PADRÕES CLIMÁTICOS DOS VÓRTICES CICLÔNICOS EM ALTOS NÍVEIS NO NORDESTE DO BRASIL, PARTE II: ASPECTOS SINÓTICOS

Documentos relacionados
Avaliação dinâmica de um evento de precipitação intensa sobre o Nordeste do Brasil

Vórtices Ciclônicos Desprendidos em Altos Níveis que Originam-se no leste do Pacífico Tropical Sul. Parte II: Uso de Imagens de Satélites

Vórtices ciclônicos em altos níveis sobre o Nordeste do Brasil

UMA ANÁLISE SINÓTICA DO MÊS DE JANEIRO DE 2005 COM ÊNFASE NO VÓRTICE DO NORDESTE: UM ESTUDO DE CASO.

Desenvolvimento da atividade convectiva organizada pela extremidade da zona frontal, sobre a Região Nordeste do Brasil

EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITAÇÃO SOBRE O SUL DO NORDESTE

Novembro de 2012 Sumário

USO DE ÍNDICES CLIMÁTICOS PARA IDENTIFICAR EVENTOS DE CHUVA EXTREMA NO INTERIOR SEMI-ÁRIDO SUL DO NORDESTE DO BRASIL (NEB)

Novembro de 2012 Sumário

CARACTERIZAÇÃO DO MÊS DE JANEIRO DE 2010 EM RELAÇÃO A NÃO OCORRÊNCIA DE ZCAS: UMA COMPARAÇÃO COM A CLIMATOLOGIA

Zona de Convergência do Atlântico Sul

ANÁLISE PRELIMINAR DE UM CASO DE VCAN QUE FAVORECEU A OCORRÊNCIA DE GRANDES ENCHENTES NO SUL DO BRASIL EM DEZEMBRO DE 1995

Estudo de casos de vórtices ciclônicos de mesoescala associados com a ZCAS

A ocorrência de tempo severo sobre o Estado de São Paulo causado pelo vórtice ciclônico em altos níveis: um estudo de caso

Novembro de 2012 Sumário

CARACTERÍSTICAS DA PRECIPITAÇÃO SOBRE O BRASIL NO VERÃO E OUTONO DE 1998.

Novembro de 2012 Sumário

ATUAÇÃO DE UM SISTEMA FRONTAL NA ESTAÇÃO SECA DO NORDESTE DO BRASIL. Lizandro Gemiacki 1, Natalia Fedorova 2

Dezembro de 2012 Sumário

Estudo de Caso de Chuvas Intensas em Minas Gerais ocorrido durante período de atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul

Novembro de 2012 Sumário

Estudo de um evento convectivo intenso sobre o estado de Alagoas

Novembro de 2012 Sumário

Dezembro de 2012 Sumário

Dezembro de 2012 Sumário

Novembro de 2012 Sumário

19 Novembro de Sumário

MONITORAMENTO DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT) ATRAVÉS DE DADOS DE TEMPERATURA DE BRILHO (TB) E RADIAÇÃO DE ONDA LONGA (ROL)

Dezembro de 2012 Sumário

PROCESSOS FÍSICOS ASSOCIADOS À GÊNESE DE UM VCAN ENTRE O OCEANO PACÍFICO E A AMÉRICA DO SUL EM ABRIL DE 2013

Dezembro de 2012 Sumário

ATUAÇÃO DO PAR ANTICICLONE DA BOLÍVIA - CAVADO DO NORDESTE NAS CHUVAS EXTREMAS DO NORDESTE DO BRASIL EM 1985 E 1986

Eventos de Intrusão de alta vorticidade potencial no Atlântico Sul e sua influência sobre a precipitação em áreas do Brasil

Novembro de 2012 Sumário

1) Análise Sinótica e ambiente pré-convectivo

Novembro de 2012 Sumário

CLIMATOLOGIA ENERGÉTICA DA REGIÃO PREFERENCIAL DOS VÓRTICES CICLÔNICOS DE ALTOS NÍVEIS (VCAN) E DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL (ZCIT)

A INFLUÊNCIA DA ZONA DE CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL E DE VÓRTICES CICLÔNICOS DE ALTOS NÍVEIS SOBRE A PRECIPITAÇÃO DE IMPERATRIZ-MA: ESTUDO DE CASO

ANÁLISE CLIMATOLÓGICA DA ALTA SUBTROPICAL DO ATLÂNTICO SUL

CICLONE CATARINA: ANÁLISE SINÓTICA. Manoel Alonso Gan

21 Novembro de Sumário

AMBIENTE SINÓTICO ASSOCIADO A EVENTOS EXTREMOS DE PRECIPITACÃO NA REGIÃO LITORÂNEA DO NORDESTE DO BRASIL: ANÁLISE PRELIMINAR.

