LEPTOSPIROSE BOVINA: OCORRÊNCIA E SOROVARES PREDOMINANTES EM AMOSTRAS PROVENIENTES DE SEIS ESTADOS BRASILEIROS

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Transcrição:

LEPTOSPIROSE BOVINA: OCORRÊNCIA E SOROVARES PREDOMINANTES EM AMOSTRAS PROVENIENTES DE SEIS ESTADOS BRASILEIROS BOVINE LEPTOSPIROSIS: OCCURRENCE AND SEROVARS PREVALENT IN SAMPLES FROM SIX BRAZILIAN STATES Carla Resende Bastos (1) Renata Ferreira dos Santos (2) Nivaldo Aparecido de Assis (3) Luis Antonio Mathias (4) Resumo A leptospirose tem grande importância na bovinocultura brasileira, devido a perdas na produção e a importância dos bovinos na manutenção da cadeia epidemiológica deste patógeno. Os objetivos deste estudo foram verificar a presença de animais reagentes a Leptospira spp. e também identificar os sorovares mais prováveis em amostras de soro bovino dos Estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Como método de análise foi utilizada a técnica de soroaglutinação microscópica (MAT) usando como antígenos 24 sorovares. O sorovar mais provável encontrado nas 1.300 amostras foi Wolffi, sendo o sorovar mais provável dos Estados de Goiás, Maranhão, São Paulo, Sergipe e Tocantins. No Estado de Minas Gerais o sorovar que se destacou foi Grippotyphosa. Palavras-chave: Grippotyphosa. Leptospira. Wolffi. Abstract Leptospirosis has great importance in Brazilian cattle due to losses in production and the importance of cattle in maintaining the epidemiological chain of this pathogen. The aim of this study were to verify the presence of animals reacting to Leptospira spp. and also identify the most probable serovars in bovine serum samples of the States of Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Sergipe, and Tocantins. For the analysis, were used the microscopic agglutination technique (MAT) using as antigens 24 serovars. The most likely serovar found in 1,300 samples was Wolffi, being the most likely serovar in the states of Goiás, Maranhão, São Paulo, Sergipe, and Tocantins. In the state of Minas Gerais, the serovar that stood out was Grippotyphosa. Keywords: Grippotyphosa. Leptospira. Wolffi. 1 Mestre em Medicina Veterinária, Medicina Veterinária Preventiva pela FCAV UNESP Jaboticabal. Endereço eletrônico: carlarbvet@gmail.com 2 Mestre em Medicina Veterinária, Medicina Veterinária Preventiva pela FCAV UNESP Jaboticabal. Endereço eletrônico: carlarbvet@gmail.com 3 Assistente de suporte acadêmico II da FCAV UNESP Jaboticabal. Endereço eletrônico: assisna@fcav.unesp.br 4 Docente da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Câmpus Jaboticabal. Endereço eletrônico: lmathias@fcav.unesp.br

1 Introdução I CONGRESSO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA AGROPECUÁRIA, A leptospirose bovina é uma zoonose cosmopolita provocada por microrganismos do gênero Leptospira, que compromete a sanidade de mamíferos, sendo de grande importância em rebanhos bovinos (FAINE et al., 1999); é um problema tanto veterinário quanto de saúde pública (OIE, 2008). Na cadeia produtiva de bovinos, tanto de corte como de leite, a leptospirose tem como principal impacto o comprometimento do desempenho reprodutivo (VASCONCELLOS et al., 1997). Na espécie bovina, a transmissão pode ocorrer de forma indireta, por meio de água e solos contaminados por urina, e de forma direta, por contato com fetos abortados, placenta e secreções uterinas (FAINE et al., 1999). A identificação dos sorovares de Leptospira spp. circulantes em uma região geográfica e dos sorovares mais prováveis contribui para o avanço do conhecimento da cadeia epidemiológica da doença, além de gerar um potencial aumento da efetividade do diagnóstico e das vacinas empregadas, com a agregação dos sorovares patogênicos mais frequentemente encontrados nos rebanhos bovinos da região alvo do controle (ARAÚJO et al., 2005). Nesse sentido, o presente trabalho teve como objetivos verificar a presença de animais reagentes a Leptospira spp. e também identificar os sorovares mais prováveis em amostras de soro bovino dos Estados de: Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Sergipe e Tocantins. 2 Material e Métodos 2.1. Caracterização das amostras Para realização da pesquisa foram utilizadas 1.300 amostras de soro de bovinos de diversas raças, machos e fêmeas, de diferentes propriedades e regiões dos Estados de Goiás, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo, Sergipe e Tocantins, encaminhados ao Laboratório de Diagnóstico de Brucelose e Leptospirose do Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. UNESP/Câmpus de Jaboticabal. 2.2. Técnica de soroaglutinação microscópica (MAT) Para a pesquisa de anticorpos anti-leptospira spp. foi utilizada a técnica de soroaglutinação microscópica (MAT) de acordo com a metodologia descrita pela OIE (2011).

