TURISMO RELIGIOSO DESLOCAMENTO MOTIVADO PELA FÉ
TURISMO RELIGIOSO Diferente de todos os outros segmentos de mercado do turismo, tem como motivação fundamental a fé. Está, portanto, ligado profundamente ao calendário e acontecimentos religiosos das localidades receptoras dos fluxos turísticos.
O turismo religioso pode ser entendido como uma atividade desenvolvida por pessoas que se deslocam por motivos religiosos ou para participar de eventos de significado religioso. Compreendem peregrinações, romarias, visitas a locais de caráter histórico/religioso, festas e espetáculos de cunho sagrado. É um segmento que pode contribuir para a valorização e a preservação das práticas espirituais, enquanto manifestações culturais e de fé que identificam determinados grupos humanos. A sustentabilidade do turismo religioso pode ser enfocada sob dois aspectos: em primeiro lugar para que a cultura religiosa não venha perder o seu sentido enquanto manifestação de fé e em segundo lugar para que essas atividades não sejam descaracterizadas pelos movimentos de massa.
Pelo menos em 2013, 300 milhões de pessoas fizeram turismo religioso, de acordo com dados da Organização Mundial de Turismo
Diferentes tipos de deslocamento motivados pela fé. A Romaria. A Peregrinação.
ROMARIA A romaria é uma viagem a lugares santos e de devoção, empreendida por aqueles que desejam pagar promessas, rogar por graças ou revelar sua gratidão pelos desejos realizados. O objetivo destas travessias é conquistar a graça e as benesses específicas que só Deus pode conceder aos seus fiéis. Praticamente todas as instituições religiosas contam com a romaria como ingrediente especial de seus rituais. A expressão romaria provém de uma alusão à cidade de Roma, matriz da Igreja Católica Apostólica Romana, portanto ela se aplica particularmente às viagens católicas aos recantos sagrados.
PEREGRINAÇÃO Uma peregrinação (do latim per agros, isto é, pelos campos) é uma jornada realizada por um devoto de uma dada religião a um lugar considerado sagrado por essa mesma religião.
O termo "Peregrino" aparece em nossa língua na primeira metade do século XIII, para denominar os cristãos que viajavam a Roma ou à Terra Santa (onde atualmente se encontra o Estado de Israel e os Territórios Palestinos) para visitar os lugares sagrados aonde Jesus esteve, às vezes como penitência com o objetivo de pagar determinados pecados e outras vezes para cumprir penas canônicas. Com o impedimento dos peregrinos chegarem aos Lugares Santos, surgiria mais tarde a ideia das Cruzadas, enviadas para "reconquistar" os lugares que os cristãos consideravam sagrados e que estavam em poder de povos de outras religiões.
O ato de peregrinar e as peregrinações ocorrem desde os tempos mais remotos, mesmo nos chamados tempos primitivos em que predominavam os costumes ou ritos pagãos. Existem escritos de locais de peregrinação muitas vezes ofuscados pela própria religião cristã, como o caso da Catedral de Santiago de Compostela que pode ter sido construída onde passaria antes uma outra rota mais antiga, a peregrinação a Finisterra (fim-daterra), à costa Ocidental para ver o deus Sol a "morrer" no mar e que no dia seguinte ressuscitava no Oriente.
As primeiras peregrinações do Cristianismo datam do início do século IV (quando o Cristianismo foi tornado religio licita com o Imperador Teodósio), e tinham por destino a Terra Santa (a mais conhecida e a primeira a deixar um relato da sua peregrinação foi Etérea.
Para peregrinar há que ter em conta que não se trata apenas do ato de caminhar (no caso da peregrinação a pé), ou executar um trajeto com um determinado número de quilômetros; é reconhecido que peregrinar carece caminhar-se motivado "por" ou "para algo". A peregrinação tem, assim, um sentido e um valor acrescentado que é necessário descobrir a cada pessoa que a executa.
O turismo brasileiro apresenta, a cada ano, números mais expressivos em relação ao segmento religioso. A busca por destinos de viagem religiosos tem crescido muito nos últimos anos, especialmente no Brasil, contribuindo para o incremento da economia de pequenos municípios a maioria localizada no interior do país.
TURISMO RELIGIOSO NO BRASIL De acordo com dados preliminares do Departamento de Estudos e Pesquisas do MTur, no ano de 2014, cerca de 17,7 milhões de brasileiros viajaram pelo país levados pela fé. Cerca de 10 milhões fizeram viagens sem pernoitar no destino (excursionistas) e outros 7,7 milhões permaneceram pelo menos uma noite no local. As visitas às tradicionais cidades barrocas mineiras e baianas, como Ouro Preto, Mariana, Congonhas do Campo e Salvador estão entre os destinos mais visitados do país pelos peregrinos. A administração do Santuário Nacional de Aparecida (SP) anunciou um número recorde de visitantes do ano passado: 12,2 milhões.
