CONFIGURAÇÃO GERAL DA CURVA MELÓDICA E EXPRESSÃO DE DÚVIDA E CERTEZA: REFLEXÕES PRELIMINARES

Documentos relacionados
INTONATION PATTERNS OF TELEPHONE NUMBERS IN BRAZILIAN PORTUGUESE PADRÕES ENTOACIONAIS DOS NÚMEROS TELEFÔNICOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Variação melódica na expressão de atitudes de indivíduos com gagueira*

A PROSÓDIA NA EXPRESSÃO DAS ATITUDES DE DÚVIDA, INCERTEZA E INCREDULIDADE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Análise entonativa formal: INTSINT aplicado ao português. Abstract

VI SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS. Luiz Carlos da Silva Souza** (UESB) Priscila de Jesus Ribeiro*** (UESB) Vera Pacheco**** (UESB)

PERCEPÇÃO AUDITIVA E VISUAL DAS FRICATIVAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

RELAÇÃO ENTRE SINAL ACÚSTICO E INFORMAÇÃO VISUAL NA PERCEPÇÃO DE ASPECTOS PROSÓDICOS

VOGAIS NASAIS E NASALIZADAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: PRELIMINARES DE UMA ANÁLISE DE CONFIGURAÇÃO FORMÂNTICA

em que medida esse tipo de estruturação narrativa reflete ou não a estrutura da narrativa espontânea proposta por Labov?

Letícia Corrêa Celeste MOMEL e INTSINT: uma Contribuição à Metodologia do Estudo Prosódico do Português Brasileiro

Todo o conteúdo deste site exceto quando identificado, utiliza uma Licença de Atribuição Creative Commons.

A percepção de variação em semitons ascendentes em palavras isoladas no Português Brasileiro 1

O PAPEL DAS EXPRESSÕES FACIAIS E MOVIMENTOS CORPORAIS NA PRODUÇÃO DE INTERROGATIVAS

O Tom na fala: estratégias prosódicas

Maria de Fátima Almeida Baia Livia Oushiro Ivanete Belém do Nascimento (organizadoras) Anais

Marisa Cruz & Sónia Frota. XXVII Encontro Nacional da APL

Variação prosódica no Português Europeu: um falar, uma identidade

Prosódia de declarativas e interrogativas totais no falar marianense e belorizontino no âmbito do Projeto AMPER

MOVIMENTOS FACIAIS E CORPORAIS E PERCEPÇÃO DE ÊNFASE E ATENUAÇÃO 1

CARACTERÍSTICAS PROSÓDICAS DOS NÚMEROS TELEFÔNICOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO.

Capítulo 1. Introdução à análise entoacional. 1 Introdução

Análise fonológica da entoação: estudo constrastivo entre o português e. o espanhol

INFLUÊNCIAS PROSÓDICAS, ACÚSTICAS E GRAMATICAIS SOBRE A PONTUAÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS

Carla Vasconcelos. A prosódia na expressão das atitudes de dúvida e certeza em indivíduos com perda auditiva bilateral

O papel da prosódia na expressão da certeza e da incerteza em português brasileiro: respostas ao questionário ALiB em cidades do norte, nordeste e sul

Marisa Cruz & Sónia Frota. XXVI Encontro Nacional da APL

ESTUDO-PILOTO DE UMA NOTAÇÃO ENTOACIONAL PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO: ToBI OR NOT ToBI?

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE TONICIDADE E DISTINÇÃO DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS NO PB

O papel da prosódia na expressão. de atitudes do locutor em questões. Leandra Batista Antunes

ANÁLISE DA LEITURA EM VOZ ALTA: CARACTERÍSTICAS PROSÓDICAS DE FALANTES DA CIDADE DE ARAPIRACA/AL

Processamento fonológico e habilidades iniciais. de leitura e escrita em pré-escolares: enfoque no. desenvolvimento fonológico

Desenvolvimento de algoritmo de análise automática da curva de frequência por meio de convoluções gaussianas do histograma de alturas 15

2. Corpus e metodologia

Adriana Nascimento Bodolay. Pragmática da entonação: a relação prosódia/contexto em atos diretivos no Português

ESTUDO FONÉTICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA PAUSA NA DURAÇÃO DE VOGAIS ACOMPANHADAS DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS *

