DOMINGO V DA QUARESMA

Documentos relacionados
DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM

Oração Inicial: Leitura: Lucas 22, 7-20.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA COMPÊNDIO

DOMINGO III DA PÁSCOA

o Sacrifício de Jesus

A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A DOMINGO V DA PÁSCOA

4.1 IDENTIFICAÇÃO DA ORIGEM DOS SACRAMENTOS Autoria de Luiz Tadeu Dias de Medeiros

DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM

São resultado desses encontros as notas que a seguir partilhamos.

Papa Francisco A Santa Missa

Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo 1

Referindo-se ao Sacramento da Eucaristia, diz o Catecismo da Igreja Católica :

O ANO LITÚRGICO. Quando se inicia o Ano Litúrgico?

DOMINGO V DA QUARESMA

Entrada: Por sua Morte.. Por sua morte, a morte viu o fim. do sangue derramado a vida renasceu. Seu pé ferido nova estrada abriu

DOMINGO III DA PÁSCOA

CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA

DOMINGO VII DA PÁSCOA

DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM

1. Demonstrou a Aceitação do Sacrifício Expiatório de Jesus Cristo

Curso de Teologia de Leigos

Ano Litúrgico Ano C


Solenidade de Todos os Santos

Jesus Cristo é o Sumo Sacerdote da Nova Aliança

1. Disse Jesus: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim jamais terá sede. Jo 6,35

DOMINGO XXXIV DO TEMPO COMUM

DOMINGO I DO ADVENTO

Catedral Diocesana de Campina Grande. II Domingo da Páscoa Ano C Domingo da Divina Misericórdia. ANO DA FÉ Rito Inicial

Capela Nª Sª Das Graças

Missa no Dia de Páscoa

O MISTÉRIO DA PÁSCOA D. ANTÓNIO MARIA BESSA TAIPA

As celebrações serão presididas pelo Emmo. E Revmo. Sr. Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo.

V. Sabendo Jesus que tinha chegado sua hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado os seus que estavam neste mundo, amou-os até o fim. Aleluia.

NOSSO DESTINO: A RESSURREIÇÃO DO CORPO.

DOMINGO IV DO TEMPO COMUM

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 6, 51-58)

1Co 15:2 Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.

52. CREIO NA RESSURREIÇÃO DA CARNE

Passos de uma mistagogia

Folheto da Diocese de Divinópolis-MG HOJE É DOMINGO. Planilha de Músicas MARÇO 2016 ANO C

DOMINGO XIV DO TEMPO COMUM

Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça ( Rm 4:5 )

Crisma 2010/2011 Encontro 29 Tempo Liturgico e Quaresma 10/02/2011. Crisma 2010/2011. Encontro 29 Tempo Liturgico e Quaresma

TRÍDUO PASCAL DA PAIXÃO E MORTE, SEPULTURA E RESSURREIÇÃO DE JESUS. Quinta-Feira Santa, 21h30 Missa da Ceia do Senhor, com rito do lava-pés

MARIA, MÃE DE DEUS E NOSSA MÃE

Advento é uma palavra latina, ad-venio,

Encontros com pais e padrinhos Batismo

CANTO: O auxílio virá do Senhor, do Senhor, o nosso Deus, que fez o céu e a terra.

SOLENIDADE DO SANTÍSSIMO CORPO E SANGUE

Slide 2

O CULTO DOS SANTOS NA CELEBRAÇÃO DOS MISTÉRIOS DE CRISTO

Prefácio aos alunos...7 APRESENTAÇÃO À IGREJA...9. Lição 25 A identidade da Igreja Lição 28 As celebrações da Igreja Batismo nas Águas...

DOMINGO IV DO ADVENTO

Quando para-se para refletir sobre o significado da palavra MARIA na vida dos cristãos, por diversas formas pode-se entendê-la: seja como a Mãe do

EVANGELHO DO DIA E HOMILIA

Celebração Dominical da Palavra. Cap. 07 Ione Buyst

Explicação das leituras nas. Eucaristia. Crisma ou. Sacramento da Ordem

Chave da semana Catequese com adultos Chave de bronze

Introdução ORAÇÃO DO ROSÁRIO MISTÉRIOS GOZOSOS. Primeiro Mistério: Anunciação do Anjo a Nossa Senhora (Lc 1, 26-38)

DOMINGOS IV E VI DA PÁSCOA

Solenidade de Corpus Christi Junho de 2017

HOMILIA CATEQUEÉ TICA PARA A PAÁ SCOA DE 2016

DOMINGO I DO ADVENTO

1- Quais são, na Sagrada Escritura, as principais testemunhas da nossa Fé?

