Três espécies novas do gênero Chorisoneura (Blattellidae, Chorisoneuriinae) coletadas em ninhos de Sphecidae (Hymenoptera) do Estado do Acre, Brasil

Documentos relacionados
SEIS ESPÉCIES NOVAS DE CARIBLATTA HEBARD (BLATTARIA, BLATTELLIDAE) DO BRASIL 1

Espécies novas de Blaptica do Rio Grande do Sul, Brasil (Blattaria, Blaberidae, Blaberinae)

Espécies novas de Ischnoptera (Blattellidae, Blattellinae) do Estado do Mato Grosso, Brasil e considerações sobre I. similis

Espécies novas de Leuropeltis Hebard, 1921 (Blattellidae, Pseudophyllodromiinae) do Estado do Amazonas, Brasil

Deltocephalinae): primeiro registro no Brasil e descrição de duas espécies novas 1

GUATUBESIA, NOVO GÊNERO DE GONYLEPTIDAE

VINALTO GRAF ALICE FUMI KUMAGAI 3

Espécies novas de Eucerinae Neotropicais e notas sobre Dasyhalonia phaeoptera Moure & Michener (Hymenoptera, Anthophoridae) 1

Revta bras. Ent. 32(2): OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XXI. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE) ABSTRACT

SISTEMÁTICA DE Rhabdepyris KIEFFER (HYMENOPTERA, BETHYLIDAE) AMAZÔNICOS COM ANTENAS PECTINADAS

Acta Biol. Par., Curitiba, 41 (3-4): KETI MARIA ROCHA ZANOL 2 Estrianna gen. nov. (Espécie tipo Estrianna sinopia sp. n.

(Hemiptera, Cicadellidae, Xestocephalinae) 1

Duas novas espécies de Mauesia (Cerambycidae, Lamiinae, Mauesini) e chave para identificação das espécies do gênero

SEIS ESPÉCIES NOVAS DO GÊNERO MYCOTRETUS CHEVROLAT, 1837, DA REGIÃO AMAZÔNICA. (COLEÓPTERA, EROTYLIDAE). Moacir Alvarenga ( *)

er: cinco espécies novas do Brasil (Hemiptera,

Novos táxons de Desmiphorini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae) da Costa Rica e do Brasil

Derophthalma vittinotata, sp.n. Figs 1-4

Chrysodasia pronotata, sp.n. Figs 1-5

Acta Biol. Par., Curitiba, 32 (1, 2, 3, 4): DANÚNCIA URBAN 2

DEIPARTAMENTO DE ZOOLOGIA. DOIS NOVOS CiÊNEROS E TRÊS NOVAS ESPÉCIES DE OPILIOES BRASILEIROS (*) POR INTRODUÇÁO

Description of New Species of Fidicinoides Boulard & Martinelli (Hemiptera: Cicadidae) from Brazil

Descrição de três novas espécies de Mahanarva (Hemiptera, Cercopidae, Ischnorhininae)

Mirídeos neotropicais, CCXXXVII: Descrição de quatro espécies novas do gênero Peritropoides Carvalho (Hemiptera)

REVISÃO DO GÊNERO SATIPOELLA (COLEOPTERA, CERAMBYCIDAE, LAMIINAE) INTRODUÇÃO

UM NOVO GÊNERO E ESPÉCIE DE BAETIDAE (EPHEMEROPTERA) DO ESTADO DE MINAS GERAIS, SUDESTE DO BRASIL INTRODUÇÃO

NOVOS GÊNEROS E ESPÉCIES DE HOPLOPHORIONINI (HEMIPTERA, MEMBRACIDAE, MEMBRACINAE)

Coronalidia, gênero novo de Neocoelidiinae (Hemiptera, Cicadellidae) do Equador 1

Mirídeos neotropicais, CCXXXIX: descrições de algumas espécies de Cylapinae do Amazonas (Hemiptera).