Carolina Gomes da Silva CNPq/PIBIC/UFRJ Rio de Janeiro, Brasil

A AQUISIÇÃO DAS FRICATIVAS DENTAIS DO INGLÊS: UMA PERSPECTIVA DINÂMICA

XXI CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

AVALIAÇÃO ESPECTRAL DE FRICATIVAS ALVEOLARES PRODUZIDAS POR SUJEITO COM DOWN

O PAPEL DOS CONTEXTOS FONÉTICOS NA DELIMITAÇÃO DA TONICIDADE DE FALA ATÍPICA

RESENHA DE PROSODIC FEATURES AND PROSODIC STRUCTURE,

ANÁLISE PROSÓDICA DA CERTEZA E DA INCERTEZA EM FALA ESPONTÂNEA E ATUADA

Análise das rupturas de fala de gagos em diferentes tarefas

PISTAS PROSÓDICAS NA TOMADA DE TURNO DO GÊNERO COLETIVA DE IMPRENSA

PADRÕES ENTOACIONAIS NA AQUISIÇÃO DO INGLÊS COM LÍNGUA ESTRANGEIRA E A INFLUÊNCIA DO PORTUGUÊS DO BRASIL

SÉRIES TEMPORAIS COM INTERVALOS-ALVO DIFERENTES EM TAREFAS DE TAPPING COM CRIANÇAS: O PARADIGMA DE STEVENS REVISITADO

Padrões entoacionais de interrogativas totais e parciais no falar paranaense

O PAPEL DOS MOVIMENTOS DA CABEÇA NA MARCAÇÃO DE INTERROGATIVAS

Condições de variabilidade da fluência de fala

ANÁLISE PROSÓDICA DIALETAL DO PORTUGUÊS FALADO EM BELÉM (PA) COM DADOS AMPER

RELAÇÃO ENTRE DURAÇÃO SEGMENTAL E PERCEPÇÃO DE FRICATIVAS SURDAS E SONORAS

quefaz? Prosódia Avaliação de Competências Prosódicas Avaliação de Competências Prosódicas Avaliação de Competências Prosódicas no Português Europeu

Prof ª Drª Dilma Tavares Luciano Universidade Federal de Pernambuco

As várias maneiras de se dizer não: um estudo introdutório das negativas no filme animado Shrek (2001)

A RELAÇÃO ENTRE ATOS DE FALA E PROSÓDIA

Thalita Evaristo Couto Dias

Sinal acústico x informação escrita na percepção de variações melódicas

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL - UFFS CAMPUS ERECHIM LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DANIÊ REGINA MIKOLAICZIK

Veja pesquisa completa em/see full research at:

A identidade dialetal do manezinho com foco em características entonacionais

IMPLICAÇÕES DA AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DO VOT NA PERCEPÇÃO DE CONSOANTES OCLUSIVAS 1

ESTUDOS QUE COMPARARAM DIFERENTES EXERCÍCIOS NA MUSCULAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO PROSÓDICA DO PORTUGUÊS FALADO NA AMAZÔNIA: VARIEDADE LINGUÍSTICA DE MOCAJUBA (PA)

Análise Perceptual das Frases Exclamativas e Interrogativas Realizadas por Falantes de Vitória da Conquista/BA

Interferências de Estímulos Visuais na Produção Escrita de Surdos Sinalizadores com Queixas de Alterações na Escrita

AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DOS CORRELATOS ACÚSTICOS DE TONICIDADE DAS VOGAIS MÉDIAS BAIXAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA E TÔNICA *

LETICIA CORREA CELESTE A PROSÓDIA NA EXPRESSÃO DE ATITUDES NA FALA DE I DIVÍDUOS COM E SEM GAGUEIRA. BELO HORIZONTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS BLENDA STEPHANIE ALVES E CASTRO

Análise entoacional: uma comparação entre o modelo de Halliday (1970) e Pierrehumbert (1980)

Características da duração do ruído das fricativas de uma amostra do Português Brasileiro

FLÁVIO MARTINS DE ARAÚJO FOCO EM PORTUGUÊS: UMA DISCUSSÃO SOBRE CONTRASTIVIDADE

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro / Brasil

Veredas atemática Volume 18 nº

Variação prosódica das sentenças interrogativas totais no falar catarinense: um estudo experimental

A RELAÇÃO ENTRE POSIÇÃO DE ÊNFASE SENTENCIAL/PROXIMIDADE DE PAUSA E DURAÇÃO SEGMENTAL NO PB: O CASO DAS FRICATIVAS

A EFETIVIDADE DA REALIMENTAÇÃO NO TRATAMENTO DA GAGUEIRA DE DESENVOLVIMENTO: ESTUDOS COMPARATIVOS

Tatiana Pereira - UFJF

4 Cálculo de Equivalentes Dinâmicos

PADRÃO FORMÂNTICA DA VOGAL [A] REALIZADA POR CONQUISTENSES: UM ESTUDO COMPARATIVO

AS FRONTEIRAS ENTOACIONAIS DA ASSERÇÃO EM PORTUGUÊS (THE INTONATIONAL BOUNDARIES OF ASSERTION IN PORTUGUESE)

TONICIDADE E COARTICULAÇÃO: UMA ANÁLISE INSTRUMENTAL

Luciana Lemos de Azevedo EXPRESSÃO DA ATITUDE ATRAVÉS DA PROSÓDIA EM INDIVÍDUOS COM DOENÇA DE PARKINSON IDIOPÁTICA

Reconhecimento Emocional de Expressões Faciais em Indivíduos com Sintomatologia Depressiva

Radialista: análise acústica da variação entoacional durante fala profissional e fala coloquial

Estudos de entoação e expressividade de enunciados interrogativos totais em espanhol nas variedades de Buenos Aires e Montevidéu.