A Oração. Egmon Pereira. 23 de Agosto de Igreja Presbiteriana do Brasil. A Oração. Egmon Pereira. Texto Bíblico. Introdução.

O Papa João Paulo II Magno afirma no número 34 da Ecclesia de

Catequista: Crianças: Festa do Acolhimento

Escola da Fé 15 dez Fé, resposta ao Deus que se revela. Feliz és tu que acreditaste

A Liturgia como comunicação do Amor de Deus

DOMINGO IV DA QUARESMA

DECLARAÇÃO DE FÉ das Assembleias de Deus. Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Campinas SP

Com Maria renovamos NOSSA FÉ

Igreja Batista Cidade Universitária Ministério de Educação Cristã Catolicismo à Luz da Bíblia Professor Guilherme Wood

DOMINGO IX DO TEMPO COMUM

D - Senhor, que nos mandastes perdoar mutuamente A antes de nos aproximarmos do vosso altar. D A/C# D Gmaj7 A D Senhor, tende piedade de nós!

DECLARAÇÃO DE FÉ. CONPLEI Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas

Encontro para pais de Crianças da Primeira Comunhão

Sacramentos. Aula 23/03/2014 Prof. Lucas Rogério Caetano Ferreira

CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS ANDRÉA ALMEIDA DE GÓES ANDRÉ LUIZ DE GÓES NUNES VITOR NUNES ROSA

CHAMADOS A VIVER EM COMUNHÃO MEMBROS DE UM SÓ CORPO EM CRISTO JESUS (1COR 12,12)

Ano B. Livro de Partituras. Missas da Quaresma Missas de Páscoa Missa de Pentecostes Missa da Santíssima Trindade. Diocese de Oliveira

Paróquia de Oliveira de Azeméis. Cânticos para as Eucaristias [ ]

«Judas, é com um beijo que entregas o Filho do Homem?»(Lc.22,48).

Alegres cantemos Músicas para cantar a liturgia

VIÁTICO. Ritos iniciais

Grupo de Acólitos. São João da Madeira

Entrada: Hino da CF 2019

DOMINGO XI DO TEMPO COMUM

Quaresma / Páscoa 2019

DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR

Índice. O ue é a Missa? calendário litúrgico. estrutura da Missa. A Missa. Ritos iniciais. Liturgia da alavra. Liturgia eucarística.

AUTORIA DADE DA PROFECIA DIVINA II Pd 1 : 21/ II Sm 23 : 23

Domingo, dia do Senhor

IGREJA E CULTO. Por que me importar?

A Santa Sé VISITA PASTORAL DO SANTO PADRE A LIVORNO 19 DE MARÇO DE 1982 SANTA MISSA NA PRAÇA DA REPÚBLICA EM LIVORNO HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II

CURSO DE FORMAÇÃO DE OBREIRO ON LINE

«Jesus, lembra-te de mim quando entrares no Teu reino». Ele respondeu-lhe : «Em verdade te digo : Hoje estarás comigo no Paraíso».(Lc.23,42-43).

Transcrição:

A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A DOMINGO V DA QUARESMA CIC 992-996: a revelação progressiva da Ressurreição 992 A ressurreição dos mortos foi revelada progressivamente por Deus ao seu povo. A esperança na ressurreição corporal dos mortos impôs-se como consequência intrínseca da fé num Deus criador do homem todo, alma e corpo. O Criador do céu e da terra é também Aquele que mantém fielmente a sua aliança com Abraão e a sua descendência. É nesta dupla perspectiva que começará a exprimir-se a fé na ressurreição. Nas suas provações, os mártires Macabeus confessam: «O Rei do universo ressuscitar-nos-á para uma vida eterna, a nós que morremos pelas suas leis» (2 Mac 7, 9). «É preferível morrermos às mãos dos homens e termos a esperança em Deus de que havemos de ser ressuscitados por Ele» (2 Mac 7, 14) 1. 993 Os fariseus 2 e muitos contemporâneos do Senhor 3 esperavam a ressurreição. Jesus ensina-a firmemente. E aos saduceus, que a negavam, responde: «Não andareis vós enganados, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?» (Mc 12, 24). A fé na ressurreição assenta na fé em Deus, que «não é um Deus de mortos, mas de vivos» (Mc 12, 27). 994 Mas há mais: Jesus liga a fé na ressurreição à sua própria pessoa: «Eu sou a Ressurreição e a Vida» (Jo 11, 25). É o próprio Jesus que, no último dia, há-de ressuscitar os que n Ele tiverem acreditado 4, comido o seu Corpo e bebido o seu Sangue 5. Desde logo, Ele dá um sinal disto mesmo, e uma garantia, restituindo a vida a alguns mortos 6 e preanunciando assim a sua própria ressurreição que, no entanto, será de ordem diferente. Jesus fala deste acontecimento único como do «sinal de Jonas» 7, do sinal do templo 8 ; Ele anuncia a sua ressurreição ao terceiro dia depois da morte 9. 995 Ser testemunha de Cristo é ser «testemunha da sua ressurreição» (Act 1, 22) 10, é «ter comido e bebido com Ele depois da sua ressurreição dos mortos» (Act 10, 41). A esperança cristã na ressurreição é toda marcada pelos encontros com Cristo ressuscitado. Nós ressuscitaremos como Ele, com Ele e por Ele. 996 Desde o princípio que a fé cristã na ressurreição se deparou com incompreensões e oposições 11. «Não há ponto em que a fé cristã encontre mais contradição do 1 Cf. 2 Mac 7, 29; Dn 12, 1-13. 2 Cf. Act 23, 6. 3 Cf. Jo 11, 24. 4 Cf. Jo 5, 24-25; 6, 40. 5 Cf. Jo 6, 54. 6 Cf. Mc 5, 21-43; Lc 7, 11-17; Jo 11. 7 Cf. Mt 12, 39. 8 Cf. Jo 2, 19-22. 9 Cf. Mc 10, 34. 10 Cf. Act 4, 33. 11 Cf. Act 17, 32; 1 Cor 15, 12-13. DOMINGO V DA QUARESMA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 1

