BIOLOGIA E PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DIFERENTES FONTES HOSPEDEIRAS

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Transcrição:

BIOLOGIA E PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DIFERENTES FONTES HOSPEDEIRAS BIOLOGY AND PREFERENCE FOOD Spodoptera frugiperda (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) IN DIFFERENT SOURCES HOSTS Silva, D.M 1,2.; Bueno, A.F 1.; França, L.F.T 3.; Mantovani, M.A.M 3.;Stecca, S.C 1,2.; Leite, N 3.; Oliveira, M.C.N. de 1. ; Moscardi,F 2.; 1 Embrapa Soja, Londrina, PR; e-mail: debora_mell@hotmail.com 2 Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR; 3 Centro Universitário Filadélfia, Londrina,PR; Resumo Spodoptera frugiperda é uma das principais pragas da cultura do milho causando prejuízos que variam de acordo com a fase de desenvolvimento da planta e com a cultivar. Este estudo avaliou a biologia e a preferência alimentar de S. frugiperda por plantas de soja, algodão, trigo, milho, aveia comparativamente à dieta artificial para verificar potenciais hospedeiros e sua atratividade para os diferentes instares desta espécie. Os estudos de biologia e preferência alimentar foram conduzidos em câmaras climatizadas com temperatura, umidade e fotofase controladas (25± 1ºC, 70 ± 10% UR e 14h). O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, com seis tratamentos e 10 repetições para os ensaios de biologia e trinta blocos e 30 repetições para o ensaio de preferencia alimentar. Os dados foram submetidos à análise de variância através do programa estatístico SAS e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A sobrevivência (%) e a razão sexual das lagartas não foram influenciadas pelo alimento oferecido. Entretanto, a duração dos instares (dias) foi significativamente influenciada, sendo mais curta nos tratamentos com gramíneas onde se destacou o trigo, como o alimento em que houve o menor tempo de desenvolvimento. O algodão e a soja foram os hospedeiros que mais prolongaram o ciclo de desenvolvimento das lagartas. As lagartas que se alimentaram dealgodão originaram as pupas de menor peso, mostrando-se como alimento desfavorável ao desenvolvimento de S. frugiperda. Os resultados mostraram que as gramíneas (milho, o trigo e a aveia) são alimentos mais adequados para o desenvolvimento da espécie, semelhante ao padrão de dieta artificial, com grande potencial para o desenvolvimento dessa lagarta. No bioensaio de preferência alimentar as lagartas de 1 0 e 3 0 instar apresentaram preferência maior pelas culturas de trigo e aveia, e menor preferência pelo milho. Introdução O complexo de lagartas do gênero Spodoptera são exemplos de pragas com importância econômica crescente nas culturas da soja (Bueno et al., 2010) e algodão. A lagarta-docartucho, Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae), é considerada a praga mais importante da cultura do milho, como é conhecida. As perdas de produtividade no Brasil pelo ataque desta praga podem chegar a 60%, dependendo do genótipo, estádio de desenvolvimento da planta e época de cultivo ( CRUZ et al., 1999). S. frugiperda é uma praga polífaga, alimentando-se de mais de 80 espécies de plantas, incluindo o algodoeiro, milho e soja (CAPINERA, 2002; POGUE, 2002). Apesar da amplitude de hospedeiros ela é considerada como praga importante de plantas da família Poaceae (gramíneas) como milho, arroz, trigo, entre outras (BUSATO et al., 2002) além de utilizar de hospedeiros alternativos para se manter nos agroecossistemas. Um dos fatores que contribui para a dificuldade de manejo do complexo Spodoptera pode ser a ampla oferta de hospedeiros que o inseto 1

