O IMPACTO DA ABORDAGEM DE VENDAS NA ACEITAÇÃO DE PRODUTOS COM INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

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Transcrição:

O IMPACTO DA ABORDAGEM DE VENDAS NA ACEITAÇÃO DE PRODUTOS COM INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS AUTORES MÁRCIA ZAMPIERI GROHMANN Universidade Federal de Santa Maria marciazg@terra.com.br LUCIANA FLORES BATTISTELLA Universidade Federal de Santa Maria luttibattistella@gmail.com THIAGO ANTONIO BEURON Universidade Federal de Santa Maria thyagobeuron@hotmail.com LUCIANA AITA RISS UNIVERSIDADE FEDERAL DA SANTA MARIA lulu1864@hotmail.com Resumo Com o objetivo de verificar a influência das abordagens de venda no processo de aceitação e uso de produtos com inovações tecnológicas, foi realizada uma pesquisa descritiva e quantitativa 213 consumidores. O modelo utilizado na coleta de dados foi o Modelo de Aceitação Tecnológica, em conjunto com o da Teoria da Ação Racional. Juntamente com o modelo, foi apresentado aos respondentes um texto introdutório contendo uma das três abordagens de vendas analisadas (foco na competição, foco no produto, foco no cliente). Para responder as hipóteses da pesquisa os dados foram separados em três grupos - de acordo com a abordagem de vendas utilizadas e realizadas três equações estruturais. Os resultados comprovaram quatro das doze hipóteses testadas: na estratégia com foco na competição, a utilidade influencia na atitude de uso; na estratégia com foco no produto a facilidade relaciona-se com a intenção de compra; na estratégia com foco no produto a diversão influencia na atitude de uso; e na estratégia com foco no produto a atitude influencia na intenção de compra. Conclui-se, assim, que as relações entre estratégias de vendas e aceitação e compra de novos produtos é menor do que se esperava. Palavras-chave: estratégia; vendas; novos produtos. Abstract With intention to verify the influence of sales approaches in the process of acceptance and use of products with technological innovations, was made performed a descriptive and quantitative consumer 213. The model used in data collection was the Technology Acceptance Model, together with the Theory of Reasoned Action. Along with the model was presented to respondents introductory text containing one of three approaches to sales analysis (focus on the competition, focus on product, customer focus). To meet the assumptions of the research data were separated into three groups - according to the sales approach used - and made three structural equations. The results prove four of the twelve hypotheses tested: the

strategy with a focus on competition, utility influences the attitude of use, the strategy focused on product ease is related to purchase intent, the strategy focused on product diversion influences the attitude of use, and the strategy with focus on product attitude influences intention to purchase. So, the paper concluded that the relationship between sales strategies and new products purchase and acceptance is lower than expected.

1. INTRODUÇÃO O processo de adoção de produto com novas tecnologias pelos consumidores finais ainda desafia os pesquisadores e empresas. Peter e Donnelly (2006) evidenciam que novos produtos falham a uma taxa de 33 a 90% dependendo da indústria em questão. Diante do inegável processo de inovação nas empresas derivado de novas tecnologias, os consumidores vêem-se diante de produtos com diversos atributos, de difícil entendimento e escolha, dado o desconhecimento tecnológico por muitos consumidores (CAMPBELL, 1999). Ao longo da última década, observou-se nas organizações a migração da obsolescência planejada para a inovação, que traz aos consumidores aspectos que buscam recursos mínimos e resíduos mínimos e avanços significativos. Todo lançamento de uma inovação tecnológica coloca o consumidor exposto ao novo e a aprendizagem sobre a inovação envolve a exposição a novas informações que por vezes são de difícil assimilação (LEE, LEE e SCHUMANN, 2002; WILKIE e DICKSON, 1985). Neste contexto, a postura do vendedor ao fornecer informações sobre novos produtos passa a ser um diferencial para sua adoção de novas tecnologias (DAVIS, 1989; ROGERS, 1995). Assim, os desafios enfrentados pelos profissionais de marketing podem ser minimizados se souberem qual abordagem de venda teria a melhor probabilidade de adoção de novas tecnologias de consumo. No mundo corporativo (B2B), as abordagens de venda pessoal são aspectos muito estudados (WEITZ, 1978), por outro lado, poucos esforços são realizados no contexto dos consumidores finais (B2C) (ELLIOTT e FU, 2008). Os estudos que abordam o processo de decisão B2C, o retratam como mais espontâneo e menos complicado do que sua contraparte B2B (JOHNSTON e MARSHALL, 2006). O mercado consumidor desafia os vendedores a como perceber um novo produto e desenvolver formas eficazes de posicionamento e valores associados com a comunicação do novo produto. Portanto, esses estudos são essenciais para a compreensão da eficácia e a adequação das diferentes abordagens de táticas de venda (ELLIOT e FU, 2008). O objetivo deste estudo é identificar a influências das estratégias de vendas na aceitação e intenção de compra de produtos tecnológicos. Dessa forma será possível ajudar o mercado de novos produtos tecnológicos, com a orientação no desenvolvimento de táticas de vendas eficazes. Este estudo pauta-se nos trabalhos de Ziamou e Ratneshwar (2003) e Elliot e Fu (2008) que, anteriormente, pesquisaram sobre a eficácia de apresentações de vendas, como estratégias de comunicação para o lançamento de produtos inovadores no mercado. Para tanto foram utilizados uma combinação da teoria da ação racional (TRA) (FISHBEIN e AJZEN, 1975) com uma versão estendida do modelo de aceitação de tecnologia (TAM) (DAVIS, 1989). Quanto às táticas de vendas foram adaptadas da taxonomia de vendas técnicas utilizadas na relação vendedor B2B comprador (DELVECCHIO et al., 2002). 2. REFERENCIAL TEÓRICO Os modelos mais utilizados para prever as intenções do usuário e o comportamento do usuário advêm da literatura de psicologia social. Partindo então, da Teoria da Ação Racional (TRA) foram elaborados diversos modelos com intuito de prever o uso e aceitação e de novas tecnologias. A TRA foi proposta para prever o comportamento de um indivíduo em uma situação específica, para esta Teoria, o comportamento individual é orientado por intenções comportamentais, em que as intenções comportamentais são uma função da atitude do

