MANUAL DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA CIENTÍFICA MANUAL OF METHODS AND TECHNIQUES OF SCIENTIFIC RESEARCH

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Transcrição:

MANUAL DE MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA CIENTÍFICA MANUAL OF METHODS AND TECHNIQUES OF SCIENTIFIC RESEARCH Raquel Figueiredo Barretto 1 Todo pesquisador, iniciante ou não, pode já ter se sentido um pouco perdido diante de quantidade de publicações em torno do tema metodologia da pesquisa. E essa grande quantidade não é todo ruim; ao contrário, tantas publicações acerca de um tema indicam: interesse constante pelo tema e/ou necessidade de atualização. E para fazer ciência, o pesquisador precisa dos dois. O livro Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica (IMPETUS, 2012, 9ª. edição) de autoria de Izequias Estevam dos Santos também foi publicado com as mesmas duas intenções apontadas anteriormente. A vasta experiência docente do autor certamente o credencia a escrever uma obra de consulta, um manual de referência para aqueles interessados em fazer ciência. E o fato da publicação já se encontrar na nona edição também deve explicar, em parte, o sucesso da obra. Ao contrário dos manuais temáticos (livro de metodologia para o curso A, como fazer monografia para o curso B e etc.) que existem por aí, o livro em questão é uma obra ampla e que compreende os elementos essenciais do fazer ciência, independente da área de estudo ou de atuação do pesquisador. É claro que existem especificações entre uma ciência e outra - um tipo de instrumento de coleta de dados mais empregado que outro, ou um instrumento de análise mais comum que outro; um tipo de pesquisa mais recorrente que outro -, mas, inicialmente, as dúvidas dos pesquisadores quase sempre são a mesmas. São essas dúvidas mais elementares e comuns que a obra pretende sanar. A referida obra está dividida em 14 capítulos. Trata-se de um volume bem extenso, de quase quatrocentas páginas, onde o autor aborda: (i) técnicas de aprendizagem; (ii) conhecimento; (iii) ciência; (iv) método; (v) hipóteses e variáveis; (vi) amostragem; (vii) 1 Mestre em Saúde Coletiva (2008) pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Membro efetivo do Núcleo Temático Educação e Saúde (NUTES - UNIFOR). Coordenadora do programa de iniciação científica e tecnológica da FANOR; Professora substituta do Departamento de Letras Vernáculas da UFC. E-mail: raquelfbarretto@gmail.com 230

trabalho acadêmico e cientifico; (viii) eventos acadêmicos e científicos; (ix) pesquisa; (x) instrumentos de pesquisa; (xi) trabalho acadêmico (monografia); (xii) trabalhos acadêmicos e graduação (TCC e TGI); (xiii) apresentação de referencias bibliográficas; (xiv) citações, notas de rodapé e abreviaturas. Há um aspecto interessante, que chama muito a atenção na obra: ao final de cada capítulo, o autor apresenta a bibliografia básica dos conteúdos do capítulo estudado. No primeiro capítulo, intitulado técnicas de aprendizagem, o autor se propõe a discutir as técnicas de aprendizagem. Afinal, fazer pesquisa é uma forma de aprender: mais que aprender sobre um conteúdo, é um aprendizado para a vida pessoal, acadêmica e profissional do indivíduo. Aliás, uma das grandes dificuldades dos estudantes nos dias de hoje é a questão da leitura (do hábito de ler, do volume de leitura, da capacidade de fazer análises e interpretações) e da escrita (dificuldade de escrever um texto coeso e coerente além dos já (re)conhecidos desvios grosseiros de norma padrão). O autor inicia a obra com essa discussão em torno do estudo, da leitura e do aprendizado. Essa discussão surge com muita intensidade nas aulas de metodologia da pesquisa, mas deve ser uma constante no ensino, independente do conteúdo, do curso ou do semestre do aluno. O segundo capítulo do livro, intitulado conhecimento, versa sobre os diferentes tipos de conhecimento que coexistem. É uma discussão importante para que não haja a imposição do conhecimento científico em detrimento dos demais. É um debate que pode extrapolar os limites da ciência para que discutamos as questões de ética, de limite, de respeito. Valores que felizmente, ainda não dias de hoje, são preocupações científicas. No capítulo intitulado ciência, o autor faz um levantamento histórico da construção do conhecimento científico desde a Grécia antiga à idade moderna. Essa perspectiva histórica é extremamente relevante para que o futuro pesquisador. A história da ciência, por si só, já é objeto suficiente para uma publicação. Mas, a intenção dos autores foi, certamente, fazer uma breve explanação do assunto. Cronologicamente, o autor desenrola a obra até chegar ao capítulo intitulado método. Ora o método, justo o que faz da ciência ciência, o que a distingue dos demais tipos de conhecimentos. Esse assunto sempre exige uma volta aos textos filosóficos do ensino médio. O capítulo intitulado hipóteses e variáveis é o capítulo que versa sobre as pesquisas de campo. É importante que o jovem pesquisador saiba que, antes da realização do estudo científico, tudo não passa de achismo. O pesquisador pontua um problema e a ele 231