As amostras de soro sanguíneo foram diluídas em solução salina no interior de tubos de hemólise, resultando na diluição de 1/50. Dessa diluição, alíquotas de 25 L foram colocadas em placas de poliestireno, com fundo chato, e adicionada igual quantidade de antígeno, das 24 sorovariedades de Leptospira spp., sendo elas: Andamana, Australis, Bratislava, Autumnalis, Butembo, Castellonis, Bataviae, Canicola, Whitcombi, Cynopteri, Sentot, Grippotyphosa, Hebdomadis, Copenhageni, Icterohaemorrhagiae, Javanica, Panama, Pomona, Pyrogenes, Hardjo, Wolffi, Patoc, Shermani E Tarassovi, resultando na diluição de 1/100. A mistura soro-antígeno foi levemente homogeneizada e incubada em estufa à temperatura de 28 C por 40 a 120 minutos, procedendo-se a seguir à leitura em microscopia de campo escuro, com objetiva e ocular de 10x, diretamente nos poços da placa. Foram consideradas reagentes as amostras em que ocorreram 50% de aglutinação, estando metade das leptospiras aglutinadas no campo microscópico no aumento de 10x. As amostras reagentes na diluição inicial foram testadas com diluições seriadas de razão dois, sendo a primeira diluição 1/100, conforme recomendação da OIE (2011). Os dados foram tabulados e analisados os sorovares mais prováveis de cada Estado. Para observação da prevalência, considerou-se como positivo o animal reagente a uma ou mais sorovariedades. Já para a determinação da sorovariedade mais provável foi considerada apenas a sorovariedade de maior título e desconsiderados os animais que obtiveram títulos iguais contra duas ou mais sorovariedades. 3 Resultados e Discussão Das 1.300 amostras avaliadas, 821 foram positivas para leptospirose; dessas, 453 foram positivas para o sorovar Wolffi, o qual foi o sorovar mais provável em 222 das amostras. O sorovar Wolfii também foi o mais provável avaliando os Estados de São Paulo, Goiás, Maranhão, Sergipe e Tocantins de forma individual, com frequência de 35,5%, 67%, 36%, 54,5% e 28,5%, respectivamente. Já entre as amostras do Estado de Minas Gerais, o sorovar mais provável foi Grippotyphosa, com frequência de 25%. Na avaliação geral dos seis Estados, os sorovares mais prováveis foram respectivamente Wolffi (39,7%) e Hebdomadis (11,6%). Contra o sorovar Wolffi, observado em 34,8% dos rebanhos estudados, foram observados títulos que variaram de 1:100 a 1:1.600. Resultados semelhantes foram encontrados por Santa Rosa et al. (1970), que avaliaram 15.080 amostras de soro bovinos, provenientes de nove estados (SP, PR, PE, MG, GO, RS,

AP, PA e RJ), observando predominância da variante Wolffi. Giorgi (1981), ao avaliar 644 bovinos provenientes de 11 estados (SC, PR, SP, RJ, MG, MS, GO, BA, PE, PB e PA), teve como variantes mais frequentes Wolffi e Pomona. Langoni et al. (2000), em 2.761 bovinos de sete municípios do Estado de São Paulo (Bauru, Araçatuba, Campinas, Marília, Presidente Prudente, São José dos Campos e Sorocaba), encontraram predominância de Wolffi. Mineiro et al. (2007), ao avaliarem 1.975 amostras de soro de bovinos de leite do Piauí em dois períodos do ano, estações seca e chuvosa, no ano de 2004, observaram maiores prevalências de infecção por Leptospira spp. sorovares Wolffi (26,7%) e Hebdomadis (12,2%), destacando a importância dos bovinos na manutenção dessas sorovariedades, assim como as capivaras, vastamente distribuídas pelo país. No Estado de Minas Gerais, destacou-se o sorovar Grippotyphosa, que está estritamente associado a infecções com sinais clínicos de alterações reprodutivas e comumente associado à presença de ratazanas, sendo importante sua identificação para o desenvolvimento de melhores planos de controle e prevenção da leptospirose nesse Estado. 4 Conclusões Das 1.300 amostras avaliadas, 821(63,1%) foram positivas para leptospirose. O sorovar mais provável encontrado nas 1.300 amostras foi o Wolffi, sendo o mais provável também para nos Estados de Goiás, Maranhão, São Paulo, Sergipe e Tocantins; já no Estado de Minas Gerais, o sorovar que se destacou foi Grippotyphosa. Referências ARAUJO, V. E. M.; MOREIRA, E. C.; NAVEDA, L.A.B.; SILVA, R. L.; CONTRERAS, J.A. Frequência de aglutininas anti-leptospira interrogans em soros sanguíneos de bovinos, em Minas Gerais, de 1980 a 2002. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 57, n. 4, p. 430-435, 2005. FAINE, S.; ADLER, B.; BOLIN, C; PEROLAT, P. Leptospira and leptospirosis. 2. ed. Melbourne: MediSci, 1999. GIORGI, W.; TERUYA, J.M.; SILVA, A.S.; GENOVEZ, M.E. Leptospirose: resultados das soroaglutinações realizadas no Instituto Biológico de São Paulo durante os anos de 1974/1980. Biológico, São Paulo, v.47, n.11, p.299-309, 1981. LANGONI, H., MEIRELES, L.R.; GOTTSCHALK, S.; CABRAL, K.G.; SILVA, A.V. Perfil sorológico da leptospirose bovina em regiões do Estado de São Paulo. Arquivo Instituto Biológico, São Paulo, v. 64, n. 1, jan/jun. 2000.

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