Meios móveis, novos riscos? A importância da mobilidade nos usos do digital José Alberto Simões Conferência Crianças e Meios Digitais Móveis Lisboa, 8-9, Novembro, 14 Co-funded
Risco e dano Ponto de partida: definição de risco não é consensual varia com: o contexto cultural, as experiências individuais, e as perceções de cada um Riscos representam experiências potencialmente negativas ou prejudiciais Porém, nem todas as experiências potencialmente negativas se traduzem em dano Por outro lado, as experiências arriscadas (e as suas consequências possíveis) variam em gravidade e intensidade Net Children Go Mobile
Classificando riscos online (exemplos) Conteúdo Contacto Conduta Criança recetor Criança parceiro Criança ator (Conteúdos em massa) (iniciativa de adulto) (perpetrador/ vítima) Agressão Conteúdo violento, sangrento Ser intimidado, molestado, perseguido Bullying, intimidar ou molestar outros Sexual Conteúdo pornográfico Grooming, assédio e exploração sexual Sexting Valores negativos Conteúdo racista, incitamento a ódio Persuasão ideológica Conteúdos negativos gerados pelo utilizador Comercial Marketing incorporado, publicidade não solicitada Usurpação de dados pessoais Gambling, violação de direitos de autor, jogos e acessos ilegais, pirataria Net Children Go Mobile
Riscos e dano Perceção de dano: definido como ter ficado incomodado, isto é, alguma coisa que te fez sentir desconfortável, chateado ou pensar que não a deverias ter visto Reduzida perceção geral de dano (1%; média europeia 17%) Mais baixa nos mais novos Mais elevada entre as raparigas e famílias de Rapazes Raparigas 9-1 anos 11-1 anos 13-14 anos 15-16 anos ESE baixo ESE médio ESE ESE elevado alto Perceção geral de risco e dano 7 1 3 9 15 9 11 7 ESE baixo 1 Net Children Go Mobile 4 6 8 1
11-1 anos 13-14 anos 15-16 anos ESE baixo ESE médio % entre utilizadores de smartphone % entre utilizadores de tablet Raparigas % não utilizadores de tablet ou smartphone Rapazes 9-1 anos ESE alto 1 3 5 1 13 14 1 4 3 13 17 7 15 13 18 6 17 1 9 4 13 1 9 9 Perceção de dano entre utilizadores de smartphones e tablets Diferenças apenas se fazem notar no caso dos utilizadores de smartphones Rapazes: + experiências perturbadores através de smartphone ; raparigas: valores + elevados sem diferenças Idade: mais velhos, utilizadores de meios móveis, + este tipo de experiências; ausente nos caso dos mais novos ESE baixo através + smartphone; ESE alto ausente meios móveis; apenas meios não móveis 4 6 8 1
Bullying online e offline Rapazes Raparigas 9-1 anos 11-1 anos 13-14 anos 15-16 anos ESE baixo ESE médio ESE alto % Sim, e fiquei muito incomodado % Sim, e fiquei um pouco incomodado % Sim, mas não fiquei incomodado % Não, não tive este tipo de experiência 13 5 1 5 3 16 4 5 7 9 1 4 4 5 3 94 94 93 98 87 89 89 91 84 9 5 1 1% referem bullying offline e offline (média europeia: 3%) Apenas 6% afirmam ter ficado incomodados Um pouco mais elevado nas raparigas (13%) e nas crianças (9-1 anos) e adolescentes de idade intermédia (13-14 anos). ESE elevado todos referem ter ficado um pouco incomodados com a situação ESE baixo, apenas 6% ficaram incomodados
Autor Vítima Utilizadores de smartphone Utilizadores de tablet Não utilizadores Utilizadores e não utilizadores de tablets e smartphones % Foram vítimas de cyberbullying através de algum meio 8 8 3 5 Foram vítimas de bullying pessoalmente, cara a cara 1 3 8 5 Tiveram algum comportamento de cyberbullying através de algum meio Tiveram algum comportamento de bullying pessoalmente, cara a cara 6 4 3