indivíduo em relação ao comportamento e as normas subjetivas em torno do desempenho do comportamento (AJZEN e FISHBEIN, 1980). A partir da década de 80, surgem os primeiros modelos que auxiliam na previsão do uso de novas tecnologias, dentre eles, o Modelo de Aceitação da Tecnologia (TAM - Technology Acceptance Model) proposto por Davis (1989), que serve de base para este estudo, foi elaborado como um instrumento para prever a probabilidade de uma nova tecnologia ser adotada dentro de um grupo ou uma organização. Vários estudos empíricos validaram a utilidade deste modelo e ele é considerado robust para predizer e explicar a aceitação do usuário de uma inovação (VENKATESH e DAVIS, 2000, p.187). O TAM se pauta em duas crenças principais, as quais, intervindo as variáveis externas, são decisivas na intenção comportamental do indivíduo para usar um sistema: a percepção de utilidade e a percepção de facilidade de uso (LEGRIS, INGHAM e COLLERETTE, 2003). O modelo fundamenta-se na hipótese de que a aceitação e utilização de tecnologias podem ser explicadas em termos de crenças internas de um usuário, atitudes e intenções, para tanto, deve ser utilizado no momento em que a tecnologia é introduzida (DAVIS, et al., 1989). Os constructos que formam o TAM podem ser descritos como: variáveis externas, aquelas que se referem às características do sistema, processo de desenvolvimento, capacitação e treinamento dos usuários; utilidade percebida, o grau o qual um usuário acredita que usando o sistema irá melhorar sua performance; facilidade de uso percebida, grau o qual um usuário acredita que usando o sistema será livre de esforços; atitude em relação ao uso, sentimento do usuário de estar favorável ou não em relação a usar o sistema; intenção comportamental de uso, a intenção de usar o sistema no futuro; e o uso real do sistema, diz respeito a quantidade de uso sobre uma unidade de tempo (DAVIS, 1989). Até o momento, as investigações têm incidido sobre os efeitos moderadores de experiência, sexo e idade do usuário da tecnologia no relacionamento entre as variáveis independentes e dependentes (VENKATESH e DAVIS 2000). Diversas pesquisas têm utilizado o TAM com adaptações aos diferentes contextos, testando empiricamente o modelo a um conjunto diverso de tecnologias e usuários (VENKATESH, et al., 2003). Quanto às abordagens táticas de venda, não existe uma taxonomia no B2C. Já no contexto do B2B esta questão é amplamente discutida. Recentemente, Delvecchio et al. (2002) utiliza uma taxonomia de táticas de venda baseado na adaptação da mensagem. Nela são identificas três táticas específicas de venda, ou seja, enfoque no produto, enfoque na concorrência, e com foco no cliente, utilizado na gestão das diferentes relações entre comprador e vendedor. Uma abordagem focada no cliente destaca a tentativa de um vendedor de vincular os benefícios do novo produto com as necessidades específicas dos consumidores. Uma segunda abordagem, com foco no produto enfatiza as qualidades e benefícios do produto inovador a ser oferecido. A terceira abordagem, na concorrência, relaciona clientes similares e produtos competitivos para a inovação. Se as táticas de vendas específicas podem ser mostradas para ter um efeito diferencial sobre os elementos da TAM e TRA e para reforçar o relacionamento entre as dimensões mais importantes, o estudo pode fornecer aos comerciantes uma introspecção de táticas de vendas adequadas para produtos inovadores. 3. MÉTODO Buscando responder ao objetivo geral deste estudo, identificar a influências das estratégias de vendas na aceitação e intenção de compra de produtos tecnológicos, o método utilizado na pesquisa foi o quantitativo e descritivo (aplicação do modelo TAM e TRA).

