1 de 9 Sentença de Julgado de Paz Jurisprudência de Julgados de Paz Processo: 234/2008-JP Relator: DIONÍSIO CAMPOS Descritores: CONTRATO DE ACESSO À INTERNET - CUMPRIMENTO DEFEITUOSO - RESOLUÇÃO CONTRATUAL Data da sentença: 06-02-2009 Julgado de Paz de : COIMBRA Decisão Texto Integral: SENTENÇA 1. - Identificação das partes Demandante: A Demandada: B 2. - OBJECTO DO litigio A Demandante intentou a presente acção com base em incumprimento contratual, tendo pedido: a) a resolução do contrato, com a consequente devolução dos valores pagos desde o início do contrato, no montante de 559,75; b) o cancelamento das facturas que se encontram por liquidar; c) o reembolso dos valores pagos em excesso, no total de 48,10 (após aperfeiçoamento). Para tanto e em breve síntese, a Demandante alegou que adquiriu a uma representante da Demandada (C) uma placa de banda larga por 1,00 e contratou com a Demandada a prestação do serviço de Banda larga Plus com 3,6 Mb/s, com 6 Gb de consumo mensal, mediante o pagamento mensal fixo de 32,97, acrescidos de IVA, mais os consumos extra, por um período de 24 meses, e não foi informada da inadequabilidade da rede para suportar 3,6 Mb/s quando, à data dos factos, na zona de Coimbra apenas estava disponível 1,8 Mb/s; sempre teve velocidades de acesso ao serviço claramente inferiores às anunciadas e contratadas; reclamou por diversas vezes junto da Demandada, que não cumpriu com as suas obrigações pré-contratuais de informação e boa fé, tendo contratado um serviço que sabia de antemão não poder disponibilizar; comunicou por duas vezes à Demandada a intenção de resolver o contrato, não tendo tido resposta, e por consulta aos consumos, verificou que alguns dos registados não havia realizado, mas foram facturados e pagos por débito directo, tendo a Demandada reconhecido o erro após reclamação, erros que voltaram a ocorrer em facturas posteriores; por o serviço prestado pela Demandada não corresponder ao contratado pretende ver reconhecido o seu direito à resolução contratual, com o cancelamento das facturas não pagas e a devolução dos valores pagos do contrato incumprido. Valor da acção: 607,85 (após aperfeiçoamento). A Demandada, regularmente citada, contestou por excepção e por impugnação, deduzindo a excepção de incompetência territorial deste julgado de paz porquanto ela
2 de 9 devia ser demandada no local da sua administração principal, e contra-argumentando, em breve síntese, que para navegar a velocidades até 3,6 Mb é necessário utilizar a placa com tarifário Banda Larga Plus em zonas de cobertura 3,5G, e que as velocidades associadas a cada tarifário são sempre as máximas possíveis em condições técnicas óptimas e não as efectivas, dependendo da localização geográfica tendo em conta o espectro radioeléctrico e até as condições climatéricas, pelo que independentemente de se contratar determinada velocidade, tal não implica que a mesma seja necessariamente obtida pelo cliente em todo e qualquer momento, pelo que a Demandada não incumpriu com as suas obrigações, e as facturas que emitiu estão correctas. Tramitação A Demandante aderiu à fase de mediação, que não se realizou por recusa da Demandada. A audiência de julgamento realizou-se com observância das formalidades legais, como da respectiva acta se alcança, tendo comparecido ambas as partes, representadas pelas respectivas mandatárias. 3. FUNDAMENTAÇÃO 3.1 Os Factos 3.1.1 Os Factos Provados Consideram-se provados e relevantes para o exame e decisão da causa os seguintes factos: 1) A Demandante tem como actividade a consultoria de apoio aos negócios e à gestão de empresas, particulares e outras entidades designadamente na área de restauração e hotelaria. 2) A Demandante adquiriu na C, representante da Demandada, uma placa de banda larga, pelo valor de 1,00. 3) Em 31-05-2007, a Demandante contratou com a Demandada o fornecimento do serviço de acesso à Internet de Banda Larga Plus, com 3,6 Mb/s de velocidade e 6 Gb de consumo mensal, pelo pagamento do preço mensal fixo de 32,97 (IVA não incluído), ao que acresceria o preço de consumos extra, por um período mínimo de 24 meses. 4) O tarifário contratado para a velocidade de 3,6 Mb/s foi o proposto pela Demandada. 5) O tarifário da Demandada para a velocidade de 1,8 Mb/s é mais barato que o contratado. 6) A Demandada não informou a Demandante, nem na fase de pré-contratual nem na contratual que, à data, a rede na zona de Coimbra não suportava a velocidade de 3,6 Mb/s, mas apenas de 1,8 Mb/s, e que o tarifário para esta
