Orar a Palavra. Ano C III DOM Tempo Páscoa Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo

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Transcrição:

Ano C III DOM Tempo Páscoa Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo O último capítulo do Evangelho segundo João relata a última manifestação de Jesus ressuscitado aos seus apóstolos unindo três elementos: uma pesca milagrosa, uma refeição e a investidura de Pedro como pastor das ovelhas de Cristo. Este texto é importante, porque nos faz voltar para o tempo da Igreja primitiva. O autor descreve a relação que esta comunidade em missão tem com Jesus, reflecte sobre o lugar de Jesus na actividade missionária da Igreja e assinala quais as condições para que a missão dê frutos. O texto está claramente dividido em duas partes. A primeira parte (vers. 1-14) é uma parábola sobre a missão da comunidade. Utiliza a linguagem simbólica e tem carácter de signo. Na segunda parte do texto (vers. 15-19), Pedro confessa por três vezes o seu amor a Jesus (durante a paixão, o mesmo discípulo negou Jesus por três vezes, recusando dessa forma embarcar com o mestre na aventura do amor que se faz dom). Orar a Evangelho segundo S. João (Jo Jo 21,1-19) Naquele tempo, Jesus manifestou-se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper da manhã, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?» Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. O discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes. Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. Disselhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Ele respondeu- Lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu-lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Pedro entristeceu-se por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me». SEGUNDA-FEIRA Naquele tempo, Jesus manifestou-se outra vez aos seus discípulos, junto do mar de Tiberíades. Manifestou-Se deste modo: Estavam juntos Simão Pedro e Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que 1

era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e mais dois discípulos de Jesus. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar». Eles responderam-lhe: «Nós vamos contigo». Saíram de casa e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. O Evangelista anuncia a manifestação de Jesus aos seus discipulos; a indicação do mar de Tiberíades recorda o episódio da multiplicação dos pães (Jo 6) que aconteceu nesse mesmo lugar. Apresenta (sete) discípulos, que estão juntos e fomam uma comunidade, representando a totalidade ( sete ) da Igreja empenhada na missão. A comunidade é apresentada a pescar: sob a imagem da pesca, os evangelhos sinópticos representam a missão que Jesus confia aos discípulos (cf. Mc 1,17; Mt 4,19; Lc 5,10): libertar todos os homens que vivem mergulhados no mar do sofrimento e da escravidão. Pedro preside à missão: é ele que toma a iniciativa; os outros seguem-no incondicionalmente. A pesca é (como sempre) realizada durante a noite. Mas para S. João a noite, é o tempo das trevas, da escuridão: significa a ausência de Jesus (cf. Jo 9,4-5). A actividades dos discípulos (de noite, sem Jesus) é destinada a um fracasso rotundo. Até que ponto estamos convencidos que até nos podemos esforçar imenso para mudar o mundo; mas se Cristo não estiver presente, os nossos esforços não farão qualquer sentido e não terão qualquer êxito duradouro? Oração: O Evangelho faz referência ao lugar proeminente que Pedro ocupava na animação da Igreja primitiva. Hoje rezemos pelo actual sucessor de Pedro, que celebrando nestes dias o seu 80.º aniversário natalício de Bento XVI, confessou quanto é importante para ele a nossa oração: "Com o peso acrescentado pela responsabilidade, o Senhor também trouxe uma nova ajuda à minha vida. Repetidamente, vejo com alegria reconhecida como é grande o número daqueles que me sustêm com a sua oração. Dos que com a sua fé e com o seu amor me ajudam a realizar o meu ministério, dos que são indulgentes com a minha fraqueza, reconhecendo também na sombra de Pedro a luz benéfica de Jesus Cristo. Por isso, gostaria nesta hora de agradecer de todo o coração ao Senhor e a todos vós" Ao longo deste dia deixa ressoar no silêncio do teu coração as palavras de Jesus: sem Mim, nada podeis fazer (Jo 15,5). TERÇA-FEIRA Ao romper da manhã, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Disse-lhes Jesus: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?» Eles responderam: «Não». Disse-lhes Jesus: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Eles lançaram a rede e já mal a podiam arrastar por causa da abundância de peixes. A chegada da manhã (da luz) coincide com a presença de Jesus (Ele é a luz do mundo). Concentrados no seu esforço inútil, os discípulos não reconhecem Jesus quando Ele se apresenta. O grupo está desorientado e decepcionado pelo fracasso, posto em evidência pela pergunta de Jesus ( tendes alguma coisa de comer? ). Orar a Jesus, que para eles ainda não passava de um desconhecido, dá-lhes indicações e as redes enchem-se de peixes. Acentua-se aqui que o êxito da missão (dos cristãos) não se deve ao esforço humano, mas sim à presença viva e à do Senhor ressuscitado. Em que modo faço experiência desta abundância de peixes na minha vida como cristão? Sou capaz de fazer minha a docilidade com que os discípulos seguem as indicações de Jesus? Os frutos dependerão da docilidade com que seguirmos as suas palavras. 2

