Ano 4 Nº 1.026 APFT Associação Paulista de Fomento ao Turfe QUINTA-FEIRA 13 DE SETEMBRO DE 2012 Jornal Informativo Acesse nosso Website www.apfturfe.com.br JÓIAS DE BAGÉ Locris e Pass The World marcaram época no turfe brasileiro, com os resultados surgindo até os dias atuais. E mais: foram eles símbolos da gigante efervescência na criação em Bagé nossas corridas, investimentos e, principalmente, por aquilo que temos como estereótipo do animal brasileiro, no Século XXI. Por Victor Corrêa Ao longo dos anos, o turfe brasileiro esteve estampado em um considerável número de publicações que, do Oiapoque ao Chuí, contaram, cada um à sua maneira, a história das nossas corridas de cavalo. Desde pequenos espaços em jornais de grande circulação, até veículos estritamente direcionados ao turfe, houve conteúdo para todos os tipos de gostos dos apostadores aos criadores e proprietários e hoje, quem se dá ao luxo de contar com os exemplares de O Coruja, ou então da extinta Turfe & Fomento, mantém em seu acervo verdadeiras relíquias. Do mesmo modo, as fotos ajudam, muitas vezes, a recuperar momentos longínquos, mas nem por isso pouco importantes, para o entendimento acerca de como tudo veio a acontecer. Esta semana tivemos acesso a duas fotos, cedidas gentilmente pelo criador e proprietário, José Carlos Fragoso Pires Junior, onde há registros bastante especiais. Aliás, guardado todo e qualquer respeito a fotografias afins, as duas que chegaram em nossas mãos são daquelas que ilustrariam, perfeitamente, uma espécie de retrospectiva história do turfe no Brasil. E isso não apenas em razão de Locris (Venture) e Pass The Word (Landing) presentes às fotografias terem conseguido resultados dos mais chamativos como reprodutores. São eles também, na realidade, espécies de símbolos de um boom que transformou, em enormes proporções, os padrões da criação do cavalo de corrida por aqui. Algo tão fundamental quanto às matrizes importadas por Linneo de Paula Machado no princípio de tudo, ou então as técnicas e estruturas importadas pelos Irmãos Seabra na implementação do Haras Guanabara, no Estado de São Paulo. Foi, pois, a efervescência da criação do Puro Sange Inglês em Bagé, um dos elementos responsáveis pela atual conjuntura das Haras em Bagé, RS. Terceiro maior município do Estado do Rio Grande do Sul, Bagé acolhe a criação do cavalo de corrida desde a década de 1930. Porém, até atingir o patamar e a sofisticação dos dias atuais, a criação bageense precisou ser impulsionada, a priori, por criadores da própria região. E quando se fala neste período seminal, vêm à tona nomes como os dos Haras Jaguarão Grande, Limoeiro, Tapete Verde e Simpatia, pertencentes a criadores gaúchos, e cujo escopo da criação era, naturalmente, as próprias corridas locais. Porém, num determinado momento, criadores de outras partes do Brasil começam a reparar nas virtudes espalhadas pelos campos de Bagé, e no consequente grande potencial oferecido por aqueles espaços às suas matrizes. E não há que se falar em criadores até então mal sucedidos, que buscavam a reabilitação dos resultados em terrenos gaudérios. Coudelarias já consagradas pelos seus crioulos, nascidos e crescidos em outras localidades da Federação, também optaram por deslocar seus plantéis até Bagé, bem como por lá sediar alguns dos então mais importantes garanhões em atividade no Brasil. A Fazenda Mondesir, por exemplo, foi uma das pioneiras neste movimento, transferindo cerca de 800 éguas para a área adquirida pela Família Peixoto de Castro, ao final da década de 1970.