que o da ressurreição da carne» 12. É bastante comum a aceitação de que, depois da morte, a vida da pessoa humana continua de modo espiritual. Mas como acreditar que este corpo, tão manifestamente mortal, possa ressuscitar para a vida eterna? CIC 549, 640, 646: os sinais messiânicos que prefiguram a Ressurreição de Cristo 549 Ao libertar certos homens dos males terrenos da fome 13, da injustiça 14, da doença e da morte 15 Jesus realizou sinais messiânicos; no entanto, Ele não veio para abolir todos os males deste mundo 16, mas para libertar os homens da mais grave das escravidões, a do pecado 17, que os impede de realizar a sua vocação de filhos de Deus e é causa de todas as servidões humanas. 640 «Por que motivo procurais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui, ressuscitou» (Lc 24, 5-6). No quadro dos acontecimentos da Páscoa, o primeiro elemento que se nos oferece é o sepulcro vazio. Isso não é, em si, uma prova directa. A ausência do corpo de Cristo do sepulcro poderia explicar-se doutro modo 18. Apesar disso, o sepulcro vazio constitui, para todos, um sinal essencial. A descoberta do facto pelos discípulos foi o primeiro passo para o reconhecimento do facto da ressurreição. Foi, primeiro, o caso das santas mulheres 19, depois o de Pedro 20. «O discípulo que Jesus amava» (Jo 20, 2) afirma que, ao entrar no sepulcro vazio e ao descobrir «os lençóis no chão» (Jo 20, 6), «viu e acreditou» 21 ; o que supõe que ele terá verificado, pelo estado em que ficou o sepulcro vazio 22, que a ausência do corpo de Jesus não podia ter sido obra humana e que Jesus não tinha simplesmente regressado a uma vida terrena, como fora o caso de Lázaro 23. 646 A ressurreição de Cristo não foi um regresso à vida terrena, como no caso das ressurreições que Ele tinha realizado antes da Páscoa: a filha de Jairo, o jovem de Naim e Lázaro. Esses factos eram acontecimentos milagrosos, mas as pessoas miraculadas reencontravam, pelo poder de Jesus, uma vida terrena «normal»; em dado momento, voltariam a morrer. A ressurreição de Cristo é essencialmente diferente. No seu corpo ressuscitado, Ele passa do estado de morte a uma outra vida, para além do tempo e do espaço. O corpo de Cristo é, na ressurreição, cheio do poder do Espírito Santo; participa da vida divina no estado da sua glória, de tal modo que São Paulo pode dizer de Cristo que Ele é o «homem celeste» 24. 12 Santo Agostinho, Enarratio in Psalmum 88, 2, 5: CCL 39, 1237 (PL 37, 1134). 13 Cf. Jo 6, 5-15. 14 Cf. Lc 19, 8. 15 Cf. Mt 11, 5. 16 Cf. Lc 12, 13-14; Jo 18, 36. 17 Cf. Jo 8, 34-36. 18 Cf. Jo 20, 13; Mt 28, 11-15. 19 Cf. Lc 24, 3.22-23. 20 Cf. Lc 24, 12. 21 Cf. Jo 20, 8. 22 Cf. Jo 20, 5-7. 23 Cf. Jo 11, 44. 24 Cf. 1 Cor 15, 35-50. DOMINGO V DA QUARESMA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 2

