Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: Universidade Estadual da Paraíba Brasil

Documentos relacionados
Iheringia Série Botânica

MUSGOS DA ILHA DE MARAJÓ - II - MUNICÍPIO DE ANAJÁS

TÍTULO: LEVANTAMENTO DE BRIÓFITAS NA VEGETAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BAURU-SP

BRIÓFITAS DA MATA DA CÂMARA

NOVAS OCORRÊNCIAS E LISTA DAS BRIÓFITAS DO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL

DIVERSIDADE DE MUSGOS (BRYOPHYTA) DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA NO MUNICÍPIO DE BARRA DO CHOÇA, BAHIA.

Briófitas de um fragmento de floresta ombrófila aberta no município de Porto Velho e novas ocorrências para Rondônia, Brasil

Levantamento de briófitas bioindicadoras de perturbação ambiental do campus Marco Zero do Equador da UNIFAP

Musgos (Bryophyta) na Ilha Trambioca, Barcarena, PA, Brasil 1

Briófitas de uma área de Cerrado no município de Alagoinhas, Bahia, Brasil.

MUSGOS PLEUROCÁRPICOS DO MUNICÍPIO DE CAXIAS, MARANHÃO, BRASIL. Termos para indexação: Musgo, briófitas, distribuição geográfica.

Musgos (Bryophyta) de um fragmento de Mata Atlântica na Serra da Jibóia, município de Santa Terezinha, BA, Brasil

BRIÓFITAS DA REGIÃO SUDESTE DO MUNICÍPIO DE TERESINA, PIAUÍ, BRASIL

MUSGOS URBANOS DO RECANTO DAS EMAS, DISTRITO FEDERAL, BRASIL

MUSGOS (BRYOPHYTA) DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS/ GO ASPECTOS FLORÍSTICOS E TAXONÔMICOS RESUMO

CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DE CAXIAS - CESC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE, AMBIENTE E SAÚDE PPGBAS

Briófitas da Ilha do Bom Abrigo, Estado de São Paulo, Brasil

Moss (Bryophyta) from Parque Estadual da Serra dos Pireneus, Goiás, Brazil

Repositório Institucional da Universidade de Brasília repositorio.unb.br

Briófitas de uma área de Terra Firme no município de Mirinzal e novas ocorrências para o estado do Maranhão, Brasil

LEVANTAMENTO DE HEPÁTICAS EM DIFERENTES FISIONOMIAS DE CERRADO DO CAMPUS DA UEG ANÁPOLIS/GO

Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales

Briófitas epífitas de fragmentos de Floresta Atlântica da Reserva Ecológica Michelin, Estado da Bahia, Brasil 1

Briófitas da Ilhabela, Estado de São Paulo, Brasil

ESPÉCIES DE VEGETAÇÃO BRASILEIRA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO

Implantação de um herbário no IFMG campus Bambuí

MUSGOS (BRYOPHYTA) DO NORDESTE PARAENSE, BRASIL 1. ZONA BRAGANTINA, MICRORREGIÃO DO SALGADO E MUNICÍPIO DE VISEU.

BRIÓFITAS DA RESERVA BIOLÓGICA DE PEDRA TALHADA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Implantação de um herbário no IFMG campus Bambuí

BRIÓFITAS EPÍXILAS DE TRONCOS EM DIFERENTES ESTÁGIOS DE DECOMPOSIÇÃO EM UM REMANESCENTE DE MATA ATLÂNTICA EM OSÓRIO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Acta Amazônica, 22 (4): BRIÓFITAS DA ILHA DE MARACÁ, RORAIMA, BRASIL. RESUMO

Ampliação do conhecimento sobre a distribuição geográfica de

RELATO DE EXPERIÊNCIA: Aulas práticas com briófitas como mecanismo pedagógico no Ensino da Biologia.

Musgos (Bryophyta) de um fragmento do cerrado maranhense, Brasil

BRIÓFITAS RUPÍCOLAS DE UM TRECHO DO RIO BETHARY, IPORANGA, ESTADO DE SÃO PAULO

FLORÍSTICA DE MUSGO DE UMA ÁREA DE CAATINGA

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE CAESALPINIOIDEAE (FABACEAE) DE UM AFLORAMENTO GRANÍTICO NO SEMIÁRIDO PARAIBANO

BIOMAS. Os biomas brasileiros caracterizam-se, no geral, por uma grande diversidade de animais e vegetais (biodiversidade).