Oração: Este episódio que narra uma aparição do Ressuscitado aos discipulos é, na realidade, uma narração da ressurreição dos discipulos, na qual se dá a passagem da noite ao dia, da ignorância de Jesus (os discípulos não sabiam que era Ele) ao conhecimento de Jesus (bem sabiam que era o Senhor)... Esta é a experiência que o Espirito Santo suscita nos nossos corações quando entramos na oração, quando deixamos que Jesus se apresente na margem da nossa vida e nos diz tendes alguma coisa de comer? Nos momentos de dificuldade que possam surgir nos dias de hoje, tem presente o conselho de Jesus: Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis... QUARTA-FEIRA O discípulo predilecto de Jesus disse a Pedro: «É o Senhor». Simão Pedro, quando ouviu dizer que era o Senhor, vestiu a túnica que tinha tirado e lançou-se ao mar. Os outros discípulos, que estavam apenas a uns duzentos côvados da margem, vieram no barco, puxando a rede com os peixes A abundância da pesca leva o discipulo amado a reconhecer a presença do Senhor e a comunicá-lo a Pedro cujos olhos (do coração) se mostram ainda incapazes de reconhecer o Ressuscitado. A nudez de Pedro indica a falta da veste própria do discipulo. O discípulo amado é aquele que está sempre próximo de Jesus, em sintonia com Jesus e que faz, de forma intensa, a experiência do amor de Jesus: só quem faz essa experiência é capaz de ler os sinais que identificam Jesus e perceber a sua presença por detrás da vida que brota da acção da comunidade em missão. O discipulo amado realiza uma confisão de fé («É o Senhor»), enquanto Pedro, que tem a função de confirmar na fé os seus irmãos (Lc 22,32), será chamado a tripla confisssão de amor (vv. 15-17). No discípulo amado manifesta-se a força do amor; Pedro, por sua vez, é chamado a reconhecer o próprio pecado (a tripla negação) com a tripla confissão de amor em relação a Jesus. Com quem te sentes mais identificado: Pedro ou João? Entre os cristãos, teus amigos e conhecidos, quem se assemelha a Pedro e João? Como podes ocolher o seu testemunho? Oração (Prólogo da Primeira Carta de S. João 1, 1-4) O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram relativamente ao Verbo da Vida, de facto, a Vida manifestou-se; nós vimo-la, dela damos testemunho e anunciamo-vos a Vida eterna que estava junto do Pai e que se manifestou a nós o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão connosco. E nós estamos em comunhão com o Pai com seu Filho, Jesus Cristo Orar a A figura do discípulo amado, que reconhece o Senhor nos sinais de vitalidade que brotam da missão comunitária, convida-nos a ser sensíveis aos sinais de esperança e de vida nova que acontecem à nossa volta e a ler neles a presença salvadora e vivificadora do Ressuscitado. Ele está presente, vivo e ressuscitado, em qualquer lado onde houver amor, partilha, doação que geram vida nova. QUINTA-FEIRA 3

