AVALIAÇÃO DO CONFORTO LUMÍNICO EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PRESIDENTE PRUDENTE SP (805)

Documentos relacionados
ESCOLAS PÚBLICAS: AVALIAÇÃO DO CONFORTO LUMÍNICO EM PRESIDENTE PRUDENTE SP

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LUMÍNICO ATRAVÉS DE MEDIÇÕES COM LUXÍMETRO

AVALIAÇÃO DE AMBIENTE EXISTENTE PARA COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS DE CÁLCULO DE ILUMINAÇÃO NATURAL

ESTUDO DA ILUMINAÇÃO NATURAL EM UMA SALA DE AULA NA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

O AMBIENTE ESCOLAR E O CONFORTO LUMÍNICO: AVALIAÇÃO EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PRESIDENTE PRUDENTE - SP

ANÁLISE DO DESEMPENHO LUMÍNICO DE HABITAÇÕES POPULARES: CASO SANTA CRUZ - PB

AVALIAÇÃO DA ILUMINAÇÃO EM SALAS DE AULA COM AUXILIO DO DESIGN BUILDER: ESTUDO DE CASO

AVALIAÇÃO DE CONFORTO LUMÍNICO EM SALAS DE AULA: ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL FREI PACÍFICO, VIAMÃO, RS

EXPERIENCE FROM NEW BUILDINGS AND RETROFITTING IN BRAZIL

DESEMPENHO LUMÍNICO DE UMA EDIFICAÇÃO SUSTENTÁVEL: AVALIAÇÃO DE UMA SALA DE AULA

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ILUMINAÇÃO NATURAL E ARTIFICIAL EM SALAS DE AULA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA RS

ESTUDO DE NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA NAS SALAS DE AULA DO BLOCO 9 DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ.

ESTUDO DO DESEMPENHO DA ILUMINAÇÃO NATURAL E A PERCEPÇÃO DO USUÁRIO: estudo de caso. Arquimedes Rotta Neto 1. Paula Silva Sardeiro Vanderlei 2

CONFORTO LUMÍNICO NO AMBIENTE ESCOLAR: NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA EM ESCOLAS PÚBLICAS DE ÁLVARES MACHADO SP

AVALIAÇÃO DO CONFORTO VISUAL EM UMA SALA DE AULA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Artigos técnicos. Contribuições para o dimensionamento de aberturas para iluminação natural em habitações de interesse social

Avaliação do desempenho térmico de Sistema Construtivo em Concreto de Alto Desempenho Estrutural Leve CADEX

ANÁLISE DO DESEMPENHO DA ILUMINAÇÃO NATURAL DE SALAS DE AULA DE DESENHO EM VITÓRIA (ES)

Iluminação Natural. Estudo realizado para salas de aula em Tucumán. a u l a r á p i d a. Por Guillermo E. Gonzalo

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIO NA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL

MANUAL DE MEDIÇÃO E CÁLCULO DAS CONDIÇÕES LUMINOTÉCNICAS

Página 1/7. Layout. 7,20 m AR-09 CJA-04B CJA-03 CJA-03B CJA-03B CJA-04 CJA-03 CJA-03 CJA-03B CJA-03B CJA-03 CJA-03 CJA-03 CJA-03B CJA-03B CJA-03

AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO DAS SALAS DE AULA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

AVALIAÇÃO DA ILUMINAÇÃO DOS VÁRIOS AMBIENTES DO CAMPUS DA UNUCET - ANÁPOLIS

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ILUMINAÇÃO EM SALAS DE AULA DO CAMPUS PELOTAS VISCONDE DA GRAÇA

O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL APLICADO À ARQUITETURA E URBANISMO COMO PARÂMETRO DA QUALIDADE DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL ESTUDO DE CASO EM SANTA ROSA - RS 1

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO LUMINOSO EM SALAS DE AULA: ESTUDO DE CASO

