1. 6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina (Ano Profissionalizante)

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Transcrição:

TOMADA DE POSIÇÃO Os estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, reunidos em Assembleia Geral no dia vinte de março de dois mil e catorze, vêm, por este meio, pronunciar-se sobre as propostas apresentadas na recente proposta de alteração aos moldes da Prova Nacional de Seriação e do acesso ao Internato Médico, redigida no Projeto de Decreto-Lei de 30 de Janeiro de 2014. Deste modo, referem-se assim as seguintes tomadas de posição por parte da Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (AEICBAS): 1. 6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina (Ano Profissionalizante) A Reforma do Plano Curricular de 1995 ficou conhecida por introduzir melhorias no ensino médico, pretendendo aumentar a vertente prática do curso, salientando-se o último ano 6º Ano Profissionalizante. Atualmente, verifica-se uma assimetria vincada no que diz respeito aos conteúdos, formas de avaliação e métodos pedagógicos utilizados no último ano do curso, para além da excessiva sobrecarga teórica para um ano que se diz profissionalizante. Mais, a necessidade de preparação e conclusão da tese de mestrado, aliada à necessidade de conciliar o estudo livresco para a Prova Nacional de Seriação, impedem que o 6º Ano do Mestrado Integrado em Medicina dote os estudantes de um verdadeiro ensino prático e da totalidade de competências clínicas necessárias ao exercício da profissão dado o contexto iminentemente académico deste período. A AEICBAS considera que a extinção de um período de real prática clínica, devidamente orientada, em contexto singular e com a necessária responsabilização individual, sem os constrangimentos académicos supracitados, não pode, em contexto algum, ser colmatado pelo atual ano profissionalizante. Mais, a AEICBAS considera fundamental que ocorra uma

reflexão sobre o atual 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina, por forma a devolver-lhe o carácter iminentemente prático que os estudantes tão exortam. 2. Ano Comum A AEICBAS defende a existência do Ano Comum, um período de dozes meses de âmbito generalista, posterior à formação pré-graduada e anterior e independente da formação médica específica, que confere aos estudantes importantes capacidades e competências, que lhe permitem complementar de forma inegável a formação médica pré-graduada que recebem nas escolas médicas portuguesas. A AEICBAS exige, após revalidação desta posição, por unanimidade, a manutenção do ano comum, enquanto momento formativo fulcral na aquisição de competências para a prática clínica, fundamentais a qualquer médico, representando uma etapa essencial para a formação de um recémmestre em Medicina. Acreditamos que a formação médica se deve basear em princípios de rigor e excelência, de forma a garantir a qualidade do Serviço Nacional de Saúde, dos cuidados prestados e, sobretudo, da assistência aos doentes em Portugal. O ensino médico em Portugal tem sido pautado por elevada qualidade, carácter e exigência, motivo basilar que possibilitou os ótimos resultados relativamente aos índices relacionados com saúde em Portugal, que são do conhecimento de todos, e pela defesa dos quais nos manteremos intransigentes. 3. Autonomia Profissional A AEICBAS acredita que a autonomia profissional deve obter-se ao fim de dois anos de formação médicas tutelada, fundamentais para o processo de aquisição de competências suficientes e necessárias para o exercício da profissão médica, sendo que devem obrigatoriamente ser compostos pelo ano comum e um ano de internato de especialidade. Ainda que essencial, os estudantes de medicina do ICBAS consideram que o Ano Comum não é suficiente para conferir autonomia profissional,

devendo esta ficar na dependência de 2 anos de internato médico, compostos pelo ano comum e o primeiro ano de internato de formação específica, essenciais para a manutenção da qualidade do Serviço Nacional de Saúde. A AEICBAS é veemente contra o cenário de médicos indiferenciados (i.e. sem formação médica especializada) por considerar um retrocesso para o Sistema Nacional de Saúde, uma afronta à qualidade do exercício da profissão médica e pelo potencial efeito nefasto que terá na prestação dos cuidados necessários aos doentes portugueses. A exigência de uma formação médica especializada para todos os médicos portugueses é um garante da prestação de bons cuidados médicos à população portuguesa, à formação dos futuros profissionais, bem como à continuação do aperfeiçoamento da qualidade do Sistema Nacional de Saúde. 4. Normalização das Médias Em Portugal existem, atualmente, 8 cursos que conferem o grau de Mestre em Medicina, possuidores de idiossincrasias próprias quer nos níveis pedagógico e científico, bem como na forma como planeiam e concretizam a avaliação dos seus estudantes. Adicionalmente, o número de escolas médicas em Portugal é igual ao número de realidades pedagógicas - incluindo o formato da avaliação - diferentes em cada instituição pelo que, perante tais assimetrias, a média (bruta) correspondente à conclusão do Mestrado Integrado em Medicina não é comparável entre recém-mestres provenientes de Escolas Médicas diferentes. Assim, com o intuito de colmatar as relevantes assimetrias verificadas na média final de curso obtida pelos estudantes das diferentes Escolas Médicas portuguesas, a AEICBAS aprovou o modelo de normalização de médias designado por Z-score. Este é calculado considerando o indicador individual relativo à classificação final de um determinado estudante no grupo a que este pertence.

