ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA Expeça - se REQUERIMENTO Número / (.ª) Publique - se PERGUNTA Número / (.ª) O Secretário da Mesa Assunto: Destinatário: Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República O grupo parlamentar do PSD foi contactado por várias associações e entidades ligadas ao turismo e à pesca desportiva, insurgindo-se contra a anunciada intenção do atual governo de, no âmbito do processo de revisão do Decreto-Lei n.º 565/99, pretender incluir a carpa (Cyprinus carpio) e o achigã (Micropterus salmoides) da Lista Nacional de Espécies Exóticas e Invasoras (anexo A da proposta, relativa às espécies exóticas). De acordo com essas mesmas associações, a inclusão da carpa e do achigã na Lista Nacional de Espécies Exóticas e Invasoras, caso venha a ser aprovada, constituiria um ato meramente burocrático-administrativo por não se basear em fundamentos científico-técnicos sólidos, nessa medida contradizendo os critérios expressos na legislação portuguesa e europeia na atribuição do estatuto de espécie exótica e invasora a animais ou plantas. Afirmam essas mesmas entidades que não existem estudos científicos baseados na observação rigorosa dos impactos da carpa e achigã nos ecossistemas nacionais, que permitam extrair a conclusão de que há uma relação de causa e efeito entre a sua presença na generalidade das massas de água e o declínio de espécies autóctones, com a consequente perda da biodiversidade. Para estas entidades a denominação exótica é questionável visto que a carpa é uma espécie nativa do continente europeu, que foi introduzida no território nacional já no período das invasões romanas. Devido ao facto desta se ter disseminado ao longo de muitos séculos pela nossa rede hidrográfica, devia ser considerada uma espécie naturalizada, sobretudoporque a sua expansão não se deveu a repovoamentos (extremamente raros) mas sim ao facto de se ter ambientado bem ao tipo de ecossistemas de águas paradas que se impôs no século XX, sobretudo devido à construção de barragens. O achigã, introduzido pelo próprio Estado em 1898 nos Açores e no Continente em 1952, também se adaptou bem às albufeiras portuguesas. Atendendo às suas características e hábitos de predador territorial e seletivo, todos os que têm proximidade ao campo e às atividades de natureza, sabem que o mesmo não representa perigo real para as espécies nativas. Acresce que o seu elevado valor gastronómico tem contribuído para um controlo populacional
através da prática da pesca lúdica, já para não falar dos efeitos francamente positivos que têm na manutenção das populações de corvos marinhos, de que são uma das principais fontes de alimento no inverno. Assim sendo, sem um suporte científico robusto que se desconhece, não se podem justificar a implementação de drásticas medidas legais de controlo e erradicação para estas espécies. De referir a seguir que, na União Europeia e na lista de espécies exóticas que suscitam preocupação, não constam nem o achigã, nem a carpa, depois, na regulamentação comunitária sobre aquicultura, as precauções e cuidados a ter com espécies exóticas potencialmente perigosas não se aplicam às espécies com grande valor socioeconómico (Anexo IV), que para as Associações têm de incluir a carpa, o achigã e algumas outras. Para as mesmas associações, tentar erradicar estas espécies implicaria severas restrições à pesca desportiva e lúdica em águas interiores, com os inerentes inconvenientes nas atividades económicas com ela relacionadas. Quem acompanhe a pesca desportiva e lúdica, sabe que a captura e devolução é cada vez mais a prática dominante, tendo a atividade cada vez menos relação com o seu valor alimentar e/ou gastronómico, a eles se sobrepondo outras motivações como o contacto com a natureza, o desafio da capturar dos maiores exemplares, a fotografia e o convívio. Assim sendo, na conjuntura presente, aplicar, cegamente, a todas as massas de água sem exceção, públicas ou particulares (rios, barragens, albufeiras privadas e públicas, charcas e lagoas) um enquadramento legal que equipara a pesca sem morte do achigã ou da carpa a um