APLICAÇÃO DO CONCEITO DO SELO PROCEL EDIFICA EM EDIFICAÇÃO DO CAMPUS DE PALMAS/UFT

Iluminação em ambientes de trabalho

SISTEMA CONSTRUTIVO DE PAINÉIS DE CONCRETO MOLDADOS IN LOCO: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO

NBR 15575:2013 DESEMPENHO TÉRMICO, LUMÍNICO E ACÚSTICO

Out/2014 UOP RG. Avaliação de Iluminância

NAVEGAÇÃO ALIANÇA LTDA. Levantamento Técnico de Iluminamento

Alinhamento entre PROCEL EDIFICA e ABNT NBR 15575

AVALIAÇÃO DA DISPONIBILIDADE DE ILUMINAÇÃO NATURAL EM SALAS DE AULA DE INSTITUIÇÃO NO SUL DO BRASIL 1

INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS DA ENVOLTÓRIA NA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES

DESEMPENHO TÉRMICO DE 3 EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS EM FLORIANÓPOLIS - SC

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO LUMÍNICO ATRAVÉS DE IMAGENS HDR

Quem somos e no que acreditamos

Desempenho Térmico de edificações Aula 12: Diretrizes Construtivas para Habitações no Brasil NBR15220

Aula 5. Recomendações da NBR 15220: Desempenho térmico de edificações

Radiação visível - iluminação

Projeto de Iluminação

Interferência das aberturas na disponibilidade de iluminação natural de ambiente interno associado a uma varanda

NBR (Partes 1 a 6)

Iluminação natural em salas de aula da FAU UFRJ Um estudo preliminar com apoio dos softwares Ecotect e DAYSIM

O EFEITO DE DUTOS DE LUZ VERTICAIS NA ILUMINAÇÃO NATURAL DE AMBIENTES ESCOLARES

RELATÓRIO ESCOLA DE ARQUITEURA DA UFMG

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO LUMINOSO EM SALA DE AULA: ESTUDO DE CASO

Comparativo entre Iluminância de ambientes em instituições de ensino pública e privada

DESEMPENHO DE EDIFICAÇÕES

MELHORIA DO DESEMPENHO AMBIENTAL EM EDIFICAÇÃO ESCOLAR: CONTROLE DA RADIAÇÃO DIRETA NO INSTITUTO FEDERAL DE SÃO PAULO (IFSP-SPO)

AVALIAÇÃO TÉRMICA E LUMÍNICA da NBR

CERTIFICAÇÃO LEED. Prof. Fernando Simon Westphal Sala

DESEMPENHO ENERGOLUMINOSO DE SALAS DE AULA EM LATITUDE 15ºS 1

Projeto e Construção Sustentável 2015/2

SIMULAÇÃO DE MELHORIA NO DESEMPENHO LUMÍNICO DE EDIFÍCIO POR MEIO DO USO DE PRATELEIRAS DE LUZ

Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires SP

SIMULAÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL NO AMBIENTE CONSTRUÍDO SOB CONDIÇÕES DE CÉUS PARCIALMENTE NUBLADOS

Quem somos e no que acreditamos

DESEMPENHO TÉRMICO DE TELHAS DE ALUMÍNIO. M. Akutsu & F. Vittorino. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A.

DIAGNÓSTICO DO IFRN CAMPUS SGA COM BASE NA ANÁLISE DOS PRÉ-REQUISITOS DO MÉTODO RTQ-C DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Sérgio Ferreira de Paula Silva

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ILUMINAÇÃO EM AMBIENTE DIDÁTICO

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO E LUMINOSO DE DOIS AMBIENTES DE TRABALHO DE UMA RESIDÊNCIA

ANEXO 3. Considerações para Eficiência Energética no projeto de Edificações Comerciais, de Serviço e Públicas

CÁLCULO DO DESEMPENHO TÉRMICO DE LAJES PRÉ- MOLDADAS COM TAVELAS CERÂMICAS E BLOCOS DE EPS

ESTUDO DO CONFORTO TÉRMICO DIURNO EM ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNÍCIPIO DE BRAGANÇA-PA.

