MICROPROPAGAÇÃO DE PORTA-ENXERTO DE VIDEIRA PAULSEN 1103 IN VITRO, COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CITOCININA.

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Transcrição:

MICROPROPAGAÇÃO DE PORTA-ENXERTO DE VIDEIRA PAULSEN 1103 IN VITRO, COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CITOCININA. MICROPROPAGATION OF STOCK FOR GRAFTING OF GRAPEVINE PAULSEN 1103 "IN VITRO", WITH DIFFERENT CITOCININA CONCENTRATIONS Leandro Schossler Coletto 1 ; Carlos Roberto Martins 2 ; Maykol Goulart¹ RESUMO A técnica da micropropagação através da cultura de tecidos é uma alternativa para a propagação em grande escala de diversas espécies, com alto grau de sanidade e com custo reduzido. Com isso, o experimento teve como objetivo avaliar o comportamento in vitro de porta-enxerto de videira Paulsen 1103 em diferentes concentrações de citocinina (BAP-6- benzilaminopurina) em meio de cultura MS (Murashige & Skoog, 1962) com a metade das concentrações de sais. Este trabalho foi conduzido no laboratório de Cultura de Tecidos da PUCRS, Campus Uruguaiana. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com sete repetições. O teste de comparação de médias utilizado foi o de Tukey (5%). Em relação ao tamanho das brotações, a concentração de 2,5µM BAP apresentou os melhores resultados, porém não se diferiu estatisticamente dos meios de cultura com 1 e 5µM BAP. Quanto ao número de brotações por explante, o meio de cultura suplementado com 1µM BAP apresentou os melhores resultados, porém foi considerado estatisticamente igual aos meios de cultura com 0, 0,5 e 2,5µM BAP. Palavras-chave: Uva, Vitis vinifera, biotecnologia, vitivinicultura. ABSTRACT The technique of the micro propagation through the tissue culture is an alternative for the large-scale propagation of diverse species, with high degree of health and reduced cost. 1 Acadêmico, Agronomia, FZVA/PUCRS, Campus Uruguaiana, e-mail: leandrocoletto@yahoo.com.br 2 Eng Agr Prof. Dr. Agronomia, FZVA/PUCRS, Campus Uruguaiana, e-mail: carlos.martins@pucrs.br

103 Micropropagação de porta-enxerto... Based on this, the experiment had as objective to evaluate the behavior in vitro of stock for grafting of grapevine Paulsen 1103 in different concentrations of citocinina (BAP-6- benzilaminopurina) within MS (Murashige & Skoog, 1962) culture and half of salt concentrations. This work was led in the laboratory of Tissue Culture of PUCRS Uruguaiana. The experimental delineation was used on randomly blocks, with seven repetitions. It was used Tukey averages comparison test (5%). Relating to the sprouting size, the concentration of 2,5µM BAP presented the best results, however it was not statistically differed from the ways of culture with 1 and 5µM BAP. As to the number of sprouting for explante, the way of culture supplemented with 1µM BAP presented the best results, however it was considered statistically equal to the ways of culture with 0, 0,5 and 2,5µM BAP. Key words: Grape, Vitis vinifera, biotechnology, vitivinicultura INTRODUÇÃO A região da Fronteira Oeste, principalmente Uruguaiana, já foi uma grande produtora de uvas no passado, perdendo espaço para as outras culturas no decorrer do tempo devido a grande ocorrência de pragas, as quais não havia nenhum método de controle conhecido. Além disso, as mudas eram feitas a partir de plantas matrizes já contaminadas, promovendo uma rápida disseminação das doenças e consequentemente, desestimulando os produtores de uva da região. Esse fato poderia ter sido evitado se a multiplicação das mudas não fosse feita a partir de plantas matrizes contaminadas. A utilização da micropropagação através da cultura de tecidos é uma alternativa para a propagação em grande escala de diversas espécies, com alto grau de sanidade, com custo reduzido e em um curto espaço de tempo. Pela inexistência, no Brasil, de estrutura empresarial para a produção de mudas de videira certificadas, o setor vitivinícola optou pela crescente importação de matrizes e mudas, originárias de paises da Europa, como a Itália e França, e também da África do Sul. Essa importação de mudas de variedades de Vitis vinífera atingiu números em torno de 10.000 em 1996 e passou para mais de 1.000.000 de mudas nos últimos anos (SILVA, 2002). Porém, esse cenário causa alguns problemas como, primeiramente à não concordância das estações de ano, obrigando a armazenagem de mudas em câmara fria, o que pode acarretar sérias conseqüências sobre o crescimento e vigor; também está ligado a introdução de pragas e doenças, e a adaptação dos porta-enxertos