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CIRCULAÇÃO ATMOSFÉRICA DA ALTA TROPOSFERA DURANTE O VERÃO DA AMÉRICA DO SUL

20 Novembro de Sumário

Sistemas Meteorológicos que atuaram sobre o Estado de Sergipe no dia 11 e 12 de Janeiro de 2010

Dezembro de 2012 Sumário

Dezembro de 2012 Sumário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS INSTITUTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS COORDENAÇÃO DE GRADUAÇÃO EM METEOROLOGIA PROGRAMA DE DISCIPLINA

EVENTOS DE CHUVAS INTENSAS EM PERNAMBUCO DURANTE A ESTAÇÃO CHUVOSA DE FEVEREIRO A MAIO DE 1997: UM ANO DE TRANSIÇÃO

Novembro de 2012 Sumário

Novembro de 2012 Sumário

ANÁLISE DO BALANÇO DE VORTICIDADE NO MODELO GLOBAL DO CPTEC/COLA PARA PREVISÃO DE TEMPO DURANTE UM EPISÓDIO DE ZCAS E ALTA DA BOLÍVIA

Novembro de 2012 Sumário

ABSTRAC 1. INTRODUÇÃO

Interannual analysis of the influence of SACZ on the Subsluent Natural Energy of Subsystems in hydrographic basins of the Brazilian Southeast region

Novembro de 2012 Sumário

SÍNTESE SINÓTICA FEVEREIRO DE Dr. Gustavo Carlos Juan Escobar Grupo de Previsão de Tempo CPTEC/INPE

PROGRAMA DE DISCIPLINA

SÍNTESE SINÓTICA DEZEMBRO DE Dr. Gustavo Carlos Juan Escobar Grupo de Previsão de Tempo CPTEC/INPE

Palavras chave: ZCAS Amazônica, precipitação, Variabilidade Intrasazonal

Abstract 1- Introdução 2- Dados e Metodologia 3- Resultados e Discussão

FORMAÇÃO DE VÓRTICES NO CAMPO DE NEBULOSIDADE SOBRE A AMÉRICA DO SUL. PARTE I. NEBULOSIDADE CICLOGENÉTICA ATRAVÉS DOS DADOS DE SATÉLITE.

1 Universidade Federal de Itajubá

Novembro de 2012 Sumário

Abril de 2011 Sumário

BOLETIM DIÁRIO DO TEMPO

Abril de 2011 Sumário

Revista Brasileira de Geografia Física Homepage:

Abril de 2011 Sumário

INFORMATIVO CLIMÁTICO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

CICLONES PRODUTORES DE TEMPO SEVERO NA AS SUBTROPICAL. PARTE 2: ANÁLISE SINÓTICA E AVALIAÇÃO DO MODELO GLOBAL.

ESTUDO DE CASO DE UM EVENTO METEOROLÓGICO EXTREMO NO NORDESTE BRASILEIRO ENTRE OS DIAS 15 E 18 DE JULHO DE PARTE II

Abril de 2011 Sumário

Novembro de 2012 Sumário

Análise de Distúrbios Ondulatórios de Leste que Afetam o Nordeste Brasileiro: Um Estudo de Caso

Variabilidade na velocidade do vento na região próxima a Alta da Bolívia e sua relação com a temperatura máxima e mínima no Sul do Brasil

VARIAÇÃO DE UMIDADE E TEMPERATURA PERANTE OS SISTEMAS SINÓTICOS ATUANTES EM ALAGOAS, ESTUDO DE CASO.

Dezembro de 2012 Sumário

Dezembro de 2012 Sumário

CHUVAS INTENSAS NO LESTE DA AMAZÔNIA: FEVEREIRO DE 1980

Dezembro de 2012 Sumário

Monção na América do Sul

CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS SINÓTICOS QUE PRODUZEM CHUVAS INTENSAS NA REGIÃO SUL DO BRASIL: UMA ANÁLISE PRELIMINAR RESUMO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