SIMULAÇÃO ENERGÉTICA DO EDIFÍCIO SEDE DA FIESC: ESTUDO DE RETROFIT NO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO

ILUMINAÇÃO NATURAL INTERIORES - NORMAS

NÍVEL DE ILUMINAÇÃO EM MODELO FÍSICO REDUZIDO E AMBIENTE REAL: UM ESTUDO EXPERIMENTAL COMPARATIVO

Desempenho Térmico de edificações Aula 12: Diretrizes Construtivas para Habitações no Brasil NBR15220

Análise de qualidade ambiental do novo modelo integral de escola no Espírito Santo: Programa Escola Viva

AVALIAÇÃO TERMO-LUMINOSA DE UMA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL UNIFAMILIARES EM SANTA MARIA RS

Estudo de Caso: Sobre as Condições de Ruído, Temperatura e Iluminância na Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Adriana Camargo de Brito a*, Elisa Morande Salles a, Fúlvio Vittorino b, Marcelo de Mello Aquilino a, Maria Akutsu a

AVALIAÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL DE SALAS DE AULA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - RS

A. INTRODUÇÃO B. RADIAÇÃO VISÍVEL C. LUZ NATURAL E VISÃO D. DISPONIBILIDADE DA LUZ NATURAL E. DEFINIÇÕES E UNIDADES A LUZ NATURAL

ANÁLISE DA ILUMINAÇÃO NATURAL A PARTIR DE ELEMENTOS VAZADOS

DESEMPENHO VISUAL EM SALAS DE AULA: ANÁLISE COMPARATIVA DE COMPONENTES DE ABERTURAS LATERAIS

DESEMPENHO TÉRMICO EM HABITAÇÃO POPULAR: ADEQUAÇÃO DE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

Capítulo III. Métodos de cálculo luminotécnico. Sistemas de iluminação. Método dos lúmens

CONFORTO TÉRMICO RESIDENCIAL ANÁLISE DE CASO EM SANTA ROSA/RS 1

AVALIAÇÃO ENERGÉTICA DO EDIFÍCIO SEDE DA TELESC : RETROFIT DO SISTEMA DE ILUMINAÇÃO E SIMULAÇÃO

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA

SIMULAÇÃO DA ILUMINAÇÃO NATURAL PARA ECONOMIA DE ENERGIA E CONFORTO LUMÍNICO EM EDIFICAÇÕES

Projeto de Iluminação de Interiores. Sidney Vieira Camargo

Projeto de Sensores para Eficiência e Sustentabilidade

TE243 Eletricidade Aplicada li. Capítulo 3 Luminotécnica

ESTUDO DE PROJETO LUMINOTÉCNICO DE UMA PROPOSTA DE RETROFIT EM ESPAÇO PÚBLICO

ILUMINAÇÃO NATURAL POR ZENITAIS DO TIPO SHED: ESTUDO EM MODELOS REDUZIDOS 1

Introdução. A iluminação é responsável por: 23% do consumo de energia elétrica no setor residencial. 44% no setor comercial. 1% no setor industrial

ILUMINAÇÃO NATURAL RECOMENDAÇÕES PARA PROJETO PAULO SERGIO SCARAZZATO

COMPARAÇÃO DO GASTO ENÉRGICO EM (kwh) DO AR CONDICIONADO COM O POTENCIAL DE ECONOMIA DO BRISE SOLEIL RESUMO

Programa Analítico de Disciplina ARQ327 Conforto Luminoso

ANALISE DA ILUMINAÇÃO NATURAL EM SALAS DE AULA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

PRINCIPAIS ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO LUMINOTÉCNICO.