Keti Maria Rocha Zanol 2

Kyra gen. nov. (Cicadellidae, Deltocephalinae) e descrições de duas novas espécies 1

SHILAP Revista de Lepidopterología ISSN: Sociedad Hispano-Luso-Americana de Lepidopterología. España

Morfologia Externa Tórax e Abdome

Novos Cerambycidae (Coleoptera) da Coleção Odette Morvan, Guiana Francesa. II

NOVOS CERAMBYCIDAE (COLEOPTERA) DA COLEÇÃO ODETTE MORVAN, KAW, GUIANA FRANCESA

Occurrence of Fidicinoides pauliensis Boulard & Martinelli, 1996 (Hemiptera: Cicadidae) in coffee plant in Tapiratiba, SP

UM NOVO GÊNERO E DOIS ALÓTIPOS DE "GONY- LEPTIDAE" (OPILIONES) 1

KETI MARIA ROCHA ZANOL 2

Dardarina angeloi sp. n. do sudeste e sul do Brasil (Lepidoptera: Hesperiidae) 1

Uma nova espécie de anfípode cavern ícola do Brasil Hyalel/a caeca sp.n. (Amphipoda, Hyalellidae).

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. VII (OPILIONES, GONYLEPTIDAE) '

Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos Licenciatura em Ciências Exatas Biologia

Três espécies novas de Centronodus Funkhouser (Homoptera, Membracidae, Centronodinae) 1

MIRÍDEOS NEOTROPICAIS, XL: DESCRIÇÕES DE NOVAS ESPÉCIES DA AMAZÔNIA (HEMIPTERA).

DESCRIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES NOVAS DE Elmohardyia RAFAEL (DIPTERA, PEPUNCULIDAE) DA REGIÃO AMAZÔNICA

Acta Biol. Par., Curitiba, 35 (1-2):

ALGUNS LANIATORES NOVOS DA REPUBLIC A ARGENTIN A MELLO-LEITÃ O

Espécies novas e notas sobre Nananthidium Moure (Hymenoptera, Apidae, Megachilinae) 1

Ordem Orthoptera e Ortopteroides

PRIMEIRO REGISTRO DA FAMÍLIA SCELEMBIIDAE (EMBIOPTERA) PARA O BRASIL. Cristiano Machado Teixeira 1 Mikael Bolke Araújo 2 Flávio Roberto Mello Garcia 3

Duas espécies novas de membracídeos (Hemiptera, Membracidae) da Mata Atlântica do Estado de São Paulo, Brasil 1

DANÚNCIA URBAN 2. Acta Biol. Par., Curitiba, 31 (1, 2, 3, 4):

ARQUIVOS DO MUSEU NACIONAL

José Albertino RAFAEL 1, 2

NOTAS SOBRE PSEUDEVOPLITUS (HETEROPTERA, PENTATOMIDAE) E DESCRIÇÃO DE DUAS ESPÉCIES NOVAS 1

Po/ie tina nigra, sp.n.

Uma nova espécie do gênero Temnomastax (Temnomastacinae, Eumastacidae, Orthoptera) da Amazônia

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XII (OPILIONES, GONY LEPTIDAE, PACHYLINAE)

rhyncha, Contribuição número 1676 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DOS SALTICIDAE (ARANEAE) DO BRASIL. VII. Maria José Bauab Vianna Benedict» A. M. Soares

PRINCIPAIS ORDENS DE INSETOS

Estudo descritivo e bionômico de Cerosipha (Weed, 1889) (Horn., Aphididae) (*)

Descrições de duas espécies novas de Amb/ycerus Thunberg (Coleoptera, Bruchidae) 1

Papéis Avulsos de Zoologia

Revisão do genero Dmazonina Hebard, 1929

Novos Cerambycidae (Coleoptera) da coleção Odette Morvan, Kaw, Guiana Francesa. IV

Morfología externa dos adultos de Phthia picta (Drury, 1770) (Hemiptera, Coreidae)

8/23/2017. Apêndices locomotores: FACULDADE EDUCACIONAL DE MEDIANEIRA. Principais funções do tórax dos insetos: Pernas. Asas MORFOLOGIA DOS INSETOS

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XVII. (OPIL!ONES, GONYLEPT!DXE) ABSTRACT

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA. DUAS NOVAS ESPÉCIES DiE OPILIÕES DO ESiTANDO DO ESPíRITO SANTO (*) POR INTRODUÇÁO

Revalidação de Acocoelidia DeLong (Hemiptera, Cicadellidae, Neocoelidiinae) 1

bois GÉNEROS E QUATRO ESPÉCIES DE PACHYLINA E

Designação de lectótipos de algumas espécies sul-americanas de Anthidium Fabricius (Hymenoptera, Megachilidae) 1

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XVL NOVO GÊNERO DE GONYLEPTIDAE E PRESENÇA DE TRIAENONYCHIDA E NO BRASIL (OPILIONES).