crime ambiental grave, longe de constituir um incentivo ao crescimento, criaria um poderoso entrave ao desenvolvimento de indústrias turísticas sustentáveis, rentáveis e alternativas em torno da pesca desportiva/ lúdica, quase todas situadas nos denominados territórios de baixa densidade, longe dos gabinetes onde estas questões são muitas vezes decididas. Depois, o paradoxo chega ao ponto de querer que o crime ambiental grave de devolver vivo à água um exemplar vivo, fique sujeito a coimas que, para pessoas singulares oscilam entre um mínimo de 4.000 e os 40.000 e, para pessoas coletivas, oscilam entre o mínimo de 36.000 a 216.000. Para os deputados subscritores não é adequado que um pescador amador que, tendo capturado um exemplar de achigã ou carpa juvenil, com 7 ou 8 centímetros e o queira devolver à água para crescer, fique sujeito a uma coima mínima de 4.000 euros, ou que essa mesma coima seja aplicada a quem queira povoar uma charca ou uma barragem recém construída, portanto sem nenhuma espécie autóctone, com carpas, achigãs ou tencas. De referir, depois, que a importância turística e económica do achigã, chega ao ponto de existirem no país vários festivais gastronómicos de iniciativa municipal, como é o caso do de Santa Clara-a-Velha em Odemira e o de Vila de Rei, distrito de Castelo Branco. No ponto de vista das iniciativas desportivas, para além de várias provas de âmbito local, haverá que destacar a Taça de Portugal de pesca do achigã e a Bass Eurocup. Existindo por toda a europa unidades de turismo rural em que a pesca desportiva sem morte tem um papel primacial, com destaque para a pesca da carpa sem morte, tendo Portugal um elevado potencial para o desenvolvimento da atividade, uma iniciativa deste género pode colocá-lo em causa. Defendendo-se que a inclusão da carpa e do achigã na Lista Nacional de Espécies Exóticas e Invasoras, eventualmente a de outras espécies com grande valor desportivo e socioeconómico (rútilo, truta arco-íris, pimpão, etc), tem de ser revista pelos órgãos competentes e ser suportada em sólidos princípios e estudos científicos, sob pena de se colocar em causa a já magra economia e o turismo dos territórios de baixa densidade, é importante para os deputados subscritores que o governo se explique de onde decorre esta sua intenção. Atendendo ao exposto, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os deputados subscritores do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata vêm por este meio
dirigir ao Governo, através do Ministério da Agricultura, as seguintes perguntas: 1. Quais são os fundamentos técnicos e científicos que levam o governo a querer classificar a carpa, o achigã como espécies invasoras e a querer erradica-las de todas as águas interiores em Portugal? 2. E quais são os fundamentos técnicos e científicos que levam o governo a querer classificar rútilo ou gardon, truta arco-íris, pimpão como espécies invasoras e a querer erradicá-las de todas as águas interiores em Portugal? 3. O governo tem consciência que esta sua intenção irá causar graves prejuízos a uma indústria em crescimento e à atividade turística em todo o interior? 4. O governo tem consciência que esta sua intenção irá aumentar o desemprego nos territórios de baixa densidade e reforçar o círculo vicioso do empobrecimento e do despovoamento? 5. Quem fez este projeto de decreto-lei tinha consciência do nível médio de rendimentos dos portugueses? 6. Quem fez este projeto de decreto-lei levou em consideração quanto tempo é que um português médio leva a poupar 4.000,00, que é o valor mínimo das coimas? 7. Quem fez este projeto de decreto-lei teve a preocupação de comparar o valor das coimas com o de outros regimes sancionatórios, por exemplo os que visam a proteção da vida humana como é o caso das contraordenações rodoviárias? 8. Esta iniciativa foi precedida de um estudo de direito sancionatório comparado? 9. Em caso afirmativo, quem é que o elaborou? O grupo parlamentar do PSD foi contactado por várias associações e entidades ligadas ao turismo e à pesca desportiva, insurgindo-se contra a anunciada intenção do atual governo de, no âmbito do processo de revisão do Decreto-Lei n.