Transcrição:

AVALIAÇÃO DO CONFORTO LUMÍNICO EM ESCOLAS PÚBLICAS DE PRESIDENTE PRUDENTE SP (805) Victor Martins de Aguiar 1 ; Carolina Lotufo Bueno Bartholomei 2 (1) Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus Presidente Prudente. Email: victormartins56@hotmail.com (2) Professora Doutora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Campus Presidente Prudente e Líder do Grupo de Pesquisa Conforto Ambiental em Espaços Externos. Email: carolinalotufo@fct.unesp.br Resumo É fato que as condições do ambiente influenciam o bem estar dos usuários. No caso das edificações escolares, os índices do conforto ambiental são essenciais na aprendizagem. Em razão da maioria das edificações serem projetadas segundo modelos construtivos pouco eficientes, este trabalho avaliou se os níveis de iluminância de quatro salas de aula em Presidente Prudente SP estavam de acordo com a NBR 5413 (1992): Iluminância de Interiores. A Norma recomenda para salas de aula o valor de 300 lux e para lousas 500 lux. Todas as informações coletadas foram fundamentais para a elaboração de diretrizes com o intuito de readequar os ambientes às condições ideais. Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) na modalidade Iniciação Científica, sendo realizado entre os meses de abril de 2011 a março de 2012. Palavras Chaves: Conforto Lumínico, Escolas, Iluminação, Desempenho Lumínico. Abstract It is a fact that environmental conditions influence the well-being of users. In the case of school buildings, the rates of environmental comfort are crucial in learning. Because the majority of buildings are designed according to models constructive inefficient, this study evaluated whether levels of illuminance four classrooms in Presidente Prudente - SP were according to NBR 5413 (1992): Illuminance Interior. The Standard recommends for classrooms value of 300 lux and 500 lux for blackboards. All information collected was fundamental to the development of guidelines in order to readjust the settings to the ideal conditions. This work was funded by the Foundation for Research Support of the State of São Paulo (FAPESP) modality in Undergraduate Research, being held between the months of April 2011 to March 2012. Keywords: Comfort Luminous, Schools, Lighting, Luminous Performance. 1. INTRODUÇÃO Na história da arquitetura afirma Pereira (2006) que o correto uso da iluminação natural sempre esteve ligado à prática do projeto arquitetônico, porém com o desenvolvimento dos sistemas artificiais seu emprego passou a não ser essencial para garantir os níveis satisfatórios de iluminância. Este aspecto é comumente observado em inúmeras edificações, como as escolares, cujos projetos em sua maioria não consideram as variáveis do clima e tampouco empregam estratégias para o aproveitamento da iluminação natural. As variáveis referentes ao conforto lumínico apresentam soluções simples, no entanto devem ser analisadas adequadamente desde o anteprojeto e pensadas com o devido cuidado (GEMELLI, 2009). Destaca Lima (2002), quando estas variáveis não são previstas inicialmente se exige o complemento com os sistemas artificiais de iluminação, mesmo durante o dia, de tal modo que se eleva o consumo de energia. 0945

