INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DA PEROVSKITA BACe0,5Pr0,5O3 E DA SUA ATIVIDADE CATALÍTICA NA CONVERSÃO DO CO EM CO2 UTILIZANDO REATOR DE LEITO FIXO

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Transcrição:

INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES DA PEROVSKITA BACe0,5Pr0,5O3 E DA SUA ATIVIDADE CATALÍTICA NA CONVERSÃO DO CO EM CO2 UTILIZANDO REATOR DE LEITO FIXO M. F. LOBATO 1, A. G. dos SANTOS 2, A.B.VITAL 3 e C. P. de SOUZA 3 1 Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Exatas e Tecnologia, Curso de Ciência e Tecnologia 2 Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Departamento de Agrotecnologia e Ciências Sociais 3 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia Química E-mail para contato: wellobato@hotmail.com RESUMO A perovskita BaCeO3, dopada ou não, têm sido estudada por apresentar características que a torna promissora como material permeável ao oxigênio, como catalisador, entre outras. No presente trabalho, a perovskita do tipo (BaCe0,5Pr0,5O3) foi sintetizada pelo método de complexação EDTA-Citrato, sendo caracterizada via DRX, MEV e BET. Além disso, utilizando reator de leito fixo, foram realizados testes de atividade catalítica neste material a fim de verificar sua influência na oxidação do CO a CO2, etapa que poderá ser utilizada como posterior à produção de gás de síntese. Os resultado do DRX e BET apontaram um tamanho médio dos cristais na faixa de 124,8 nm e área superficial de 3,03 m²g-1. Em relação aos testes catalíticos pode-se concluir que a conversão de 50% de CO em CO2, com catalisador, se deu a uma temperatura de 330 ºC e a conversão total a uma temperatura de 500 ºC, abaixo dos resultados obtidos sem o catalisador, cujos resultados foram de 390 ºC e 550 ºC, respectivamente. 1. INTRODUÇÃO As perovskitas formam uma classe de materiais funcionais com aplicações tecnológicas em diversas áreas, como na catálise e na aplicação em membranas cerâmicas que podem seletivamente separar o oxigênio do ar ou de outras misturas gasosas. Um emprego desse tipo de membrana pode ser na produção de gás de síntese a partir do gás metano (CH4) que pode ser realizado em duas etapas: a primeira consiste na utilização do reator a membrana para separação do oxigênio do ar que será utilizado na oxidação do metano com formação de CO. A segunda etapa tem por objetivo a utilização de um outro reator cuja finalidade também é a separação do oxigênio do ar para a oxidação do monóxido de carbono (CO), um gás altamente tóxico, à dióxido de carbono (CO2).

Esse tipo de reação pode ser otimizada pela a adição de catalisadores na superfície da membrana ou então pela produção de membranas cujo material já possui atividade catalítica. Nos últimos anos, um tipo especial de perovskita, com estrutura ABO3, vem sendo estudado, tanto em relação aos métodos de síntese para obtenção do pós, quanto na substituição parcial dos sítios da estrutura por vários elementos distintos a fim de se obter as propriedades desejadas que auxiliem na permeseletividade do íon oxigênio, como por exemplo o tamanho do cristalito, fundamental para sua atividade catalítica, e o aumento das vacâncias de oxigênio, um dos parâmetros mais importantes para a obtenção da alta condutividade no material (Muccillo, 2008). Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo a produção de materiais cerâmicos do tipo BaCe0,5Pr0,5O3 (50% de cério e 50% de praseodímio no sítio B) a fim de verificar o comportamento da sua estrutura e morfologia, além de testá-los como catalisadores na oxidação do monóxido de carbono em dióxido de carbono utilizando reator de leito fixo, visando a produção futura de membranas cerâmicas catalíticas permeáveis ao oxigênio que poderão ser utilizadas na etapa posterior à produção de gás de síntese. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Os reagentes utilizados para síntese são resumidos na Tabela 1. Tabela 1 - Reagentes químicos utilizados na síntese dos pós BaCe0,5Pr0,5O3. Reagente Fórmula química Pureza, % Fabricante EDTA ácido C10H16N2O8 99,99 Sigma/Aldrick Nitrato de bário Ba(NO3)2 99 Sigma/Aldrick Nitrato de cério hexahidratado Ce(NO3)3.6H2O 98 Sigma/Aldrick Nitrato de praseodímio Pr(NO3)3.6H2O 99,9 Sigma/Aldrick Ácido cítrico C6H8O7 99 Sigma/Aldrick Hidróxido de amônia NH4OH 25 Fluka A Figura 1 mostra o procedimento experimental para a preparação do material BaCe0,5Pr0,5O3.

