MEDIÇÃO DE TEMPERATURA DE USINAGEM EM AÇOS DE CORTE FÁCIL ATRAVÉS DO MÉTODO DO TERMOPAR FERRAMENTA-PEÇA

Documentos relacionados
PROJETO E CONSTRUÇÃO DE CALORÍMETRO PARA MEDIÇÃO DE TEMPERATURA E CALOR EM USINAGEM

PROGRAMA DE DISCIPLINA

DETERMINAÇÃO DA USINABILIDADE DO FERRO FUNDIDO NODULAR PRODUZIDO NA FUNDIÇÃO DA A ELETROTÉCNICA LTDA

ESTUDO DO DESGASTE EM FERRAMENTA DE METAL DURO NO TORNEAMENTO DOS AÇOS ABNT 1045, 4140 E 4340.

Análise da Temperatura de Usinagem no Corte Ortogonal de Alumínio

PROGRAMA DE DISCIPLINA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

DIAGNÓSTICO DO PROCESSO DE TORNEAMENTO DO AÇO INOXIDÁVEL ABNT 304 ATRAVÉS DO ESTUDO DA FORMAÇÃO DO CAVACO

INFLUÊNCIA DA DIREÇÃO DE APLICAÇÃO DO FLUIDO DE CORTE NA TEMPERATURA DA INTERFACE CAVACO-FERRAMENTA

Processos Mecânicos de Fabricação. Conceitos introdutórios sobre usinagem dos metais

Medição de Temperatura

Temperatura de corte. Na usinagem, de 97 a 99% da energia consumida é convertida em calor.

Método para ensaios de avaliação de usinabilidade de materiais metálicos utilizando torno CNC e torno convencional (mecânico)

ADAPTAÇÃO DE ARMA DE FOGO A UM DISPOSITIVO DE QUICK-STOP Marcio Aurélio Silva, Mauro Paipa, Álisson Rocha Machado, Marcio Bacci Da Silva

Torneamento de aço endurecido com superfícies interrompidas usando ferramentas de CBN

Instrumentação Eletroeletrônica. Prof. Afrânio Ornelas Ruas Vilela

Ementa: Graduação em Engenharia Mecânica. Curso sobre Tecnologia da Usinagem

Edleusom Saraiva da Silva José Hilton Ferreira da Silva

Desgaste e vida da ferramenta de corte

EFEITO SEEBECK: UMA PRÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE AVANÇO NO DESGASTE DA ARESTA DE UMA FERRAMENTA DE CORTE

CONTEÚDOS PROGRAMADOS. (Comando Numérico EEK 561)

Eletromecânica Medição de temperatura. Professora: Adriellen Lima de Sousa /02

SISTEMA FERRAMENTA NA MÃO

Processos Mecânicos de Fabricação. Profª Dra. Danielle Bond. Processos Mecânicos de Fabricação. Processos Mecânicos de Fabricação

DETERMINAÇÃO DA EQUAÇÃO DE TAYLOR EXPANDIDA ATRAVÉS DAS TÉCNICAS DE ANÁLISE DIMENSIONAL E DE OTIMIZAÇÃO DE ENSAIOS

ESTUDO DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA DE CORTE NO FRESAMENTO FRONTAL

SEM-0534 Processos de Fabricação Mecânica. Aula 2. Professor Alessandro Roger Rodrigues

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES DE USINAGEM POR TORNEAMENTO NA RUGOSIDADE DA PEÇA

Prof. Danielle Bond. Processos Mecânicos de Fabricação. Profª Dra. Danielle Bond. Processos Mecânicos de Fabricação. Processos Mecânicos de Fabricação

Capitulo 3 O Aparato Experimental

APLICAÇÃO DE DOIS FLUIDOS DE CORTE SOLÚVEIS NO PROCESSO DE FURAÇÃO EM FERRO FUNDIDO CINZENTO

Medição de temperatura

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

Concurso Público para Cargos Técnico-Administrativos em Educação UNIFEI 30/08/2009