Os participantes do estudo foram universitários de uma Instituição de Ensino Superior Federal e a amostra inicial foi composta de 400 entrevistados, porém alguns questionários precisaram ser excluídos (não estavam devidamente preenchidos) e o número final de entrevistados ficou em 347 pessoas. A amostra foi escolhida por conveniência, sendo que o critério norteador foi o fato de que este é o público preferencial do produto proposto (um media player - Mp4). Quanto ao instrumento de coleta de dados utilizado, o mesmo era composto do modelo expandido TAM e do TRA. Dessa forma, o instrumento contava com os seguintes construtos: Figura 01 - Construtos do Modelo Assim, o questionário foi formado de cinco construtos que utilizavam uma escala Likert de 5 pontos, o entrevistado deveria se posicionar entre 1= discordo totalmente até 5 = concordo totalmente. Estes construtos estavam formados por 19 variáveis, assim divididas: três variáveis para expressão percebida, cinco para diversão percebida, quatro para utilidade percebida, quatro para facilidade percebida e três para pressão normativa. Os dois construtos restantes dividiam-se da seguinte forma: cinco variáveis para mensurar atitude frente ao uso e três para intenção de compra, nas quais o entrevistado posicionava-se utilizando uma escala de 7 pontos. Além destas questões, o questionários também apresentava algumas perguntas de caráter sócio-demográfico, para a caracterização da amostra. A coleta de dados ocorreu no mês de dezembro de 2009 e entre os meses de março e abril de 2010. Ao todo, a amostra foi formada por alunos de seis cursos diferentes de graduação que estavam distribuídos entre o primeiro ao décimo semestre destes cursos. O instrumento foi aplicado no intervalo das aulas, após obtenção do consentimento do coordenador do curso e do professor da disciplina. O instrumento de coleta foi elaborado em três versões, sendo que seguindo a orientação de Elliott e Fu (2008) nos três havia uma única descrição de um produto MP4 e seguindo de uma estratégia de venda desenvolvidas em DelVecchio et al. (2002). Na primeira estratégia de venda, o foco foi no produto e seus atributos. O vendedor hipotético exaltava as características do produto. Na segunda estratégia de venda para o mesmo produto, aos respondentes eram apresentados a um vendedor que promovia a estratégia com foco na competitividade do produto e, finalmente, um terceiro grupo de estudantes foi exposto a uma abordagem de venda com foco nas necessidades do consumidor. O procedimento principal deste estudo foi o de comparar amostras das três diferentes estratégias de marketing propostas. Para tanto, buscou-se investigar a equivalência da

