O Brasil e a nova ordem mundial

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Transcrição:

A UA UL LA MÓDULO 10 O Brasil e a nova ordem mundial Nesta aula Para concluir o nosso curso de História do Brasil, vamos estudar as mudanças que estão ocorrendo no mundo, e como nosso país está sendo afetado por elas. A internacionalização da economia Nos últimos trinta anos, ocorreram transformações radicais em todo o mundo. Na economia, deixou de existir a antiga divisão entre países dominan- tes, industrializados e países dependentes, produtores de matérias-primas e gêneros agrícolas. O fenômeno que alterou a própria natureza da economia mundial, deveuse ao fato de que as grandes empresas, em busca de mão-de-obra mais barata, transferiram parte do seu parque produtivo para os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Eletrodomésticos, carros e outros produtos passaram a fazer parte integrante da vida brasileira.

Houve aquilo que os economistas chamam de internacionalização do processo produtivo, que teve como conseqüência a abertura de novas áreas de industrialização em diversas regiões. A mais importante delas se encontra no Sudeste da Ásia, constituída por países conhecidos como os tigres asiáticos. (Coréia do Sul, Cingapura e Hong-Kong). Ao mesmo tempo, rompiam-se na Europa velhas barreiras comerciais e tarifárias, surgindo a Comunidade Econômica Européia. Esta potente antena de telecomunicações simboliza, aqui, a velocidade com que as informações correm neste final de século. A revolução tecnológica Contudo, o fenômeno mais significativo nos anos posteriores ao término da Segunda Guerra Mundial, e que ocorreu no cenário mundial, foi a revolução tecnológica. Tal fenômeno veio substituir a Revolução Industrial. Essa revolução tecnológica vem tendo profundas conseqüências sociais e culturais. Caracteriza-se pelo predomínio da informação, tendo sido abandonados os velhos processos produtivos, substituídos pela capacidade científica e pela criação de novas técnicas e novos produtos. O centro de decisão da economia mundial, antes concentrado nos Estados Unidos, dispersou-se em um grupo de nações. A potência militarmente mais poderosa, os Estados Unidos, passou a dividir o poderio econômico com outros países, como a Alemanha, o Japão e as nações que são membros da Comunidade Econômica Européia CEE. O Muro de Berlim Esses anos presenciaram, também, o desenrolar e o final da Guerra Fria e as corridas armamentista, nuclear e espacial, entre os Estados Unidos e a União Soviética. O símbolo da disputa ideológica entre o capitalismo e o comunismo foi o Muro de Berlim. O Muro foi construído em 1961, para separar as partes da cidade de Berlim que, após a Segunda Guerrra Mundial, ficaram sob a esfera de influência dos dois países responsáveis pela derrota final do nazismo, em 1945. A progressiva superioridade militar dos Estados Unidos e o agravamento da crise econômica na União Soviética permitiram que houvesse um movimento de aproximação entre os dois países em torno da necessidade de se evitar uma guerra nuclear.

A Perestroika e a Glasnost Na tentativa de solucionar a crise interna, o líder soviético Mikhail Gorbatchev, que chegou ao poder em 1985, iniciou um processo de reforma econômica conhecido como Perestroika. Entretanto, seu governo percebeu que para estimular a criatividade e a livre iniciativa era também nescessária a reforma política. Iniciou assim, um processo de abertura chamado Glasnost, que quer dizer descongelamento. Esse processo levou a maiores questionamentos por parte dos cidadãos soviéticos e dos países sob o domínio comunista. Em 1989, a revolução explodiu na Polônia, na Hungria, na Alemanha Oriental e na Checoslováquia. Cansados do domínio soviético, da falta de liberdade e dos problemas econômicos, homens e mulheres desses países saíram às ruas e derrubaram seus governantes. A revolução, em pouco tempo, espalhou-se para todos os países comunistas na Europa, e a própria União Soviética deixou de existir. Em novembro de 1991, o Muro de Berlim foi derrubado e a Alemanha, reunificada. Todo esse rápido processo mudou a face do mundo. O fim da União Soviética fez com que terminasse a Guerra Fria. Iniciou-se uma era de otimismo, de integração econômica e política a era da globalização. Apesar disso, uma forte tendência de fragmentação política se fez sentir em diversos países, onde movimentos étnicos, religiosos e nacionalistas queriam, e querem, preservar sua identidade e conquistar seu espaço. Outra grave questão contemporânea é o aumento constante do desempre- go no mundo industrializado. Apenas no ano de 1993, cerca de 35 milhões de trabalhadores ficaram sem ocupação nos países mais ricos. O avanço tecnológico e as novas técnicas de organização das empresas geraram aumento da produção com menor número de trabalhadores. Esse aumento do desemprego tem contribuído, inclusive, para o surgimento de grupos racistas e nazistas, que tendem a culpar os imigrantes estrangeiros pela falta de empregos na Europa. A nova ordem O Brasil recebeu influxos políticos, econômicos e culturais desse contexto que se modificava. O desaparecimento da União Soviética obrigou, também, a uma reavaliação do projeto socialista, fazendo com que fosse mudada a sigla do Partido Comunista Brasileiro PCB para Partido Popular Socialista PPS. Nos antigos países comunistas do Leste Europeu, em vez do totalitarismo e da implantação da economia de mercado, em vez da economia planificada, a democracia liberal lançou as bases para a construção das respostas para a reorganização política e econômica dessas nações. A mesma coisa aconteceu nos países do Terceiro Mundo, entre eles o Brasil, que substituíram os regimes autoritários por democracias liberais e iniciaram a liberação de suas economias, com a privatização de empresas estatais e a aceitação das leis do mercado. O Brasil enfrenta esse cenário mundial como um de seus novos atores, sintonizado com os sinais dos novos tempos. Ao longo das últimas décadas, o Brasil construíu uma base material significativa. E, com o restabelecimento da democracia, diferentes setores sociais começaram a expressar-se com mais autonomia. A redução de certas tarifas de importação que obriga a qualificação e o aumento da produção nacional e o processo de privatização de empresas