VOGAL [A] PRETÔNICA X TÔNICA: O PAPEL DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL E DA INTENSIDADE 86

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

O USO DE VERBOS MODAIS DE ABSTRACTS EM DA ÁREA DE LINGUÍSTICA

O padrão entoacional das sentenças interrogativas do português brasileiro em fala manipulada

INFORMAÇÕES VISUAIS E PERCEPÇÃO PROSÓDICA: A CONTRIBUIÇÃO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO

unesp Estudo acústico da variação da frase interrogativa, com destaque para o dialeto paulista

Joelma Castelo Bernardo da Silva Endereço para acessar este CV:

Ordem das palavras e os advérbios em mente: experimentos de produção semi-espontânea

A CATEGORIA VERBAL DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS- LIBRAS

O PAPEL DA PROSÓDIA NA IRONIA COMO EXPRESSÃO DE ATITUDE

O LUGAR DA PROSÓDIA NO CONCEITO FLUÊNCIA DE LEITURA

Transcrição:

CELESTE, Leticia Correa ; REIS, Cesar. Configuração geral da curva melódica e expressão de dúvida e certeza: reflexões preliminares. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. [www.revel.inf.br]. CONFIGURAÇÃO GERAL DA CURVA MELÓDICA E EXPRESSÃO DE DÚVIDA E CERTEZA: REFLEXÕES PRELIMINARES Leticia Correa Celeste 1 Cesar Reis 1 leticiacceleste@gmail.com labfon@letras.ufmg.br RESUMO: Uma das principais funções da prosódia é a expressão de atitudes. Estudos sobre a expressão prosódica de atitudes têm demonstrado que um locutor é capaz de simular a expressão de uma atitude e que um ouvinte é capaz de identificá-la em enunciados isolados. Mas muito resta ainda a estudar das interações entre a prosódia e o léxico, a sintaxe, a semântica e elementos da situação de comunicação. O presente estudo tem por objetivo analisar a configuração geral da curva melódica na expressão da dúvida e certeza. Métodos: participaram desta pesquisa 12 indivíduos adultos, do sexo masculino (22-40anos). Todos participaram de três momentos de coleta de dados. O primeiro se referiu à leitura de 10 frases neutras nas modalidades declarativa e interrogativa (n=240). No segundo momento eles deveriam expressar a atitude de dúvida e no terceiro a atitude de certeza. Para auxiliálos, foram elaboradas 10 situações nas quais as frases deveriam ser inseridas colocando a expressão de dúvida (n=120) e 10 situações nas quais deveriam expressar certeza (n=120). A análise da curva melódica foi realizada por meio do programa MOMEL, instalado no Praat. Resultados: os resultados apresentados pelos programas mostraram diferenças importantes entre as modalidades e a expressão das atitudes. A estilização realizada pelo MOMEL segue uma hierarquia quanto ao número de pontos alvo inseridos para cada modalidade/atitude estudados, com diferenças estatisticamente significativas. Conclusão: o presente estudo mostrou que há maior variação do movimento da curva melódica ao longo do enunciado na expressão de dúvida e certeza quando comparadas às modalidades declarativas e interrogativas. PALAVRAS-CHAVE: prosódia; estilização da curva melódica; modalidade; atitude. INTRODUÇÃO A distinção entre emoções e atitudes ainda não apresenta consenso na literatura. Para realizar tal distinção, nos baseamos em Sherer (1979) e Couper-Kuhlen (1986) que colocam 1 Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 132

as atitudes como produções cognitivamente monitoradas, já as emoções não podem ser monitoradas, sendo controladas pela fisiologia (logo, universais). Neste sentido, Wilson e Wharton (2006) propuseram o seguinte diagrama: Figura1: Esquema de transmissão de informação prosódica segundo a Teoria da Relevância Fonte: Adaptado de Wilson e Wharton (2006) A expressão de atitudes é realizada pelos falantes de forma evidente e intencional (Wilson e Wharton, 2006). A expressão de atitudes é uma das principais funções da prosódia (Bailly e Holm, 2005). No entanto, a dúvida sobre quais os parâmetros prosódicos são mais relevantes para a produção/interpretação de atitudes continua sem resposta. Dos três parâmetros prosódicos gerais hoje descritos, a melodia é apontada por diversos autores como o parâmetro que carrega maior informação (Antunes, 2007; Bailly e Holm, 2005; Alves, 2002). Liberman (1975) muda os rumos dos estudos da entonação ao propor a teoria autossegmental, na qual o contínuo da curva de frequência fundamental é visto como uma série de pontos interpolados foneticamente. E é com base na teoria de Liberman que estudos da estilização da curva de F0 se baseiam. Várias propostas para a síntese de fala, em especial da melodia, vêm sendo desenvolvidas desde a década de 60 (Campionne et. al., 2000). Os programas desenvolvidos visam realizar uma estilização da curva de F0, por meio da marcação de pontos mais relevantes e da interpolação desses. O algoritmo MOMEL foi criado seguindo um sistema de modelagem automático que seleciona pontos alvo da curva de F0 e os interpola com linhas em forma de parábolas (Hirst e Espesser, 1993). No entanto, sabe-se que a curva de F0 pode ser dividida em dois componente: um voluntário (macroprosódia) e um involuntário (microprosódia). Esse segundo diz respeito aos efeitos articulatórios da fala na curva de F0 (Di Cristo, 1985; t Hart, Collier e Cohen, 1990; ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 133