estrutura fatorial das três amostras e a verificação de alterações no comportamento dos modelos foi feita através do teste de invariância. As hipóteses do estudo são apresentadas juntamente com seus resultados. Porém, antes da realização dos testes de invariância, foram adotados os procedimentos básicos para o trabalho com equações estruturais, ou seja, foi realizada uma análise preliminar dos dados, através de estatísticas descritivas, análise fatorial exploratória (AFE) e avaliação da confiabilidade e validade das escalas (HAIR, et al., 2005). Logo após a AFE, antes do ajuste do modelo global, buscou-se verificar a existência de casos extremos com a utilização do diagrama em caixa e como nenhum dos valores discrepantes situaram-se a 1,5 ou mais desvios quartílicos - distância de mahalanobis - do quartil superior ou inferior (LOPES, 2005), comprovou-se a ausência de casos extremos. Os gráficos Q-Q e P-P demonstraram que boa parte dos dados apresentavam distribuição normal, o que segundo Hair et al. (2005) é o pressuposto mais importante da AFC. A unidimensionalidade do modelo foi analisada através dos valores dos resíduos padronizados e como todos os valores são inferiores a 2,58 (p<0,05), a mesma foi comprovada. A validade convergente também foi testada e comprovada, pois as cargas fatoriais padronizadas forma significativas ao nível de 0,01 (t-value 2,33). Para identificação da validade discriminante, foi utilizado o procedimento de comparação entre a variância extraída da dimensão e suas variâncias compartilhadas e os resultados demonstraram que todas as variâncias extraídas foram maiores que as variâncias compartilhadas, demonstrando assim que a validade discriminante é positiva. Na análise fatorial confirmatória (AFC), o ajuste do modelo foi identificado através dos seguintes índices: estatística qui-quadrado (χ²), qui-quadrado/graus de liberdade (χ²/gl), root mean square error of aproximation (RMSEA), normed fit index (NFI) e non normed fit index (NNFI), goodness off it índex (GFI) e comparative fit indez (CFI). Sendo que os padrões de referencia são de < 0,10 para o RMSEA e para > 0,90 para os demais itens. Para o teste de relações, as amostras foram divididas em três grupos (um para cada estratégia) representados por: 115 pessoas na estratégia foco no produto, 112 na estratégia foco na competição e 120 na estratégia foco no cliente. Apesar das amostras terem sido reduzidas, estes valores são similares ao do estudo de Elliott e Fu (2008) e, segundo Hair, et al. (2005), os modelos com, no mínimo, três itens de mensuração por construto e com comunalidades acima de 0,60, podem ser realizadas com amostras pequenas de 100 a 150 questionários. Como o modelo proposto enquadra-se nestas características, julgou-se o tamanho da amostra adequado para realização das equações estruturais. Por fim, foi realizado o teste de invariância que parte da definição de um modelo estrutural base. O modelo base deste estudo encontra-se na Figura 2 e é formado pelos sete construtos do modelo teórico e suas respectivas variáveis. Como se pode observar na figura, cinco construtos são de primeira ordem (expressão, diversão, utilidade, facilidade e pressão normativa) e dois são de segunda ordem (atitude de uso e intenção de compra). Isto significa que os construtos de primeira ordem irão impactar nos construtos de segunda ordem, conforme a descrição das hipóteses de pesquisa. O teste de invariância consiste em definir o valor do qui-quadrado e os graus de liberdade do modelo base (amostra total) e comparar-los com o do modelo restritivo. Caso a diferença entre estes valores dos qui-quadrados for significativa, comprova-se que há diferenças entre os modelos estruturais. A partir daí, são testadas, uma a uma, modificações no modelo com as sub-amostras (estratégia foco no produto, estratégia foco na competição e estratégia foco no cliente) e apuradas as novas medidas. Novamente, a análise é feita comparando-se as diferenças dos qui-quadrados e se elas forem significativas (p < 0,005) comprava-se que naquele construto ou variável, o comportamento do modelo é influenciado de maneira distinta entre as sub-amostras.

Figura 2 Modelo da Pesquisa 4. RESULTADOS Seguindo os procedimentos, foi realizada a AFE com rotação varimax e com extração de fatores fixos (sete fatores). A estrutura resultante, conforme a Tabela 1, comprovou o agrupamento dos itens em seus respectivos construtos e os valores obtidos para o Kaiser- Meyer-Olkin (KMO) e o testes de esfericidade de Bartlett comprovaram a adequação da aplicação fatorial. Os valores foram de 0,860 para o primeiro índice e de 3441,764, com significância de 0,000, para o segundo. Outro dado que corrobora com a adequação da AFE é da variância total extraída, pois os sete fatores foram capazes de explicar 69,55% do total da variância. Porém, através do critério de exclusão de variáveis com comunalidades inferiores a 0,50, quatro variáveis foram excluídas do modelo: U4 - o MP4 seria uma boa maneira de guardar fotos (comunalidade = 0,399); F2 - seria fácil conseguir o que eu quero fazer com o MP4 (comunalidade = 0,496); Ex3 - usar o MP4 expressa a minha personalidade (comunalidade = 0,389) e En4 - na minha opinião, o MP4 seria chato de usar (comunalidade = 0,456). Após a AFE, foram calculados os coeficientes Alpha de Cronbach para que ser avaliasse a confiabilidade da escala, ou seja, a consistência interna entre os múltiplos indicadores de um construto. Conforme pode ser observado na Tabela 1, apenas o construto Diversão (alpha = 0,545) apresentou valor abaixo do indicado, que segundo Malhotra (2001) aceitam-se valores acima de 0,60. Todos os demais construtos obtiveram alphas superiores a