Figura 1 Metodologia de síntese do material BaCe0,5Pr0,5O3 Para identificação da fase, o pó cerâmico foi caracterizado por por Difração de Raios X, por Microscopia Eletrônica de Varredura e BET, a fim de verificar o tamanho de cristalito e área superficial. O difratograma foi comparado com o padrão 79002 ICSD, obtido através do refinamento de Rietveld e utilizando o programa Material Analysis Using Diffration (MAUD) versão 2.064, no qual todos os fatores de contribuições para as intensidades medidas puderam ser simultaneamente refinadas até que o parâmetro residual S (diferença entre os perfis experimentais e os observados no padrão JCPDS) fosse minimizado. Na segunda etapa foram realizados testes em reator de leito fixo a fim de identificar a atividade catalítica do pó sintetizado na oxidação do monóxido de carbono a dióxido de carbono. Os testes catalíticos realizados com os materiais sintetizados na etapa anterior foram executados no sistema experimental referente a um reator a membrana que foi adaptado para trabalhar com leito fixo, disponível no LAMNRC da UFRN. A altura do reator é de 80 cm e seu diâmetro interno de 1 cm.

O sistema consiste basicamente de um reator tubular, de um forno (fornalha) tubular bipartido de temperatura controlável e um cromatógrafo gasoso para aquisição de dados usado na análise de correntes efluentes. O reator tubular projetado trata-se de dois tubos de aço-inoxidável concêntricos acoplados aos cabeçotes com suportes de montagem, contendo tampas de vedação e conexões para alimentação de gases, localizadas nas extremidades dos tubos. O tubo externo possui diâmetro de 3,6 cm e comprimento total de 40 cm. O tubo interno possui diâmetro externo de 2,2 cm e comprimento 25 cm. O LAMNRC também dispõe de uma linha de gases composta por cilindros especiais que foram utilizados nos testes. O sistema reacional montado no LAMNRC é mostrado na Figura 2 (Moriyama, 2014) Figura 2 Esquema do sistema reacional 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme o difratograma apresentado na Figura 2, a fase BaCe0,5Pr0,5O3, foi formada e comparada com o padrão JCPDS nº 79002 ICSD.

Figura 3 Difratrograma do material cerâmico do tipo BaCe0,5Pr0,5 O3 Quando calcinado a 1000 C, observou-se a presença de fases secundárias (carbonato de bário), que segundo Xu et al. (2013) coexiste com a fase perovskita a partir de 300 ºC, mas que, segundo Lee et al. (2003), pode ser eliminado em temperaturas acima de 1100º C. Entretanto, como a literatura aponta para um aumento do tamanho do cristal com o incremento da temperatura (Holzl, 2005) foi preferível trabalhar com essa fase secundária, já que a concentração da impureza ficou abaixo de 5% em todas as amostras, não influenciando nas considerações finais. Já através do refinamento de Rietveld foi constatado que o material apresentou um sistema cristalino do tipo ortorrômbico, o que indica uma distorção da estrutura cúbica (Junqueira, 2004), além de um tamanho de cristalito de 124,8 nm. Os resultados até aqui apresentados podem ser melhor analisados com o auxílio da Tabela 2 que apresenta os parâmetros de rede do material obtido. Tabela 2 parâmetros cristalográficos e de rede do BaCe0,5Pr0,5O3 Parâmetros de rede α (º) β (º) γ (º) a (Å) b (Å) c (Å) 90 90 90 6,2022 6,2293 8,7568 Tamanho do cristal, nm Parâmetro residual Volume da célula, Å 3 Densidade, g.cm -3 124,8 1,4 338,00 3,925 O primeiro fator analisado foi o parâmetro residual, que indicou sucesso no refinamento pelo método de Rietveld através do ajuste feito entre os pontos experimentais e os observados no padrão JCPDS. O motivo da fase ter sido formada é explicado pelo fato das hidroxilas presentes

do meio reacional auxiliarem na desprotonação dos grupos carboxílicos do EDTA em meio básico, aumentando a estabilidade dos complexos formados independentemente dos metais presentes, já que o EDTA é um ligante hexadentado contendo 6 átomos capazes de atuar como doadores de pares de elétrons, sendo 4 átomos de oxigênio provenientes dos grupos carboxílicos e 2 átomos de nitrogênio. Em soluções fortemente básicas (ph > 12) as hidroxilas presentes no meio reacional auxiliam a desprotonação dos grupos carboxílicos e o EDTA forma complexos estáveis do tipo 1:1 com quase todos os metais multivalentes (Silva, 2011). A Figura 4 apresenta os resultados da microscopia eletrônica de varredura. Figura 4 - Micrografia eletrônica de varredura do material cerâmico (BaCe0,5Pr0,5O3). Pode-se observar a presença de aglomerados dispersos sobre uma superfície irregular, além de poros por toda a amostra, indicando coerência com os resultados encontrados na literatura para materiais similares. As medidas de área superficial específica, volume de poro e a isoterma de adsorção do pó foram obtidas por adsorção física de nitrogênio sobre o material, seguindo o modelo proposto por BET (Brunauer, Emmett e Teller). As propriedades texturais são dadas na Tabela 3 onde se observa a área superficial específica e o volume de poro da perovskita analisada. Tabela 3 - Área superficial específica e volume de poro da perovskita BaCe0,5Pr0,5O3 Área específica (m 2 g -1 ) 3,03 Volume de poro (cm 3 g -1 ) 0,007 Conforme a Figura 5, as amostras apresentam isotermas do tipo II (Ciola, 1981). Este tipo de isoterma é encontrada quando a adsorção ocorre em materiais não-porosos ou macroporosos,