VARIABILIDADE DA CHUVA NA REGIÃO CENTRAL DO AMAZONAS: O USO DO SATÉLITE TRMM

VCAN PROVOCA TEMPO SEVERO EM GRANDE PARTE DO NORDESTE DO BRASIL NO INÍCIO DE NOVEMBRO DE 2013 RESUMO

Variabilidade Intrasazonal da Precipitação da América do sul

ANÁLISE DE UM CASO DE FRENTE QUENTE OBSERVADA NA AMÉRICA DO SUL

DOIS EVENTOS EXTREMOS DE CHUVA NA REGIÃO DA SERRA DO MAR. Serafim Barbosa Sousa Junior 1 Prakki Satyamurty 2

Climatologia de Eventos de Chuva Pós-frontal no Município do Rio de Janeiro Suzanna M. B de O. Martins ; Claudine Dereczynski

Abril de 2011 Sumário

Intrusão de Alta Vorticidade Potencial sobre o Oceano Atlântico Sul no Modelo de Circulação Geral do CPTEC

CONSIDERAÇÕES SOBRE ANOMALIAS DE PRECIPITAÇÃO NO SUDESTE DO BRASIL DURANTE JANEIRO E FEVEREIRO DE 2001

Novembro de 2012 Sumário

SIMULAÇÕES DO EL-NIÑO 97/98 COM UM MODELO SIMPLES DE EQUAÇÕES PRIMITIVAS

Imagens de Satélites Meteorológicos

INFORMATIVO CLIMÁTICO

MASSAS de AR FRENTES CICLONES EXTRA-TROPICAIS

Transcrição:

PADRÕES CLIMÁTICOS DOS VÓRTICES CICLÔNICOS EM ALTOS NÍVEIS NO NORDESTE DO BRASIL, PARTE II: ASPECTOS SINÓTICOS Abstract María Cleofé Valverde Ramírez Nelson Jesus Ferreira Mary Toshie Kayano e-mail: valverde@met.inpe.br Av. dos Astronautas, 1758 - Jd da Granja - São José dos Campos - São Paulo CEP 12227-010 - Telefone: (012) 3456639. In this work the circulation patterns associated with the upper level cyclonic vortices (VCANs) over Northeast Brazil and Tropical South Atlantic have been studied. It has been confirmed that VCANs originate from the amplification of the ridge associated with the Bolivian high (BH). Such amplification can be caused by the equatorial incursion of midlatitude frontal systems, or by troughs in the North Pacific or in the North Atlantic aligned with BH in NW-SE or NE-SW directions. Also the vortex originates associated with the occurrence of an upper level anticyclonic circulation over southwestern Atlantic and southeastern Brazil, which is associated with stationary cold fronts (South Atlantic Convergence Zone SACZ). The VCANs can present regular or irregular displacements. Midlatitude trough associated with frontal systems and an interhemispheric bifurcation at northwest of the South America can cause irregular displacement. For VCANs with regular displacement it was common to observe the presence of an upper level anticyclone over South Atlantic which is related to the SACZ. 1. Introdução Uma característica marcante da circulação atmosférica na alta troposfera sobre a América do Sul é a presença da Alta da Bolívia (AB) e do cavado do Nordeste (CNE). Associado ao CNE podem se formar vórtices ciclônicos nos altos níveis (VCANs). Estes vórtices têm sido estudados desde o início da década de 80. Segundo Kousky e Gan (1981), os vórtices formam-se corrente abaixo da amplificação de uma crista em 200 hpa, associada a uma frente fria oriunda de latitudes médias e que se desloca para os trópicos. Como conseqüência, ocorre a amplificação do cavado em altos níveis a leste da crista e a posterior formação do vórtice. Embora o comportamento e estrutura dos VCANs que atuam no Nordeste do Brasil tenham sido investigados anteriormente, existem vários aspectos relacionados a sua formação e deslocamento que não foram bem explorados. Neste estudo os padrões característicos da circulação de altos níveis associados aos VCANs foram obtidos através de análises sinóticas. Estes padrões são importantes para se estabelecer modelos conceituais que possam auxiliar no monitoramento e previsão desse sistema. 2. Dados e Metodologia Utilizou-se as componentes zonal e meridional do vento em 200 hpa, no horário das 12:00 UTC derivadas das análises diárias do modelo de previsão numérica de tempo do European Centre for Medium Range Weather Forecasts (ECMWF), para o período de 1980 a 1989. Esses dados estão em pontos de grade, com resolução espacial de 2,5 de latitude e longitude. A área de estudo está compreendida entre 20 W-140 W e 20 N-40 S. Os padrões característicos da circulação associados aos VCANs foram determinados analisando-se campos de linhas de corrente e vorticidade em 200 hpa, utilizando o software GrADs (Doty,