Utilizadores de smartphones Utilizadores de tablets Não utilizadores Mensagens de cariz sexual (11 anos e +) Rapazes Raparigas 9-1 anos 11-1 anos % Sim, e fiquei muito incomodado % Sim, e fiquei um pouco incomodado % Sim, mas não fiquei incomodado % Não, não tive este tipo de experiência 1 3 1 97 99 94 5% apenas (média europeia 11%) Incómodo: apenas 3%; + Raparigas; + nos 15-16 anos + ESE baixo + utilizadores de meios móveis e redes sociais 13-14 anos 1 98 15-16 anos 14 6 89 ESE baixo 1 94 ESE médio 3 97 ESE alto Portugal 1 1 95 4 6 8 1 % Através de sms 1 1 Num site de redes sociais 7 9 1 4
Imagens de cariz sexual Rapazes Raparigas 9-1 anos 11-1 anos 13-14 anos 15-16 anos ESE baixo ESE médio ESE alto % Sim, e fiquei muito incomodado % Sim, e fiquei um pouco incomodado % Sim, mas não fiquei incomodado % Não, não vi nada deste tipo 1 5 3 14 4 5 4 6 3 6 1 3 5 7 11 1 4 14 3 16 1 31 83 88 79 73 7 75 7 74 73 56 5 1 Risco mais frequente: 7% declara ter visto imagens sexuais, online ou offline (próximo da média europeia: 8%) + comum entre os adolescentes ( + 15-16 anos) + entre ESE baixo Incómodo reduzido + nos mais velhos, raparigas e ESE baixo
Entre utilizadores de smartphones Entre utilizadores de tablet Não utilizadores 9-1 11-1 13-14 15-16 Modo como viu imagens sexuais Idade % Numa revista ou livro 9 5 7 5 Na televisão, num filme 14 1 1 8 16 Numa plataforma de partilha de vídeos 1 4 3 Numa plataforma de partilha de fotos 1 4 1 Através de pop-ups na internet 1 1 1 1 Em redes sociais 8 8 8 11 9 Através de mensagens instantâneas 1 3 1 Numa sala de chat 1, Através de e-mail 1, Em sites de jogos Importância de meios de comunicação tradicionais e das redes sociais Utilizadores de smartphones e tablets apresentam poucas diferenças % Na televisão, num filme 13 6 1 Através de popups na internet 1 1 Em redes sociais 1 8 9
Contactos com novas pessoas Rapazes Raparigas 9-1 anos 11-1 anos 13-14 anos 15-16 anos ESE baixo ESE médio ESE alto 11 1 18 18 11 1 1 11 11% referem ter contactado offline com alguém que apenas conheciam online (média europeia: 6%) Idade: aumento acentuado a partir dos 1 anos Não existem diferenças significativas por ESE e sexo Importa assinalar que não foi referido incómodo com este tipo de contacto (média europeia baixa: 3%) 5 1
Outros conteúdos inapropriados Incidência baixa de outros conteúdos problemáticos (em geral, 1%) 8%: Publicam mensagens que atacam certos grupos ou indivíduos 6%: Falam ou comentam de que forma se podem ferir fisicamente (a si próprios) 5%: Incentivam distúrbios alimentares 4%: Falam ou partilham experiências com drogas 3%: Falam e comentam de que forma se pode cometer suicídio Outros riscos Em termos gerais, outros tipos de riscos são referidos por 19% 15% O computador apanhou vírus 4% Alguém usou a sua password/ usou o seu telemóvel/ acedeu ao seu telemóvel para aceder à sua informação ou para se passar por si % Alguém usou a sua informação pessoal de uma forma de que não gostou 1% O telemóvel/ smartphone apanhou vírus 1% Perdeu dinheiro ao ser enganado na internet
Uso excessivo: internet 1 % Muitas ou algumas vezes % Poucas vezes % Nunca ou quase nunca 8 6 4 88 64 71 71 6 6 1 15 11 18 15 14 8 14 Fiquei sem comer ou dormir por causa da internet Senti-me aborrecido porque não podia estar na internet Dei por mim a navegar quando não estava realmente interessado Passei menos tempo do que devia com a família, amigos ou a fazer trabalhos para a escola por causa da internet Perceção de dano por uso excessivo em geral baixa 1/5 privação de acesso à internet 1/6 deixou de estar com alguém ou fazer alguma coisa 1/1 navega mesmo sem interesse Menos de 1 em 1: não consegue deixar de estar online 78 Tentei passar menos tempo na internet, mas não consegui