Hirst e Espesser, 1993). Para Hirst e Espesser (1993) os estudos realizados até então permitem que se faça uma separação entre os efeitos macro e microprosódicos. Para esses autores, realizando uma dissociação pode se chegar a uma curva de F0 com quase nenhum efeito segmental. Dessa forma, a estilização realizada pelo programa MOMEL produz uma curva próxima à curva de F0, sem perdas de informação significativas. A partir do exposto, foram levantados questionamentos e hipóteses sobre a relação da curva de F0 como um todo e a expressão da atitude de dúvida, a saber. Hipóteses Sabe-se que a curva melódica é formada por inúmeros pontos de F0 no tempo. E ainda que o objetivo da estilização da curva de F0 é reduzir ao máximo os pontos principais de da curva sem perda significativa de informação, e ainda sem perder a configuração geral. A partir disso, nos questionamos se a expressão da atitude de dúvida apresenta variação diferente dos pontos de F0 ao longo do enunciado quando comparada à produção das formas neutras declarativa e interrogativa. Com base nesse questionamento, levantamos a seguinte hipótese: há uma maior variação do conjunto da curva melódica ao longo do enunciado na expressão de dúvida e certeza quando comparadas com as formas declarativa e interrogativa. Limites O objetivo inicial desta pesquisa era relacionar os resultados encontrados para a amostra de pessoas sem distúrbios de fala e aqueles encontrados em pessoas que apresentam gagueira. No entanto, as disfluências produzidas pelo grupo de pessoas que apresentam gagueira influenciaram negativamente na estilização da curva de F0. Tais momentos não foram considerados pelo programa como efeitos micromelódicos, sendo consequentemente considerados na análise realizada pelo MOMEL. O exemplo abaixo mostra o resultado encontrado, com os momentos de disfluências marcados dentro do retângulo vermelho. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 134

Figura 2: Resultado do MOMEL/INTSINT em dados de uma pessoa que apresenta gagueira. Como todos os pontos alvo do programa são interligados, optamos por retirar os dados de pessoas com gagueira nesta primeira análise. No momento, buscam-se soluções para tal limitação. A partir da hipótese levantada e considerando os limites apontados, este estudo teve como objetivo analizar a configuração geral da curva de F0 na expressão de dúvida. 1. MÉTODOS Participaram dessa pesquisa 12 indivíduos adultos, do sexo masculino, com idade variando de 22 a 40 anos. Nenhum dos sujeitos apresentava queixas de problemas auditivos, sensoriais ou de linguagem. Uma fonoaudióloga acompanhou as gravações para assegurar que nenhum dos participantes apresentasse qualquer distúrbio de fala. Todos participaram de três momentos de coleta de dados. O primeiro se referiu à leitura de dez frases neutras nas modalidades declarativa e interrogativa. As mesmas frases eram lidas nas duas modalidades. No segundo momento, os participantes deveriam expressar dúvida emitindo as mesmas dez frases das modalidades declarativa e interrogativa. Para auxiliá-los, foram elaboradas situações nas quais um determinado contexto leva à expressão de dúvida, como mostra o exemplo a seguir para a frase ele conhece as regras. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 135