0,730. Por fim, a consistência interna do instrumento foi atestada pelo valor do alpha de Cronbach geral que foi de 0,894. A próxima etapa realizada foi a AFC, cujos valores encontram-se na Tabela 1. Os valores encontrados para as cargas padronizadas são considerados satisfatórios, pois estavam acima de 0,60, sendo que o menor foi para o item En1 (carga padronizada = 0,615). Os valores dos erros, ou seja, a variância não explicada, também foram considerados satisfatórios, pois o maior valor foi de 0,72 (para o ítem Ic3). Por fim, o ajuste do modelo global apresentou índices dentro dos limites aceitáveis e recomendados. Os valores obtidos foram: qui-quadrado = 486,124; graus de liberdade = 210; qui-quadrado ajustado = 2,31 (5,00 é o valor máximo aceitável); RMR = 0,076; RMSEA = 0,062 (ambos os índices com valor máximo aceitável de 0,10); GFI = 0,893; IFI = 0,917; TLI = 0,898; CFI = 0,916 (valores de referência acima de 0,90). Dessa forma, conforme argumenta Byrne (2001), os valores encontrados proporcionam segurança na análise dos resultados obtidos com o instrumento de coleta de dados utilizado. Tabela 1 Estrutura Fatorial Resultante da AFE e AFC Fator Itens Carga Erro Alpha Padroniz. Expressão Ex1- comprar o MP4 iria refletir o tipo de pessoa que sou 0,714 0,51 0,734 Ex2- usar o MP4 me traria status perante meus amigos 0,821 0,67 Diversão En1- o MP4 me traria diversão 0,615 0,38 0,545 En2- usar o MP4 seria excitante 0,699 0,49 En3- seria divertido usar o MP4 0,713 0,51 En5- o MP4 me traria alegria 0,785 0,62 Utilidade U1- o MP4 seria uma maneira de assistir filmes e ouvir música 0,673 0,45 0,746 U2- o peso e tamanho do MP4 são convenientes para mim 0,743 0,55 U3- o MP4 seria útil como pendrive 0,705 0,50 Facilidade F1- seria fácil aprender a usar o MP4 0,687 0,47 0,728 F3- seria fácil compreender e utilizar as ferramentas do MP4 0,740 0,55 F4- facilmente eu teria habilidade para utilizar o MP4 0,644 0,42 Pressão Pn1- pessoas importantes para mim querem que eu tenha o MP4 0,710 0,50 0,770 Normativa Pn2- pessoas que eu admiro esperam que eu tenha o MP4 0,810 0,66 Pn3- meus amigos esperam que eu use o MP4 0,668 0,45 Atitude de A1- Bom/mal 0,722 0,52 0,855 Uso A2- Sábio/tolo 0,750 0,56 A3- Favorável/desfavorável 0,746 0,56 A4- Útil/inútil 0,684 0,47 A5- Positivo/negativo 0,795 0,63 Intenção Ic1- Não gostaria/gostaria 0,812 0,66 0,834 compra Ic2- Impossível/possível 0,728 0,53 Ic3- Improvável/profável 0,850 0,72 KMO = 0,860 Alpha Cronbach = 0,894 Variância explicada = 69,55% Qui-quadrado = 486,124 Graus de liberdade = 210 χ²/gl = 2,31 RMR = 0,076 RMSEA = 0,062 GFI = 0,893 IFI = 0,917 TLI = 0,898 CFI = 0,916 Após a comprovação do ajuste do modelo, foram realizados testes estatísticos visando comparar as médias encontradas, em cada construto, e confrontá-las tendo como critério de diferenciação a estratégia de venda adotada. Observa-se, na Tabela 2, um comportamento padronizado no que se refere as maiores e as menores médias dos fatores, ou seja, em todos os fatores as menores médias foram obtidas pela amostra composta por entrevistados expostos à estratégia de venda com foco no produto e as maiores médias pela amostra composta por entrevistados expostos à estratégia com foco no cliente. Porém, as diferenças de média não foram muito grandes, tanto que, em

apenas dois fatores tal diferença foi significativa. Esta afirmação é feita com os dados obtidos pelo teste ANOVA, onde no construto Atitude de Uso o valor do teste F foi de 7,777 (significância de 0,000) e na construto Intenção de Compra o valor do teste F foi de 5,508 (significância de 0,004). Tabela 2 Diferenças e significâncias estatísticas entre as médias dos fatores Fator Estratégia N Média Desvio-padrão F Significância Expressão Diversão Utilidade Facilidade Pressão Normativa Atitude uso Intenção de compra Foco no Produto 115 2,2609 1,07880 Foco na Competição 112 2,2009 1,01888 Foco no Cliente 120 2,3875 1,00725 0,989 0,373 Foco no Produto 115 3,6370 0,74357 Foco na Competição 112 3,5022 0,83187 Foco no Cliente 120 3,7063 0,79762 1,976 0,140 Foco no Produto 115 3,9884 0,85376 Foco na Competição 112 4,0089 0,75199 Foco no Cliente 120 4,1917 0,68690 2,514 0,082 Foco no Produto 115 3,7130 0,85599 Foco na Competição 112 3,7649 0,84971 Foco no Cliente 120 3,8833 0,84200 1,246 0,289 Foco no Produto 115 1,5739 0,71266 Foco na Competição 112 1,7262 0,81676 Foco no Cliente 120 1,7472 0,79799 1,716 0,181 Foco no Produto 115 4,1322 1,03004 Foco na Competição 112 4,1857 1,20321 Foco no Cliente 120 4,6417 1,03352 7,777 0,000 Foco no Produto 115 3,4609 1,35981 Foco na Competição 112 3,7262 1,46785 Foco no Cliente 120 4,0556 1,30311 5,508 0,004 Para um melhor entendimento das diferenças encontradas, foi realizado o teste Tukey HSD, o que demonstrou que a diferença encontrado do fator Atitude ocorreu entre a estratégia focada no produto e a estratégia focada no consumidor (diferença das médias = - 0,50949; desvio-padrão = 0,14225 e significância = 0,001) e entre a estratégia focada na competição e a estratégia focada no consumidor (diferença das médias = -0,45595; desvio-padrão =,14322 e significância = 0,005). Já no fator Intenção de compra, a diferença foi encontrada entre a estratégia com foco no produto e a estratégia com foco no consumidor (diferença das médias = -0,59469; desvio-padrão =,17966 e significância = 0,003) Continuando com os procedimentos de análise de dados que visavam comprovar relações entre os fatores de acordo com as estratégias de vendas adotadas, buscou-se identificar o comportamento das relações para cada uma das sub-amostras (E1, E2 e E3). Dessa forma, foram calculados três modelos estruturais distintos, cujos resultados encontramse na Tabela 3 e realizou-se as relações significativas para cada uma das estratégias de vendas utilizada. No que se refere ao modelo estrutura da estratégia com foco no produto, observa-se que das dez relações testadas, três foram significativas: atitude e diversão (β = 0,404; p<0,000), intenção e facilidade (β = 0,219; p <0,005); atitude e intenção (β = 0,522; p <0,000). Quanto à estratégia de foco na competição, quatro relações foram significativas: atitude e utilidade (β = 0,271; p <0,001); atitude e diversão (β = 0,386; p <0,000); intenção e