APFT - Jornal Informativo - 13/09/12 - Página 2 de 5 2 foto: José Carlos Fragoso Pires Jr. Haras Mondesir, Bagé, RS. Antes de rumar ao Sul do Brasil, porém, o Mondesir tinha a sua base de criação estabelecida no Município de Lorena, em São Paulo. E também era lá, no interior paulista, que outro importante nome para o desenvolvimento de Bagé, enquanto referência na criação de cavalos de corrida, ainda mantinha a sua tropa, nos idos dos anos 70. Localizado em Pindamonhangaba, o Haras Sideral, de Mariano Raggio, acompanhou o movimento da Fazenda Mondesir, principalmente pela perspicácia de Raggio, dotado da devida noção da quão frutífera poderia se mostrar uma empreitada pelos campos de Bagé. Porém, além desta considerável dose de feeling - e inteligência do referido criador, também havia uma importante figura incentivadora, por detrás do novo empreendimento do Haras Sideral. O Ministro Luiz Fernando Cirne Lima, e as suas mais do que consideráveis recomendações sobre as condições ofertadas por Aceguá e região, pesaram bastante na decisão de Raggio de, no ano de 1977, radicar-se em Bagé. A nova base do Haras Sideral (contando, desde cedo, com moderníssimas instalações) se localizava numa área de 350 hectares, no quilômetro 27 do trecho responsável pela ligação entre Bagé e Aceguá. Anos mais tarde, com o encerramento das atividades do Haras Sideral, o mesmo terreno deu lugar a outros dois vitoriosos estabelecimentos criatórios do nosso turfe: primeiramente, a Agro Pecuária Inshalla Ltda., e, ato contínuo, ao Haras Doce Vale, que é quem ocupa a área nos dias atuais. E foi lá que as comentadas fotos desta matéria foram tiradas, não tendo, à toa, foco em Pass The Word e Locris. Ambos colaboraram numa larga escala para a genética nacional, aproveitando várias fardas e criadores. Porém, foi com Raggio e o Seu Haras Sideral que ambos, num mesmo momento, restaram disponibilizados aos homens do cavalo, de Bagé e região. Pass The Word Pass The Word nasceu em 1962, nos Estados Unidos, sob os cuidados de James Cox Brady, e em 28 apresentações conquistou 6 vitórias. A principal delas ocorreu no New Hampshire Sweepstake, onde se tornou recordista dos 2.000 metros, areia, do Hipódromo de Rockingham. Também vale o destaque para algumas boas colocações de Pass The Word, como no Travers Stakes e no Citation Handicap (hoje provas de grupo I), provas nas quais finalizou em segundo e terceiro, respectivamente. Tão logo encerrou sua campanha, o neto de Heliopolis foi exportado para o Brasil, onde, desde a sua primeira geração, em 1968, galgou um bom espaço entre os reprodutores da época. Bright Pollux, um crioulo do próprio Haras Sideral, foi o ganhador dos Grandes Prêmios J. Adhemar de Almeida Prado Taça de Prata (gr.i) e Ipiranga (gr.i), tornando-se líder de sua geração em São Paulo, e um dos principais produtos de Pass The Word. Outra destacada descendente do semental foi Voile, da ótima letra V do Haras São Bernardo, múltipla ganhadora clássica entre Cidade Jardim e Gávea, e que conseguiu a vitória clímax de sua campanha no Grande Prêmio Henrique Possolo (gr.i) de 1974. Através da matriz Essência Negra, Pass The Word revelou, como avô materno, o arenático clássico Ptgualicho (P.T. Indy) e a ganhadora do GP OSAF (gr.i) de 1998, Engualichada (Hostage), sendo esta, por sua vez, mãe do ganhador de grupo II Andros (Amigoni), de campanha precocemente encerrada. Já Dual Star rendeu a Pass The Word, como netas maternas, a ganhadora de grupo II, Dietrich (Spoletto), a produtora clássica mãe de Ana Banana (Dodge) Fast Fokine (White Clover) e a ótima Exclusive Star (Nindiano), primeira colocada no GP Diana (gr.i) de 1995 na Gávea, e mãe da ganhadora de grupo III, Mania Star