Coletto, L.S. et al. 104 europeus aos solos brasileiro, que tipicamente são ácidos e alícos, e finalmente o custo da muda importada, que por seu alto valor comercial, dificulta a maioria dos produtores a sua aquisição. A técnica da micropropagação pode ser utilizada em videiras, buscando multiplicá-las a partir de gemas axilares, possibilitando uma rápida multiplicação de plantas sadias em grande escala, viabilizando a implantação da cultura em nossa região. A primeira etapa de um vinhedo é a implantação dos porta-enxertos, que acrescentam vigor e conferem sanidade a cultivar produtora, melhorando a qualidade e aumentando sua produtividade. Com a necessidade de plantas de elevado padrão genético e adaptadas à região, a cultivar de porta-enxerto a ser utilizada é a Paulsen 1103, originário da Itália. Optou-se por essa cultivar devido a grande preferência dos produtores, pois ele é resistente a filoxera, adapta-se a solos arenosos e argilosos, tolerando ainda seca e umidade. Com isso, o experimento teve como objetivo avaliar o desenvolvimento in vitro de porta-enxerto Paulsen 1103 com diferentes concentrações de citocinina (BAP-6-benzilaminopurina) em meio de cultura MS com a metade das concentrações de sais. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido no laboratório de Cultura de Tecidos da PUCRS, Campus Uruguaiana. O estabelecimento dos explantes de videira foi realizado no dia 31/03/05, com delineamento experimental de blocos ao acaso, com sete repetições. O meio de cultura utilizado foi o meio básico MS (Murashige & Skoog, 1962) acrescido de sacarose (30 g.l-1), mio-inositol (100 mg.l-1) e ágar (6 g.l-1), com a metade das concentrações de sais e diferentes concentrações de Citocinina (MS/2 + 0µM BAP; MS/2 + 0,5µM BAP; MS/2 + 1µM BAP; MS/2 + 2,5µM BAP; MS/2 + 5µM BAP). A planta matriz utilizada foi o portaenxerto Paulsen 1103, dos quais eram retiradas apenas as gemas axilares com tamanho aproximado de 0,7 cm de comprimento. A assepsia utilizada para promover a limpeza dos explantes foi realizada em quatro etapas. Primeiramente o material a ser utilizado ficou por 30 minutos em água corrente, posteriormente foram postos em álcool por dez segundos, sendo estes retirados do álcool e imediatamente postos no hipoclorito de sódio a 1% com 20 gotas

105 Micropropagação de porta-enxerto... de tweem por litro durante 30 minutos, por ultimo, utilizando água destilada e autoclavada fez-se uma tríplice lavagem dos materiais. Após a assepsia, os explantes foram implantados no meio de cultura com diferentes concentrações de citocinina e postos em sala climatizada com temperatura de 25 ± 2ºC e umidade relativa do ar de 60%, sendo mantidos com ausência de luz durante cinco dias, para evitar a oxidação dos mesmos. Posteriormente, foram mantidos na sala climatizada, porém com fotoperíodo de 16 horas com intensidade luminosa de 20 me.m-2.s-1, durante 60 dias. Após esse período, os explantes foram avaliados no tamanho das brotações e número de brotos por explante, sendo realizada a análise de variância que indicou haver diferença significativa entre as variáveis. Assim foi aplicado o teste de comparação de médias de Tukey com nível de significância de 5%. Os resultados são apresentados na Tabela 1. RESULTADO E DISCUSSÃO As diferentes concentrações de citocinina utilizadas no meio de cultura MS/2 apresentaram certas particularidades no tamanho e no numero das brotações, mostrando diferenças significativas entre os tratamentos utilizados. O número de brotos por explante de videira Paulsen 1103 foi influenciado pela concentração de citocinina (Tabela 1). Pode-se observar que o número de gemas axilares aumenta gradativamente até a concentração de 1µM BAP e decresce significativamente quando se utiliza 5µM BAP. DZAZIO et al. (2002), observaram em porta-enxerto 420-A que o meio de cultura contendo BAP de 1 a 10µM, não apresenta diferença significativa no número de brotações. BIASI et al. (1998), utilizando porta-enxerto Jales com concentrações de 0 a 20µM BAP, também não encontraram diferença significativa. Concordando com BIASI et al. (1998), LEE & WETZSTEIN (1990) e DZAZIO et al. (2002), concentrações de BAP devem ser adequadas para cada cultivar, otimizando o processo para a obtenção de brotações de boa qualidade e com mínimo de vitrificação, mesmo que a taxa de crescimento seja menor. Pois, fases subseqüentes dependem do bom estado fisiológico das brotações. O comprimento das brotações também apresentou diferença significativa com as concentrações de BAP utilizadas no meio de cultura MS/2 (tabela1), sendo o tratamento com 2,5µM BAP o que apresentou melhor resultado com