facilidade (β = 0,215; p <0,002); atitude e intenção (β = 0,590; p <0,000). E, por fim, as relações significativas no modelo estrutural da estratégia foco no cliente foram: atitude e utilidade (β = 0,275; p <0,002); atitude e diversão (β = 0,321; p <0,000); intenção e utilidade (β = 0,277; p <0,000); atitude e intenção (β = 0,409; p <0,000). Tabela 3 - Teste das Relações Estratégia Relação Coeficiente Z Sig. R² Foco no Produto atitude <--- tilidade 0,206 1,910 0,056 0,173 Foco na Competição 0,422 3,206 0,001* 0,271 Foco no Cliente 0,412 3,107 0,002* 0,275 Foco no Produto atitude <--- acilidade 0,083 0,837 0,402 0,070 Foco na Competição 0,200 1,794 0,073 0,145 Foco no Cliente 0,123 1,306 0,192 0,100 Foco no Produto atitude <--- xpressão 0,117 1,586 0,113 0,124 Foco na Competição 0,121 1,492 0,136 0,105 Foco no Cliente 0,063 0,811 0,418 0,061 Foco no Produto atitude <--- iversão 0,553 4,418 *** 0,404 Foco na Competição 0,543 4,332 *** 0,386 Foco no Cliente 0,404 3,623 *** 0,321 Foco no Produto intenção <--- tilidade -0,093-0,693 0,488-0,059 Foco na Competição -0,125-0,874 0,382-0,067 Foco no Cliente 0,526 3,410 *** 0,277 Foco no Produto intenção <--- acilidade 0,343 2,818 0,005* 0,219 Foco na Competição 0,358 3,033 0,002* 0,215 Foco no Cliente 0,004 0,039 0,969 0,003 Foco no Produto intenção <--- xpressão -0,037-0,378 0,705-0,030 Foco na Competição -0,038-0,408 0,684-0,027 Foco no Cliente 0,213 2,289 0,022 0,163 Foco no Produto intenção <--- iversão 0,072 0,435 0,663 0,040 Foco na Competição 0,203 1,440 0,150 0,120 Foco no Cliente 0,126 0,961 0,336 0,079 Foco no Produto intenção <--- ressão 0,262 1,777 0,076 0,140 Foco na Competição 0,240 2,086 0,037 0,138 Foco no Cliente 0,125 1,079 0,280 0,077 Foco no Produto atitude <--- ntenção 0,686 5,967 *** 0,522 Foco na Competição 0,713 7,211 *** 0,590 Foco no Cliente 0,520 5,150 *** 0,409 * significativo ao nível de 0,005. Para verificar se as estratégias de vendas interferem no modelo proposto, foi realizado o teste de invariância (Tabela 4), ou seja, a partir do modelo base (Figura 2) foi realizado o cálculo do qui-quadrado do modelo restritivo e detectou-se que a diferença encontrada era significativa ( χ²=36,914 com significância de 0,000) o que denota que há diferenças entre os modelos. Em seguida, o teste de invariância dos parâmetros foi realizado com a imposição restritiva de cada um dos parâmetros, de forma a torná-los invariantes nos três grupos comparativos. As restrições foram feitas para todos os parâmetros e os resultados comparados com os do modelo base. Os resultados demonstraram que não há diferenças significativas entre os modelos de estratégia com foco no produto (E1) e o modelo de estratégia com foco na competição (E2), pois a significância encontrada foi maior que 0,005 (p=0,020). Porém, conforme os dados da última coluna da Tabela 4, para todos os outros parâmetros testados, houve diferença