APFT - Jornal Informativo - 13/09/12 - Página 3 de 5 3 (Blush Rambler). Por fim, registre-se o fato de Pass The Word ser o pai de Celina Igi, no caso a terceira mãe da Tríplice Coroada, e recentemente exportada para os Estados Unidos, Old Tune (Wild Event). foto: José Carlos Fragoso Pires Jr. Locris segurado por José Carlos Fragoso Pires Jr. Já Locris era um francês, representante, por estas bandas, da criação de Marcel Boussac, dono de 6 vitórias em 26 tentativas produzidas durante a sua campanha. Seus principais êxitos aconteceram por conta do Prix Jean Prat e do Prix Ardan, o qual o parelheiro levantou em duas ocasiões. Locris realizou sua primeira temporada de monta no Brasil em 1971, e ao longo de 13 gerações ele rendeu mais de 30 ganhadores clássicos, aos que nele acreditaram. Para o próprio Haras Sideral, o ganhador de grupo I e, precocemente desaparecido, Boticão de Ouro foi o principal marco de Locris. Porém, é bastante extensa a lista dos resultados clássicos deste sire, valendo, desde já, a menção de que a sua qualidade se reflete em resultados vistos até hoje no nosso turfe 4 décadas, portanto, após o seu desembarque no Brasil. Pai de Emerald Hill, e por meio desta presente no sangue de Colina Verde, Locris é nome constante, portanto, no pedigree das duas últimas Tríplices Coroadas do turfe paulista. Múltipla ganhadora clássica em São Paulo incluindo o grupo I do GP OSAF Court Lady foi outra preciosidade obtida através de Locris, com imenso destaque para a cultura da sua linha, desenvolvida no Haras Doce Vale, a partir da qual surgiram vários ganhadores de grupo I. Como avô materno de Griffe de Paris (Telescópio) outra ganhadora do OSAF - Locris também conseguiu estender o seu poderio até os dias atuais e, neste caso, de um modo ainda mais abrangente. Não obstante Griffe de Paris ter sido uma múltipla produtora clássica no Brasil incluindo a ganhadora de grupo I, Lady de Paris (Nugget Point) a sua grande virtude genética foi disseminada por outros países, como Argentina sua descendente Ollagua (Pure Prize) foi um dos melhores animais do Haras La Providencia, nos últimos anos e Estados Unidos onde o seu filho Global Hunter (Jade Hunter), ainda que criado na Argentina, venceu, dentre outros páreos, o Eddie Read Handicap (gr.i). Em suma, são números e resultados dos mais expressivos, e que se confundem com a própria evolução da criação PSI no Brasil. E por mais que a passagem dos anos possa desbotar, ou fazer perecer por outras vias, aquelas duas fotografias, não há tempo que apague este pedaço da nossa história, construído na vitalidade de Locris e Pass The Word, e dos visionários de Bagé. Boticão de Ouro, filho de Locris Haras Doce Vale em Bagé, RS.
APFT - Jornal Informativo - 13/09/12 - Página 4 de 5 4 PREVIEW CLÁSSICO: CRISTAL Quinta-feira, 4º Páreo CRISTAL 17h40 CLÁSSICO PRESIDENTE JOSÉ I. CUNHA RASGADO, 1100m, Areia Produtos de 3 anos e mais idade - Prêmio ao 1º R$ 3.200,00 1- Legal Tigress Tiger Heart NÃO CORRE 2- Impres Charmin Impression D. Peres 3- Unjust Heart Tiger Heart J.S. Gonçalves 4- Fort D Amour Top Size A.F. Chaves 5- Gamadão Spring Helo C. Silva 6- El Chendo Confidential Talk A.F. Chaves 7- Uno Seller Dodge C.A. Moura Gerson Martins Uno Seller ANUNCIE NESTE INFORMATIVO! Informações: info@apfturfe.com.br (11) 3938-8733
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