resultados estes concordantes com os apresentados na análise de morfologia do material. A pequena diferença de volume adsorvido, conforme apresentado nas isotermas de adsorção/dessorção de nitrogênio das perovskitas, pode ser atribuída a área superficial apresentada pelos materiais. Figura 5 - Isotermas de adsorção/dessorção de nitrogênio da perovskita BaCe0,5Pr0,5O3 Na primeira etapa dos testes catalíticos foi realizado o estudo de vazão da mistura composta pelo monóxido de carbono, hélio, nitrogênio e oxigênio, com temperaturas variando entre 100 ºC e 400 ºC, suficientes para determinação da conversão total do CO a CO2, a fim de otimizar a operação. As vazões utilizadas foram 50 ml/min. e 100 ml/min, valores baseados na literatura e dentro dos limites operacionais do equipamento. Para esses testes foi utilizado, como referência, o material BaCeO3, já bastante trabalhado e discutido por pesquisadores em todo mundo. O resultado encontra-se na Figura 6 e mostra que acima de 100ºC a vazão de 50 ml/min apresentou maior conversão em relação à de 100 ml/min, ficando mais evidente acima de 300 ºC. Além disso, a primeira foi responsável pela conversão total de CO em CO2 na temperatura de 400 ºC enquanto a de 100 ml/min conversão de aproximadamente 60%. Esse resultado pode ser explicado, possivelmente, pelo tempo de contato para a vazão de 50 ml/min ser maior entre o gás a ser oxidado e o material utilizado como catalisador.

Figura 6 Determinação da vazão da mistura reacional utilizada nos testes catalíticos tendo como referência o material BaCeO3 A atividade catalítica do material estudado foi medida utilizando a vazão constante de 50 ml/min e variando a temperatura de reação entre 100 ºC e 550 ºC, a fim de identificar as conversões de CO em CO2. Na temperatura de 550 ºC se deu a conversão total do CO sem o uso de catalisador, por isso essa curva foi usada para fins de comparação. A Figura 7 mostra o resultado da atividade catalítica para as temperaturas supracitadas. Figura 7 Oxidação do CO a CO2 em função da temperatura com o material BaCe0,5Pr0,5O3 como catalisador

Analisando a figura pode-se verificar que o material possui atividade catalítica em todas as temperaturas analisadas, sendo mais aparente na faixa que varia entre 100 ºC e 400 ºC. Utilizandose o catalisador, a conversão de 50% de monóxido de carbono em dióxido de carbono aconteceu a uma temperatura aproximada de 330 ºC contra aproximadamente 390 ºC sem esse material. Já para a conversão total, pode-se observar que houve uma diminuição da temperatura em 50 ºC, comparando a reação de oxidação do CO com e sem catalisador. 6. CONCLUSÕES O resultado das caracterizações indica que a etapa da síntese foi realizada com sucesso e a partir dos difratogramas e do refinamento da microestrutura pelo método de Rietveld foi observado que todas as fases foram formadas apesar da presença de resquícios de Carbonato de Bário, fato que pode estar relacionado à temperatura de calcinação inferior à necessária para eliminação dessa impureza. Porém, como a quantidade de Carbonato de Bário foi inferior a 5% em todas as amostras, foi preferível trabalhar com essa impureza a aumentar a temperatura de calcinação, já que isto poderia aumentar também o tamanho do cristalito que foi calculado em 124,8 nm. Nos testes de atividade catalítica observou-se uma diminuição da conversão do CO quando a vazão de entrada da mistura de gases no reator foi aumentada de 50 ml/min para 100 ml/min, evidenciando um tempo insuficiente de contato entre o gás a ser oxidado e o leito do reator. Além disso, outra conclusão importante é que o material analisado apresentou atividade catalítica em toda faixa de temperatura estudada, principalmente entre 100 ºC e 400 ºC, tendo uma diminuição de aproximadamente 70 ºC na conversão de 50% de CO e de 50 ºC na conversão total. Em suma pode-se concluir que os resultados foram satisfatórios, tanto em relação à produção dos materiais em questão utilizando o método EDTA/Citrato quanto na utilização desses materiais como catalisadores que auxiliarão na segunda etapa da produção de gás de síntese: a oxidação do CO, um gás altamente tóxico, à CO2, que poderá ser reaproveitado na recuperação avançada de petróleo e na indústria química em geral. 7. REFERÊNCIAS CIOLA, R. Fundamentos da catalise, Sao Paulo: Ed. Moderna : Ed. da universidade de São Paulo, 59, (1981). HOLZL, M. MINTOVA, S. BEIN, T. Studies in Surface Science and Catalysis. 158 (2005). JENKINS R. E SNYDER L., Introduction to X-ray powder diffractometry., Editora: Wiley- Interscience, New York (1996). JUNQUEIRA, A. C. Estudo de interações hiperfinas em óxidos perovskitas do tipo La(MT)03(MT = metais de transição Fe, Cr, Mn e Co). Tese de doutorado, IPEN, São Paulo (2004).

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