Xestocephalus van Duzee: descrições de seis espécies novas (Hemiptera, Auchenorrhyncha, Cicadellidae, Xestocephalinae) 1

ABSTRACT. Psy/lobora arruzzonensis sp. n. (Figs. I-4)

NOVA ESPÉCIE DE GHINALLELIA WYGODZINSKY, 1966 DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO, BRASIL (HEMIPTERA, HETEROPTERA, REDUVIIDAE, EMESINAE) 1

PAPEIS AVULSOS DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA SECRETARIA DA AGRICULTURA- S. PAULO - BRASIL POR

Descrição dos Imaturos de Loxa deducta Walker e Pallantia macunaima Grazia (Heteroptera: Pentatomidae) em Ligustro, Ligustrum lucidum Ait.

Estágios imaturos e bionomia de Cyclomia mopsaria Guenée (Lepidoptera, Geometridae) 1

Munida pusilla Benedict, 1902

Chrysomelidae. Luciano de A. Moura

Contribuição para o conhecimento de dois afídeos do Brasil (*)

MIRIDEOS NEOTROPICAIS, CLXV: ESTUDOS SOBRE

Novas espécies de Aglaoschema Napp, 1994 (Coleoptera, Cerambycidae) 1

Uma nova espécie de Schizomyia (Diptera, Cecidomyiidae), indutora de galhas nos botões florais de Jacquemontia holosericea (Convolvulaceae)

REVISTA BRASILEIRA DE ZOOLOGIA

DESCRiÇÃO DE UMA ESPÉCIE NOVA DE CAL VOZ/NA ENDERLEIN (HYMENOPTERA, BETHYLlDAE) DO BRASIL. Celso Oliveira Azevedo 1

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS DE Rolepa unimoda (Dognin, 1923) (Lepidoptera, Lymantriidae)

ESTUDO MORFOLÓGICO DA LARVA DE ÚLTIMO fnstar DE MIATHYRIA SIMPLEX (RAMBUR) (ODONATA, LlBELLULlDAE)

Notas e descrições em Eburiini (Coleoptera, Cerambycidae)

Fam. PHALAGIBIDAS Simoãa

SIMULIIDAE (DIPTERA: CULICOMORPHA) NO BRASIL

NOVA ESPÉCIE DE ZUCCHIELLA PROVENIENTE DA FLORESTA ATLÂNTICA DO ESTADO DE SÃO PAULO (ORTHOPTERA, GRYLLIDAE, NEMOBIINAE).

Larissa De B. Chiamolera 2 & Rodney R. Cavichioli 3

Galatheoidea Chirostylidae Uroptycbus uncifer (A. Milne Edwards, 1880)

Acta Biol. Par., Curitiba, 46 (1-2):

Uma nova espécie de Barbiellinia (Diptera, Stratiomyidae) do Rio de Janeiro

Notholopus (Notholopoides) niger, Sp.D. Figs 1-5

Revisão taxonômica, análise cladística e descrição de espécies novas de Aglaenita Spinola. (Hemiptera, Cicadellidae, Neocoelidiinae) 1

OPERA OPILIOLOGICA VARIA. VIII. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE) 1

Transcrição:

