Aula de Bioquímica II SQM Fosforilação Oxidativa

Documentos relacionados
Aula de Bioquímica II. Fosforilação Oxidativa

Fosforilação oxidativa

Glicose / carboidratos Ácidos graxos Aminoácidos. Acetil-CoA. Ciclo de Krebs (NADH e FADH 2 )

Quantas moléculas de acetil-coa uma molécula de glicose e uma molécula de ácido graxo com 16 carbonos podem produzir após sua oxidação?

OXIDAÇÕES BIOLÓGICAS: Cadeia respiratória e fosforilação oxidativa

Organelas Transdutoras de Energia: Mitocôndria - Respiração

FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA

Profª Eleonora Slide de aula. Cadeia de Transporte de Elétrons e Fosforilação Oxidativa

Conversão de energia Mitocôndria - Respiração

A mitocôndria oxida combustíveis para gerar energia, em analogia ao processo pelo qual as usinas de força utilizam os combustíveis para gerar energia

21/11/2016. Destinos do Piruvato na Célula. Respiração Celular X Combustão. Respiração Celular

Anderson Guarise Cristina Haas Fernando Oliveira Leonardo M de Castro Sergio Vargas Júnior

Universidade Federal do Pampa Campus Itaqui Bioquímica GLICÓLISE AERÓBICA. Ciclo de Krebs e Fosforilação Oxidativa. Profa.

Aula de Bioquímica II SQM Ciclo do Ácido Cítrico

CADEIA DE TRANSPORTE DE ELÉTRONS E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA COMO AS CÉLULAS SINTETIZAM ATP

A energética celular:

Aula de Bioquímica II. Ciclo do Ácido Cítrico

CADEIA DE TRANSPORTE DE ELÉTRONS E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA COMO AS CÉLULAS SINTETIZAM ATP

1. Produção de Acetil-CoA. 2. Oxidação de Acetil-CoA. 3. Transferência de elétrons e fosforilação oxidativa

Cadeia Transportadora de Elétrons. Profa. Alana Cecília

Aula de Bioquímica Avançada. Fosforilação Oxidativa

CADEIA DE TRANSPORTE DE ELÉTRONS E FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA COMO AS CÉLULAS SINTETIZAM ATP

Cadeia de transporte de elétrons e fosforilação oxidativa

Metabolismo de Lipídeos

A energética celular:

A partir de agora, o processo de respiração celular ocorre dentro da organela citoplasmática chamada mitocôndria.

Fosforilação Oxidativa. Como conseguimos acoplar a oxidação de NADH e FADH 2 à produção de ATP. Prof. Henning Ulrich

Aula de Bioquímica I. Mecanismos de Catálise Enzimática

26/05/2017. Destinos do Piruvato na Célula. Respiração Celular X Combustão. Respiração Celular

Variam em: localização, abundancia, forma... Axonema flagelar

Pontifícia Universidade Católica de Goiás Departamento de Biologia Bioquímica Metabólica ENZIMAS

MITOCÔNDRIAS MITOCÔNDRIAS. Respiração celular. Produção de moeda energética ATP. Fosforilação oxidativa

FISIOLOGIA VEGETAL 24/10/2012. Respiração. Respiração. Respiração. Substratos para a respiração. Mas o que é respiração?

Organelas Responsáveis pela Geração de Energia: Mitocôndria e Cloroplastos

BIOLOGIA. Moléculas, células e tecidos. Respiração celular e fermentação Parte 1. Professor: Alex Santos

Organelas e suas funções. A energética celular:

Profa Alessandra Barone.

MAPA II POLISSACARÍDIOS PROTEÍNAS LIPÍDIOS GLICOSE AMINOÁCIDOS ÁCIDOS GRAXOS. Leu Ile Lys Phe. Gly Ala Ser Cys. Fosfoenolpiruvato (3) Piruvato (3)

), a concentração interna na célula é relativamente elevada (da ordem de 10-3 mol/l).

Metabolismo de Lipídeos

Aula de Bioquímica I. Tema: Enzimas. Prof. Dr. Júlio César Borges

Profª Eleonora Slide de aula. Revisão: Termodinâmica e Bioenergética

Os organismos necessitam de um constante fornecimento de energia livre

BIOLOGIA - 1 o ANO MÓDULO 18 RESPIRAÇÃO CELULAR AERÓBIA

Acetil CoA e Ciclo de Krebs. Prof. Henning Ulrich

Aula de Bioquímica I. Tema: Água. Prof. Dr. Júlio César Borges

A energética celular: o papel das mitocôndrias e cloroplastos

Oxidações Biológicas e Introdução ao Metabolismo

Aula de Bioquímica Avançada. Tema: Enzimas. Prof. Dr. Júlio César Borges

Concentração aproximada de alguns elementos (na forma de íons metálicos) no exterior e interior das células -