Este método de normalização é apoiado por especialistas em Educação Médica e Estatística que, em parecer relativo a esta problemática, afirmam ser a melhor metodologia de equiparação no nosso contexto. Defendemos que as Escolas se devem poder diferenciar, tornando o seu ensino da Medicina algo que lhe é característico, e baseado no seu passado e futuro. Como tal, e porque existem disparidades visíveis nos resultados finais, é necessário e inegável que a média de final de curso deve ser normalizada pelo método Z-Score, tanto para o acesso ao Ano Comum, bem como no desempate entre classificações iguais obtidas na Prova Nacional de Seriação, por forma a comparar, de forma justa, os estudantes de medicina provenientes de Escolas Médicas diferentes. 5. Inclusão da média de final de curso ponderada para o acesso à Formação Médica Especializada A AEICBAS considera que a média de conclusão do Mestrado Integrado em Medicina não deve ser fator de ponderação com a Prova Nacional de Seriação para acesso ao Internato de Especialidade, uma vez que esta não é um fator preditor do desempenho académico ou profissional futuro do indivíduo, como pode ser constando em vários estudos independentes já realizados por autoridades nesta matéria (e.g. estudo realizado pelo Pró-Reitor da Universidade do Porto, Professor Doutor José António Sarsfield Cabral, Percurso dos estudantes admitidos pelo regime geral em licenciatura - 1º ciclo e mestrado integrado na Universidade do Porto em 2009/2010 - in www.up.pt). 6. Modelo da Prova Nacional de Seriação A 4 de outubro de 2012, de acordo com o despacho nº 13092/2012 foi criado o Grupo de Trabalho para revisão da Prova Nacional da Seriação (GTPNS), que tinha como função a definição do novo modelo de prova nacional de seriação relativa ao acesso ao internato médico. Consultado o relatório deste Grupo de Trabalho é possível constatar as seguintes propostas e recomendações:

1. A criação de uma Comissão Nacional encarregada de conduzir o processo de desenvolvimento da nova prova; 2. Os conteúdos da prova incluam obrigatoriamente temas relacionados com as especialidades de Medicina Interna, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Psiquiatria, Pediatria e Medicina Geral e Familiar. 3. Se elabore, com a colaboração do Ministério da Saúde e da Ordem dos Médicos, e se divulgue junto dos candidatos, a lista dos conteúdos gerais, dentro das áreas atrás referidas, que se considere constituir o corpo de conhecimentos que um mestre em Medicina no final do seu percurso académico e um médico generalista devem possuir. 4. As questões a incluir na prova deverão colocar uma ênfase particular no raciocínio clínico e na aplicação e integração dos conhecimentos clínicos adquiridos ao longo do percurso académico, ao invés de apelar à simples memorização de dados ou detalhes, e deverão recorrer, entre outros métodos, a perguntas baseadas em casos clínicos. A AEICBAS acredita que a Prova Nacional de Seriação deve ser profundamente revista, de forma a que seja adequada aos conhecimentos e competências que devem ser exigidos a qualquer recém-graduado em Medicina - sobretudo de raciocínio clínico e não de memorização. Esta deverá ser elaborada por uma identidade independente, profissionalizada e com reconhecida experiência na formulação de perguntas de exame e avaliação de conhecimentos médicos, bem como capacidade pedagógica para o exercício desta função. Em adição, a AEICBAS considera que o atual modelo de Prova Nacional de Seriação, que se baseia na memorização de alguns capítulos de cinco áreas da medicina ( aparelho digestivo, aparelho respiratório, cardiologia, doenças do sangue e nefrologia ) é francamente desadequado, pelo que a revisão da estrutura e modelo de exame é premente.