Três espécies novas do gênero Chorisoneura (Blattellidae, Chorisoneuriinae)... 375 Três espécies novas do gênero Chorisoneura (Blattellidae, Chorisoneuriinae) coletadas em ninhos de Sphecidae (Hymenoptera) do Estado do Acre, Brasil Sonia Maria Lopes & Edivar Heeren de Oliveira Depto de Entomologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, São Cristóvão, 20940-040 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. (sonialf@acd.ufrj.br) ABSTRACT. Three new species of the genus Chorisoneura (Blattellidae, Chorisoneuriinae) collected in Sphecidae nests (Hymenoptera) from Acre State, Brazil. Three new species of Chorisoneura Brunner, 1865 from Acre State, Brazil collected in nests of Podium Fabricius, 1804 (Hymenoptera, Sphecidae) are described. Illustrations of genitalia are presented. KEYWORDS. New species, Chorisoneura, Blattaria, taxonomy, Neotropical. INTRODUÇÃO O gênero Chorisoneura Brunner, 1865 encontrase restrito à Região Neotropical, num total de 70 espécies já descritas, tendo sido coletadas no Brasil em todas as regiões geográficas (ROTH, 1998). BRUNNER (1865) descreveu o gênero Chorisoneura com base na forma das asas, da placa subgenital e estilos, assinalando o gênero exclusivamente na América meridional, e designando como espécie-tipo Blatta nigrifrons Serville, 1839, do Brasil. ROTH (1998) concordou com Brunner e limitou a distribuição geográfica do gênero às Américas do Sul, Central e Estados Unidos, posicionando-o na subfamília Pseudophyllodromiinae e revalidando o gênero Sorineuchora Caudell, 1927 que até então era considerado sinônimo de Chorisoneura. As vespas da família Sphecidae caracterizam-se por serem solitárias e predadoras e os adultos são comumente encontrados nas flores; fazem seus ninhos em areia, solo seco, troncos secos ou apodrecidos, lama, solo sombrio, ninho de outras vespas ou colunas nas casas. Os representantes da subfamília Sphecinae são muito comuns, e as espécies do gênero Podium, de tamanho relativamente grande, abastecem seus ninhos com baratas (ROHART & MENKE, 1976). Objetiva-se descrever três espécies novas do Estado do Acre, local até então inédito na literatura do gênero, coletadas em ninhos de vespas do gênero Podium Fabricius, 1804 (Hymenoptera, Sphecidae). MATERIAL E MÉTODOS Os exemplares foram coletados na Fazenda Experimental Catuaba, no Acre, um Centro Experimental da Universidade Federal do Acre, situado a 30 km da BR-364 em uma área de 800ha que apresenta diversidade de formas de uso da terra, incluindo antigos seringais, áreas de pastagem degradadas, florestas secundárias em diversos estágios de sucessão e florestas pouco alteradas. Nas áreas diretamente adjacentes ao longo das rochosas, predomina a pecuária extensiva, com grandes extensões de pastagens não produtivas e abandonadas. Os espécimes foram obtidos em ninhos de vespas da família Sphecidae e enviados ao Setor de Blattaria no Museu Nacional, Rio de Janeiro, com informações sobre o número do ninho onde foi coletado o material e a quantidade de exemplares em cada ninho. Dos exemplares que nos foram enviados separadamente em vidros contendo álcool 70%, alguns estavam em bom estado e outros bastante danificados, seja pela ação de fungos nos ninhos, ou mesmo por já se encontrarem danificados pelas vespas. As genitálias dos espécimens foram preparadas e examinadas em lâminas imersas em glicerina seguindo a metodologia utilizada por LOPES & OLIVEIRA (2000). A terminologia adotada para genitália foi baseada em MCKITTRICK (1964). Todo o material encontra-se depositado na coleção do Departamento de Entomologia do Museu Nacional (MNRJ). Chorisoneura catuabana sp. nov. (Figs. 1-4). Coloração geral castanho-clara brilhante. Olhos negros. Tronco inicial de todas as nervuras das tégminas e base dorsal do arólio castanho mais escuro. Pulvilos esbranquiçados. Cabeça triangular, olhos pequenos posicionados látero-anteriormente. Vértice exposto; espaço interocular amplo, igual à área que separa a base das inserções antenais. Antenas longas, filiformes e ciliadas; palpos maxilares ciliados, sendo o terceiro artículo maior que o quarto e o quinto dilatado na base, subigual em tamanho ao comprimento do quarto artículo. Tórax com pronoto oval transversal, curto e alargado; abas laterais amplas, de contorno lateral arredondado; disco central amplo e arredondado. Tégminas longas ultrapassando o ápice dos cercos, afiladas, estreitando-se para o ápice. Pernas longas e espinhosas; fêmur I com a face ântero-ventral apresentando três a cinco espinhos médios até próximo

