relatório do Ministério da Justiça. O desgaste começou no Paraná TV 2ª edição veiculado dois dias antes da eleição e se espalhou pela mídia impressa. Ao todo, em apenas duas semanas, foram 46 matérias. Mais uma vez, são os veículos da RPC que acentuam o desgaste pela linha de abordagem empregada. Os números do levantamento, que só depois do primeiro turno se revelariam equivocados, são detalhados em minúcias com o relato de ocorrências mais comuns. As manchetes colocam Curitiba e o Estado no topo da insegurança. Tudo isso compôs um enredo noticioso que tinha Roberto como alvo. A ausência de crítica da mídia a Dias o fez subir nas pesquisas. Ele também tira proveito de inserções em que aparece atacando o adversário, num cenário em que o próprio meio que lhe dá espaço, pinta um quadro caótico na condução do Estado. Tivesse o candidato de oposição o mesmo rigor na difusão de informações sobre as atividades políticas, o resultado da eleição para o governo do Paraná em 2006 poderia apresentar outros números. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA EXPOSIÇÃO NA MÍDIA Gráfico 1 Comparativo: Exposição dos candidatos Dias e Roberto Veículo: RPC (Paraná TV 1º Edição e Paraná TV 2º Edição) 25 20 COMPARATIVO DA EXPOSIÇÃO NEGATIVA 22 REQUIÃO OSMAR 15 10 5 13 11 6 0 PRTV1 PRTV2 3

Gráfico 2 Veículo: Gazeta do Povo EXPOSIÇÃO NEGATIVA NA GAZETA DO POVO 309 840 Gráfico 3 Qualificação dos espaços editoriais Veículo: Gazeta do Povo 500 450 400 350 300 GAZETA DO POVO - DESTAQUES 470 250 200 150 100 50 0 13 44 204 42 145 CAPA COLUNAS MAT. PRINCIPAL 96 57 25 23 20 7 NOTAS 2ª MATÉRIA 3ª MATÉRIA 4

Gráfico 4 Veículos: Gazeta do Povo, Folha de Londrina, Estado do Paraná, Jornal do Estado 1200 1000 X (mat negativas) 1074 800 840 721 600 400 309 288 351 433 200 119 0 Gaz. do Povo Folha Londrina Jornal Estado Estado Paraná Gráfico 5 Veículos: 28 veículos da mídia impressa regional e nacional MÍDIA IMPRESSA REGIONAL E NACIONAL 1640 4358 5

Gráfico 6 Veículos: 38 telejornais da mídia impressa regional e nacional Midia TV 136 227 Estes dados foram extraídos do monitoramento da imprensa, no período de 01 de julho a 30 de outubro de 2006. O estudo foi encomendado a uma auditoria independente, que coletou e analisou as matérias referentes à última eleição estadual, veiculadas nos meios de comunicação (7 jornais nacionais, 26 jornais regionais, 6 revistas nacionais, 8 sites nacionais, 8 sites de notícias nacionais, 7 sites de notícias regionais, 44 telejornais nacionais e 25 telejornais nacionais). 6