7. Nota Mínima na Prova Nacional de Seriação A qualidade da formação médica pré-graduada, bem como as condições pedagógicas associadas têm sido alvo de amplo debate na Associação de Estudantes do ICBAS, juntamente com as restantes Associações de Estudantes representantes de estudantes de Medicina parceiras e a Associação Nacional de Estudantes de Medicina. A formação médica pré-graduada constitui uma etapa crucial - e que não deve nem pode ser negligenciada - na preparação dos futuros médicos de Portugal. A AEICBAS considera que o processo de avaliação conduzido pelas Escolas Médicas deve garantir a obtenção de competências essenciais, necessárias e fundamentais à aquisição do título de Mestre em Medicina, não só do ponto de vista teórico, mas também técnico e pessoal, por forma a garantir o exercício de acordo com as normas do Código Deontológico da Ordem dos Médicos de Portugal, bem como a leges artis. A AEICBAS, reunida em Assembleia Geral de Estudantes, defende que a Prova Nacional de Seriação não deverá estar sujeita a uma Nota Mínima, uma vez que os estudantes formados nas Escolas Médicas Portuguesas, devidamente acreditadas, foram já avaliados com aproveitamento ao longo dos seis anos necessários para a conclusão do mestrado, pelo que o objetivo da prova de acesso à especialidade apenas deve ser o de seriação dos recém-graduados em Medicina. Em adição, a AEICBAS considera que a colocação de uma barreira no acesso à profissão é destruir a idoneidade e mérito com que as Universidades e demais agentes do Ensino Superior avaliam os seus estudantes. Mais ainda, a AEICBAS relembra que a formação básica de um médico apenas está concluída no final da sua formação específica, pelo que tem uma duração nunca inferior a onze anos, pelo que o acesso a uma especialidade médica deve ser garantido a todos os recém-mestres em Medicina de Escolas Portuguesas. 8. Acesso por recém-licenciados em Escolas Médicas Estrangeiras

Dada a importância crucial da candidatura ao Internato Médico por parte dos recém-mestres em Medicina, a AEICBAS considera fundamental que todo este processo se desenrole de forma inequivocamente justa e equitativa para todos os candidatos. A AEICBAS considera que a situação atual constitui uma deturpação das condições de igualdade, decorrentes do ingresso dos recém-licenciados em Escolas Médicas estrangeiras, dada a conversão abusiva das médias obtidas no final do curso médico o que, per si, confere uma vantagem inegável e coloca os estudantes de medicina das escolas médicas portuguesas em franca desvantagem. A AEICBAS exige que os estudantes recém-licenciados em Escolas Médicas Estrangeiras que queiram realizar o Internato de Especialidade em Portugal deverão estar sujeitos às mesmas condições de acesso e de obtenção de Autonomia Profissional a que estão obrigados os estudantes formados nas Escolas Médicas Nacionais. A AEICBAS não considera admissível que os recém-formados em Escolas Médicas Estrangeiras não estejam sujeitos às mesmas condições que aqueles formados em Escolas Médicas Portuguesas, pelo que alerta a Administração Central do Sistema de Saúde, a Ordem dos Médicos e demais entidades competentes para a necessidade de repor a igualdade no acesso ao Internato Médico - tanto ao Ano Comum, como à Formação Médica Especializada - e na obtenção da Autonomia para o Exercício Profissional. 9. Planeamento Integrado da Medicina em Portugal Em Setembro de 2012, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina entregou, na Assembleia da República, uma petição subscrita por cerca de sete mil cidadãos que pediam o Planeamento Integrado da Formação em Medicina (petição nº 168/XII/2). A AEICBAS mostra-se preocupada pela ausência de adoção de medidas concretas que protejam a qualidade da formação médica em Portugal. Atualmente, o numerus clausus para o Mestrado Integrado em Medicina no nosso país é claramente excessivo, tendo em conta a capacidade formativa dos Hospitais e Escolas Médicas Portuguesas,

prejudicando a qualidade da formação dos estudantes de Medicina e colocando em risco a qualidade do Sistema Nacional de Saúde e dos cuidados prestados aos doentes portugueses. A AEICBAS exige, de acordo com o Projeto de Resolução nº 737/XII/2ª, que o Governo, em diálogo e cooperação com a Ordem dos Médicos asseguro formação pós-graduada adequada a todos os médicos que completem a sua graduação, bem como reavalie a pertinência de manter o contingente adicional de 15% de vagas para licenciadas (decreto-lei nº40/2007, de 20 de Fevereiro). Em adição, e de acordo com o Grupo de Trabalho para a Revisão do Regime do Internato Médico (GTRRIM), criado pelo Governo pelo despacho nº 16696/2011, publicado no Diário da República, é fundamental a redução do atual numerus clausus em 1/3, recomendação cuja execução a AEICBAS considera vital, dando um passo fundamental para a devolução da qualidade de formação médica. Pela Associação de Estudantes do ICBAS, Pedro Ribeirinho Soares Presidente da Direção da AEICBAS