376 LOPES & OLIVEIRA Figs. 1-4. Chorisoneura catuabana sp. nov., : 1, placa supra-anal, dorsal; 2, placa subgenital, ventral; 3, falômero esquerdo (L1), dorsal; 4, falômero direito (R2), dorsal. à região mediana, seguidos de uma série de diminutos espinhos até o ápice, com um espinho apical grande e desenvolvido; face póstero-ventral com espinhos médios espaçados; fêmur II com espinhos pequenos e espaçados na face ântero-ventral, terminando em um robusto apical; face póstero-ventral com espinhos pouco maiores, espaçados e um apical desenvolvido; fêmur III com espinhos médios e espaçados terminando em um apical desenvolvido nas faces ântero e póstero-ventral; pulvilos pouco desenvolvidos presentes em todos os artículos; arólios desenvolvidos; unhas assimétricas e simples. Abdome com modificação tergal mediana no sétimo segmento, em forma circular e ciliada. Placa supra-anal pouco desenvolvida, ciliada, triangulóide sem reentrância mediana apical, com eixo transversal maior que o longitudinal, cercos longos e alargados (fig. 1). Placa subgenital simétrica, alargada na base com projeções látero-apicais; estilos lamelares, longos e pouco afilados apicalmente, separados por pequena projeção esclerotizada da placa subgenital (fig. 2). Falômero direito (R2) em forma de gancho, apicalmente com esclerotização interna (fig. 4); falômero esquerdo (L1) diferenciado com estruturas esclerotizadas afiladas (fig. 3). Medidas, em mm,. Comprimento total, 9,0; comprimento do pronoto, 1,5; largura do pronoto, 2,5; comprimento da tégmina, 8,5; largura da tégmina, 2,0. Material-tipo. Holótipo, BRASIL, Acre: Senador Guiomard (Reserva Catuaba), 10º4 S 67º36 W, 17.VII.02, Elder F. Morato col. (ninho nº 1922/3) (MNRJ). Etimologia. O nome da espécie é alusivo ao local onde foi coletado o exemplar.