A mitocôndria oxida combustíveis para gerar energia, em analogia ao processo pelo qual as usinas de força utilizam os combustíveis para gerar energia

aaa Bento Gonçalves/RS 1

Obtenção de Energia. Obtenção de Energia. Obtenção de Energia. Oxidação de Carboidratos. Obtenção de energia por oxidação 19/08/2014

Guilherme Menegon Arantes. Instituto de Química Universidade de São Paulo

Membrana interna. Cristas. Matriz Membrana externa. P i P i P i. 7,3 kcal/mol 7,3 kcal/mol 3,4 kcal/mol

Universidade de São Paulo Instituto de Física Energia em Sistemas Biológicos Edi Carlos Sousa

Cadeia Respiratória (Fosforilação Oxidativa)

Função das Membranas Celulares. 5_Transporte Activo Transmembranar

objetivo Ciclo da uréia Pré-requisito Ao final desta aula, você deverá ser capaz de: Entender as etapas de formação da uréia.

Função proteica envolve a ligação reversível com outras moléculas O ligante se liga na proteína e um sítio específico, chamado SÍTIO DE LIGAÇÃO.

Prof André Montillo

Aula de Bioquímica II. Bioenergética e Metabolismo

DIRECIONAMENTO TERMODINÂMICO DA LIGAÇÃO PEPTÍDICA E DA LIGAÇÃO FOSFODIÉSTER

Aula de Bioquímica II SQM Gliconeogênese Glicogênio: Glicogenólise, Síntese e Regulação

Universidade de São Paulo

Termodinâmica de Sistemas Biológicos

7. OXIDAÇÕES BIOLÓGICAS

Introdução ao Metabolismo. Profª Eleonora Slide de aula

Enzimas. Disciplina: Bioquímica Curso: Análises Clínicas 3º. Módulo Docente: Profa. Dra. Marilanda Ferreira Bellini

Semana 12 Respiração Celular

Metabolismo de Lipídeos

Engenharia de Proteínas 2017 Ciências Biológicas FCAV/UNESP. Prof. Marcos Túlio Oliveira Depto. Tecnologia

Fotorreações da Fotossíntese

AULA 6 Respiração Mitocondrial nos vegetais

Processos catalíticos mediados por enzimas que contém metais

Introdução ao Metabolismo Microbiano

ABSORÇÃO RADICULAR, TRANSPORTE E REDISTRIBUIÇÃO DE NUTRIENTES

Metabolismo energético das células

ENZIMAS. Faculdade Maurício de Nassau Cursos de Biomedicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia Disciplina de Bioquímica. Prof.: Me.

Rui Fontes. O sentido das reacções de oxi-redução e a fosforilação oxidativa

Aula 12: Enzimas Introdução e Cinética

Ciclo do Ácido Cítrico ou Ciclo de Krebs ou Ciclo dos Ácidos Tricarboxílicos

Fotossíntese 08/06/2017. Fotossíntese: Captura da Energia Luminosa. Origem do Cloroplasto. Organismos Fotossintetizantes

Cinética enzimática. Cinética enzimática. Cinética enzimática 20/03/2012. Classificação sistemática das enzimas

Termodinâmica. Estudo das formas de energia que afetam a matéria. Sistemas (moléculas + solutos) X ambiente (sistema - universo)

METABOLISMO ENERGÉTICO

Mecanismos de catálise enzimática

estuda a transferência,conversão e utilização da energia em sistemas biológicos exemplos: conversão de moléculas dos nutrientes em outras moléculas

BIOENERGÉTICA. O que é Bioenergética? ENERGIA. Ramo da biologia próximo da bioquímica que

Fase clara. Fase escura

Trabalhos de Bioquímica

Prof. Francisco Hevilásio F. Pereira Fisiologia Vegetal

30/05/2017. Metabolismo: soma de todas as transformações químicas que ocorrem em uma célula ou organismo por meio de reações catalisadas por enzimas

METABOLISMO ENERGÉTICO

Termodinâmica em Bioquímica

Aula 4: Enzimas Cinética e Regulação

BIOENERGÉTICA. O que é Bioenergética? ENERGIA. Trabalho Biológico

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE DISCIPLINA. PRÁT: 30h. Engenharia Agronômica Ciências Biológicas

Transcrição:

Aula de Bioquímica II SQM04242015201 Bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares Tema: Fosforilação Oxidativa Síntese de ATP Prof. Dr. Júlio César Borges Depto. de Química e Física Molecular DQFM Instituto de Química de São Carlos IQSC Universidade de São Paulo USP E-mail: borgesjc@iqsc.usp.br