encontra ao longo do ano, em virtude da sucessão de culturas, ou com plantios escalonados de culturas com fenologia diferente em áreas próximas como é o caso da soja, milho e algodão que são cultivados no verão, selecionando novas preferências alimentares devido à intensa exposição dessas plantas à pressão populacional desses insetos (SANTOS et al., 2004; SÁ et al., 2009). Sendo assim o objetivo deste trabalho foi avaliar a biologia e a preferência alimentar de S. frugiperda em plantas de soja, algodão, trigo, milho, aveia e dieta artificial para verificar potenciais hospedeiros e sua atratividade em diferentes instares nestes hospedeiros. Material e Métodos Os estudos foram conduzidos em câmaras climatizadas com temperatura, umidade e fotofase controladas (25± 1ºC, 70 ±10% UR e 14h). As plantas hospedeiras utilizadas foram: soja BRS 284, algodão FMT 701, milho DKB 390, trigo BRS Pardela, aveia Embrapa 139 e dieta artificial (Greene et al.,1976). Em laboratório as folhas foram lavadas em solução contendo 4% de hiploclorito de sódio, enxaguadas em água corrente, e fornecidas aos insetos. Para o ensaio de biologia, lagartas recém eclodidas de S. frugiperda foram individualizadas em copos de papelão, vedados com tampas plásticas, contendo alimento que era substituído sempre que necessário. Os insetos foram avaliados diariamente, observando-se mortalidade, duração de instares, sobrevivência, razão sexual e peso de pupas (após 24h da transformação). Para o ensaio de preferencia alimentar foram utilizadas 30 placas de acrilico com 10 cm de diametro forradas com papel filtro e umedecidas com agua destilada. Discos foliares de cada alimento testado eram colocados em posições equidistantes nas placas. Lagartas de primeiro instar (24 insetos) e lagartas de 3 instar (12 insetos) eram liberadas no centro das placas avaliado-se o número de lagartas presente em cada alimento aos 15min, 30min, 60min e 24 h após a liberação. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos e 10 repetições para os ensaios de biologia e seis tratamentos e 30 repetições para os testes de preferencia alimentar. Os dados foram submetidos à análise de variância através do programa estatístico SAS e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão A sobrevivência (%) e a razão sexual (Tabela 1) das lagartas não foram influenciadas pelo alimento oferecido. Entretanto, a duração dos instares (Tabela 2) foi significativamente influenciada, sendo mais curta nos tratamentos com gramíneas, onde se destacou o trigo, como o alimento em que houve o tempo de desenvolvimento mais curto. O algodão e a soja prolongaram o ciclo de desenvolvimento das lagartas, sendo que o algodão foi também onde se originaram as pupas de menor peso, mostrando-se como um alimento desfavorável ao desenvolvimento da S. frugiperda. Em geral, os resultados mostram que as gramíneas são os melhores alimentos para o desenvolvimento da S. frugiperda, semelhantes, ao padrão de dieta artificial. Além do milho, o trigo e a aveia têm um grande potencial para o desenvolvimento dessa lagarta. A preferência alimentar (Tabela 3) das lagartas de S.frugiperda de 1 e 3 instar mostrou-se estatisticamente semelhante para todas as culturas, o que mostra que a lagartas de primeiro e terceiro instares não diferem em relação à preferência pelas plantas hospedeiras testadas. Essas informações são de grande importância para a melhor compreensão da dinâmica populacional da espécie S. frugiperda nessas diferentes culturas e futuramente traçar estratégias de manejo Referencias Bibliográficas BUENO, A. de F.; CORRÊA-FERREIRA, B.S.; BUENO, R. C. O. de F. Controle de pragas apenas com o MIP. A granja, v1, n. 733, p. 76-79, 2010. BUSATO, G. R.; GRUTZMACHER, A. D.; GARCIA, M. S.; GIOLO, F. P.; MARTINS, A. F. Consumo e utilização de alimento por Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) 2

(Lepidoptera: Noctuidae) originária de diferentes regiões do Rio Grande do Sul, das culturas do milho e do arroz irrigado. Neotropical Entomology, v. 31, p. 525-529, 2002. CAPINERA, J. L. Handbook of vegetable pests. San Diego: Academic Press, 2002. 2700 p. CRUZ, I.; TURPIN, F. T. Efeito da Spodoptera frugiperda em diferentes estádios de crescimento da cultura do milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.17, n.3, p.335-359, 1982. Greene, G.L., N.C. Leppla. & W.A. Dickerson. Velvetbean caterpillar: a rearing procedure and artificial medium. Journal Economic Entomology. 69: 487-488, 1976. POGUE, G. M. A world revision of the genus Spodoptera Guenée (Lepidoptera: Noctuidae). Memoirs of the. American Entomological Society. v. 43, p. 1-202, 2002. SÁ, V. G. M.; FONSECA, B. V. C.; BOREGAS, K. G. B.; WAQUIL, J. M. Sobrevivência e desenvolvimento larval de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em Hospedeiros Alternativos. Neotropical Entomology, Londrina, v. 38, n. 1, p. 108-115, 2009. SANTOS, L. M.; REDAELLI, L. R.; DIEFENBACH, L. M. G.; EFROM, C. F. S. Fertilidade e longevidade de Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) em genótipos de milho. Ciência Rural, v.34, n. 2, 2004, p. 345-350. 3

