Local nº: 13 Zona Histórica - Largo Gregório Nunes e Rua do Açougue Velho Coordenadas GPS: , º 53 58,20 9º 2 21,53

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Local nº: 13 Zona Histórica - Largo Gregório Nunes e Rua do Açougue Velho Coordenadas GPS: 38.899500, -9.039313 38º 53 58,20 9º 2 21,53 O Largo Gregório Nunes situa-se na zona histórica da cidade de Alverca do Ribatejo, assim denominada por ser a parte mais antiga da cidade. Fig. 1 Largo Gregório Nunes.

O Largo Gregório Nunes é delimitado a Sul pela Rua da Boca Lara e a Norte pela Rua do Açougue Velho. Pode-se ainda ter como referência do local, a Igreja de S. Pedro ou a Junta de Freguesia, localizada mais abaixo na Rua da Boca Lara. Fig. 2 e 3 Referência à Rua da Boca Lara, a Sul do Largo Gregório Nunes. Fig. 4 e 5 Referência à Rua do Açougue Velho, a Norte do Largo Gregório Nunes. Aspetos Históricos: O atual Largo Gregório Nunes era conhecido por Largo do Pelourinho Velho e aí terá existido um pelourinho. Pensa-se que até ao século XVI se teria fixado no Largo Gregório Nunes, a Casa da Câmara de Alverca, como se comprova nos seguintes dados: outeiro na rua onde está a câmara desta vila, retirados do Tombo das Capelas de D. Afonso IV. Era habitual, as Casas das Câmara serem construídas no centro da povoação, num largo ou numa praça, já que seriam o centro administrativo e judicial do Conselho. Assim sendo, no Largo Gregório Nunes terão existido os primitivos paços do Conselho de Alverca, edifícios onde se encontrava a

administração local do município e, à sua frente, o pelourinho, representativo da autoridade municipal. Apesar de não haver, atualmente, referências no local do pelourinho velho e da antiga Casa da Câmara, pensa-se que o Largo Gregório Nunes seria um importante local de reunião da população. Seria ali que o povo assistia aos julgamentos, ouvia as sentenças dos crimes menos graves assim como as atribuições de preços aos bens de consumo. Fig. 6 Largo Gregório Nunes no ano de 1973. (obtido do Portal Alverca) Fig. 7 Largo Gregório Nunes e Antigo Jardim da Filarmónica no ano de 1960. (obtido do Portal Alverca) Fig. 8 Rua da Boca Lara, que delimita a Sul o Largo Gregório Nunes, no ano de 1960. (Obtido do Portal Alverca) É importante ter a noção de que o pelourinho do Largo João Mantas não é o mesmo que o que terá existido no Largo Gregório Nunes. No século XVI, os paços do Conselho mudaram de sítio. Foram assim construídos um novo pelourinho, no ano de 1530, situado atualmente no Largo João Mantas e, na primeira metade do século XVI, uma nova Casa da Câmara, que terá prevalecido até ao dia 1 de Dezembro de 1755, aquando do forte terramoto que abalou Lisboa e arredores.