Três espécies novas do gênero Chorisoneura (Blattellidae, Chorisoneuriinae)... 377 Diagnose. Chorisoneura catuabana sp. nov. difere das demais espécies pela configuração da estrutura mediana alargada entre os estilos na placa subgenital, pela placa supra-anal entre os cercos - que é mais pronunciada - e demais estruturas da genitália masculina. Chorisoneura fulgurosa sp. nov. (Figs. 5-12). Coloração geral castanho-clara brilhante e hialina. Olhos negros. Coloração castanho-escura: (1) no vértice, com listras longitudinais em duas das quatro faixas transversais paralelas entre si, dispostas apicalmente entre os olhos; (2) na margem látero-posterior e disco central do pronoto (fig. 5); (3) no campo anal e (4) no ápice das tégminas. Coloração esbranquiçada em duas áreas da fronte, nas extremidades dos olhos próximo ao vértice, junto à gena e em duas faixas da cabeça. Cabeça triangular, olhos pequenos posicionados látero-anteriormente; vértice exposto; espaço interocular amplo, medindo cerca de dois terços do espaço que separa a base das inserções antenais. Antenas longas, filiformes e ciliadas; palpos maxilares ciliados, terceiro artículo mais longo que o quarto, quinto artículo dilatado na base e subigual ao tamanho do quarto. Tórax com pronoto oval, transversalmente curto e alargado; abas laterais amplas, de contorno lateral arredondado; disco central pequeno.tégminas longas ultrapassando o ápice dos cercos, afilados, estreitandose para o ápice. Pernas longas e espinhosas; fêmur I apresentando cinco espinhos médios na face ânteroventral, até próximo à região mediana, seguidos por uma série de pequenos espinhos até o ápice, onde há um apical grande e robusto; face póstero-ventral com espinhos pequenos. Fêmures II e III com espinhos pequenos e espaçados na face ântero-ventral e um espinho apical desenvolvido; face póstero-ventral com espinhos pequenos. Pulvilos pouco desenvolvidos e presentes em todos os artículos tarsais; arólios presentes; unhas simples e assimétricas. Abdome com modificação tergal mediana no sétimo segmento, em forma circular e ciliada (fig. 6). Placa supraanal pouco desenvolvida, ciliada, triangulóide com leve reentrância mediana apical, com eixo transversal maior que o longitudinal, cercos curtos e alargados (fig. 7). Placa subgenital simétrica, alargada no ápice; estilos lamelares, alargados, espatulados, arredondados apicalmente, com pequena projeção esclerotizada da placa subgenital entre eles (fig. 8). Falômero direito (R2) em forma de gancho, apicalmente com esclerotização interna (fig. 10); falômero esquerdo (L1) diferenciado, com estruturas esclerotizadas medianamente e uma das extremidades terminando em formas espinhosas (fig. 12); esclerito mediano (L2vm) longo, ápice do esclerito mediano (L2d) com uma das extremidades membranosa e outra muito afilada no ápice, marginada com espinhos diminutos (fig. 11). Esclerito do falômero direito alongado, com extremidade acuminada (fig. 9). Medidas, em mm,. Comprimento total, 11,5; comprimento do pronoto, 2,5; largura do pronoto, 3,5; comprimento da tégmina, 9,5; largura da tégmina, 3,0. Material-tipo. Holótipo, BRASIL, Acre: Senador Guiomard (Reserva Catuaba), 10º4 S 67º36 W, 17.VII.02, Elder F. Morato col. (ninho nº 1922/3) (MNRJ). Etimologia. O nome da espécie faz referência à coloração e brilho do pronoto. Diagnose. Espécie similar a Chorisoneura fulva Rocha e Silva & Aguiar, 1977 e C. bella Rocha e Silva & Aguiar, 1977, diferindo destas e das demais espécies do gênero por detalhes de coloração na cabeça e no pronoto, pela configuração da estrutura mediana entre os estilos, pela placa supra-anal com pequena reentrância mediana entre os cercos e pelo esclerito mediano (L2vm) e falômero esquerdo (L1). Chorisoneura mimosa sp. nov. (Figs. 13-18). Coloração geral castanho-clara brilhante. Olhos escuros, quase negros. Coloração castanho-escura em uma faixa transversal estreita no vértice da cabeça, no tronco inicial de todas as nervuras e uma pequena área do ápice da tégmina. Vértice da cabeça com uma faixa estreita quase branca, paralela à anterior; fronte com áreas mais claras. Pronoto com disco central sem manchas. Cabeça triangular, vértice exposto; olhos posicionados látero-anteriormente; espaço interocular amplo, subigual ao espaço que separa a base das inserções antenais; antenas longas, filiformes e ciliadas; palpos maxilares ciliados bem desenvolvidos, com o terceiro artículo maior que o quarto, quinto dilatado, comprimento subigual ao quarto. Palpos labiais ciliados. Tórax com pronoto oval, transversal, curto e alargado; abas laterais amplas, com as margens laterais arredondadas; disco central amplo e circular. Tégminas longas, ultrapassando o ápice do abdome, afiladas, estreitando para a extremidade. Pernas longas e espinhosas. Fêmur I com três ou cinco espinhos médios próximos à base, na face ântero-ventral, seguidos de uma série de diminutos espinhos até o ápice, com um apical robusto; face póstero-ventral com espinhos médios, dispostos espaçadamente. Fêmures II e III, na face ântero-ventral, com espinhos pequenos e espaçados e, na face póstero-ventral, espinhos pouco maiores e mais aproximados. Pulvilos pouco desenvolvidos em todos os artículos tarsais; arólios desenvolvidos, unhas assimétricas e simples. Abdome com modificação tergal mediana no sétimo segmento, em forma circular e ciliada (fig. 13). Placa supraanal pouco desenvolvida, ciliada, triangulóide sem reentrância mediana apical, com eixo transversal maior que o longitudinal, cercos curtos e alargados (fig. 14). Placa subgenital simétrica, alargada no ápice, com projeções látero-apicais; estilos situados medianamente no ápice da placa, lamelares, longos e afilados apicalmente, com pequena projeção esclerotizada e espiniforme entre eles (fig. 15). Falômero direito (R2) em forma de gancho, com esclerotização interna apical (fig. 18); falômero esquerdo (L1) diferenciado com estruturas esclerotizadas medianamente (fig. 16); esclerito mediano (L2vm) longo, ápice do esclerito mediano (L2d) com uma das extremidades membranosa e a outra afilada no ápice e o contorno com espinhos diminutos (fig. 17). Medidas, em mm,. Comprimento total, 8,0;