NOVAS OCORRÊNCIAS DE BRIÓFITAS PARA OS ESTADOS DE ALAGOAS E SERGIPE, BRASIL 1

UNIGRAN: O PROCESSO DE REESTRUTURAÇÃO DO HERBÁRIO DIDÁTICO DA UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO, DUQUE DE CAXIAS, RJ

Lua Nova ISSN: Centro de Estudos de Cultura Contemporânea Brasil

A COLEÇÃO DO HERBÁRIO PEUFR COMO FERRAMENTA NA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA GT 17. Ensino e suas interseções

Briophyta (Musgos) do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, MG.

MALPIGHIACEAE EM UMA ÁREA DE CAATINGA NA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO

Novos registros de briófitas para Pernambuco, Brasil 1

NOVAS OCORRÊNCIAS DE BRYOPHYTA (MUSGOS) PARA O ESTADO DO PARÁ, BRASIL.

ADIÇÕES À BRIOFLORA DE MUSGOS ACROCÁRPICOS (BRYOPHYTA) DO ESTADO DO CEARÁ, BRASIL

Pteridófitas no Câmpus Barbacena do IF Sudeste MG

Briófitas do Município de Poconé, Pantanal de Mato Grosso, MT, Brasil

Biomas / Ecossistemas brasileiros

ESPÉCIES ARBÓREAS DA BACIA DO RIO MAUÉS-MIRI, MAUÉS AMAZONAS

Marchantiophyta da Reserva do Poço Escuro, Vitória da Conquista, Bahia, Brasil.

Briófitas do Parque Estadual da Serra do Mar, Núcleo de Santa Virgínia, Estado de São Paulo, Brasil

Musgos Pleurocárpicos da Chapada da Ibiapaba, Ceará, Brasil 1

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E ILUSTRATIVA DE BRIÓFITAS DA REGIÃO SUL DO ESTADO DE MATO GROSSO, BRASIL

Briófitas de mata paludosa, município de Zacarias, noroeste do Estado de São Paulo, Brasil

Geografia. Os Biomas Brasileiros. Professor Thomás Teixeira.

EMANUELLE LAIS DOS SANTOS

REGIGLÁUCIA RODRIGUES DE OLIVEIRA MUSGOS (BRYOPHYTA) DO PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DAS MESAS, MARANHÃO, BRASIL. Caxias/MA 2017

Contribuição para o conhecimento da taxonomia, ecologia e fitogeografia de Briófitas da Amazônia Oriental

Briófitas de um remanescente de Mata Atlântica no Município de Ubajara, CE, Brasil

HERBÁRIO ESCOLAR PLANTAS MEDICINAIS

AS SEMPRE-VIVAS (ERIOCAULACEAE) NOS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ: DIVERSIDADE E COLEÇÃO DO HERBÁRIO HUPG.

Estudo comparativo de comunidades de briófitas sujeitas a diferentes graus de inundação no município de São Domingos do Capim, PA, Brasil

espécies ameaçadas da flora, (2014). No JBP são preservados 156 espécimes ameaçados (5,6 %

Novos registros de briófitas para o Estado de Mato Grosso, Brasil

Bryophyte diversity in an area of Brazilian Cerrado in Central-West

Estimativa da riqueza de Angiospermas em função das famílias mais expressivas na flora brasileira

Região Nordestina. Cap. 9

A BRIOFLORA DAS PRAÇAS DA CIDADE DE ANÁPOLIS-GO: II HEPÁTICAS

Iheringia Série Botânica

Briófitas.

É importante que você conheça os principais biomas brasileiros e compreenda as características.