João conversa com seu chefe e indica uma pessoa que não conhece muito bem para ocupar um cargo na empresa. O chefe pergunta a João: P: Ele conhece as regras do mercado? I: Ele conhece as regras. De forma similar, dez situações que levavam o participante a expressar certeza foram elaboradas para o terceiro momento de gravação. Assim, as mesmas frases foram emitidas de forma neutra e expressando as atitudes de dúvida e certeza. Dessa forma, o corpus do presente estudo contou com 480 enunciados, sendo 120 enunciados emitidos na modalidade declarativa, 120 na modalidade interrogativa, 120 expressando a atitude de dúvida e 120 expressando a atitude de certeza. Cada enunciado apresentou uma mediana de 6 sílabas, com desvio padrão de 0,9. A análise da curva melódica foi realizada por meio dos progamas MOMEL e INTSINT (Hirst, 2005), instalados no Praat, versão 5.1.02 5 (Boersma e Weenink, 1992-2009). Durante a análise preliminar dos dados, observamos que algumas curvas melódicas apresentaram uma variação importante ao longo do enunciado e que essas, após passarem pela estilização, apresentavam muitos pontos alvo. Dessa forma, quanto maior o número de pontos alvo, maior a variabilidade apresentada em cada enunciado. Por exemplo, se uma curva melódica necessita de apenas 3 pontos alvo para ser estilizada, ela não apresenta muita variação na sua totalidade. Isso não significa que a mesma apresenta tessitura elevada ou não. O que tentamos expressar com variabilidade da curva melódica diz respeito às variações menores que ocorrem ao longo dessa curva. Tomemos como exemplo a figura que segue: são duas curvas melódicas relativas a mesma frase. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 136

Figura 3: Exemplo de duas curvas melódicas da mesma frase. Apesar de serem relativas à mesma frase, uma apresenta maior variabilidade (em vermelho) do que a outra (em preto). Claramente, a curva em vermelho necessitará de um maior número de pontos alvo para ser estilizada. Isso nos leva a refletir: uma boa forma de observar quantitativamente essa variabilidade é verificar quantos pontos alvo um programa de estilização da curva melódica necessita para estilizar cada curva. Seguindo esse pensamento, foi aplicado o programa MOMEL em todos os enunciados e foram contabilizados os pontos alvo da seguinte forma: NPA 1/3 A: número de pontos alvo no primeiro terço do enunciado. NPA 1/3 M: número de pontos alvo no terço medial do enunciado. NPA 1/3 P: número de pontos alvo no terço final do enunciado. NPA T: número de pontos alvo totais do enunciado. A análise estatística foi realizada por meio dos programas excell, versão 2003, e R, versão 2.9.0. Foram utilizadas as medidas de média, mediana e desvio padrão para comparação entre as variáveis foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskall Wallis, com índice de confiança de 95%. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 137

2. RESULTADOS E DISCUSSÃO O primeiro resultado relevante que percebemos foi que a expressão da dúvida foi claramente dividida de duas formas: a primeira com configuração geral similar à modalidade declarativa e a segunda com configuração geral similar à modalidade interrogativa (figura 3). Cada participante emitiu as dez frases da mesma forma. Por esse motivo, a análise da expressão de dúvida foi dividida em dúvida 1, quando os participantes produziram a dúvida de forma próxima à declarativa (3 participantes) e dúvida 2 quando os participantes expressaram a dúvida próxima à interrogativa (9 participantes). 300 Pitch (Hz) 60 0 0.9427 1.303 1.557 1.018 1.366 1.045 0.995 1.562 2.475 3.712 Time (s) Figura 3: Curva melódica da frase eu desliguei o fogão de todos participantes para expressão de dúvida, em vermelho a primeira forma e em azul a segunda. Tendo em vista a distinção entre declarativa e interrogativa e entre as duas formas encontradas para expressão de dúvida, a aplicação do MOMEL foi realizada distinguindo as quatro formas, além da expressão da certeza. Os resultados individuais encontrados para o número de pontos alvo fornecidos pelo MOMEL são expostos na tabela 1, na qual é mostrado a média, a mediana e o desvio padrão para as modalidades, e na tabela 2, que mostra as mesmas medidas para a expressão de certeza e dúvida (1 e 2). ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 138

