Comissão Temporária de Reforma do Código Penal (CTRCP) Complemento do Plano de Trabalho A Comissão Temporária de Reforma do Código Penal (CTRCP), instalada com o objetivo de analisar, discutir e deliberar sobre o PLS nº 236, de 2012 Código Penal, possui, no ano de 2013, grande responsabilidade perante a sociedade brasileira. Com efeito, se para a apreciação e análise de qualquer proposição submetida ao crivo parlamentar é inarredável a colheita de informações, sugestões, estudos, teses e antíteses, no exame e aprovação de projetos de codificação, ainda mais voltado ao Direito Penal, essa necessidade de subsídios é ainda mais evidente afinal, trata-se de diploma legal dotado de importância ímpar na regulação das condutas dos cidadãos brasileiros. Para cumprir as diretrizes aprovadas pela Comissão no plano de trabalho em 2012, o aditamento que ora se propõe visa fortalecer esse diálogo com a sociedade no decorrer do primeiro semestre de 2013, de modo a aperfeiçoar as disposições contidas no Projeto de Novo Código Penal. Para tanto, o objetivo dos trabalhos nesta etapa é ouvir todos os segmentos interessados, suprir eventuais omissões e acolher sugestões a fim de corrigir ocasionais deficiências. Somente assim será possível entregar à sociedade um Código que se constitua em um moderno instrumento que auxilie no combate à criminalidade e contribua para o desenvolvimento das políticas de segurança pública, observando, sempre, os ditames constitucionais relacionados à garantia dos direitos fundamentais individuais. Espera-se, outrossim, cumprir as determinações da Constituição de 1988, ao mesmo tempo que, com um olhar para o futuro, sejam reguladas situações típicas de um mundo dinâmico, em transformação e globalizado.
2 Prestigiar a adequação à Constituição Federal de 1988 e às inovações tecnológicas, disponibilizar meios que possibilitem uma melhora na Segurança Pública do país e sistematizar nossas leis penais são os nossos objetivos centrais. A legislação penal deve ser clara, objetiva e proporcional. É uma lei que não permite falhas e deve alcançar toda a população. Por isso, é indissociável de uma análise detida. Nesta perspectiva, em cumprimento às deliberações desta Comissão no ano de 2012, elaboramos uma sugestão prévia de agenda contendo ciclo de debates que possibilitem diálogo desta Casa da Federação com a sociedade civil organizada, trazendo os subsídios necessários para a deliberação em temas de alta complexidade e repercussão presentes no PLS n. 236/2012. Como é próprio do Estado Democrático de Direito, o contraditório será prestigiado e diferentes correntes doutrinárias e ideológicas terão a oportunidade de apresentar suas visões. Serão contempladas análises dogmáticas e também sociológicas, de modo que o resultado apresentado à Nação seja um documento alinhamento com os anseios sociais e dotado de grande técnica. Para início dos debates, propomos uma audiência pública com dois profissionais balizados na área penal e que possuem notório envolvimento na contribuição legislativa. O Procurador Regional da República Luiz Carlos dos Santos Gonçalves foi o Relator Geral da Comissão de Juristas que elaborou os textos do PLS n. 236, de 2012, quanto o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior foi integrante de várias Comissão de Juristas criadas para propor Reforma ao Código Penal, inclusive a responsável pela Reforma da Parte Geral de 1984. Na sequência, iniciando a análise sistemática dos títulos e matérias do Projeto de Lei nº 236/2012, propomos a realização de audiências públicas específicas, com abordagem profunda e consistente a partir da seguinte divisão temática: i) Parte Geral, ii) Título I (crimes contra a pessoa); iii) Títulos II, III e VI (crimes contra o patrimônio, crimes contra a propriedade imaterial e crimes
3 cibernéticos); iv) Títulos IV e V (crimes contra dignidade sexual e crimes contra a incolumidade pública); v) Títulos VII, VIII e XIV (crimes contra a saúde pública, crimes contra a paz pública e crimes contra interesses metaindividuais); vi) Títulos IX, X, XI, XII e XIII (crimes contra a fé pública, crimes contra a Administração Pública, crimes eleitorais, crimes contra as finanças públicas e crimes contra a ordem econômico-financeiro) e vii) Títulos XV, XVI e XVII (crimes relativos a estrangeiros, crimes contra os Direitos Humanos e dos crimes de guerra). Proponho que esse itinerário seja iniciado pela Parte Geral do Projeto de Código Penal especialmente porque é na parte geral que se estabelecem os fundamentos que irão orientar toda a construção da parte especial. Nela se define a teoria do crime adotada, as penas e até mesmo questões inerentes à ação penal. Nesse ponto, sugiro que a Comissão aproveite a oportunidade em que está se discutindo a parte geral e realize reunião conjunta com a Subcomissão de Segurança Pública para discutir as consequências das estipulações de penas alternativas para o sistema penitenciário, seus benefícios e, sobretudo, sugestões de aprimoramento. Ou seja, após uma reunião teórica, é importante que sejam debatidas as condições fáticas e atuais do sistema penal, trazendo a dimensão sociológica para dentro da discussão do Novo Código. Superada essa etapa, a divisão sugerida em relação aos demais itens da parte especial tentou imprimir coerência e pertinência temática entre os títulos e capítulos do Projeto com a necessidade de compatibiliza-la com as determinações da agenda parlamentar, de modo que, se não é perfeita, pelo menos oferece possibilidade real de análise pelos parlamentares. Tendo isso em vista, os crimes contra a pessoa por sua importância, abrangência e alto potencial de gerar polêmicas terão uma audiência pública própria.