MUSGOS (BRYOPHYTA) DA MICRORREGIÃO DO SALGADO PARAENSE E SUA

BRIÓFITAS DE UM FRAGMENTO FLORESTAL URBANO DE MINAS GERAIS (BRASIL)

Fissidentaceae (Bryophyta) da Chapada da Ibiapaba, Ceará, Brasil 1

ANTÓCEROS (ANTHOCEROTOPHYTA) E HEPÁTICAS TALOSAS (MARCHANTIOPHYTA) DA CHAPADA DA IBIAPABA, CEARÁ, BRASIL 1

Mosses of Maranhão, Brazil: Occurrence and Distribution of Species

Novas ocorrências de musgos (Bryophyta) para o Estado de São Paulo, Brasil 1

CITOGENÉTICA APLICADA AO ESTUDO DE BRYOPHYTAS

Brioflora (Bryophyta e Marchantiophyta) da Ilha do Combu, Belém, PA, Brasil

Projeto de Mestrado. O gênero Anthurium Schott (Araceae) no estado do Paraná Brasil.

Relatório Final Editai AGEVAP N 02/2012 Auxílio à Pesquisa para Elaboração de Estudos n 007/2013

LISTA DA FLORA E FUNGOS DO BRASIL: UMA SÍNTESE INACABADA

18/10 a 09/11 de 2016 Câmpus de Araguaína, Araguaína e Palmas

HERBÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA HUPG: instrumento de ensino, pesquisa e extensão

SURVEY OF BRYOPHYTES AT FAZENDA DA PRATA, UNAÍ - MINAS GERAIS, BRAZIL LEVANTAMENTO DE BRIÓFITAS NA FAZENDA DA PRATA, UNAÍ MINAS GERAIS, BRASIL

Introdução. Denilson Fernandes Peralta 1,3 e Francisco de Paula Athayde Filho 2

Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Nat., Belém, v. 10, n. 3, p , set-dez Sandra Regina Visnadi

EFEITOS DA FRAGMENTAÇÃO DE HABITATS SOBRE COMUNIDADES DE MUSGOS (BRYOPHYTA) DO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DE CALDAS NOVAS/GO E ENTORNO

Musgos pleurocárpicos das matas de galeria da Reserva Ecológica do IBGE, RECOR, Distrito Federal, Brasil 1

PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES PARAIBANAS DE BOMBACOIDEAE (MALVACEAE) NO BRASIL

Introdução. Nivea Dias dos Santos 1,3 e Denise Pinheiro da Costa 2. Recebido em 12/02/2007. Aceito em 18/06/2007

BIOMAS. Professora Débora Lia Ciências/Biologia

Briófitas da Reserva Particular do Patrimônio Natural da Serra do Caraça, Estado de Minas Gerais, Brasil

VI CONGRESSO BRASILEIRO DE MICOLOGIA Brasília, 29 de novembro a 02 de dezembro de 2010

LEVANTAMENTO DA BRIOFLORA DE UMA MATA DE GALERIA NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DO CIPÓ, MG - BRASIL

CACTACEAE JUSS. DE UMA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO, NORDESTE DO BRASIL

CONSERVANDO A CAATINGA: ÁREAS DE PROTEÇÃO NO ALTO SERTÃO ALAGOANO E SERGIPANO

Transcrição:

Revista de Biologia e Ciências da Terra ISSN: 1519-5228 revbiocieter@yahoo.com.br Universidade Estadual da Paraíba Brasil Freitas Varão, Ladisneyde; Rego Cunha, Iane Paula; Fernandes Peralta, Denilson Levantamento de briófitas do distrito Bananal, município de Governador Edison Lobão, Maranhão, Brasil Revista de Biologia e Ciências da Terra, vol. 11, núm. 2, 2011, pp. 88-92 Universidade Estadual da Paraíba Paraíba, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=50021611012 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 11 - Número 2-2º Semestre 2011 Levantamento de briófitas do distrito Bananal, município de Governador Edison Lobão, Maranhão, Brasil Ladisneyde Freitas Varão 1 ; Iane Paula Rego Cunha 2 ; Denilson Fernandes Peralta 3 RESUMO O Estado do Maranhão possui uma grande diversidade florística, porém apresenta poucas pesquisas em relação á brioflora. O referido trabalho realizou o levantamento e a identificação taxonômica das espécies de briófitas ocorrentes no distrito Bananal, município de Governador Edison Lobão, estado do Maranhão. Foram identificadas 22 espécies e 19 gêneros distribuídos em 13 famílias. Em se tratando da brioflora, é significante á realização de levantamentos como este, pois os dados de registros contribuem para ampliar o conhecimento para a região. Palavras-chave: Maranhão; taxonomia; briófitas. Survey of bryophytes species from Bananal district, municipality of Governor Edison Lobão, Maranhão, Brasil ABSTRACT The State of Maranhão has a great diversity of flora, but has little bryophytes researches. This work is a survey of bryophytes species from Bananal district, municipality of Governor Edison Lobão, Maranhão state. We identified 22 species and 19 genera in 13families. In the case of bryophytes, it is significant to carry out surveys like this, because the data records contribute to increase knowledge for the region. Keywords: Maranhão; taxonomy; bryophytes. 1 INTRODUÇÃO As briófitas lato sensu constituem o segundo maior grupo de plantas terrestres seguindo-se às plantas vasculares (BUCK, 2000), é um grupo taxonômico relativamente grande, que se caracteriza por um ciclo de vida com marcada alternância de gerações, das quais a gametofítica é a fase duradoura e a esporofítica apenas efêmera, isto é, exatamente o contrário das pteridófitas (YANO, 2006). As briófitas lato sensu têm grande importância na flora brasileira, contribuindo significativamente para a biodiversidade do planeta. Estão intimamente relacionadas com a dinâmica da maioria dos ecossistemas terrestres, pois são importantes no balanço hídrico, contribuindo na captação e manutenção da umidade atmosférica, na prevenção da perda de água, na retenção da umidade do solo, na ciclagem de nutrientes e nas interações ecológicas, fornecendo habitat para outros

Com a publicação dos catálogos de musgos, antóceros e hepáticas (YANO, 1981; 1984; 1985; 1989) a distribuição das briófitas nos estados brasileiros foi resumida e assim o conhecimento sobre a ocorrência nos diferentes estados do Brasil ficou mais rápida. Estes catálogos muito contribuírem para o conhecimento das espécies de briófitas e a distribuição das mesmas no Brasil e dessa maneira foi estimulada a intensificação dos estudos taxonômicos e florísticos nas áreas pouco conhecidas, sendo que estes trabalhos sempre trazem um número significativo de novas ocorrências de briófitas para diversos estados e de novas citações para o país (PERALTA; BORDIN; YANO, 2008). O Brasil apresenta rica brioflora, com cerca de 78% das espécies de briófitas ocorrentes no neotrópico e 24% das espécies que ocorrem no globo terrestre (YANO, 1996). No Brasil, a maioria dos estudos sobre briófitas é de caráter florístico, que registram novas ocorrências e atualizam a distribuição geográfica dos táxons. Para o Nordeste a mais recente avaliação sobre a briologia foi feita por Pôrto (1996). De acordo com Shepherd (2003), os estudos de briófitas para as diferentes regiões do Brasil ainda são muito escassos. Praticamente todos são de áreas muito restritas, não permitindo um bom embasamento para discutir a riqueza de espécies entre diferentes regiões com detalhes. Atualmente, já foram documentados a ocorrência de 3.125 táxons para o Brasil, as revisões taxonômicas globais de Bryophyta têm reduzido ligeiramente esses números, em razão principalmente de sinonimizações (GIULIETTI et al., 2005). Segundo os dados apresentados pela Lista de Espécies da Flora do Brasil (2010), atualmente são apresentados um total de 1.521 espécies de Briófitas. Conforme mostra a Tabela 1. Tabela 1 - Distribuição de espécies de briófitas no Brasil. Divisão Espécies Distribuição em Gêneros Musgos 885 257 Hepáticas 625 132 Antóceros 11 6 As briófitas são historicamente pouco estudadas e coletadas, tornando-se fundamental a divulgação das informações deste importante acervo para o conhecimento da diversidade (YANO; BORDIN; PERALTA, 2009). Tendo como base os trabalhos já realizados e observando a deficiência de estudos taxonômicos sobre brioflora, este trabalho visou realizar um levantamento das espécies ocorrentes no Município de Governador Edison Lobão MA, além de contribuir de maneira precisa para o conhecimento da brioflora, incentivando cada vez mais a exploração do país em relação às briófitas, com a ampliação da distribuição geográfica brasileira, em locais de pouquíssimos resultados como o estado do Maranhão. 2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de trabalho A pesquisa foi realizada no Distrito bananal, ao qual este pertence ao município de Governador Edison Lobão, região central do estado do Maranhão (IBGE 2005).A sua extensão é de 615,85 km 2. Este município limita-se ao Norte com o município de Davinópolis, a Leste com os municípios de Buritirana e Montes Altos; a Oeste com o Estado de Tocantins e ao Sul com os municípios de Ribamar Fiquene e Montes Altos. O local de coleta apresenta vegetação típica de cerrado, formado por árvores tortuosas, pequenas e de aparência secas isoladas ou agrupadas de folhas grossas e apresenta uma grande diversidade de flora. 2.2 Métodos Foram realizadas 6 coletas aleatoriamente em pontos situados a áreas de cerrado aberto, apresentando variável vegetação alterada por ações antrópicas, próximo a riachos e chácaras, sendo principalmente realizadas em períodos chuvosos de fevereiro a setembro de 2010, as amostras foram coletadas seguindo a metodologia descrita por Lisboa (1993). De diversos substratos como: solo, rocha, muro, tronco de árvore viva ou em decomposição, folhas e rio, sendo assim classificadas de acordo