Declarativa NPA 1/3 A NPA 1/3 M NPA 1/3 P NPA T NPA 1/3 A Interrogativa NPA 1/3 M NPA 1/3 P NPA T 1 1,0 1,3 1,0 3,3 1,3 1,0 1,0 3,3 1 1 1 3 1 1 1 3 (0,8) (0,6) (0,1) (1,1) (0,6) (0,1) (0,2) (0,6) 2 1,6 1,0 1,2 3,8 1,0 1,2 1,2 3,4 2 1 1 4 1 1 1 3 (0,7) (0,5) (0,4) (0,8) (0,1) (0,4) (0,4) (0,5) 3 1,6 1,0 1,2 3,8 1,0 1,2 1,3 3,6 2 1 1 4 1 1 1 4 (0,7) (0,5) (0,4) (0,8) (0,1) (0,4) (0,5) (0,5) 4 1,8 1,0 1,2 4,0 1,0 1,3 1,3 3,6 2 1 1 4 1 1 1 4 (0,4) (0,5) (0,4) (0,5) (0,1) (0,5) (0,5) (0,5) 5 1,8 1,1 1,3 4,2 1,1 1,4 1,3 3,8 2 1 1 4 1 1 1 4 (0,4) (0,6) (0,5) (0,8) (0,3) (0,5) (0,5) (0,9) 6 1,9 1,0 1,3 4,2 1,2 1,4 1,3 3,9 2 1 1 4 1 1 1 4 (0,4) (0,5) (0,5) (0,8) (0,4) (0,5) (0,5) (0,9) 7 1,9 1,0 1,3 4,2 1,2 1,5 1,4 4,0 2 1 1 4 1 1 1 4 (0,3) (0,4) (0,5) (0,8) (0,4) (0,5) (0,5) (1,0) 8 1,9 1,1 1,2 4,2 1,3 1,5 1,5 4,3 2 1 1 4 1 2 1 4 (0,3) (0,5) (0,4) (0,8) (0,5) (0,5) (0,5) (1,1) 9 1,9 1,7 1,2 4,8 1,5 1,4 1,3 4,2 2 2 1 5 2 1 1 4 (0,3) (0,5) (0,4) (0,6) (0,5) (0,5) (0,5) (0,8) 10 1,9 1,5 1,1 4,5 1,4 1,5 1,3 4,3 2 1 1 4 1 2 1 4 (0,3) (0,5) (0,4) (0,7) (0,5) (0,5) (0,5) (0,9) 11 1,9 1,5 1,2 4,6 1,5 1,5 1,4 4,4 2 2 1 5 1 2 1 4 (0,3) (0,5) (0,4) (0,8) (0,5) (0,5) (0,5) (0,9) 12 1,9 1,5 1,1 4,6 1,5 1,5 1,4 4,4 2 2 1 5 2 2 1 4 (0,2) (0,5) (0,3) (0,6) (0,5) (0,5) (0,5) (0,9) Tabela 1: Média, mediana e (desvio padrão) por informante quanto ao número de pontos alvo fornecidos pelo MOMEL para as modalidades. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 139

NPA 1/3 A Certeza NPA 1/3 M NPA 1/3 P NPA T NPA 1/3 A Dúvida NPA 1/3 M NPA 1/3 P 1 1,7 2,0 2,0 5,7 1 2,3 2 3,7 8 2 2 2 5 2 2 3 8 (0,6) (1,0) (0,1) (1,2) (0,6) (0,3) (1,2) (1) 2 1,6 1,7 1,8 5,0 2 2,3 2 3 7,3 2 1 2 5 Dúvida 1 2 2 3 8 (0,5) (0,9) (0,4) (1,3) (0,6) (0,2) (1,2) (1) 3 1,7 1,6 1,8 5,0 3 1,7 2 2,7 6,3 2 1 2 5 2 2 3 7 NPA T (0,5) (0,9) (0,4) (1,3) (0,6) (0,3) (0,5) (0,6) 4 1,6 1,5 1,7 4,8 1 2,7 1,4 2,5 6,3 2 1 2 5 2 2 3 7 (0,5) (0,7) (0,5) (1,1) (1,1) (0,2) (0,6) (2,3) 5 1,7 1,3 1,6 4,6 2 1 1,3 2,2 5,1 2 1 2 5 1 2 3 6 (0,5) (0,5) (0,5) (1,1) (0,6) (0,7) (0,6) (0,5) 6 1,6 1,2 1,5 4,3 3 2,1 1,9 2 6,3 2 1 2 5 2 2 2 6 (0,5) (0,5) (0,5) (1,1) (0,6) (0,6) (1) (1,7) 7 1,8 1,2 1,5 4,5 4 1,7 1,3 2 5 2 1 1 5 2 2 2 6 (0,6) (0,4) (0,5) (0,9) Dúvida 2 (0,6) (0,6) (0,2) (1) 8 1,9 1,2 1,5 4,5 5 2,3 1,7 2 6 2 1 1 5 2 2 2 6 (0,7) (0,4) (0,5) (1,0) (1) (0,6) (0,3) (1,5) 9 1,5 2,1 1,6 5,2 6 1,7 1 2 4,7 1 2 2 5 2 1 2 6 (0,5) (0,7) (0,7) (1,3) (0,2) (0,1) (0,6) (0,6) 10 1,7 1,7 1,6 5,0 7 1,7 1 2 4,7 2 2 2 5 1 2 1 5 (0,7) (0,6) (0,7) (1,2) (0,6) (0,6) (0,6) (1,7) 11 1,7 1,7 1,5 4,9 8 1,7 1,7 1,7 5 2 2 1 5 2 2 1 5 (0,7) (0,7) (0,6) (1,2) (0,6) (0,6) (1) (2) 12 1,6 1,7 1,5 4,8 9 1,3 1,7 2 5 2 2 1 5 2 2 2 6 (0,7) (0,7) (0,6) (1,2) (0,6) (0,3) (0,6) (1,2) Tabela 2: Média, mediana e (desvio padrão) por informante quanto ao número de pontos alvo fornecidos pelo MOMEL para certeza e dúvida 1 (sombreada) e dúvida 2. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 140