significativa, demonstrando que as diferenças encontradas nos modelos estruturais são significativas. Tabela 4 - Teste de invariância Descrição Comparação χ² gl χ² gl Significância Modelo base E1, E2, E3 62,132 21 --- --- --- Modelo restritivo E1, E2, E3 99,046 47 36,914 26 0,000 Modelo 1 E1, E2 44,140 27 17,992 6 0,020 (NS) Modelo 2 E1, E3 58,002 27 4,130 6 0,000 E1, E3 - P1 37,258 15 24,874 6 0,001 E1, E3 - P2 40,330 15 21,802 6 0,000 E1, E3 P3 37,784 15 24,348 6 0,001 E1, E3 P4 37,078 15 25,054 6 0,001 E1, E3 P5 38,473 15 23,659 6 0,001 E1, E3 P6 45,870 15 16,262 6 0,000 E1, E3 P7 37,103 15 25,029 6 0,001 E1, E3 P8 41,142 15 20,990 6 0,000 E1, E3 P9 37,510 15 24,622 6 0,001 E1, E3 P10 38,615 15 23,517 6 0,001 Modelo 3 E2, E3 76,389 27 14,257 6 0,000 E2, E3- P1 49,595 15 12,537 6 0,000 E2, E3- P2 52,702 15 9,430 6 0,000 E2, E3- P3 50,016 15 12,116 6 0,000 E2, E3- P4 49,511 15 12,621 6 0,000 E2, E3- P5 49,363 15 12,769 6 0,000 E2, E3- P6 58,605 15 3,527 6 0,000 E2, E3- P7 49,627 15 12,505 6 0,000 E2, E3- P8 53,997 15 8,135 6 0,000 E2, E3- P9 49,818 15 12,314 6 0,000 E2, E3- P10 52,709 15 9,423 6 0,000 Dessa forma, o teste de invariância permite algumas conclusões auxiliares sobre as relações testadas e apresentadas na Tabela 3. É possível afirmar que a relação entre atitude e utilidade é mais forte na estratégia com foco na competição (β = 0,271) do que na estratégia com foco no cliente (β = 0,275), pois a χ²= 12,769 teve significância 0,000. Na relação entre atitude e diversão, a relação mais forte é na estratégia produto (β = 0,404) do que na estratégia com foco no cliente (β = 0,386), pois o χ²=25,029 teve significância 0,000, já não é possível afirmar o mesmo entre a estratégia com foco no produto e a com foco no cliente, pois a χ²=17,992 não foi significante (p=0,020). Não se pode afirmar que a relação entre intenção e facilidade é mais forte na estratégia com foco no produto (β = 0,219), do que na com foco no cliente (β = 0,215), pois a χ²=17,992 não foi significativa. Por fim, apesar das três estratégias terem obtido valores significativos para a relação entre atitude e intenção, só é possível afirmar que a estratégia com foco no produto (β = 0,522) tem relação mais forte do que a estratégia com foco no cliente (β = 0,409), pois a χ²=23,571 foi significativa; e que a relação na estratégia foco na competição (β = 0,590) foi mais forte do que na estratégia foco no cliente (β = 0,409), pois a χ²=9,423 foi significativa. Mas, não é possível afirmar que a relação na estratégia foco no produto é mais forte do que na estratégia foco na competição, pois a diferença do qui-quadrado não foi significativa. As hipóteses deste estudo, todas suportadas teoricamente pelo estudo de Eliot e Fu (2008), são apresentadas a seguir, bem como os resultados que demonstram se as mesmas foram ou não suportadas neste estudo. O esquema de relação das hipóteses está expresso na Figura 3 e observa-se que os P apresentados após o código da hipótese representam o código do parâmetro restritivo utilizado no teste de invariância.