3 de 9 velocidade era mais barato. 7) O acesso à Internet conseguido pela Demandante foi sempre a velocidades inferiores às anunciadas pela Demandada, nunca ultrapassando 0,5/0,6 Mb/s nos testes que aquela efectuou. 8) O serviço de acesso à Internet fornecido pela Demandada revelou-se frequentemente instável, caindo por diversas vezes. 9) Ao tempo da celebração do contrato, a Demandada sabia que estava a obrigar-se perante a Demandante à prestação de um serviço com uma velocidade que não poderia disponibilizar. 10) No desempenho normal da sua actividade e nas deslocações às instalações de clientes e de possíveis clientes, a Demandante realiza demonstrações, utilizando equipamentos informáticos com acesso à Internet. 11) Uma ligação à Internet instável e lenta durante essas demonstrações não dá uma boa imagem da Demandante aos seus actuais e potenciais clientes, nem é boa para a promoção da sua actividade. 12) Em 06-12-2007, a Demandante enviou um fax à Demandada, em que reclamou da velocidade de acesso à Internet e pediu o cancelamento do contrato. 13) A Demandada não respondeu a esse fax nem deu qualquer esclarecimento. 14) A Demandada só disponibilizou em Junho/2008 à Demandante a consulta na Internet dos consumos facturados. 15) Por consulta na Internet dos consumos, a Demandante constatou que a Demandada havia registado consumos que não tinha realizado. 16) A Demandante reclamou desses consumos à Demandada, tendo esta assegurado que tal erro não iria reflectir-se na factura seguinte. 17) Na factura n.º 185555634, de 13-07-2008, referente ao mês de Junho/2008, a Demandada facturou à Demandante 87,69, que esta pagou por débito directo, incluindo 39,78 (IVA não incluído) relativo ao erro que aquela já reconhecera. 18) A Demandante denunciou esse erro de facturação telefonicamente à Demandada, que o reconheceu, e se comprometeu a corrigir por crédito nas facturas seguintes. 19) A Demandada não creditou à Demandante esse débito indevido de 48,10 (IVA incluído). 20) Na factura n.º 186472139 de 13-08-2008, verificou-se novo erro de facturação no valor de 7,00 (IVA não incluído). 21) Perante esses erros de facturação indevida, a
4 de 9 Demandante cancelou o pagamento por débito directo. 22) A Demandante informou a Demandada que a partir dessa altura não pagaria mais nenhuma factura até que os valores cobrados em excesso fossem reembolsados. 23) A Demandante não pagou as facturas emitidas pela Demandada depois de 13-07-2008. 24) Por carta registada com A/R, recebida pela Demandada em 04-11-2008, a Demandante reiterou a sua anterior declaração de cancelamento do contrato. 25) A Demandada não respondeu a essa carta da Demandante. 26) A velocidade de acesso de 3.6 Mb/s e a estabilidade da ligação, propostas pela Demandada a um tarifário superior a outros, foram determinantes na vontade de contratar da Demandante. 27) O serviço prestado pela Demandada à Demandante não correspondeu às condições contratuais quanto a velocidade e estabilidade de acesso e ligação à Internet. 3.1.3 Motivação A convicção do tribunal formou-se com base nos autos, nos documentos apresentados, nas declarações das partes e nos depoimentos das testemunhas apresentadas pela Demandante: 1.ª) D, residente em Coimbra; 2.ª) E, residente em Tocha. As testemunhas prestaram os seus depoimentos de forma clara, franca e isenta relativamente aos factos de que tinham conhecimento directo, pelo que mereceram inteira credibilidade. 