No que diz respeito aos valores encontrados para os enunciados declarativos, os resultados mostram que os informantes 1 e 2 apresentaram desvio padrão mais elevados quando comparados ao restante do grupo. Porém, se desconsiderarmos esses dois informantes, vemos que os resultados apresentam um desvio padrão relativamente baixo. Na modalidade interrogativa, vemos que os indivíduos 1 e 12 são os que apresentam os valores mais elevados de desvio padrão. Mesmo esses, juntamente com o restante do grupo, mostram valores ainda mais baixos que para os enunciados na forma declarativa. Na expressão da certeza, a variação do desvio padrão entre os informantes é baixa, porém com valores um pouco elevados, especialmente no número total de pontos alvo. Nenhum dos informantes, no entanto, se destacou, ou seja, nenhum deles apresentou diferenças relevantes nas medidas de média, mediana e desvio padrão. Com relação à dúvida 1, o informante 3 apresentou os valores mais reduzidos de desvio padrão quando comparado aos demais. Esses tiveram resultados de desvio padrão elevado, especialmente no número de pontos alvo no terço final dos enunciados. Por fim, para a dúvida 2, os informantes 2 e 6 se destacaram por apresentarem desvio padrão relativamente mais baixo do que os demais participantes do grupo. De uma forma geral, os informantes parecem apresentar menor variação nos enunciados neutros: modalidades declarativa e interrogativa. Para melhor visualizar os resultados por forma estudada, os gráficos de 1 a 4 apresentam a média, a mediana, desvio padrão e comparação das modalidades e atitudes. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 141

GRÁFICO 1: Médias do número de pontos alvo fornecidos pelo MOMEL para cada modalidade e atitude do GC. Ao analisarmos o gráfico 1, que mostra as médias, percebemos que cada forma estudada apresenta sua tipologia própria. A declarativa apresenta uma escala descendente para o número de pontos alvo da estilização, seguindo do terço anterior até o terço posterior. Já a interrogativa apresenta uma distribuição mais uniforme dos pontos alvo: poucos pontos alvo no início (primeiro terço), maior concentração no terço medial e abaixa, novamente, ao final do enunciado. A expressão de certeza apresenta tipologia similar à da interrogativa, porém com menor variação entre os terços, quase uniforme. A dúvida 1 possui aproximadamente o mesmo número de pontos alvo nos dois primeiros terços, com maior concentração no terço final. A dúvida 2, como a dúvida 1, também apresenta muitos pontos no final do enunciado, no entanto os dois primeiros terços apresentam diferenças mais importantes. De uma forma geral, o número total de pontos alvo estilizados são maiores na expressão de atitudes do que nas formas neutras, com pico na dúvida 1. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 142

GRÁFICO 2: Medianas do número de pontos alvo fornecidos pelo MOMEL para cada modalidade e atitude do GC. A análise da mediana (gráfico 2) mostra que a declarativa e a interrogativa se espelham : na primeira há maior concentração no primeiro terço, seguida de um platô para os dois últimos; na segunda há um platô dos dois primeiros terços seguidos de uma maior concentração no terço posterior. Ainda com base no mesmo gráfico, observamos uma forte similaridade entre a certeza e a dúvida 2: a mediana é igual para os três terços. Já a dúvida 1 apresenta a mesma tipologia da interrogativa, porém com valores mais elevados. Quanto ao número total de pontos alvo estilizados, segue-se a seguinte ordem crescente: interrogativa, declarativa, certeza, dúvida 1 e dúvida 2. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 143

GRÁFICO 3: Desvio padrão do número de pontos alvo fornecidos pelo MOMEL para cada modalidade e atitude do GC. Como já era esperado, o maior desvio padrão foi encontrado para o número total de pontos alvo, com sua linha destacada das demais. Uma informação importante verificada no gráfico acima é que ao comparar as formas estudadas, a expressão de certeza é a que apresenta maior desvio padrão, seja com relação aos terços, seja com relação ao número total de pontos alvo. O menor desvio padrão foi encontrado para o terço médio da dúvida 1. Nesse ponto ocorreu pouca diferença entre os gráficos de média e mediana. Os resultados do teste de comparação de médias do resultado da estilização encontram-se na tabela abaixo. Decl Decl Inter Cert Cert Duv 1 X Cert X Duv 1 X Duv 2 X Duv 1 X Duv 2 X Duv 2 NPA 1/3 A 0,2 0,05 0,002 0,008 0,2 0,3 NPA 1/3 M 0,06 0,000 0,8 0,03 0,1 0,000 NPA 1/3 P 0,000 0,000 0,000 0,001 0,1 0,03 NPA T 0,02 0,000 0,000 0,000 0,5 0,000 TABELA 3: Valor de p (p<0,05) por meio do teste não paramétrico de Kruskall Wallis para comparação entre modalidades e atitudes do GC para os números de pontos alvo estilizados pelo MOMEL Ao reunir as informações obtidas nos gráficos 2 e 3 e tabela 3, podemos realizar algumas constatações. Primeiramente, existe diferença estatisticamente significativa ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 144