Quando saltaram em terra, viram brasas acesas com peixe em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora». Simão Pedro subiu ao barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: «Vinde comer». Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deulho, fazendo o mesmo com os peixes. Esta foi a terceira vez que Jesus Se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Os pães com que Jesus acolhe os discípulos em terra são um sinal do amor, da solicitude de Jesus pela sua comunidade em missão no mundo: deve haver aqui uma alusão à Eucaristia. Jesus oferece também peixe. Sabemos que este se tornou bem cedo o símbolo de Cristo. Em grego, as primeiras letras da expressão Jesus, Filho de Deus, Salvador formam a palavra peixe ( ichtus ). Desde então, oferecendo-lhes peixe, Jesus ressuscitado diz aos discípulos que é verdadeiramente com Ele, o Filho de Deus, o único Salvador de todos os homens, que estarão doravante em comunhão, cada vez que partirem o pão eucarístico. O número dos peixes apanhados na rede (153) segundo S. Jerónimo corresponde às 153 espécies de peixes que os naturalistas antigos distinguiam: assim, o número faria alusão à totalidade da humanidade, reunida na Igreja. A refeição é descrita com palavras simples. Três verbos descrevem a acção de Jesus: Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes. Jesus está no centro da cena, os seus gestos falam por si e os discipulos sabem que é o Senhor. No gesto de Jesus não está só o desejo de oferecer alimento material, mas de oferecer e comunicar a sua própria vida, no seguimento da doação na cruz. Como vivo eu a Eucaristia? Jesus pede aos discipulos que tragam também do peixe deles... quais são os peixes que eu apresento ao Senhor quando participo na celebração da Eucaristia? Ou sou apenas um consumidor, mais ou menos frequente? Oração: Oremos ao Senhor para que nos ajude a compreender cada vez mais profundamente o mistério maravilhoso da Eucaristia, a fim de o amarmos sempre mais e, nele, para que O amemos cada vez mais. Peçamos-lhe que nos atraia com a Sagrada Comunhão cada vez mais para junto de si. Rezemos para que Ele nos ajude a não conservar a vida para nós mesmos, mas a oferecê-la a Ele e, desta forma, a trabalhar juntamente com Ele, a fim de que os homens encontrem a vida a vida verdadeira, que só pode vir daquele que Ele mesmo é, o Caminho, a Verdade e a Vida! (Papa Bento XVI Homilia Santa Missa In caena Domini 05/04/07) Partilha (os teus peixes ) com quem sabes necessitado de ajuda. SEXTA-FEIRA Orar a Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Ele respondeu-lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta os meus cordeiros». Voltou a perguntar-lhe segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu-lhe: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas». Perguntou-lhe pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Pedro entristeceuse por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez se O amava e respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo». O evangelista João narra-nos o diálogo que se realiza entre Jesus e Pedro. Nele revela-se um jogo de verbos muito significativo. Em grego o verbo "filéo" expressa o amor de amizade, terno mas não totalizante enquanto o verbo "agapáo" significa o amor sem reservas, total e incondicionado. Jesus pergunta a Pedro pela primeira vez: "Simão... tu amas-me (agapâs-me)" com este amor total e incondicionado ( cf. Jo 21, 15)? Antes da experiência da traição o Apóstolo teria certamente respondido: "Amo-Te (agapô-se) incondicionalmente". Agora, que 4