378 LOPES & OLIVEIRA Figs. 5-12. Chorisoneura fulgurosa sp. nov., : 5, pronoto, dorsal; 6, modificação tergal no sétimo segmento abdominal, dorsal; 7, placa supra-anal, dorsal; 8, placa subgenital, ventral; 9, esclerito do falômero direito, dorsal; 10, falômero direito (R2), dorsal; 11, esclerito mediano (L2vm), dorsal; 12, falômero esquerdo (L1), dorsal.

Três espécies novas do gênero Chorisoneura (Blattellidae, Chorisoneuriinae)... 379 Figs. 13-18. Chorisoneura mimosa sp. nov., : 13, modificação tergal no sétimo segmento abdominal, dorsal; 14, placa supra-anal, dorsal; 15, placa subgenital, ventral; 16, falômero esquerdo (L1), dorsal; 17, esclerito mediano (L2vm), dorsal; 18, falômero direito (R2), dorsal. comprimento do pronoto, 1,5; largura do pronoto, 2,5; comprimento da tégmina, 7,0; largura da tégmina, 2,0. Material-tipo. Holótipo, BRASIL, Acre: Senador Guiomard (Reserva Catuaba), 10º4 S 67º36 W, 17.VII.2002, Elder F. Morato col. (ninho nº 1921/1) (MNRJ). Etimologia. O nome da espécie faz referência ao tamanho pequeno do exemplar. Diagnose. Chorisoneura mimosa sp. nov. é similar a C. sinop Rocha e Silva & Aguiar, 1977, porém difere desta e das demais espécies do gênero pela configuração da região mediana da placa subgenital entre os estilos e pela formação das estruturas genitais do falômero esquerdo (L1) e esclerito mediano (L2vm). Discussão taxonômica. As três espécies novas descritas distinguem-se entre si por caracteres morfológicos genitais. Chorisoneura catuabana difere das outras duas (1) pela estrutura mediana alargada entre os estilos na placa subgenital; (2) pela placa supra-anal mais proeminente entre os cercos; (3) pelos estilos da placa subgenital simples e lamelares. C. fulgurosa e C. mimosa diferem de C. catuabana (1) pela proeminência mediana entre os estilos, em forma de espinho; (2) C. fulgurosa apresenta estilos arredondados e menores na placa subgenital; (3) em C. mimosa os estilos são mais alongados e a proeminência mediana da placa subgenital é mais evidenciada. Agradecimentos. À Dra. Janira Martins Costa (MNRJ) pelo apoio técnico. Ao Prof. Elder Ferreira Morato, Universidade Federal do Acre, pelo material coletado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRUNNER, C. 1865. Nouveau Système Des Blattaires. Vienna, G. Braumüller. 426p.

380 LOPES & OLIVEIRA LOPES, S. M. & OLIVEIRA, E. H. 2000. Espécie nova de Blaberus Serville, 1831 do Estado de São Paulo, Brasil (Blaberidae, Blaberinae). Boletim do Museu Nacional, Nova Série, Zoologia, Rio de Janeiro, 415:1-4. MCKITTRICK, F. A. 1964. Evolutionary studies of cockroaches. Cornell Experiment Station Memoir, Ithaca, 389:1-197. ROHART, R. M. & MENKE, A. S. 1976. Sphecid wasps of the world: a generic revision. Berkeley, University of Chicago Press. 695p. ROTH, L. M. 1998. The cockroaches genera Chorisoneura Brunner, Sorineuchora Caudell, Chorisoneurodes Princis and Chorisoserrata, gen. nov. (Blattaria: Blattellidae: Pseudophyllodromiinae). Oriental Insects, Gainesville, 32:1-33. Recebido em abril de 2004. Aceito em agosto de 2004. ISSN 0073-4721