Deste modo é evidente que a qualidade do ensino não é resultado somente da formação dos professores, mas das características dos ambientes, que devem assegurar condições saudáveis para a aprendizagem e beneficiar o convívio. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Foram avaliadas duas escolas em Presidente Prudente - SP, uma localizada na Zona Leste (Escola Municipal Padre Emílio Becker) e a outra na Zona Oeste (Escola Estadual Professor Hugo Miele), em virtude de apresentarem projetos arquitetônicos semelhantes, contudo atendem faixas etárias diferentes. Após a identificação da implantação e das características construtivas das edificações foram selecionadas duas salas de aula em cada escola com a incidência da radiação solar direta em um período do dia. Ao todo foram realizadas 16 medições que coletaram com o auxílio do luxímetro modelo LD- 209, em 25 pontos no piso e 3 pontos na lousa, o nível de iluminância em quatro condições distintas: luz acesa e apagada com as cortinas abertas e fechadas. As malhas com os pontos necessários para a verificação dos níveis de iluminância na sala e na lousa foram elaboradas segundo a NBR 15215-4 (2005): Iluminação natural/ Parte 4: Verificação experimental das condições de iluminação interna de edificações - Método de Medição. As medições aconteceram durante o inverno e o verão em dois momentos do dia, manhã e tarde, após o término das aulas. No inverno as medições ocorreram na Escola Municipal Padre Emílio Becker nos dias 24 e 29 de agosto com o céu sem nenhuma nuvem, enquanto na Escola Estadual Professor Hugo Miele nos dias 26 e 27 de setembro sob condições de céu semelhante a da medição na outra escola. No verão as medições aconteceram na Escola Municipal Padre Emílio Becker nos dias 4 e 10 e na Escola Estadual Professor Hugo Miele nos dias 7 e 8 de novembro, em ambos os dias com o céu apresentando poucas nuvens. Durante as medições foram aplicados questionários aos alunos e funcionários com a finalidade de analisar se a percepção destes era semelhante aos dados coletados. Antes da realização das medições os questionários foram reformulados, devido durante o préteste os alunos menores demonstrarem dificuldade ao responder, exigindo à interferência das professoras nas respostas. Posteriormente as medições, com os dados tabulados foram elaborados gráficos das quatro condições, enquanto as curvas isolux somente com a luz acesa estando as cortinas abertas, em virtude de corresponder a condição de uso frequente das salas. 3. DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS A Escola Padre Emílio Becker que atende da 2 a 5 série do ensino fundamental está implantada no eixo Norte (N) Sul (S). Quanto ao seu espaço edificado abrange uma área de 2.035,25 m², sendo a estrutura em concreto e as vedações em alvenaria. As salas de aula possuem características semelhantes, quanto à dimensão, revestimento, padrão das aberturas, número de luminárias e não há interruptores para o controle das luminárias e ventiladores. As duas salas avaliadas, 16 e 25, apresentam as paredes em duas cores. A primeira faixa na cor amarela, que se estende até 1,70 m, enquanto a outra na cor branca. O forro também é na cor branca e o piso em cimento queimado. As aberturas basculantes, com peitoril de 0,70 m, se prolongam em uma das elevações. O pé-direito é de 3,20 m. Das nove luminárias, com duas lâmpadas fluorescentes, duas estavam em desuso na Sala 16, enquanto na Sala 25 todas em uso. Analisando de forma conjunta os dados do inverno e verão, sobretudo na condição com a luz acesa e as cortinas abertas na Sala 16 durante a manhã, que atendia os alunos da 4 série C cuja 0946

faixa etária era de 9 anos, nas duas estações os valores próximos as aberturas foram superiores a 500 lux, portanto acima do máximo recomendado pela NBR 5431(1992). Contudo, com a luz apagada estando as cortinas abertas durante o inverno os pontos no fundo da sala se enquadraram abaixo do mínimo de 200 lux. Observamos na lousa com a luz acesa e as cortinas abertas que o Ponto 1 no verão apresentou 100 lux a mais comparado ao inverno. Nesta condição nas duas estações os valores atenderam somente o mínimo de 300 lux. Ainda com as cortinas abertas, porém na condição com a luz apagada somente no Ponto 1 foi coletado valores acima do mínimo. No período da tarde, porém atendendo a faixa etária de 8 anos da 3 série C, com a luz acesa e as cortinas abertas, três pontos na sala próximos às aberturas se enquadraram acima de 3.500 lux no inverno (Figura 1a). Verificamos no verão que embora fossem reduzidos à metade também estavam acima do recomendado. Todos os valores na lousa foram coletados acima do máximo no inverno, em ambas as condições com as cortinas abertas, entretanto no verão com a luz apagada o Ponto 3 estava abaixo do mínimo. Apesar dos valores se enquadrarem acima do recomendado no inverno 61 % dos alunos considerou a sala pouco clara e somente 4% pouco escura. a b Figura 1 a. Curvas Isolux da Sala 16 no período da tarde no inverno; b- Curvas Isolux da Sala 25 no período da tarde no verão. Fonte: Arquivo do autor, 2011. No verão no período da manhã na Sala 25, que atendia alunos da 4 série B com faixa etária de 9 anos, com a luz acesa e as cortinas abertas, dois valores foram inferiores a 300 lux, se enquadrando apenas no mínimo. Observamos também nesta condição que os Pontos 2, 3 e 4, próximos às aberturas, superaram 1.000 lux no verão, enquanto no inverno estavam abaixo de 800 lux. Mantendo as cortinas abertas, mas com a luz apagada os valores dos pontos distantes às aberturas, sobretudo no inverno estavam abaixo de 200 lux. Nos pontos 5 e 6 em ambas as estações apesar da proximidade às aberturas os valores decaem em todas as condições, devido a presença do armário como medida a evitar ocorrência do ofuscamento na lousa. Todos os valores com a luz acesa e as cortinas abertas atenderam somente o mínimo de 300 lux na lousa nas duas estações. Verificamos nos questionários do verão que houve uma redução dos alunos que enxergavam muito bem o que estava escrito na lousa e quanto à iluminação da sala dobrou o número que a consideraram pouco clara comparado ao inverno. Nos pontos próximos às aberturas no período da tarde na sala que atendia a faixa etária de 8 anos da 3 série B, com a luz acesa e as cortinas abertas, a diferença entre as duas estações foram de aproximadamente 600 lux, tendo em vista que os valores no verão estavam acima de 1.300 lux (Figura 1b). Ainda nesta condição os valores do Ponto 10 ao 18 no inverno, que representam o centro e o fundo da sala, se enquadraram abaixo de 300 lux, contudo acima do mínimo. No verão os Pontos 18 e 13 estavam abaixo de 200 lux. Com a luz acesa e as cortinas 0947