1992). Avaliou-se somente o período de verão, já que nesta época observa-se uma maior freqüência de VCANs. 3. Resultados As análises diárias do campo do vento indicam que além da AB, do CNE e dos cavados de latitudes médias (CLMs) associados a sistemas frontais (SFs), existem outras características do escoamento em 200 hpa que também estão relacionadas aos VCANs. Destaca-se a ocorrência de uma bifurcação inter-hemisférica (BI) em altos níveis, um centro de circulação anticiclônica (AT) sobre o Atlântico Tropical Sul e cavados no Pacífico e Atlântico Tropical em ambos hemisférios. A BI é definida como uma separação do escoamento zonal de oeste nos altos níveis envolvendo as circulações do Hemisfério Norte (HN) e Hemisfério Sul (HS) a noroeste da América do Sul. Ao sudeste da BI encontrase a AB e a nordeste um outro sistema de circulação anticiclônica denominada neste trabalho de Alta do Norte (AN) localizada no HN. A Figura 1(a) esquematiza essas características do escoamento em 200 hpa associadas ao VCAN. Na imagem de satélite (Fig. 1(b)) observa-se a nebulosidade associada a um cavado do Atlântico Norte, AB e CLM interagindo com o VCAN. Formação do Vórtice Dos 80 VCANs observados no verão do período de estudo, 57% originaram-se conforme o mecanismo proposto por Kousky e Gan (1981) e 27% como conseqüência de um sistema de circulação anticiclônica sobre o Atlântico Tropical Sul e costa sul do Brasil (AT). Os 16% restantes formaram-se devido a amplificação de cavados provenientes do HN. Para os casos dos VCANs que se originam devido à presença do AT, as imagens de satélite mostram que estes estão associados à ZCAS intensa. A Figura 2(a) ilustra o mecanismo de formação de VCAN proposto por Kousky e Gan (1981), mas inclui características da circulação a grande escala (BI, AN, CAN, CPN) não observadas por esses autores. O CLM ao deslocar-se para latitudes baixas amplifica a crista no setor sudeste da AB e posteriormente ocorre a formação do vórtice. Os campos de vorticidade confirmam esta intensificação. A Figura 2(b) ilustra o mecanismo no qual o AT está presente. A intensificação e amplificação do AT em seu setor sudeste origina o vórtice. Deslocamento dos VCANs O deslocamento do VCAN é analisado a partir das características dos padrões de circulação mencionados anteriormente. Os VCANs podem ter tanto deslocamento regular como irregular. Deslocamento regular foi definido como sendo aquele que ocorre só na direção para oeste, e irregular quando a direção de propagação muda de oeste para leste e vice-versa. Deslocamento irregular VCANs com deslocamento irregular movimentam-se em geral numa área compreendida entre o Atlântico Tropical Sul e o Nordeste do Brasil, embora alguns movimentem-se apenas sobre o Atlântico Tropical Sul. Além disso, durante o tempo de vida destes VCANs, a BI está presente, com ventos relativamente fortes circundando o setor sul e sudeste da AB. Uma vez formado um VCAN, a incursão de CLMs em altos níveis associados a SFs aparentemente colabora para seu deslocamento irregular. A Figura 3 ilustra um caso típico de deslocamento irregular. Inicialmente, o CLM ingressa entre 20 W- 50 W (Dec. 13), ao estender-se até 30 S amplifica o setor sudeste da crista associada à AB na direção SE-NW. Como conseqüência, o VCAN adquire a mesma orientação deslocando-se ligeiramente para o oeste (Dec. 15). Quando o CLM sofre amplificação estendendo-se até 20 S, o setor leste da crista associada à AB adquire uma orientação mais meridional. Isto faz com que o VCAN adquira essa mesma orientação, deslocando-se para leste (Dec. 16). Em seguida o CLM em seu deslocamento para leste atinge o mesmo meridiano que o VCAN (Dec. 17). Posteriormente, um novo CLM incursionando pelo Atlântico Sul entre 40 W-65 W amplifica a crista no sentido NW-SE e consequentemente desloca o VCAN para oeste.