Figura 3 Hipóteses da Pesquisa A primeira hipótese (H1) afirma que a estratégia de vendas com foco na competição irá influenciar fortemente a relação entre utilidade e atitude de uso (H1a) e entre utilidade e intenção de compra (H1b). Os resultados demonstraram que essa relação só é significativa na primeira relação (β = 0,271; p <0,01) já que em H1b as valores obtidos não foram significativos (β = -0,067; p > 0,05). Esses resultados, juntamente com o teste de invariância apresentado anteriormente, permitem afirmar que a hipótese H1a foi confirmada e que a hipótese H1b não se confirmou. Na hipótese dois afirma-se que a estratégia focada no produto influencia fortemente a relação entre utilidade e atitude de uso (H2a) e entre utilidade e intenção de compra (H2b) e os resultados demonstraram que a hipótese não é correta, pois em ambos os casos a relação não é significativa (utilidade e intenção com β = 0,173 e p = 0,056 e utilidade e intenção de compra com β = -0,059 e p = 0,488). Também sobre a estratégia com foco no produto, a hipótese 3 propunha que a relação entre facilidade e atitude de uso (H3a) seria forte e significativa, assim como a relação entre facilidade e intenção de compra (H3b). Observando-se os dados constata-se que apenas a hipótese H3b foi (β = 0,219; p = 0,05), já que os resultados de H3a não foram significativos (β = 0,070 e p = 0,402). A quarta hipótese (H4) diz respeito a estratégia de vendas focada no cliente e afirma que expressão irá influenciar a atitude de uso (H4a) e que a expressão irá influenciar a intenção de compra. Em ambos os casos os resultados demonstram que não há relações significantes (β = 0,061 e sig= 0,418; β = 0,077 e sig= 0,022) e, portanto, as hipóteses são rejeitadas. A próxima hipótese refere-se a estratégia com foco no produto e afirma que há relação entre diversão e atitude de uso (H5a) e entre diversão e intenção de compra (H5b). Os resultados demonstraram que a relação só ocorre no primeiro caso, ou seja, na relação entre diversão e atitude de uso (β = 0,404; p <0,01), já que em H5b os valores encontrados foram de β = 0,040 e significância de 0,663. Assim, somente a hipótese H5a é confirmada. A sexta hipótese afirma que na estratégia com foco na competição, ocorre relação significativa entre pressão normativa e intenção de compra, porém os dados não confirmam este pressuposto, visto que os valores encontrados foram β = 0,138 e p = 0,037. Por fim, a hipótese sete menciona que a estratégia com foco no produto influencia a relação entre atitude

e intenção de compra. Tal hipótese é confirmada visto que os valores obtidos foram significativos (β = 0,522; p <0,01). Em suma, como se pode observar na Tabela 5, das doze hipóteses testadas, apenas quatro foram confirmadas. Dessa forma, conclui-se que as relações entre estratégia de vendas e adoção de produtos com inovações tecnológicas é mais fraca do que se esperava. Tabela 5 - Hipóteses da Pesquisa Estratégia Hipótese Relação Valores Conclusão Competição H1a Utilidade e atitude de uso 0,271 (p=0,001) Confirmada H1b Utilidade e intenção de compra -0,067 (p=0,382) Não confirmada Produto H2a Utilidade e atitude de uso 0,173 (p=0,056) Não confirmada H2b Utilidade e intenção de compra -0,059 (p=0,488) Não confirmada Produto H3a Facilidade e atitude de uso 0,070 (p=0,402) Não confirmada H3b Facilidade e intenção de compra 0,219 (p=0,005) Confirmada Cliente H4a Expressão e atitude de uso 0,061 (p=0,418) Não confirmada H4b Expressão e intenção de compra 0,077 (p=0,022) Não confirmada Produto H5a Diversão e atitude de uso 0,404 (p=0,000) Confirmada H5b Diversão e intenção de compra 0,040 (p=0,663) Não confirmada Competição H6 Pressão normativa e intenção 0,138 (p=0,037) Não confirmada Produto H7 Atitude e intenção de compra 0,522 (p=0,000) Confirmada 5. CONCLUSÕES A pesquisa teve como propósito verificar a influência das abordagens de venda (foco na competição, foco no produto e foco no cliente) sobre a relação entre aceitação e uso de produtos com inovações tecnológicas. De forma resumida, observou-se que a influência é menor do que se esperava, pois das doze hipóteses testadas, apenas quatro foram comprovadas. Porém, os resultados permitem outras análises interessantes quando, observam-se as relações significativas de acordo com as estratégias de vendas. Observa-se que a estratégia com foco na competição obteve quatro relações significantes (atitude utilidade; atitude diversão; intenção facilidade; atitude intenção), a estratégia com foco no produto obteve três (atitude diversão; intenção facilidade; atitude intenção) e que a estratégia com foco no cliente obteve quatro relações significativas (atitude utilidade; atitude diversão; intenção utilidade; atitude intenção). Foi comprovado que a atitude dos consumidores no que diz respeito a aceitação de novas tecnologias possui uma significativa influência na intenção de compra de produtos com este tipo de inovação. Nesse sentido, verificou-se também que essa relação é válida para todas as estratégias de vendas, sendo mais acentuada na com foco na com foco na competição (β = 0,590), seguida da estratégia com foco no produto (β = 0,522) e, por fim, na estratégia com foco no cliente (β = 0,409). Dessa forma, os resultados indicam que as ações mercadológicas não têm grandes influencias sobre a decisão de compra dos consumidores de produtos tecnológicos e não é possível, através dos resultados deste estudo, identificar qual a melhor estratégia de vendas para este tipo de produto. Por fim, é importante salientar que os resultados encontrados não podem ser generalizados pois o estudo refletiu a percepção de jovens estudantes quanto à aquisição de um tipo específico de produto (Mp4) e, desta forma, seria interessante repetir a pesquisa em outros segmentos e com outros tipos de produtos.

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