com o substrato em corticícolas, epíxilas, epífitas, rupícolas e terrícolas. Quando muito aderidas, foram removidas com parte do substrato para melhor preservação e evitar possíveis perdas de estruturas. Em seguida os materiais foram acondicionados em sacos de papel, onde foram anotadas informações prévias como: coletor, número de coleta, data, local e substrato. Todo material foi seco dentro dos sacos em temperatura ambiente. No caso de materiais muito úmidos, os exemplares foram postos na estufa em temperatura de 40-60C. E depositadas no Herbário Maria Eneyda P. Kauffman Fidalgo (SP). Dos materiais coletados foram retiradas porções e separados, sendo re-hidratados sobre lâmina de vidro com água e as estruturas foram observadas e montadas em lâmina e lamínula para uma análise detalhada morfológica e anatômica. As análises taxonômicas das espécies foram realizadas no Laboratório de Biologia do Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão UNISULMA\IESMA, e confirmação por especialistas. A identificação foi realizada com auxílio de chaves de identificação e descrições em literatura especializada. Os trabalhos utilizados nas identificações foram: Lisboa (1993), Peralta (2005), Bordin (2008), Yano (1981, 1992) e Moraes (2006). 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante as coletas realizadas obteve-se um total de 139 amostras das quais foram identificadas 13 famílias, 19 gêneros e 22 espécies listadas na Tabela 02. Sendo o grupo melhor representado dos musgos, com 10 e com predominância em relação às hepáticas com 3. As famílias mais representadas de musgo foram Sematophyllaceae com 4 espécies e Bryaceae com 3 espécies, do grupo das hepáticas a Lejeuneaceae com 2 gêneros e 4 espécies. As famílias Bryaceae e Sematophyllaceae estão entre as 15 principais encontradas em inventários florístico de briófitas no neotrópico (MORAES, 2006). As espécies mais freqüentes representadas na família Sematophyllaceae foram Sematophyllum subsimplex e Trichosteleum subdemissum, das quais estas podem ser consideradas cosmopolitas. O grupo das hepáticas teve como destaque a família Lejeuneaceae com as espécies Acrolejeunea torulosa, Lejeunea laeta, Lejeunea trinitensis. Em relação à colonização das espécies, nos campos de coletas foram encontradas colonizando vários tipos de substratos sendo assim classificadas de acordo com os mesmos, sendo o número mais relevante de corticícolas, visto que a disponibilidade desse substrato é o mais frequente nos locais de coleta. Tabela 2 - Listagem das espécies de briófitas encontradas no distrito bananal, município de Governador Edison Lobão MA. Arranjo taxonômico segundo Buck e Goffinet (2000). Famílias Espécies Material examinado Bryaceae Brachymenium globosum A. Jaeger Varão 17 Bryum caespiticium Hedwig. Varão 41 Bryum apiculatum Schwägr. Varão 46 Fissidentaceae Fissidens zollingerii Mont. Varão 10 Hypnaceae Isopterygium tenerifolium Mitt. Varão 19 Jubulaceae Frullania gibbosa Ness Varão 27 Lejeuneaceae Acrolejeunea torulosa (Lehm & Lindenb.) Schiffn. Varão 22 Lejeunea glaucescensgottsche Varão 63 Lejeunea laeta (Lehm & Lindenb.) Lehm & Lindenb. Varão 58 Lejeunea trinitensis Lindenb. Varão 02 Leucobryaceae Octoblepharum albidumhedw. Varão 68 Pilotrichaceae Callicostella pallida (Hornsch.) Angstr. Varão 81 Pottiaceae Hyophila involuta (Hook.) A. Jaeger Varão 39 Hyophiladelphus agrarius (Hedw.) R.H. Zander Varão 36 Ricciaceae Riccia stenophylla Spruce Varão 121 Stereophyllaceae Entodontopsis leucostega (Brid.) W.R. Buck Varão 31 Pilosium chlorophyllum (Hornsch.) Müll. Hal. Varão134 Sematophyllaceae Acroporium estrellae (Müll. Hal.) W.R. Buck & Schäf.-Verw. Varão 132 Sematophyllum subsimplex (Hedw.) Mitt. Varão 54