Deslocamento regular Neste caso os VCANs geralmente são mais intensos, estendem-se na vertical até 500 hpa e diferenciam-se dos demais pela ausência da AN associada à BI. Além dos VCANs com deslocamento regular que atingem a região leste e Nordeste do Brasil, existem outros raros, que se deslocam até o centro do continente e em alguns casos alcançam a costa oeste da América do Sul. A Figura 4(a) ilustra o caso do VCAN com deslocamento até centro do continente. Quando o VCAN inicia o movimento para oeste a AB alonga-se nos setores oeste e sudeste, estendendo-se sobre o sul do Brasil e Atlântico Sul e adquirindo alongamento quase zonal. Neste caso ventos fortes são observados no setor sudeste da AB. Em seguida o VCAN inicia seu movimento sobre o setor nordeste da AB e esta adquire uma orientação de SW-NE. Posteriormente o VCAN movimenta-se até o centro do continente deslocando o centro da AB para sudoeste. VCANs que se deslocam sobre o setor nordeste do Anticiclone do Atlântico Sul (AT). Neste caso os VCANs originam-se em associação ao AT, e tendem a deslocarem-se sobre o setor nordeste do AT até posicionarem-se sobre o Nordeste do Brasil. A Figura 4(b) ilustra este caso. Ao norte do AT forma-se uma configuração tipo bloqueio de pequena escala, a qual está associada a SFs que permanecem estacionários. 4. Conclusões A análise dos padrões de circulação associados à formação dos VCANs, confirma que a maioria deles origina-se pelo mecanismo proposto por Kousky e Gan (1981). No entanto observou-se que VCANs podem originar-se também como conseqüência do Anticiclone do Atlântico Tropical Sul (AT) associado à ZCAS. Aparentemente a liberação de calor latente na ZCAS intensifica o centro anticiclônico em altitude e por conservação da vorticidade o centro de circulação ciclônica se origina. Uma das características marcantes associadas ao AT é a existência de uma faixa de vorticidade relativa positiva em 200 hpa orientada na mesma direção da ZCAS (Kodama, 1992 e Quadros, 1994). Todavia existem casos nos quais os VCANs originam-se pela contribuição de CPN ou CAN que, ao se alinharem com a AB na direção NW-SE ou NE-SW, amplificam a crista associada à AB. O deslocamento dos VCANs pode ser regular ou irregular. No caso de VCANs com deslocamento irregular, a AN associada à BI está presente durante quase todo o tempo de vida do vórtice. Neste caso os CLMs associados a SFs, influenciam diretamente no deslocamento. Os VCANs com deslocamento regular, deslocam-se para o Nordeste do Brasil ou para o centro do continente e em alguns casos alcançam a costa oeste da América do Sul. Quando os vórtices iniciam seu movimento para o Nordeste a AB amplifica-se e se estende até o sudeste do Brasil - Atlântico Sul. Posteriormente a AB adquire uma extensão quase horizontal com orientação NW-SE, facilitando o deslocamento dos VCANs para o centro do continente. 5. Referências Bibliográficas 1 - Doty, B. E. Using the Grid Analysis and Display System. Center for Ocean-Land-Atmosphere Interactions (COLA), University of Maryland. Maryland. Jan. 1992. 2 - Kodama, Y. Large-scale common features of subtropical precipitation zones (The Baiu frontal zone, the SPCZ, and the SACZ) Part I: characteristic of subtropical frontal zones. Journal of the Meteorological Society of Japan, 70(14):813-835, Aug. 1992. 3 - Kousky, V.E.; Gan, M.A. Upper tropospheric cyclonic vortices in the tropical South Atlantic. Tellus, 36(5):538-551, Dec. 1981. 4 - Quadros, M. F. Estudo de episódios de Zonas de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) sobre a América do Sul. Dissertação de mestrado em Meteorologia (no prelo), São José dos Campos. INPE, 1994.

(a) (b) Fig. 1 (a) Linhas de corrente em 200 hpa ilustrando características do escoamento associado ao VCAN, (b) imagem infravermelha do satélite GOES-5, para 20 de dezembro às 15:46Z (a) (b) Fig. 2 (a) Campos de linhas de corrente e vorticidade ilustrando o mecanismo de formação de Kousky e Gan (1981), (b) Campos de linhas de corrente e vorticidade ilustrando a formação do VCAN devido ao AT. Nos campos de vorticidade as áreas escuras (claras) indicam valores menores (maiores) que 3x10-5 s -1 (3x10-5 s -1 ).

Fig. 3 Campos de linhas de corrente ilustrando o deslocamento irregular (a) (b)

Fig. 4 (a) Campos de linhas de corrente ilustrando deslocamento do VCAN até centro do continente (b) Campos de linhas de corrente ilustrando o deslocamento do VCAN até o Nordeste do Brasil.