CIC 2603-2604: a oração de Jesus antes da ressurreição de Lázaro 2603 Os evangelistas retiveram duas orações mais explícitas de Cristo durante o seu ministério. E ambas começam por uma acção de graças. Na primeira 25, Jesus louva o Pai, reconhece-o e bendi -Lo por ter escondido os mistérios do Reino aos que se julgavam sábios e os ter revelado aos «pequeninos» (os pobres das bem-aventuranças). O seu estremecimento «Sim Pai!» revela o íntimo do seu coração, a sua adesão ao «beneplácito» do Pai, como um eco do «Fiat» da sua Mãe aquando da sua concepção e como prelúdio do que Ele próprio dirá ao Pai na sua agonia. Toda a oração de Jesus está nesta adesão amorosa do seu coração de homem ao «mistério da vontade» do Pai 26. 2604 A segunda oração é referida por São João 27, antes da ressurreição de Lázaro. A acção de graças precede o acontecimento: «Pai, Eu Te dou graças por Me teres escutado», o que implica que o Pai atende sempre o que Lhe pede; e Jesus acrescenta logo: «Eu bem sabia que Tu Me atendes sempre», o que implica, por seu turno, que Jesus pede constantemente. Assim, apoiada na acção de graças, a oração de Jesus revela-nos como devemos pedir: Antes de Lhe ser dado o que pede, Jesus adere Àquele que dá e Se dá nos seus dons. O Doador é mais precioso do que dom concedido, é o «tesouro», e é n Ele que está o coração do Filho; o dom é dado «por acréscimo» 28. A oração «sacerdotal» de Jesus 29 ocupa um lugar único na economia da salvação. Será meditada no final da Primeira Secção. Ela revela, de facto, a oração sempre actual do nosso Sumo-Sacerdote e, ao mesmo tempo, contém tudo quanto Ele nos ensina na nossa oração ao Pai, que será explicada na Segunda Secção. CIC 1002-1004: a nossa actual experiência de ressurreição 1002 Se é verdade que Cristo nos há-de ressuscitar «no último dia», também é verdade que, de certo modo, nós já ressuscitámos com Cristo. De facto, graças ao Espírito Santo, a vida cristã é desde já, na terra, uma participação na morte e ressurreição de Cristo: «Pelo Baptismo fostes sepultados com Cristo e também ressuscitastes com Ele, devido à fé que tivestes na força de Deus, que O ressuscitou dos mortos [...]. Uma vez que ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do Alto, onde Cristo Se encontra sentado à direita de Deus» (Cl 2, 12; 3, 1). 1003 Unidos a Cristo pelo Baptismo, os crentes participam já realmente na vida celeste de Cristo ressuscitado 30. Mas esta vida continua «escondida com Cristo em Deus» (Cl 3, 3). «Com Ele nos ressuscitou e nos fez sentar nos céus, em Cristo Jesus» (Ef 2, 6). Alimentados pelo seu Corpo na Eucaristia, nós pertencemos já 25 Cf. Mt 11, 25-27 e Lc 10, 21-22. 26 Cf. Ef 1, 9. 27 Cf. Jo 11, 41-42. 28 Cf. Mt 6, 21.33. 29 Cf. Jo 17. 30 Cf. Fl 3, 20. DOMINGO V DA QUARESMA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 3

ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos no último dia, havemos também de nos «manifestar com Ele na glória» (Cl 3, 4). 1004 À espera desse dia, o corpo e a alma do crente participam já na dignidade de ser «em Cristo». Daí a exigência do respeito para com o próprio corpo e também para com o corpo de outrem, particularmente quando sofre: «O corpo [...] é para o Senhor. E o Senhor é para o corpo. E Deus, que ressuscitou o Senhor, também nos há-de ressuscitar a nós pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? [...] Não sabeis que não pertenceis a vós próprios? [...]. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo» (1 Cor 6, 13-15. 19-20). CIC 1402-1405, 1524: a Eucaristia e a Ressurreição 1402 Numa antiga oração, a Igreja aclama assim o mistério da Eucaristia: «O sacrum convivium in quo Christus sumitur: recolitur memoria passionis eius, mens impletur gratia et futurae gloriae nobis pignus datur Ó sagrado banquete, em que se recebe Cristo e se comemora a sua paixão, em que a alma se enche de graça e nos é dado o penhor da futura glória» 31. Se a Eucaristia é o memorial da Páscoa do Senhor, se pela nossa comunhão no altar somos cumulados da «plenitude das bênçãos e graças do céu» 32, a Eucaristia é também a antecipação da glória celeste. 1403 Na última ceia, o próprio Senhor chamou a atenção dos seus discípulos para a consumação da Páscoa no Reino de Deus: «Eu vos digo que não voltarei a beber deste fruto da videira, até ao dia em que beberei convosco o vinho novo no Reino do meu Pai» (Mt 26, 29) 33. Sempre que a Igreja celebra a Eucaristia, lembra-se desta promessa, e o seu olhar volta-se para «Aquele que vem» (Ap 1, 4). Na sua oração, ela clama pela sua vinda: «Marana tha» (1 Cor 16, 22), «Vem, Senhor Jesus!» (Ap 22, 20), «que a Tua graça venha e que este mundo passe!» 34. 1404 A Igreja sabe que, desde já, o Senhor vem na sua Eucaristia e que está ali, no meio de nós. Mas esta presença é velada. E é por isso que nós celebramos a Eucaristia «expectantes beatam spem et adventum Salvatoris nostri Jesu Christi enquanto aguardamos a feliz esperança e a vinda de Jesus Cristo nosso Salvador» 35, pedindo a graça de ser acolhidos «com bondade no vosso Reino, onde também nós esperamos ser recebidos, para vivermos... eternamente na vossa glória, quando enxugardes todas as lágrimas dos nossos olhos; e, vendo- Vos tal como sois, Senhor nosso Deus, seremos para sempre semelhantes a Vós e cantaremos sem fim os vossos louvores, por Jesus Cristo nosso Senhor» 36. 31 Na solenidade do santíssimo corpo e sangue de Cristo, Antífona do «Magnificat» das Vésperas II: Liturgia Horarum, editio typica, v. 3 (Typis Polyglottis Vaticanis 1973) p. 502 [Liturgia das Horas, v. 3 (Gráfica de Coimbra 1983) p. 621]. 32 Oração Eucarística I ou Cânone Romano, 96: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p.453 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 521]. 33 Cf. Lc 22, 18; Mc 14, 25. 34 Didaké 10, 6: SC 248, 180 (Funk, Patres apostolici 1, 24). 35 Rito da Comunhão, 126 [Embolismo depois do Pai Nosso]: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p.472 [a tradução oficial portuguesa difere um pouco: «enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo nosso Salvador»: Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 545]; cf. Tt 2, 13. 36 Oração Eucarística III, 116: Missale Romanum, editio typica (Typis Polyglottis Vaticanis 1970), p. 465 [Missal Romano, Gráfica de Coimbra 1992, 543]. DOMINGO V DA QUARESMA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 4

1405 Desta grande esperança dos novos céus e da nova terra, onde habitará a justiça 37 não temos garantia mais segura nem sinal mais manifesto do que a Eucaristia. Com efeito, cada vez que se celebra este mistério, «realiza-se a obra da nossa redenção» 38 e nós «partimos o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas viver em Jesus Cristo para sempre» 39. 1524 Àqueles que vão deixar esta vida, a Igreja oferece-lhes, além da Unção dos Enfermos, a Eucaristia como viático. Recebida neste momento de passagem para o Pai, a comunhão do corpo e sangue de Cristo tem um significado e uma importância particulares. É semente de vida eterna e força de ressurreição, segundo as palavras do Senhor: «Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia» (Jo 6, 54). Sacramento de Cristo morto e ressuscitado, a Eucaristia é aqui sacramento da passagem da morte para a vida, deste mundo para o Pai 40. CIC 989-990: a ressurreição da carne 989 Nós cremos e esperamos firmemente que, tal como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia 41. Tal como a d Ele, também a nossa ressurreição será obra da Santíssima Trindade: «Se o Espírito d Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós» (Rm 8, 11) 42. 990 A palavra «carne» designa o homem na sua condição de fraqueza e mortalidade 43. «Ressurreição da carne» significa que, depois da morte, não haverá somente a vida da alma imortal, mas também os nossos «corpos mortais» (Rm 8, 11) retomarão a vida. 37 Cf. 2 Pe 3, 13. 38 II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 3: AAS 57 (1965) 6. 39 Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2: SC 10bis, 76 (Funk 1, 230). 40 Cf. Jo 13, 1. 41 Cf. Jo 6, 39-40. 42 Cf. 1 Ts 4, 14; 1 Cor 6, 14; 2 Cor 4, 14; Fl 3, 10-11. 43 Cf. Gn 6, 3; Sl 56, 5; Is 40, 6. DOMINGO V DA QUARESMA: A HOMILIA E O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA ANO A 5