º 565/99, pretender incluir a carpa (Cyprinus carpio) e o achigã (Micropterus salmoides) da Lista Nacional de Espécies Exóticas e Invasoras (anexo A da proposta, relativa às espécies exóticas). De acordo com essas mesmas associações, a inclusão da carpa e do achigã na Lista Nacional de Espécies Exóticas e Invasoras, caso venha a ser aprovada, constituiria um ato meramente burocrático-administrativo por não se basear em fundamentos científico-técnicos sólidos, nessa medida contradizendo os critérios expressos na legislação portuguesa e europeia na atribuição do estatuto de espécie exótica e invasora a animais ou plantas. Afirmam essas mesmas entidades que não existem estudos científicos baseados na observação rigorosa dos impactos da carpa e achigã nos ecossistemas nacionais, que permitam extrair a conclusão de que há uma relação de causa e efeito entre a sua presença na generalidade das massas de água e o declínio de espécies autóctones, com a consequente perda da biodiversidade. Para estas entidades a denominação exótica é questionável visto que a carpa é uma espécie nativa do continente europeu, que foi introduzida no território nacional já no período das invasões romanas. Devido ao facto desta se ter disseminado ao longo de muitos séculos pela nossa rede hidrográfica, devia ser considerada uma espécie naturalizada, sobretudoporque a sua expansão não se deveu a repovoamentos (extremamente raros) mas sim ao facto de se ter ambientado bem ao tipo de ecossistemas de águas paradas que se impôs no século XX, sobretudo devido à construção de barragens. O achigã, introduzido pelo próprio Estado em 1898 nos Açores e no Continente em 1952, também se adaptou bem às albufeiras portuguesas. Atendendo às suas características e hábitos de predador territorial e seletivo, todos os que têm proximidade ao campo e às atividades de natureza, sabem que o mesmo não representa perigo real para as espécies nativas. Acresce que o seu elevado valor gastronómico tem contribuído para um controlo populacional através da prática da pesca lúdica, já para não falar dos efeitos francamente positivos que têm
na manutenção das populações de corvos marinhos, de que são uma das principais fontes de alimento no inverno. Assim sendo, sem um suporte científico robusto que se desconhece, não se podem justificar a implementação de drásticas medidas legais de controlo e erradicação para estas espécies. De referir a seguir que, na União Europeia e na lista de espécies exóticas que suscitam preocupação, não constam nem o achigã, nem a carpa, depois, na regulamentação comunitária sobre aquicultura, as precauções e cuidados a ter com espécies exóticas potencialmente perigosas não se aplicam às espécies com grande valor socioeconómico (Anexo IV), que para as Associações têm de incluir a carpa, o achigã e algumas outras. Para as mesmas associações, tentar erradicar estas espécies implicaria severas restrições à pesca desportiva e lúdica em águas interiores, com os inerentes inconvenientes nas atividades económicas com ela relacionadas. Quem acompanhe a pesca desportiva e lúdica, sabe que a captura e devolução é cada vez mais a prática dominante, tendo a atividade cada vez menos relação com o seu valor alimentar e/ou gastronómico, a eles se sobrepondo outras motivações como o contacto com a natureza, o desafio da capturar dos maiores exemplares, a fotografia e o convívio. Assim sendo, na conjuntura presente, aplicar, cegamente, a todas as massas de água sem exceção, públicas ou particulares (rios, barragens, albufeiras privadas e públicas, charcas e lagoas) um enquadramento legal que equipara a pesca sem morte do achigã ou da carpa a um crime ambiental grave, longe de constituir um incentivo ao crescimento, criaria um poderoso entrave ao desenvolvimento de indústrias turísticas sustentáveis, rentáveis e alternativas em torno da pesca desportiva/ lúdica, quase todas situadas nos denominados territórios de baixa densidade, longe dos gabinetes onde estas questões são muitas vezes decididas. Depois, o paradoxo chega ao ponto de querer que o crime ambiental