Taxithelium planum (Brid.) Mitt. Varão 12 Trichosteleum subdemissum (Schimp. ex Besch.) A. Jaeger Varão 51 Thuidiaceae Cyrtohypnum involvens (Hedw.) W.R. Buck & Crum. Varão 132 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a realização do levantamento brioflorístico, pode-se confirmar que há uma grande diversidade na área estudada. Este trabalho apresenta uma relevância significativa no que se refere à brioflora, uma vez que a realização da pesquisa possibilitou o registro de 09 novas ocorrências para o estado do Maranhão, sendo estas: Acroporium estrellae (Müll. Hal.), Brachymenium globosum (A. Jaeg.), Bryum caespiticium (Hedwig.), Callicostella pallida (Hornsch.) Ångstr., Pilosium chlorophyllum (Hornsch.) Müll. Hal., Frullania gibbosa (Ness), Lejeunea glaucescens (Gottsche), Lejeunea laeta (Lehm & Lindenb.), Lejeunea trinitensis (Lindenb.). Com base nos resultados obtidos, pode se ressaltar que apesar do pouco conhecimento relacionados a briófitas do cerrado é um número minimo relevante se comparados com outros trabalhos, visto que há carência de mais estudos briofloristicos nesta área para dar maior embasamento. Entre os trabalhos relacionados às briófitas de cerrado de outras regiões do país podem ser citados o de Vilas Bôas-Bastos & Bastos (1998), que pertence a uma área de cerrado de Alagoinhas, Bahia; o de Visnadi & Vital (2001) e Visnadi (2004), que se referem à Reserva Biológica e Estação Experimental de Mogi-Guaçu, São Paulo. Portanto faz-se necessário levantamentos como este, visto que a taxonomia é uma ciência essencial da qual outras necessitam e os novos dados contribuem para ampliar o conhecimento da diversidade local e para a região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORDIN, J. Briófitas do centro urbano de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. Dissertação de mestrado, Instituto de Botânica, São Paulo. 2008. BUCK, W.R. Morphology and Classification of Bryophyte Biology. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. Forzza, R.C.; Leitman, P.M.; Costa, A.F.; Carvalho Jr., A.A.; Peixoto, A.L.; Walter, B.M.T.; Bicudo, C.; Zappi, D.; Costa, D.P.; Lleras, E.; Martinelli, G.; Lima, H.C.; Prado, J.; Stehmann, J.R.; Baumgratz, J.F.A.; Pirani, J.R.; Sylvestre, L.; Maia, L.C.; Lohmann, L.G.; Queiroz, L.P.; Silveira, M.; Coelho, M.N.; Mamede, M.C.; Bastos, M.N.C.; Morim, M.P.; Barbosa, M.R.; Menezes, M.; Hopkins, M.; Secco, R.; Cavalcanti, T.B.; Souza, V.C. 2010. Introdução. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010/, acesso 04/10/2011. GIULIETTI, A.M.; HARLEY, R.M.; QUEIROZ, L.P.; WANDERLEY, M. G.L. & Van Den BERG, C. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. Megadiversidade. v. 1, n 1, p.52-61, julho 2005. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2005. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 29 de Agos. De 2010. LOPES, Sonia. Biologia Essencial. São Paulo: Saraiva, 2005. LISBOA, R.C.L. Musgos Acrocárpicos do estado de Rondônia. Museu Paraense Emílio Goeldi, Série Botânica, Belém, 272 p. 1993. MORAES, E.N.R. Diversidade, aspéctos florísticos e Ecológicos dos Musgos (Bryophyta) da estação científica Ferreira Penna, Flona de Caxiuanã, Pará, Brasil. 2006. Dissertação de mestrado, 2006. PERALTA, D.F., BORDIN, J. & YANO, O. Novas ocorrências de briófitas nos Estados Brasileiros. Hoehnea, v.35, n.1, p. 123-158, 2008.