4 De outro lado, os crimes contra o patrimônio, crimes contra a propriedade imaterial e crimes cibernéticos (Títulos II, III e VI) poderão ser tratados em conjunto, dinamizando os trabalhos. Já os crimes contra a dignidade sexual (Título III) e contra a incolumidade pública (V) apesar de sua importância, tiveram que ser agrupados em uma única audiência, de modo que os expositores e os membros da Comissão possam destacar as questões mais relevantes. O agrupamento dos crimes contra a saúde pública (Título VII), contra a paz pública (Título VIII) e contra os interesses metaindividuais (Títulos IX) foi possível em razão da pertinência temática e menor grau de controvérsia sobre eles. Pelas mesmas razões, sugiro que os Títulos IX, X, XI, XII e XIII (crimes contra a fé pública, crimes contra a Administração Pública, crimes eleitorais, crimes contra as finanças públicas e crimes contra a ordem econômico-financeiro) também sejam apreciados em conjunto. Finalmente, uma audiência pública para debater os crimes relativos a estrangeiros, crimes contra os Direitos Humanos e dos crimes de guerra (Títulos XV, XVI e XVII, respectivamente) se faz necessária, pois temas proeminentes na agenda legislativa como o tráfico de pessoas, tortura, crimes contra idosos, crianças e minorias demandam análises por estudiosos que compreendam o caráter universalista desses tipos penas e possam apresentar sugestões a partir do direito comparado e dos Tratados sobre Direitos Humanos e Direitos Fundamentais. Além disso, em razão de sua importância no sistema penal, proponho a realização de audiências públicas voltadas a ouvirmos especialistas a respeito do combate ao crime organizado nacional e transnacional e outra a respeito do tráfico ilícito de drogas afins.
5 Ainda, sugiro que a Comissão delibere acerca das audiências com a população nos Estados, de modo que a sociedade possa ser ouvida e possa expressar suas demandas em relação à nova legislação. Dessa maneira, proponho que seja adotada a seguinte metodologia: uma reunião na primeira quinzena de cada mês no Senado Federal, tratando dos temas específicos do Projeto do Código Penal e na segunda quinzena uma reunião no Estados da Federação, de acordo com os Requerimentos a serem aprovados na Comissão. Sem prejuízo das audiências em conjunto com a Subcomissão de Segurança e outras que, por ventura, se façam pertinentes, serão realizadas, nessa sistemática, pelo menos sete audiências no Senado Federal e seis audiências nos Estados, atendendo, desse modo, grande parte da demanda por legitimidade democrática. Por fim, tenho que é de suma importância que a Comissão participe de Seminário que sugeri na Subcomissão de Segurança Pública da CCJ, tratando das experiências exitosas em matéria de segurança e também da questão do papel da política, com especial foco sobre a Polícia Pacificadora e/ou Comunitária. Agenda sugerida 1. Audiência Pública Diagnóstico do Novo Código Penal Convidados: Dr. Luiz Carlos dos Santos Gonçalves e Dr. Miguel Reale Júnior. Data: Quinta-feira (28.02.2013), às 10 horas. Local: Plenário 3, Ala Alexandre Costa, Senado Federal. 2. Audiência Pública Crimes Contra a Pessoa.
6 3. Audiência Pública Crimes Contra o Patrimônio, Crimes Contra a Propriedade Imaterial e Crimes Cibernéticos 4. Audiência Pública Crimes Contra Dignidade Sexual e Crimes Contra a Incolumidade Pública. 5. Audiência Pública Crimes Contra a Saúde Pública, Crimes Contra a Paz Pública e Crimes Contra Interesses Metaindividuais. 6. Audiência Pública Crimes Contra a Fé Pública, Crimes Contra a Administração Pública, Crimes Eleitorais, Crimes Contra as Finanças Públicas e Crimes Contra a Ordem Econômico-financeiro. 7. Audiência Pública Crimes Relativos a Estrangeiros, Crimes Contra os Direitos Humanos e dos Crimes de Guerra. 8. Audiências Públicas Regionalizadas Cidades, datas e participantes a ser determinado pelos membros da Comissão 9. Audiências públicas conjuntas com a Subcomissão Temporária de Segurança Pública 9.1 Sistema penitenciário e penas alternativas. 9.2 Combate ao crime organizado nacional e transnacional 9.3 Política de Drogas 10. Seminário Temático conjunto com a Subcomissão Temporária de Segurança Pública 10.1 Soluções e experiências exitosas.
7 10.2 Polícia pacificadora e cultura da paz. Calendário proposto em anexo Sala das Sessões, PEDRO TAQUES Relator da Comissão Temporária Reforma do Código Penal