conheceu a amarga tristeza da infidelidade, o drama da própria debilidade, diz apenas: "Senhor... tu sabes que sou deveras teu amigo (filô-se), isto é, "amo-te com o meu pobre amor humano". Cristo insiste: "Simão, tu amas-me com este amor total que Eu quero?". E Pedro repete a resposta do seu humilde amor humano: "Kyrie, filô-se", "Senhor, tu sabes que eu sou deveras teu amigo". Pela terceira vez Jesus pergunta a Simão: "Fileîs-me?", "tu amas-me?". Simão compreende que para Jesus é suficiente o seu pobre amor, o ùnico de que é capaz, e contudo sente-se entristecido porque o Senhor teve que lhe falar daquele modo. Por isso, responde: "Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo! (filô-se)". (Papa Bento XVI - na Audiência Geral de 24/05/06) Seria para dizer que Jesus se adaptou a Pedro, e não Pedro a Jesus! A partir daquele dia Pedro "seguiu" o Mestre com a clara consciência da própria fragilidade; mas esta consciência não o desencorajou. De facto, ele sabia que podia contar com a presença do Ressuscitado. Dos ingénuos entusiasmos da adesão inicial, passando pela experiência dolorosa da negação e pelo choro da conversão, Pedro alcançou a confiança naquele Jesus que se adaptou à sua pobre capacidade de amor. E mostra assim também a nós o caminho, apesar da nossa debilidade. Sabemos que Jesus se adapta a esta nossa debilidade. (Papa Bento XVI- na Audiência Geral de 24/05/06) Oração (cf. Salmo 139) Senhor, Tu examinaste-me e conheces-me, sabes quando me sento e quando me levanto; à distância conheces os meus pensamentos. Vês-me quando caminho e quando descanso; estás atento a todos os meus passos. Ainda a palavra me não chegou à boca, já Tu, Senhor, a conheces perfeitamente. Tu me envolves por todo o lado e sobre mim colocas a tua mão (...) Tu modelaste as entranhas do meu ser e formaste-me no seio de minha mãe. Dou-te graças por tão espantosas maravilhas; admiráveis são as tuas obras (...) Examina-me, Senhor, e vê o meu coração; põe-me à prova para saber os meus pensamentos. Vê se é errado o meu caminho e guia-me pelo caminho eterno. A tripla confissão de amor pedida a Pedro por Jesus revela que não existe verdadeira adesão a Jesus, se não se estiver disposto a seguir esse caminho de amor e de entrega da vida que Jesus percorreu. Procura entrar nesta mesma lógica a começar pelas coisas que caracterizam o teu quotidiano: relações, trabalho, estudo. SÁBADO Disse-lhe Jesus: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Jesus disse isto para indicar o género de morte com que Pedro havia de dar glória a Deus. Dito isto, acrescentou: «Segue-Me». Orar a Jesus confirma a missão confida a Pedro e especifica o siginificado: também Pedro será chamado a dar a vida na cruz, como verdadeiro pastor do seu povo. No fim deste diálogo, mais uma vez como depois do primeiro encontro junto do mar de Tiberíades, Jesus convida-o novamente a meter-se no seu seguimento. Pedro é escolhido, ele que negou três vezes o seu Mestre, para mostrar que, através de todas as fraquezas humanas dos pastores (e dos restantes fiéis) que se sucederão (por eles guiados) ao longo da história da Igreja, é Jesus que os guiará, o garante na fidelidade no nome do Pai. 5

Como integro na minha vida o horizonte da cruz? Estou disposto a meter-me definitivamente no seguimento de Jesus? Oração Jesus ressuscitado, nós Te damos graças pelo perdão concedido a Pedro, pela continuação da pesca que confias à tua Igreja e pela refeição que nos preparas na outra margem, junto de Ti. Quando Te declaramos «vamos contigo», mantém-nos firmes na nossa fé e fiéis a seguir-te, nos caminhos onde Tu nos precedeste. Aproveita a serenidade deste sábado ou do Domingo para rever o teu caminho de seguimento de Jesus. Retoma entre mãos o teu Projecto de Vida, procurando anotar as tuas reflexões. Silvio Faria, sdb Se quiseres entrar em contacto connosco e partilhar as tuas reflexões e sugestões podes fazê-lo para o seguinte email: orarapalavra@gmail.com. Quem quiser receber estes materiais no e-mail basta entrar em contacto connosco através do email. Orar a 6