YANO, O. A checklist of Brazilian bryophytes. Boletim do Instituto de Botânica, 10: 47-232. 1996 PERALTA, D.F. 2005. Musgos (Bryophyta) do Parque Estadual da Ilha Anchieta (PEIA), São Paulo, Brasil. Dissertação de Mestrado, Instituto de Botânica de São Paulo, São Paulo. PÔRTO, K.C. 1996. Briófitas. Pp. 97-109. In: Sampaio, E.V.S.B., Mayo, S.J. & Barbosa, M.R.V. (Eds.) Pesquisa botânica nordestina: progresso e perspectivas. Recife, Sociedade Botânica do Brasil/ Seção Regional de Pernambuco. SHEPHERD, G. J. Plantas Terrestres. Versão Preliminar. Instituto de Biologia. 2003. VILAS BÔAS-BASTOS, S.B. & BASTOS, C.J.P. Briófitas de uma área de Cerrado no município de Alagoinhas, Bahia, Brasil. Tropical Bryology, 1998. VISNADI, S.R.& VITAL, D.M. Lista das Briófitas de uma área de Cerrado da Reserva Biológica e Estação Experimental de Mogi- Guaçu, SP, Brasil. Vegetalia, 2001. VISNADI, S.R. Distribuição da brioflora em diferentes fisionomias de cerrado da Reserva Biológica e Estação Experimental de Mogi- Guaçu, SP, Brasil. Acta Bot. Bras., 2004. YANO, O. Novas adições ao catálogo de briófitas brasileiras. Boletim do Instituto de Botânica, 17: 1-142. 2006. YANO, O, BORDIN, J. & PERALTA, D.F. Briófitas dos Estados do Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte (Brasil). Hoehnea, v.36, n.3, p. 387-415, 2009. [1] - Ladisneyde Freitas Varão Graduada em Licenciatura em Ciências Biológicas pelo Instituto Superior de Ensino do Sul do Maranhão (Iesma) (neydinhafv@hotmail.com) [2] - Iane Paula Rego Cunha Doutoranda em Botânica pela Universidade Federal de Pernambuco, mestre em Ciências Biológicas (Unesp/Botucatu), graduada em Ciências, professora de Botânica Criptogâmica e Fisiologia Vegetal (ianerego@yahoo.com.br) [3] - Denilson Fernandes Peralta Doutor pelo Instituto de Botânica, IBT, Brasil. Mestre pelo Instituto de Botânica, IBT, Brasil, Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas, pesquisador do Instituto de Botânica de São Paulo (denilsonfp@yahoo.com.br) YANO, O. A checklist of Brazilian mosses. The Journal of the Hattori Botanical Laboratory, 1981. YANO, O. Checklist of Brazilian liverworts and hornworts. The Journal of the Hattori Botanical Laboratory, 1984. YANO, O. A new additional annotated checklist of Brazilian bryophytes. The Journal of the Hattori Botanical Laboratory, 1985. YANO, O. An additional checklist of Brazilian bryophytes. The Journal of the Hattori Botanical Laboratory, 1989. YANO, O. Leucobryaceae (Bryopsida) do Brasil. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo. 1992.