A movimentação, no entanto, deve crescer ainda mais. Isso porque a imagem Peregrina de Nossa Senhora da Conceição Aparecida vai percorrer diversas cidades do país até 2017, quando será celebrado os 300 anos do encontro da imagem da Padroeira do Brasil nas águas do rio Paraíba. Só em 2015 estão confirmadas a visita a 49 dioceses. Para a comemoração do tricentenário da aparição, o Papa Francisco já confirmou sua presença.
ALGUNS DESTINOS DE TURISMO RELIGIOSO NO BRASIL Bahia Salvador (Santuário da Beata Irmã Dulce dos Pobres, inúmeras igrejas históricas) Ceará Juazeiro do Norte (Padre Cícero) Goiás Trindade (Santuário do Divino Pai Eterno) Minas Gerais Caeté (Santuário Nossa Senhora da Piedade), Congonhas do Campo (Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos), Monte Sião (Santuário da Medalha Milagrosa), Catas Altas (Santuário do Caraça), igrejas históricas em Ouro Preto, Sabará, Mariana, São João Del Rei, Tiradentes, e muitas outras cidades Pará Belém (Festa do Círio de Nazaré, Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré) Santa Catarina Nova Trento (Santuário de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus) Rio Grande do Sul Farroupilha (Santuário de Nossa Senhora de Carravágio) São Paulo Aparecida (Basílica Santuário Nacional, imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida), Cachoeira Paulista (sede da comunidade católica Canção Nova, Santuário da Santa Cabeça), Guaratinguetá (terra natal de Santo Antônio de Santana Galvão, o Frei Galvão), São Paulo (Catedral da Sé, Mosteiro de São Bento, túmulo de Frei Galvão, túmulo de Madre Paulina), Pirapora do Bom Jesus
Dos 58,9 milhões que fizeram viagens domésticas em 2011, 2% (1,17 milhão) tiveram a religião como motivo da principal viagem anual. Entre os estrangeiros, viagens ligadas a peregrinação, fé e religião representam em média 0,3% do total.
O Rio é o principal destino de lazer de estrangeiros em visita ao país, segundo o Ministério do Turismo. Em 2012, entraram 1.164.187 visitantes de outros países no Rio, de um total de 5,67 milhões de turistas. Mas, prestes a receber um dos maiores eventos religiosos do mundo, é notável a carência de roteiros específicos pelas igrejas no Rio
O site oficial da Riotur lista sete dicas em 57 atrações turísticas da cidade: o Cristo Redentor; a Igreja da Candelária; a Igreja de São Francisco da Penitencia, o Mosteiro de São Bento; a Catedral Metropolitana; o Outeiro da Glória; e as igrejas de N.S. de Bonsucesso e da Penha. O Guia Rio, também da Prefeitura, criou em 2013 uma área específica para a JMJ, listando algumas informações sobre algumas igrejas históricas e santuários do Rio de Janeiro, e indicando dois roteiros de fé realizados, porém, por empresas particulares: o Rio de Histórias e o advogado Ney Gerhard, que organiza passeios para grupos pequenos e caravanas para mais de 20 circuitos, entre igrejas e santuários em todo o Brasil.
DESAFIOS DO TURISMO RELIGIOSO NO RJ A inexistência de roteiros que levem os turistas às igrejas acarreta em uma série de problemas de modo geral. Igrejas históricas como São José, Antiga Sé, Santa Cruz dos Militares, Mosteiro de São Bento, Candelária e outras são mantidas por iniciativas privadas. Algumas pertencem as Irmandades com mais recursos. Por serem igrejas históricas e localizadas, em sua maioria, no Centro, bairro praticamente comercial, seus visitantes não são frequentes, diferentemente das paróquias de bairros como Ipanema e Leblon, cujo fluxo mensal é intenso. Se depender dos fiéis, as igrejas do Centro não conseguem se manter, sendo qualquer gasto extra um motivo de preocupação, como aconteceu durante as manifestações recentes, quando as fachadas da Igreja São José foram pichadas e as janelas da Antiga Sé apedrejadas. Os custos dessas reparações são das próprias igrejas. Questões práticas precisam ser divididas em mundo ideal e mundo real: as igrejas poderiam ficar abertas por mais tempo, o que significaria uma segunda jornada de trabalho ou hora extra de funcionários.