separando as formas aqui estudadas, quando não em todos os terços, no número total de pontos alvo estilizados. Temos apenas uma exceção: certeza e dúvida 2. Nessa comparação, nenhum resultado apresentou diferença estatisticamente significativa. Já na comparação entre a certeza e a dúvida 1, todos os resultados encontrados são estatisticamente significativos, sendo que a maioria dessa diferença é estatisticamente muito significativa. A outra observação diz respeito a nossa hipótese inicial: há uma maior variação da curva melódica ao longo do enunciado na expressão de certeza e dúvida quando comparada com as formas declarativa e interrogativa. Essa hipótese foi confirmada de forma quantitativa, uma vez que o algoritmo MOMEL necessita lançar mais pontos alvo para a expressão das atitudes de certeza e dúvida do que para a forma neutra, representada pelas modalidades declarativa e interrogativa (para enunciados com número de sílabas próximos). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio deste estudo foi possível verificar que a expressão de atitudes apresenta uma maior variação no conjunto de pontos da curva de frequência fundamental. Tal variação foi verificada através dos resultados encontrados na estilização da curva. No entanto, restam-nos alguns questionamentos, como por exemplo se essa variação é geral para expressão de atitudes, ou se é específica da dúvida e da certeza. E ainda, se é possível utilizar a mesma metodologia em estudos que envolvem indivíduos com distúrbios de fala e linguagem, uma vez superados os problemas técnicos encontrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALVES, LM. Estudo entonativo da persuasão na fala do vendedor (dissertação de mestrado). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras, 2002. 2. ANTUNES, Leandra. O papel da prosódia na expressão de atitudes do locutor em questões. (tese de doutorado). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras, 2007. 3. BAILLY, G. HOLM, B. SFC: A trainable prosodic model. Speech communication, n. 46, p. 348-364, 2005. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 145

4. CAMPIONE, E. HIRST, D. VERONIS, J. Automatic Stylisation and Symbolic Coding of Fo: Implementations of the INTSINT model. IN: Botinis, A. (ed). Intonation: Research and Applications. Kluwer: Dordrecht, 2000. 5. COUPER-KUHLEN, E. An Introduction to English prosody. Baltimore: Edward Arnold,1986. 6. DI CRISTO, A. De la microprosódia a l intonosyntaxe. Tese (doutorado) - Aix-en- Provence: Universite de Provence, 1985. 7. HART (T ), J. COLLIER, R. COHEN, A. A perceptual study of intonation: an experimental-phonetic approach to speech melody. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. 8. HIRST, D. ESPESSER, R. Automatic Modeling of Fundamental Frequency Using a Quandratic Spline Function. Aix-Provence: Travaux de l Institut de Phonetique, 1993. 9. HIRST, D. Form and Function in the Representation of Speech Prosody. Aix-en- Provence: Université de Provence, 2005. 10. LIBERMAN, MY. The intonation system of English. Tese (doutorado) - Indiana University Linguistics Club, 1975. 11. SCHERER, I.C. Non-linguistic indicators of emotion and pshychopathology. IN: Izard, C.E. (ed) Emotions in personality and psychopathology, New Youk: Plenum, p. 495-529, 1979. 12. WILSON, Deirdre. WHARTON, Tim. Relevance and Prosody. Journal of Pragmatics, n. 38, p. 1559-1579, 2006. ABSTRACT: One of the major functions of prosody is the expression of attitudes. Studies on the expression of prosodic attitudes have shown that a speaker is able to simulate the expression of an attitude and a listener is able to identify it in isolate senttences. But much remains to study the interaction between prosody and lexicon, syntax, semantics and elements of the communication situation. This study aims to analyze the general configuration of the pitch curve in the expression of doubt and certainty. Methods: 12 males adults participated in this research (22-40). All participated in three moments of data record. The first referred to a neutral reading of 10 sentences in declarative and interrogative senttences (n = 240). At the second moment they should express the attitude of doubt and in the third attitude of certainty. To assist them, it were prepared 10 situations in which the sentences should be inserted placing the expression of doubt (n = 120) and 10 situations in which they should express certainty (n = 120). The melodic curve analysis was performed using the program MOMEL installed in Praat. Results: The results presented by the programs showed significant differences between the modalities and the expression of attitudes. The stylization done by MOMEL follows a hierarchy on the number of target points entered for each modalities/attitude, with differences statistically significant. Conclusion: This study showed a higher variation in the movement of the melodic curve in the expression of doubt and certainty when compared to declarative and interrogative. KEYWORDS: prosody; pitch curve stylization, modalitie, attitude. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 146

Recebido no dia 10 de junho de 2010. Artigo aceito para publicação no dia 01 de agosto de 2010. ReVEL, v. 8, n. 15, 2010. ISSN 1678-8931 147