Uso excessivo: smartphone Maior dependência do smartphone - espécie de extensão do corpo Pressão para estar sempre ligado: mais de metade sente necessidade de verificar o telemóvel Metade fica aborrecido por não poder usar Quase ¼ deixa de estar com alguém ou fazer outras coisas 1 % Muitas ou algumas vezes % Poucas vezes % Nunca ou quase nunca 8 6 4 54 5 6 7 1 Fiquei aborrecido anorrecido quando não podia usar o meu smartphone porque estava sem bateria ou sem rede rede 47 Dei por mim a fazer coisas no meu smartphone sem estar realmente interessado nelas 59 59 8 18 3 18 3 Senti uma grande necessidade de verificar o meu telemóvel para ver se alguma coisa tinha acontecido Passei menos tempo do que devia com a família, amigos ou a fazer trabalhos para a escola 5 Dou por mim a usar o meu telemóvel mesmo em locais/ situações em que não é apropriado 58 Tentei passar menos tempo a usar o meu telemóvel
Uso excessivo (pelo menos uma das anteriores formas) Internet Rapazes Raparigas 16 16 Menor uso excessivo geral da internet do que smartphone Rapazes Raparigas Smartphone 56 56 9-1 anos 11-1 anos 13-14 anos 6 31 Diferenças por ESE em ambos os casos: ESE alto + uso excessivo 9-1 anos 11-1 anos 13-14 anos 5 46 67 15-16 anos ESE baixo ESE médio 19 13 19 Aumento com idade: smartphone + novos do que internet 15-16 anos ESE baixo ESE médio 64 55 45 ESE alto 7 16 Rapazes = raparigas ESE alto 7 57 4 6 8 1 4 6 8 1
Recomendações Não sendo possível eliminar completamente as experiências de risco online será, contudo, desejável minimizá-las potenciando oportunidades. A promoção da consciencialização sobre riscos online deve ser equilibrada e adaptada - crianças têm diversas experiências e perceções de risco. Promover a consciencialização sobre segurança e riscos online entre adolescentes deverá ser prioritária risco e dano aumentam com idade. Dado que bullying aumenta com a idade e utilizadores de meios móveis, é necessário promover formas mais responsáveis e seguras de utilização destes meios. Apesar de a preocupação pública com os conteúdos de natureza sexual (imagens e mensagens sexuais), não se deverá exagerar o seu impacto e assumir que todas as crianças e jovens ficam necessariamente incomadas com tais conteúdos. Deverá ser feito um esforço para consciencializar as crianças e pais para o risco de contactos offline com pessoas que apenas se conhecem na internet, sem gerar alarmismo ou impedir oportunidade de conhecer novos amigos e a possibilidade
Recomendações Crianças e jovens de diferentes idades têm experiências de utilização da internet e dos meios móveis diferenciadas, sugerindo que se deve dar importância a este factor. É importante encorajar crianças e jovens a procurarem apoio quando lidam com uma experiência perturbadora na internet, seja junto de pais, professos, amigos ou alguém em quem possam confiar. A indústria, criadores de conteúdos e fornecedores de acesso à internet podem ajudar a criar uma experiência online melhor e mais segura, garantindo que são disponibilizadas diferentes formas de apoio. O facto de os dados revelarem alguma dependência relativamente à internet e particularmente aos meios móveis, leva a pensar na necessidade de ensinar crianças e jovens a lidar com a pressão social para estar sempre ligado e acessível. Ensino e implementação de técnicas de auto-monitorização pode ser útil, devendo ser enquadrado numa estratégia mais vasta de organização das atividades quotidianas e, em particular, das que dizem respeito a atividades online e com meios móveis.
Obrigado! www.netchildrengomobile.net Net Children Go Mobile