que representam ônus para o Estado pois retiram recursos que deveriam ser aplicados nas funções básicas do poder público, representam passos que conduzem à integração brasileira na nova ordem mundial. Outro aspecto da presença brasileira no esforço para integrar-se à globalização da economia é o processo de integração regional. A estruturação do Mercado Comum do Sul Mercosul, em 1993, que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, iniciou uma crescente troca comercial entre os países integrantes. A possibilidade da participação de outros países latino-americanos nesse processo de integração de economias nacionais faz crer que a superação de fronteiras e barreiras tarifárias e comerciais constituirão a marca da ordem mundial no século XXI. Vivemos agora, como muitos países, anos de reconstrução. De um lado procura-se criar novas formas de cooperação e solidariedade, como no caso da Campanha Contra a Fome e pela Cidadania. Por outro, cresce entre os brasileiros a consciência de que nossos gravíssimos problemas sociais apenas serão resolvidos com a manutenção e o fortalecimento da democracia. Daí os movimentos recentes que combatem a corrupção e exigem uma atitude digna e construtiva por parte dos governantes. Para concluir, esperamos que, ao longo do curso, você possa ter percebido que faz parte da História que todos estamos fazendo com nosso trabalho, nossos sentimentos, nosso pensamento, nossa ação. Parabéns! O tempo não pára

Exercícios Relendo o texto Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu e procure ver o que elas significam, no dicionário e no vocabulário da Unidade. 1. Releia A internacionalização da economia e explique o papel das multinacionais nos países subdesenvolvidos. 2. Releia A revolução tecnológica e responda: a) Quais as características da nova revolução? b) De que maneira o Brasil poderá chegar a essa revolução? 3. Releia O Muro de Berlim e responda o que aconteceu no Leste Europeu após a Perestroika e a Glasnost? 4. Releia A nova ordem e dê a sua opinião crítica sobre a integração do Brasil na nova ordem mundial, no que se refere: l ao Mercosul; l à privatização das empresas estatais; l à importação de produtos estrangeiros. 5. Dê um novo título a esta aula. Fazendo a História O documento abaixo é um dos depoimentos que o sociólogo Herbert de Souza (Betinho) vem fazendo por este país afora, na defesa da Campanha da Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida. Essa campanha representa uma nova forma de fazer política e construir, no dia-a-dia, a democracia em nosso país. Leia-o com atenção e faça o que se pede: O Brasil foi produzindo, ao longo da História, a riqueza e a pobreza. Mas nós nos acostumamos com a pobreza como se ela fosse um fato absolutamente natural. (...) A Ação da Cidadania contra a Miséria e Pela Vida é um movimento que quer recriar o Brasil e que depende, essencialmente, da confiança que cada um deve ter não em mim, não no outro, mas em si mesmo, na cidadania, na ação solidária e conjunta para transformar a realidade. Esta ação da cidadania, na verdade, aposta na consciência, aposta na mudança de visão que vai se transformar em ação e, finalmente, virar comida, emprego, moradia, sociedade, instituições, democracia. Herbert de Souza (Betinho), 1993 1. Relembrando o que você viu nesta última aula sobre a reconstrução do Brasil, e juntando tudo isso com esse texto de Herbert de Souza, diga o que você acha que pode fazer para participar da construção de um Brasil melhor? 6