3.2 O Direito Na presente acção vem a Demandante pedir a resolução do contrato que celebrou com a Demandada, com a consequente devolução dos valores pagos desde o início do contrato, no montante de 559,75, o cancelamento das facturas que se encontram por liquidar e o reembolso dos valores pagos em excesso, no total de 48,10 (após aperfeiçoamento). Da excepção de incompetência territorial: Em contestação veio a Demandada excepcionar a incompetência territorial do Julgado de Paz de Coimbra porquanto, sendo a Demandada uma pessoa colectiva, a acção deveria ser interposta no tribunal da sede da sua administração principal. Porém, da apreciação do pedido e da causa de pedir, por onde se determina a competência do tribunal, verifica-se que a presente acção se funda em incumprimento contratual (desconformidade entre o serviço contratado e o disponibilizado pela Demandada), pelo que a competência territorial deve ser aferida pelo disposto no art. 12.º, n.º 1 da LJP (Lei n.º 78/2001, de 13-07) que estabelece como
5 de 9 competente, o julgado de paz do lugar em que a obrigação deveria ser cumprida ou o julgado de paz do domicílio do Demandado, à escolha do credor. Quanto ao lugar do cumprimento da obrigação em que a Demandante funda a sua pretensão, ele é o do domicílio da Demandante, local onde o serviço deve ser efectivamente disponibilizado, e devidamente cumprida a prestação contratual da Demandada que ele consubstancia, pelo que não pode proceder a deduzida excepção. Da matéria de facto dada como provada resulta que, a Demandante contratou com a Demandada a prestação do serviço de acesso à rede Internet de Banda Larga Plus com a velocidade de 3,6 Mb/s e 6 Gb de consumo mensal, pelo preço mensal de 32,97 (IVA não incluído), mais eventuais consumos extra, por um período mínimo de 24 meses. Estamos aqui perante um contrato de acesso à rede Internet, que é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a proporcionar à outra, mediante retribuição, o acesso e uso temporário de períodos de tempo e/ou espaço, em comum e em simultâneo a essa rede com uma multidão de outros utentes (cfr. art. 3.º da Lei n.º 5/2004, de 10-02 Lei das Comunicações Electrónicas). Trata-se de um contrato de adesão quanto à sua formação, e engloba-se nos contratos em massa. Tal contrato de acesso à rede Internet enquadra-se na prestação do serviço público de comunicações electrónicas sendo a Demandada operador licenciado e a Demandante utente (cfr. art. 1.º da Lei n.º 23/96, de 26-07, na redacção da Lei n.º 12/2008, de 26-02, e art. 3.º da Lei 5/2004). Constitui direito dos utilizadores de redes e serviços acessíveis ao público, designadamente, dispor, em tempo útil e previamente à celebração do contrato, de informação escrita sobre as condições de acesso e utilização do serviço (art. 39.º, n.º 1, al. a) da Lei 5/2004). Por sua vez, as empresas que oferecem esses serviços de comunicações electrónicas estão obrigadas a publicar e disponibilizar aos utilizadores finais informações comparáveis, claras, completas e actualizadas sobre a qualidade de serviço que praticam (art. 40.º, n.º 1 da Lei 5/2004). Como princípio geral, o prestador de serviços de comunicações electrónicas deve proceder de boa fé e em conformidade com os ditames que decorram da natureza pública do serviço, tendo igualmente em conta a importância dos interesses dos utentes que se pretende proteger (art. 3.º da Lei 23/96). Por um lado, o prestador do serviço deve informar, de
6 de 9 forma clara e conveniente, a outra parte das condições em que o serviço é fornecido e a prestar-lhe todos os esclarecimentos que se justifiquem, de acordo com as circunstâncias, designadamente sobre as tarifas aplicáveis pelos serviços prestados, visando o legislador, a este respeito, em especial os prestadores de serviços de comunicações electrónicas (art. 4.º da Lei 23/96). Por outro lado, a prestação do serviço deve obedecer a elevados padrões de qualidade, neles devendo incluir-se o grau de satisfação dos utentes, especialmente quando a fixação do preço varie em função desses padrões, como no caso (art. 7.º da Lei 23/96). Por outro lado ainda, sempre que, em virtude do método de facturação utilizado, seja cobrado ao utente um valor que exceda o correspondente ao consumo efectuado, o valor em excesso é abatido da factura em que tenha sido efectuado o acerto (art. 12.º da Lei n.