abertas estavam acima do recomendado na lousa no verão os Pontos 1 e 2, enquanto no inverno nenhum valor atendeu a recomendação da NBR 5431 (1992), inclusive nas demais condições. Apesar da semelhança ao projeto da Escola Municipal Padre Emílio Becker a Escola Professor Hugo Miele que atende da 6 série do ensino fundamental ao 3 ano do ensino médio está implantada no eixo Leste (L) Oeste (O). De modo geral era frequentes sinais de vandalismo, como a depredação do mobiliário, das maçanetas e o vidro das aberturas. As salas de aula também apresentam características semelhantes, quanto à dimensão, revestimento, padrão das aberturas, número de luminárias e a não existência de interruptores para o controle das luminárias e ventiladores. As paredes das salas avaliadas, 09 e 13, foram pintadas na cor bege até 2,00 m, enquanto o restante na cor branca. As aberturas basculantes se estendem em uma das paredes, com peitoril de 0,70 m. O pé-direito é de 3,20 m. As nove luminárias, com duas lâmpadas fluorescentes, estavam todas em funcionamento nas duas salas. Ambas as salas no período da tarde possuíam alunos com deficiência visual. Verificamos na Sala 09 com a luz acesa e as cortinas abertas, com a faixa etária dos alunos entre 14 anos da 8 série A, no período da manhã que no verão os valores próximos às aberturas estavam acima de 800 lux e no inverno de 500 lux (Figura 2a). Os valores dos pontos afastados às aberturas no inverno com a luz apagada, porém ainda com as cortinas abertas, estavam abaixo de 300 lux. Devido à ausência das cortinas em alguns trechos, os valores da situação quando fechadas muitas vezes foram semelhante quando abertas. Nas duas estações os valores coletados na lousa não atenderam o recomendado pela NBR 5413 (1992) de 500 lux. Embora no inverno os valores coletados fossem menores que o do verão, principalmente no centro e no fundo da sala a resposta pouco clara foi a menor assinalada no inverno, ao contrário do verão onde a maioria a respondeu. No período da tarde cuja faixa etária era entre 13 anos da 7 série A, ainda com a luz acesa e as cortinas abertas, no inverno doze valores foram coletados abaixo de 200 lux, enquanto no verão quatro. Com a luz apagada e as cortinas abertas a situação agravou-se no inverno sendo coletados valores abaixo de 50 lux no fundo da sala. Na lousa nenhum valor atendeu ao mínimo de 300 lux no inverno, enquanto no verão apenas o Ponto 1, com a luz acesa e as cortinas abertas. a b Figura 2 a. Curvas Isolux da Sala 09 no período da manhã no inverno; b. Curvas Isolux da Sala 13 no período da manhã no inverno no verão. Fonte: Arquivo do autor, 2011. No período da manhã na Sala 13 do 2 ano C, cuja faixa etária era entre 16 anos, a diferença entre as duas estações, com a luz acesa e as cortinas abertas, foi superior a 1.000 lux nos pontos próximos às aberturas (Figura 2b). Com a luz apagada e as cortinas abertas durante o inverno os 0948