Coletto, L.S. et al. 106 comprimento de 1,47 cm, mas não diferiu estatisticamente dos tratamentos com 5µM BAP e 1µM BAP. Segundo CHÉE & POOL (1985), trabalhando com o híbrido Remaily Seedless, definiram que a ótima concentração para produção de brotos maiores seria de 2,5µM BAP, concordando com os dados obtidos no experimento. Os níveis de contaminação, tanto fungica quanto bacteriana, no experimento foram zero, pois a assepsia utilizada promoveu uma viabilidade de 100% dos explantes, mostrando-se totalmente eficaz na limpeza de porta enxerto de videira Paulsen 1103. A oxidação dos explantes mantevese baixo em todos os tratamentos, não comprometendo o desenvolvimento dos mesmos. Tamanho das brotações (cm) 1,5 1,4 1,3 1,2 1,1 1 0,9 0,8 0,7 0 0,5 1 2,5 5 Concentrações de Citocinina (µm BAP) FIGURA 01. Efeito das variações de citocinina no meio de cultura MS/2 sobre o comprimento dos explantes de porta-enxerto Paulsen 1103. Número de brotações por explante 2,5 2,2 1,9 1,6 1,3 1 0 0,5 1 2,5 5 Concentrações de Citocinina (µm BAP) FIGURA 02. Efeito das variações de Citocinina no meio de cultura MS/2 sobre o número de brotações por explante de porta-enxerto de videira Paulsen 1103. De acordo com a figura 01, aumentando os níveis de citocinina de 0µM BAP para 2,5µM BAP, tem-se um aumento continuo e expressivo no crescimento dos explantes, porém, aumentando essa a dosagem para 5,0µM BAP ocorre um efeito tóxico e consequentemente promove uma redução no crescimento dos porta-enxertos. Na figura 02, o número de brotações por explante, tem seu pico produtivo com 1µM BAP, chegando a obter mais que o dobro quando comparado com o MS/2 sem citocinina. Porém quando os níveis desse hormônio são elevados para 2,5µM BAP tem-se uma drástica redução no numero de brotos, e quando elevamos para 5µM BAP, os resultados obtidos são inferiores do que os obtidos com 0µM BAP, pois os altos níveis desse hormônio torna-se tóxicos para os explantes.

107 Micropropagação de porta-enxerto... TABELA 01. Resultados obtidos com a utilização de porta-enxertos de videira Paulsen 1103 submetidos a diferentes concentrações de citocinina no meio de cultura MS/2. Tratamentos Nº de brotos/ Comprimento dos explante brotos (cm) MS/2 + 1µM BAP 2,57 a 1,01 a b MS/2 + 0,5µM BAP 2,14 a b 0,84 b MS/2 + 2,5µM BAP 1,71 a b 1,47 a MS/2 + 0µM BAP 1,29 a b 0,82 b MS/2 + 5µM BAP 1,14 b 1,05 a b CV (%) 15,14 7.08 Médias seguidas das mesmas letras, na vertical, não diferem entre si ao nível de 5%. CONCLUSÕES Com o manejo utilizado no experimento, pode-se concluir que aumentando os níveis de citocinina no meio de cultura até 1µM BAP, aumenta a produção de brotos por explantes, porém concentrações acima desse valor tornam-se tóxicas para os mesmos, ocasionando uma redução drástica no número de brotações. Elevando os valores de citocinina no meio de cultura para 2,5µM BAP, promoveu um alongamento nos explantes, porém, o número de brotações reduziu. REFERÊNCIAS BIASI, L.A.; PASSOS, I.R. da S.; POMMER, C.V. Estabelecimento in vitro de porta-enxertos de videira através de ápices meristemáticos e segmentos nodais. Scientia Agricola, Piracicaba, p. 196-202, 1998. BIASI, L.A.; PASSOS, I.R. da S.; POMMER, C.V. Micropropagação do porta-enxerto de videira Jales. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 33, n. 10, p. 1587-1594, 1998. BORGHEZAN, M.; MORAES, L.K.A. DE; MOREIRA, F.M.; SILVA, A.L. da. Propagação in vitro e avaliação de parâmetros morfológicos de porta-enxertos de videira. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 38, n. 7, p. 783-789, 2003. CHAUVET, M.; REYNIER, A. Manual de Viticultura. Litexa Portugal, 1984, 304p. CHÉE, R.; POOL, R.M. In vitro propagation of Vitis: the effects of organic substances on shoot multiplication. Vitis, Siebeldingen, v. 24, p. 106-118, 1985.

Coletto, L.S. et al. 108 DZAZIO, P.M.; BIASI, L.A.; ZANETTE, F. Micropropagação do porta-enxerto de videira 420 A. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 24, n. 3, p. 759-764, 2002. GIOVANNINI, E. Produção de uvas para vinho, suco e mesa. Porto Alegre, 1999, 364p. LEE, N.; WETZSTEIN, Y. In vitro propagation of muscadine grape by axillary shoot profileration. Journal of the American Society for Horticultural Science, Alexandria, v. 115, n. 2, p. 324-329, 1990. PEIXOTO, P.H.P.; PASQUAL, M.; CHALFUN, N.N.J.; ALVARENGA, A.A. DE. Enraizamento e multiplicação in vitro de porta-enxertos de videira (Vitis spp L.). Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v. 16, n. 1, p. 178-184,1994. SILVA, A.L. da. Programa de certificação de mudas de videira em Santa Catarina. In: REGINA, M.A.; ANTUNES, L.E.C.; DUARTE FILHO, J.; FADINI, M.A.M.; CANÇADO, G.M.A.; ALVARENGA, A.A.; AMORIM, D.A.; SOUZA, C.M.; PÁDUA, J.G.L. Viticultura e Enologia: Atualizando Conceitos. Caldas: Epamig, p. 215-231, 2002.