º 23/96), o que no caso a Demandada não fez. Provou-se que, embora a Demandada oferecesse ao público pelo menos um tarifário mais barato correspondente à velocidade inferior disponível de 1,8 Mb/s, propôs à Demandante, que aceitou, um outro mais caro, correspondente à velocidade de 3,6 Mb/s e estabilidade associada, tendo estes pressupostos de velocidade e estabilidade sido determinantes para a vontade de contratar da Demandante, ou seja, constituíram cláusula essencial do contrato. Provou-se também que a Demandada, tanto nos preliminares como quando celebrou o contrato, sabia de antemão mas não informou a Demandante, que estava a obrigar-se a uma prestação que não poderia cumprir, ou seja, com um conteúdo de velocidade de acesso/ligação que não poderia disponibilizar porquanto a rede da Demandada na zona de Coimbra não disponibilizava, à data, a velocidade de 3,6 Mb/s contratada e tarifada, mas apenas a máxima de 1,8 Mb/s. Provou-se ainda que as velocidades efectivas de acesso disponibilizadas pela Demandada à Demandante foram sempre claramente inferiores às anunciadas e contratadas, nunca tendo ultrapassado 0,5 a 0,6 Mb/s nos testes efectuados por esta, ou seja, cerca de 6 vezes inferiores ao contratado e tarifado. O tarifário contratado tem por base o princípio de uma exclusiva componente mensal fixa (taxa periódica de acesso e uso), insensível a variações de quantidade do uso efectivo até determinado limite mensal fixado, eventualmente acrescida de uma componente variável por consumos que excedessem aquele limite.
7 de 9 Um dos principais mecanismos para defesa dos utentes é a presunção de culpa do prestador do serviço/operador, sobre ele impende o ónus de provar todos os factos relativos ao cumprimento das suas obrigações e o desenvolvimento das diligências da prestação do serviço (art. 11.º, n.º 1 da Lei 23/96). Ora, a Demandada não logrou provar, como lhe competia, os factos relativos ao cumprimento das suas obrigações para com a Demandante: quer quanto à prestação de informações relativas às diferentes tarifas que pratica de acordo com a velocidade de comunicações que efectivamente estava em condições de lhe disponibilizar, quer quanto à qualidade da sua prestação contratual consubstanciada no fornecimento do serviço à velocidade e estabilidade contratadas, quer quanto à correcção dos valores que reconheceu como indevidamente cobrados por erros de facturação. Resulta daqui que a Demandada não cumpriu com as suas obrigações pré-contratuais, de informação e boa fé, e contratuais, por não cumprir a sua prestação nos termos em que livremente se obrigou, violando assim os arts. 3.º, 4.º, 7.º e 12.º da Lei 23/96. A Demandante utente tentou, por diversas vezes, solucionar o problema reclamando junto da Demandada, nunca tendo obtido resposta satisfatória, pelo que optou por resolver ( cancelar ) o contrato. A não disponibilização por parte da operadora Demandada do acesso à velocidade contratada, constitui cumprimento defeituoso da prestação que, por sua livre vontade, contratualmente assumiu para com a Demandante, e a deficiente cobertura geográfica da rede móvel, onde corre o serviço Internet de Banda Larga, estrutura técnica da responsabilidade da Demandada (e mesmo que o não fosse), não constitui fundamento para diminuir ou ilidir a culpa contratual desta. No caso, verificando-se um claro cumprimento defeituoso da obrigação a que a Demandada estava adstrita, por efeito do vínculo contratual, assiste à Demandante a legitimidade para resolver o contrato. Com efeito, o contrato de prestação do serviço de acesso é também regulado pelo art. 1154.º do CC, a ele aplicandose as regras gerais relativas ao cumprimento contratual, designadamente as do art. 798.º e ss. do CC. Ao cumprir imperfeitamente a sua obrigação contratual não proporcionando um acesso à rede Internet com a velocidade adequada às necessidades da utente Demandante conforme livremente contratou, tornou-se a Demandada responsável pelo prejuízo que causa àquela