valores decaem a partir do Ponto 7 que se localizava no centro da sala, de modo que verificamos três valores abaixo do mínimo, enquanto no verão apenas um. Na lousa todos os valores atenderam o mínimo de 300 lux, conforme a NBR 5431 (1992), estando à luz acesa e as cortinas abertas. Semelhante à manhã no período da tarde na 8 série E, com faixa a etária entre 14 anos, foi observado com a luz apagada estando as cortinas abertas sete pontos abaixo do recomendado, enquanto no verão somente um. Na condição com a luz acesa os pontos próximos às aberturas estavam acima do recomendado, contudo não ultrapassaram o máximo de 500 lux, enquanto nos pontos afastados os valores se enquadram abaixo do mínimo, sendo o menor valor 58 lux. Observamos também na lousa situação semelhante à manhã com a luz acesa, onde com as cortinas abertas todos os valores foram acima do mínimo. 4. CONCLUSÃO O presente estudo avaliou o conforto lumínico na Escola Municipal Padre Emílio Becker e na Escola Professor Hugo Miele, constatando oscilação na distribuição da iluminação e valores inferiores ao recomendado pela NBR 5413 (1992) nos pontos afastados às aberturas. A situação agrava-se com a luz apagada, demonstrado a dependência ao sistema artificial de iluminação. Com base nos resultados coletados concluímos que alternativas para a melhoria das condições lumínicas deveriam ser analisadas, visando à prevenção da saúde dos alunos e funcionários. A não conformidade às normas das salas está relacionada, basicamente, a três fatores. O primeiro ao projeto construtivo, que não procurou reduzir a radiação direta nas elevações a partir de elementos de proteção. O segundo a distribuição das luminárias, que acarreta oscilação na iluminância, de modo que nas proximidades às aberturas os valores foram superiores ao máximo, enquanto distantes destas, muitas vezes, inferiores ao mínimo. O terceiro ponto a falta de manutenção dos sistemas elétricos, que acarreta lâmpadas em desuso. O acréscimo e a melhor distribuição da iluminação dependem nas salas principalmente da substituição do revestimento das paredes internas e do piso, além da redistribuição das luminárias, visando elevar os níveis das áreas distantes às aberturas. Os aspectos destacados neste trabalho visam contribuir aos projetos de edificações escolares da rede pública de ensino, que nas últimas décadas pautarem-se na padronização, alertando a influência dos índices de conforto ambiental à aprendizagem. 5. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5413: Iluminância de Interiores. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1992. 13 p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 15215-4: Iluminação Natural: Parte 4: Verificação experimental das condições de iluminação interna de edificações - Método de Medição. Rio de Janeiro, 2005. 16p. GEMELLI, C. B. Avaliação de conforto térmico, acústico e lumínico de edificação escolar com estratégias sustentáveis e bioclimáticas: o caso da Escola Municipal de Ensino Fundamental Frei Pacífico. 2009. 175 f. Tese (Mestrado em Engenharia Civil) Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. LIMA, T. B. S. A. Simulação computacional auxiliando no aproveitamento da luz natural e na economia de energia. In: Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo, 10., 2002. São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 2002. p. 747-756. PEREIRA, D. C. L. Modelos físicos reduzidos: uma ferramenta para avaliação da iluminação natural. 2006. 246 f. Tese (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo. 0949