ADP + Pi + nh + P ATP + nh + N + 1 H 2 O MODELO QUIMIOSMÓTICO - Fluxo de elétrons por carreadores criam um gradiente de concentração de prótons na membrana mitocondrial ΔG = ~190 kj/mol de par de e Força Próton-Motriz - A quebra deste gradiente está acoplada com a síntese de ATP ΔG = ~50 kj/mol de ATP

ADP + Pi + nh + P ATP + nh + N + 1 H 2 O É a síntese de ATP pela enzima ATP sintase É o ponto final do processo aeróbico de geração de energia Difere da síntese de ATP por fosforilação ao nível de substrato, pois é dirigida pelo transporte de elétrons. TEORIA QUIMIOSMÓTICA: acoplamento da síntese de ATP ao transporte de e -

Acoplamento da CTE e Síntese de ATP Inibidores da ATP-sintase A inibição da ATP-sintase emperra CTE. Desacopladores Químicos A extrusão de H + pela CTE funcionará até acumular um gradiente de prótons equivalente ao custo da liberação de ΔG pela transferência de e do NADH para o O 2. Neste ponto, a CTE deve parar pois a ΔG do fluxo de e acoplado ao bombeamento de H+ torna-se ZERO Equilíbrio

Síntese artificial de ATP Em mitocôndrias isoladas Valinomicina Sem compostos para fornecer e para a CTE 1º meio isotônico, KCl e ph 9 até o equilíbrio entre matriz e espaço intermembrana 2º redução do ph externo para 7, presença de valinomicina, sem K + Geração de um gradiente de H + e eletroquímico Síntese de ATP Antibiótico ionófero Carreador de K + rompe o gradiente de K + No experimento Cria um potencial eletroquímico na membrana mitocondrial onde a matriz fica negativa

Fosforilação oxidativa: A síntese de ATP A ATP-Sintase catalisa a quebra e formação da ligação fosfoéster repetidamente H 2 0 abandona dora

A Estabilização do ATP pela ATP-Sintase Medidas cinéticas confirmam a proximidade do equilíbrio para a reação em condições padrão - A reação da ATP-sintase ocorre com ΔG 0 ~ 0 - A reação de hidrólise de ATP livre ocorre com ΔG 0 = -30,5 kj/mol A ATP-sintase liga ATP com Kd de 10-12 mol/l e ADP com Kd de 10-5 mol/l 40 kj/mol A ligação de ADP + Pi direciona para a formação de ATP

A liberação de ATP pela ATP-Sintase é o passo limitante do processo O gradiente de prótons impulsiona a liberação do ATP para a solução

A Estrutura da ATP-Sintase Complexo proteico da MMI

A Estrutura da ATP-Sintase - Estrutura de periferia da superfície interna da MMI - Complexo F 1 isolada da MMI tem atividade de hidrólise de ATP F 1 -ATPase Complexo F 1 Heteroheptâmero - α 3 β 3 γ - Hexâmero α 3 β 3 - Trímero de dímeros αβ - Cada dímero αβ assume um estado na presença de ATP, ADP + Pi e vazio Reflete diferentes estados conformacionais com diferentes afinidades por ATP

A Estrutura da ATP-Sintase Complexo F 1-9 proteínas de 5 tipos diferentes - α 3 β 3 γδε - A cadeia γ interage principalmente com a cadeia β vazia - As cadeias δε interagem com a F o Complexo F o - Integral de membrana subunidades ab 2 c 10-12 - Canal de H + - Vesículas Mitocondriais desprovidas da F 1 carreiam e mas não criam o gradiente de H + - Adição da F 1 a estas vesículas permite a síntese de ATP

Esquema do complexo estrutural da ATP-Sintase Complexo F 1-9 proteínas de 5 tipos diferentes - α 3 β 3 γδε Complexo F o - Proteína Integral de membrana subunidades ab 2 c 10-12 subunidade b 2 funciona como uma alavanca interagindo com a subunidade αδ da F 1

A catálise rotacional direcionada pelo fluxo de H+ é o mecanismo da ATP-Sintase 3 sítios catalíticos na subunidade β se revezam na síntese de ATP 1º β-adp-pi - Mudança conformacional para a conformação em alta afinidade por ATP síntese de ATP 2º β-atp - Mudança conformacional para o estado de baixa afinidade e saída de ATP - A cadeia γ estabiliza a cadeia β na conformação vazia reduzindo a afinidade por ATP e induzindo mudanças conformacionais adicionais nas cadeias vizinhas 3º β-vazio O fluxo de H + pelo complexo dirige as mudanças conformacionais em um único sentido.

A catálise rotacional direcionada pelo fluxo de H+ depende de catálise ácido-base

Demonstração experimental da rotação da F o em função da F 1

A catálise rotacional direcionada pelo fluxo de H+ depende de catálise ácido-base