Quem passar pelo Largo Gregório Nunes encontrará, naquele que já foi um antigo jardim, um fontanário que se encontra desativado. Pelo que foi possível perceber, de dados fornecidos em artigos da cidade de Alverca do Ribatejo, este fontanário terá sido o primeiro a abastecer água canalizada às populações. Fig. 9 e 10 Fontanário localizado no Largo Gregório Nunes. Ainda relativo aos aspetos históricos do local, considera-se importante mencionar a origem do nome dado ao largo em questão. Segundo o que pode ser lido na obra Monografia de Alverca, de José Carmo Pacheco, o nome deste largo estará relacionado com o herói local, de nome Gregório Nunes. Este senhor terá vivido no século XVIII/XIX e seria natural do Lugar do Moinho de Vento, Alverca. Ao que tudo indica, este senhor era conhecido como o herói da Guerra Peninsular, outra designação dada às Invasões Francesas que tiveram local no século XIX e que opuseram Portugal, Espanha e Inglaterra à França. Aspetos Arquitetónicos: O Largo Gregório Nunes situa-se na zona antiga da cidade de Alverca, sendo por isso ainda visíveis características do povoado mais antigo. Ao nível da construção das habitações, nomeadamente estrutura e materiais, distinguem-se particularidades da altura em que estas habitações foram edificadas. O Largo Gregório Nunes é rodeado por casas mais antigas, de dois pisos, com planta retangular, que tinham, geralmente, mais funções que não a mera habitacional. Neste Largo terão predominado casas de famílias mais abastadas até pela importância do local em causa. É importante relembrar que o Largo Gregório Nunes já foi um dia, o centro administrativo e judicial do conselho e, como tal, as famílias de maiores posses seriam, com certeza, as que se fixavam nesta região. Para além disso, pensa-se que muitos edifícios teriam também importância comercial, existindo espaços comerciais no primeiro piso dos mesmos. Quem passar pelo Largo Gregório Nunes deverá dedicar algum tempo ao edifício número 7, visivelmente característico do povoado mais antigo e com

bastantes marcas da passagem do tempo. O telhado deste edifício apresenta pormenores idênticos aos encontrados em muitas casas da Estremadura, estrutura em cauda de andorinha. Fig. 11 e 12 Edifício nº 7 localizado no Largo Gregório Nunes. Fig. 13 Pormenor do telhado em cauda de andorinha do edifício nº 7 localizado no Largo Gregório Nunes. Aspetos Geológicos: Ao nível dos materiais de ornamentação dos edifícios e calçadas é visível a predominância dos calcários. Nas calçadas das escadarias que se avistam no Largo Gregório Nunes predominam calcários esbranquiçados e cremes, também conhecidos por Calcários de Liós. Fig. 14 Amostra de um calcário esbranquiçado

Fig. 15 e 16 Calçadas em calcário esbranquiçado no Largo Gregório Nunes Os calcários esbranquiçados que se avistam no Largo Gregório Nunes têm sido muito utilizados ao nível da ornamentação, em particular nos arredores de Lisboa, destacando-se Sintra e Lameiras. Devido ao seu ambiente de formação, associado a zonas de águas quentes e pouco profundas, estas rochas tendem para apresentar fósseis. Na calçada do Largo Gregório Nunes é possível avistar a presença de fósseis de Turritellas, que são Moluscos da classe dos gastrópodes que se distribuiu pelos mares Mediterrâneo e do Norte, pelo oceano Atlântico e pelo canal da Mancha, do Cretácico (145 65 M.a.) à atualidade. Estes gastrópodes, bentónicos, pouco profundos (infralitoral), de substrato móvel, possuem concha enrolada com forma de cone alongado que podem ter um tamanho até 15 cm, turriculada. Estes organismos filtradores viviam em ambientes marinhos com salinidade normal e temperatura variável. Fig. 17 Turritella Fig. 18 e 19 Calcário esbranquiçado da escadaria do Largo Gregório Nunes com Turritella.

Quem percorrer a Rua do Açougue Velho, que delimita a Norte o Largo Gregório Nunes, encontrará na calçada da rua, mais exemplares de Turritellas. Fig. 22 Calcário esbranquiçado com Turritella em corte transversal Fig. 21 Calcário esbranquiçado com Turritella em corte transversal e longitudinal Fig. 22 Calcário esbranquiçado com Turritella em corte longitudinal Bibliografia: Fragmentos de Alverca: História e Património, Anabela Ferreira http://www.portalalverca.com/alverca/ http://www3.cm-vfxira.pt/pagegen.aspx?wmcm_paginaid=22606 LÓPEZ-MARTÍNEZ, N. 1986. Guía de campo de los fósiles de España. Ediciones Pirámide, Madrid, 479 pp.