Tabela 1. Sobrevivência (%) média (±EP), peso de pupas (gramas) de e razão sexual em diferentes alimentos sob condições controladas (Temp. de 25 ± 1 o C, fotofase de 14h e umidade relativa de 80% ± 10%). Tratamento Sobrevivência Peso de pupas RS 1 Soja 88,06 ± 4,39 a 0,2047 ± 0,0038 d 1,00±0,10 a Algodão 79,40 ± 5,35 a 0,1651 ± 0,0035 e 0,92±0,10 a Trigo 81,48 ± 7,08 a 0,2343 ± 0,0027 b 1,00±0,09 a Aveia 76,15 ± 6,23 a 0,2235 ± 0,0017 bc 0,97±0,11 a Milho 85,64 ± 5,99 a 0,2156 ± 0,0019 cd 1,01±0,08 a Dieta artificial 72,92 ± 7,51 a 0,2889 ± 0,0071 a 0,99±0,10 a CV % 18,09 3,46 12,47 Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade na coluna; 1 Análise estatística realizada nos dados transformados em raiz quadrada (x + 0,5). Tabela 2. Duração média (±EP) dos instares (dias), tempo de desenvolvimento larva-adulto (dias) e tempo de alimentação (1º a 6º instar) de Spodoptera frugiperda em diferentes alimentos sob condições controladas (Temp. de 25 ± 1 o C, fotofase de 14h e umidade relativa de 80% ± 10%). Duração (dias) Tratamento 1º instar 1 2º instar 3º instar 1 4º instar 5º instar 6º instar 1 Pré-pupa Pupa Tempo larvaadulto 1º ao 6º instar Soja 0,39±0,11a 3,21±0,20a 0,32±0,14b 1,70±0,10bc 1,79±0,04de 0,53±0,10b 1,89±0,06a 9,58±0,16ab 26,18 ± 0,46 b 14,67 ± 0,33 b Algodão 0,35±0,01ab 3,43±0,20a 0,35±0,10b 2,16±0,09 a 3,00±0,17a 0,68±0,25a 1,97±0,09a 9,44±0,19ab 29, 37 ± 0,50 a 17,83 ± 0,60 a Trigo 0,30±0,02c 1,02±0,02c 0,31±0,02b 1,10±0,05d 2,63±0,05ab 0,34±0,03d 1,89±0,08a 8,54±0,09c 21,41 ± 0,15 e 11,00 ± 0,00 d Aveia 0,30±0,00c 1,08±0,04c 0,33±0,08b 1,48±0,11cd 2,46±0,06bc 0,43±0,07c 1,26±0,07b 8,86±0,24bc 21,99 ± 0,27 de 11,83 ± 0,17 cd Milho 0,32±0,04bc 1,80±0,18b 0,45±0,09a 1,54±0,07c 1,50±0,14e 0,45±0,05c 1,69±0,07a 9,08±0,11abc 23,38 ± 0,17 cd 12,33 ± 0,21 c Dieta artificial 0,37±0,06a 1,90±0,11b 0,29±0,13b 2,06±0,10ab 2,12±0,10cd 0,42±0,10c 1,87±0,04a 9,70±0,20a 24,69 ±0,31 c 13,00 ± 0,00 c CV (%) 6,71 15,23 15,33 14,26 12,12 7,18 9,31 4,61 3,24 5,45 Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade na coluna; 1 Análise estatística realizada nos dados foram transformados em log (x). 4

Tabela 3. Médias da interação entre culturas x tempo de alimentação x diferentes instares para a variável número de insetos de Spodoptera frugiperda. Tempo 15 min. 30 min. 60 min. 1440 min. Culturas x Instar Instar 1 Instar 3 Instar 1 Instar 3 Instar 1 Instar 3 Instar 1 Instar 3 Placa 15,11 a* A 4,47 a A 14,65 a AB 3,90 a A 13,64 a B 3,40 A A 2,20 c C 1,33 b B Soja 2,50 b B 1,50 c A 2,50 bc B 1,63 bc A 2,53 b B 1,97 BC A 5,87 a A 2,53 a A Algodão 2,57 b A 1,40 c A 3,03 b A 1,50 bc A 2,60 b A 1,57 BC A 0,97 d B 1,47 ab A Aveia 1,60 bc B 1,13 c B 1,67 cd B 1,33 c B 1,90 bc B 1,23 C B 4,57 b A 2,53 a A Trigo 1,00 c B 0,80 c B 0,73 d B 0,87 c B 0,97 c B 1,13 C B 6,30 a A 2,63 a A Milho 2,20 b A 2,70 b A 2,23 bc A 2,63 b A 2,50 b A 2,60 Ab A 2,90 c A 1,50 ab B Cv (%) 67,10 *Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey ( p 0,05) Letras maiúsculas de cor vermelha e azul, na linha, compara-se dentro de níveis de tempo no Instar 1 e Instar 3 na Placa. Letras maiúsculas de cor verde e roxa, na linha, compara-se dentro de níveis de tempo no Instar 1 e Instar 3 na Soja. Letras maiúsculas de cor laranja e marrom, na linha, compara-se dentro de níveis de tempo no Instar 1 e Instar 3 no Algodão. Letras maiúsculas de cor preta e magenta, na linha, compara-se dentro de níveis de tempo no Instar 1 e Instar 3 na Aveia. Letras maiúsculas de cor verde escuro e azul claro, na linha, compara-se dentro de níveis de tempo no Instar 1 e Instar 3 no Trigo. Letras maiúsculas de cor cinza e lilás, na linha, compara-se dentro de níveis de tempo no Instar 1 e Instar 3 no Milho. Letras minúsculas na coluna de cor verde escuro e vermelha, compara-se dentro de níveis de cultura no Instar 1 e Instar 3 no Tempo 1. Letras minúsculas na coluna de cor preto e azul, compara-se dentro de níveis de cultura no Instar 1 e Instar 3 no Tempo 2. Letras minúsculas na coluna de cor roxa e laranja, compara-se dentro de níveis de cultura no Instar 1 e Instar 3 no Tempo 3. Letras minúsculas na coluna de cor marrom e cinza, compara-se dentro de níveis de cultura no Instar 1 e Instar 3 no Tempo 4. 5

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