8 de 9 (art. 798.º do CC) e, em contrapartida, adquire a Demandante o direito de resolver unilateralmente o contrato celebrado e exigir a restituição por inteiro da prestação que já tiver realizado (arts. 801.º, 802.º e 432, n.º 1 do CC). A resolução tem efeito retroactivo imediato o que, em regra, implica a restituição de tudo o que foi prestado no âmbito contratual, mesmo nos contratos de execução continuada, quando entre as prestações já efectuadas e a causa de resolução existir um vínculo que legitime a resolução de todas elas (art. 434.º do CC), o que no caso se verifica. A resolução do contrato pode fazer-se mediante declaração à outra parte da intenção de a efectivar (art. 436.º, n.º 1 do CC), e opera no momento da perfeição da declaração negocial, com a sua recepção pelo declaratário, mesmo que posteriormente haja necessidade de obter declaração judicial de que o acto foi legalmente resolvido. Essa declaração judicial da eficácia da resolução anteriormente declarada sem prazo fixado tem também interesse para marcar o momento da resolução e para evitar que o declarante fique indefinidamente na dúvida quanto à extinção da relação contratual, especialmente quando um dos contraentes pretende negar ao outro o direito de resolver o contrato. Provou-se que, por fax de 06-12-2007, a Demandante declarou à Demandada a sua intenção de resolver ( cancelar ) o contrato o que, face ao incumprimento contratual por parte da Demandada bastava para produzir efeitos imediatos (mesmo tendo em conta o invocado período de fidelização), não fora esta pretender negar esse direito à Demandante, tendo continuado a facturar-lhe a mensalidade contratual, como se o serviço prestado tivesse sido perfeitamente fornecido conforme o contrato. Daí também que, na sequência de erros de facturação, a Demandante tivesse cancelado a ordem de pagamento por débito directo e deixasse de pagar as facturas emitidas a partir de Julho /2008, e tivesse enviado à Demandada a carta recebida por esta em 04-11-2008 em que reiterou a sua intenção de resolver o contrato, e à qual esta nunca respondeu. Provou-se, por outro lado, que a factura n.º 185555634, de 13-07-2008 continha um erro de facturação em excesso no valor de 48,10 ( 39,78 + IVA a 21%), que a Demandante indevidamente pagou, e que a Demandada reconheceu e prometeu corrigir, mas que na realidade não fez, tal como em audiência de julgamento reconheceu, e da qual se confessou devedora. Nos termos expostos, a Demandante tem direito a ver
9 de 9 declarado resolvido o contrato de acesso à Internet que as partes celebraram, com efeitos reportados a esta data por violação, desde início e permanente, de cláusula contratual essencial por parte da Demandada. E a resolução deve abranger a restituição, que seja possível, do já prestado, porquanto se trata de um contrato de execução continuada em que entre as prestações já prestadas e a causa da resolução existe um vínculo que legitima a resolução de todas elas (art. 434.º, n.º 2 do CC). Em consequência, tem a Demandante direito a receber da Demandada a quantia de 559,75 a título de restituição das prestações mensais que lhe pagou, por desconformidade do serviço com o contratado, conforme se expôs. Para além disso, tem a Demandante também direito a receber da Demandada mais a quantia de 48,10 (IVA incluído) que indevidamente lhe pagou por erro constante da factura n.º 185555634, de 13-07-2008, erro que nunca lhe foi creditado. 4. Decisão Face ao que antecede, e de acordo com as disposições legais aplicáveis, julgo a presente acção procedente por provada e, em consequência: a) declaro resolvido o contrato de acesso à Internet celebrado entre as partes, com efeitos reportados à data da sua celebração, por incumprimento de cláusula essencial do contrato por parte da Demandada, com devolução por esta à Demandante da quantia de 559,75, correspondente às mensalidades por esta pagas, acrescida da quantia de 48,10, referente ao erro de facturação incluído na factura n.º 185555634 de 13-07-2008, e indevidamente paga pela Demandante. Custas: a cargo da Demandada, que declaro parte vencida (n.os 8 e 10 da Port. n.º 1456 /2001, de 28-12; o n.º 10 alterado pela Port. n.º 209/2005, de 24-02). O pagamento das custas já se encontra satisfeito. Quanto à Demandante, cumpra o disposto no n.º 9 da Port. 1456/2001. As partes não compareceram para a leitura da sentença, pelo que serão notificadas por correio. Registe e notifique. Coimbra, 6 de Fevereiro de 2009. O Juiz de Paz, (Dionísio Campos) Revisto pelo signatário. Verso em branco.