estabelece hipóteses, ou seja, possibilidades de resposta. As hipóteses, que são elementos presentes na introdução do texto científico, são mais comuns em pesquisas de campo que em pesquisas do tipo bibliográfica. Amostragem é o nome dado ao sétimo capítulo da obra. Neste, o autor explica a distinção ente população e amostra, os tipos de amostra e nos dá conceitos básicos de estatísticas. Não é muito comum encontrarmos capítulos específicos sobre amostra em livros de metodologia da pesquisa destinados a leitores tão iniciantes. É um mérito do livro! Outro! O capítulo seguinte, trabalho acadêmico e científico, é bem prático. Afinal, aborda a distinção entre monografia, dissertação, tese, artigo científico. Apresenta os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais. Além dos já tradicionais modelos acima, o capítulo compreende ainda o artigo científico e a resenha crítica. Muitos cursos de pósgraduação (lato sensu) estão alterando a forma de entrega do TCC: de monografia para artigo cientifico. É, certamente, uma forma de divulgação do conhecimento científico mais rápida. Outra publicação em periódicos científicos muito comum é a resenha. Além de um texto mais sucinto é uma análise pormenorizada de determinada obra (no caso de resenha crítica) ou de determinado tema (no caso das resenhas temáticas). O fato do conhecimento científico estar cada vez mais disponível através das publicações (e até dos artigos no prelo) pode ser um gancho para o professor ensinar aos alunos como fazer busca de material científico na internet, através das bases eletrônicas de dados, e uma excelente oportunidade do professor discutir a questão do plágio nos trabalhos científicos e suas implicações legais. Como essa é uma problemática constante, constante também deve ser o diálogo em torno do tema. O capítulo seguinte, eventos acadêmicos e científicos, é uma inovação nos livros de metodologia da pesquisa. Afinal, para que fazer pesquisa, produzir conhecimento se não for para torna-lo público? E o oitavo capítulo destina-se a instruir o pesquisador acerca das modalidades de apresentação do trabalho cientifico: seminário, conferência. Neste capítulo vale um adendo: o autor poderia contemplar a questão dos trabalhos científicos em eventos científicos, ou seja, o pôster/banner e o formato comunicação oral/comunicação científica. A submissão de um trabalho científico num evento é uma oportunidade de aprendizado que deveria ser melhor explorada (e incentivada!). Submeter um trabalho científico num evento exige planejamento, organização textual, capacidade de objetivação, clareza. E por pior que a reprovação de um trabalho num evento científico possa parecer, esse 232

é também um aprendizado válido para a vida acadêmica. Esse capítulo também pode servir de subsídio para o professor trabalhar em sala de aula a questão da oratória. O nono capítulo, intitulado pesquisa, aborda a definição de pesquisa e os tipos de pesquisa. Além dos conceitos teóricos dos tipos de pesquisa, o capítulo aborda ainda as etapas do projeto de pesquisa. Como essa é uma obra de referência, os capítulos não necessariamente são subsequentes. Mas, para o aluno que inicia o percurso do fazer científico, acredito que as explicações em torno do projeto de pesquisa poderiam vir antes das instruções acerca da monografia. Em vários cursos de graduação, o aluno faz um projeto de pesquisa antes de produzir a monografia. Por falar em projeto de pesquisa, esse momento também é oportuno para se discutir os editais de iniciação cientifica que a IES eventualmente possua ou que a fundação de amparo à pesquisa no respectivo estado tenha disponível ou ainda os editais nacionais de fomento à pesquisa como CAPES e CNPQ. O décimo capítulo aborda a questão dos instrumentos de pesquisa. Há, como em todos os livros de metodologia, a primazia de alguns instrumentos em detrimento de outros. No livro em questão, os instrumentos de coleta de dados mencionados são o questionário, a entrevista e surpreendentemente a história de vida. O capítulo não menciona os instrumentos de análise de dados e ainda deixa de lado alguns instrumentos de coleta de dados muito comuns em pesquisas sociais: grupo focal, discurso do sujeito coletivo. É importante que o professor orientador ou da disciplina de metodologia da pesquisa instrua bem o aluno acerca dos instrumentos de coleta e de análise de dados. O capítulo seguinte trata da monografia propriamente dita, dos aspectos textuais e de formatação. É uma síntese nas normas da ABNT para a produção de resumo, tabela, sumário, indicativos de seção. É um capítulo importante, pois nem sempre as normas da ABNT estão tão disponíveis e o livro é uma síntese de fácil manuseio de tais normas. Ainda mais específico é o capítulo seguinte, trabalhos acadêmicos de graduação (TCC e TGI) onde o objetivo do autor é apresentar os conceitos e a estrutura de tais trabalhos. O penúltimo capítulo é extremamente relevante, pois trata das referências bibliográficas. È uma síntese da norma da ABNT 6023. Esse capítulo é extremamente descritivo e não há necessidade do aluno decorar tais normas. É um capítulo para consulta mesmo. O último capítulo versa sobre as citações, notas e abreviaturas. O autor explica como fazer citação longa, curta, direta e indireta. É uma síntese da norma 10. 233

520:2002. Ainda sobre citações, vale retornar à discussão sobre a questão do plágio e suas implicações legais. Quanto às explicações sobre notas, elas são sempre muito bem vindas. E ao professor cabe explicar ao aluno que a nota é uma questão de estilo de escrita ou uma norma do periódico/publicação. A produção do conhecimento científico deve ser uma prática constante na educação, desde a educação básica. Mas sabe-se que recebe mais ênfase no ensino superior, principalmente nas universidades. Não cabe aqui a discussão sobre o fazer ciência no ensino superior. Mas quando a oportunidade aparecer (de maneira voluntária ou obrigatória), o pesquisador poderá ter suas dúvidas sanadas através da consulta da obra Manual de métodos e técnicas de pesquisa científica de autoria de Izequias Estevam dos Santos. A obra escrita por Santos (2012) é muito interessante, uma vez que apresenta ao leitor os caminhos da pesquisa científica. Saber pensar faz parte, especialmente, do cotidiano da academia. Como não existe saber absoluto ou verdade inquestionável, é preciso refletir, com isenção, diante do novo. A produção de pesquisa científica propicia tal prática reflexiva. Ao final da obra, o leitor terá pleno conhecimento dos conceitos que envolvem a metodologia de aprender a fazer ciência. Recebido em julho de 2012 Aprovado em novembro de 2012 234