grave de devolver vivo à água um exemplar vivo, fique sujeito a coimas que, para pessoas singulares oscilam entre um mínimo de 4.000 e os 40.000 e, para pessoas coletivas, oscilam entre o mínimo de 36.000 a 216.000. Para os deputados subscritores não é adequado que um pescador amador que, tendo capturado um exemplar de achigã ou carpa juvenil, com 7 ou 8 centímetros e o queira devolver à água para crescer, fique sujeito a uma coima mínima de 4.000 euros, ou que essa mesma coima seja aplicada a quem queira povoar uma charca ou uma barragem recém construída, portanto sem nenhuma espécie autóctone, com carpas, achigãs ou tencas. De referir, depois, que a importância turística e económica do achigã, chega ao ponto de existirem no país vários festivais gastronómicos de iniciativa municipal, como é o caso do de Santa Clara-a-Velha em Odemira e o de Vila de Rei, distrito de Castelo Branco. No ponto de vista das iniciativas desportivas, para além de várias provas de âmbito local, haverá que destacar a Taça de Portugal de pesca do achigã e a Bass Eurocup. Existindo por toda a europa unidades de turismo rural em que a pesca desportiva sem morte tem um papel primacial, com destaque para a pesca da carpa sem morte, tendo Portugal um elevado potencial para o desenvolvimento da atividade, uma iniciativa deste género pode colocá-lo em causa. Defendendo-se que a inclusão da carpa e do achigã na Lista Nacional de Espécies Exóticas e Invasoras, eventualmente a de outras espécies com grande valor desportivo e socioeconómico (rútilo, truta arco-íris, pimpão, etc), tem de ser revista pelos órgãos competentes e ser suportada em sólidos princípios e estudos científicos, sob pena de se colocar em causa a já magra economia e o turismo dos territórios de baixa densidade, é importante para os deputados subscritores que o governo se explique de onde decorre esta sua intenção. Atendendo ao exposto, ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, os deputados subscritores do Grupo Parlamentar do Partido Social Democrata vêm por este meio dirigir ao Governo, através do Ministério da Agricultura, as seguintes perguntas:
1. Quais são os fundamentos técnicos e científicos que levam o governo a querer classificar a carpa, o achigã como espécies invasoras e a querer erradicá-las de todas as águas interiores em Portugal? 2. E quais são os fundamentos técnicos e científicos que levam o governo a querer classificar rútilo ou gardon, truta arco-íris, pimpão como espécies invasoras e a querer erradicá-las de todas as águas interiores em Portugal? 3. O governo tem consciência que esta sua intenção irá causar graves prejuízos a uma indústria em crescimento e à atividade turística em todo o interior? 4. O governo tem consciência que esta sua intenção irá aumentar o desemprego nos territórios de baixa densidade e reforçar o círculo vicioso do empobrecimento e do despovoamento? 5. Quem fez este projeto de decreto-lei tinha consciência do nível médio de rendimentos dos portugueses? 6. Quem fez este projeto de decreto-lei levou em consideração quanto tempo é que um português médio leva a poupar 4.000,00, que é o valor mínimo das coimas? 7. Quem fez este projeto de decreto-lei teve a preocupação de comparar o valor das coimas com o de outros regimes sancionatórios, por exemplo os que visam a proteção da vida humana como é o caso das contraordenações rodoviárias? 8. Esta iniciativa foi precedida de um estudo de direito sancionatório comparado? 9. Em caso afirmativo, quem é que o elaborou? Palácio de São Bento, sexta-feira, 18 de Novembro de 2016 Deputado(a)s ÁLVARO BATISTA(PSD) MANUEL FREXES(PSD) NUNO SERRA(PSD) CRISTÓVÃO CRESPO(PSD) ANTÓNIO COSTA SILVA(PSD) BERTA CABRAL(PSD) ANTÓNIO VENTURA(PSD) FÁTIMA RAMOS(PSD) JOSÉ SILVANO(PSD) SARA MADRUGA DA COSTA(PSD) Nos termos do Despacho n.º 1/XIII, de 29 de outubro de 2015, do Presidente da Assembleia da República, publicado no DAR, II S-E, n.º 1, de 30 de outubro de 2015, a competência para dar seguimento aos requerimentos e perguntas dos Deputados, ao abrigo do artigo 4.º do RAR, está delegada nos Vice- Presidentes da Assembleia da República.