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DE USINAGEM NO ACABAMENTO SUPERFICIAL E NA TOLERÂNCIA GEOMÉTRICA DE PEÇAS TORNEADAS

Transdução de Grandezas Biomédicas

Instrumentos Aeronauticos. Parte II

Propriedades dos Materiais Fluência INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA PROGRAMA DE CIÊNCIA DOS MATERIAIS FLUÊNCIA

ESTUDO EXPERIMENTAL DAS CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE USINAGEM NO TORNEAMENTO CILÍNDRICO EXTERNO

Soldagem por Resistência II. Rodrigo A. L Satyro

Temperatura. Termometria INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE. Escalas termométricas. Conceitos importantes. Relação entre as escalas 2/6/2011

Processos Mecânicos de Fabricação. Profª Dra. Danielle Bond. Processos Mecânicos de Fabricação. Processos Mecânicos de Fabricação

CONDUÇÃO DE CALOR UNIDIMENSIONAL EXERCÍCIOS EM SALA

Arduino Lab 14 Controle de temperatura com placas Peltier Parte 1

SOLDA POR FRICÇÃO EM AÇO CARBONO

15º POSMEC - Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Mecânica

Prova do Processo Seletivo do PPGEM - 17 de junho de Código do candidato. Instruções

Figura C. 47 Força registrada para o sétimo teste do segundo ensaio da placa de depósito brasado de granulometria grossa com 150 RPM

ENERGIA MECÂNICA COM ÊNFASE EM PROCESSOS DE USINAGEM TORNEAMENTO

TM362 - Sistemas de Medição 2. Prof. Alessandro Marques.

Legislação: AUTORIZADO PELA PORTARIA Nº 788 DE 13 DE SETEMBRO DE 2007, PUBLICADA NO DOU DE 14 DE SETEMBRO OBRIGATÓRIA OBRIGATÓRIA OBRIGATÓRIA

INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL. Prof. Eduardo Calsan. Polímeros/Engenharias

EFEITO DO DESGASTE DA FERRAMENTA NA MORFOLOGIA DO CAVACO NO TORNEAMENTO DE AÇO INOXIDÁVEL ABNT 304

II ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

AVALIAÇÃO DA REFRIGERAÇÃO CRIOGÊNICA NA USINAGEM CNC DO AÇO INOXIDÁVEL MARTENSÍTICO AISI 440C

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

COMPONENTES DA FORÇA DE USINAGEM NO TORNEAMENTO DE LIGAS NÃO FERROSAS E AÇOS ABNT 1020 e 1045.

SEM-0534 Processos de Fabricação Mecânica. Aula 6. Professor Alessandro Roger Rodrigues

Curso: Tecnologia em Processos Metalúrgicos Turma: TPM2013/02_3ºSEM Professor(a): Bruno Santana Sória PLANO DE ENSINO

Transdução de Grandezas Biomédicas

APRIMORAMENTO DE UM ALGORITMO COMPUTACIONAL PARA A ANÁLISE TÉRMICA DO PROCESSO DE USINAGEM DE AÇO LIVRECORTE COM FERRAMENTA DE AÇO-RÁPIDO

DISCIPLINA: Sistemas e Processos Mecânicos e Metalúrgicos Vigência: a partir de 2018/1 Período letivo: 2º semestre

Análise das regiões de uma junta soldada com e sem adição de calor através do Pré e Pós aquecimento.

SEM 0534 Processos de Fabricação Mecânica. Professor: Renato Goulart Jasinevicius

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENERGIA E FENÔMENOS DE TRANSPORTE

Soldagem por fricção. Daniel Augusto Cabral -

4 Bancada Experimental e Aquisição de Dados

Disciplina: Instrumentação e Controle de Sistemas Mecânicos. Mensuração da Temperatura Parte 3

Experimento Prático N o 4

IVANILSON SOUSA DA COSTA USINABILIDADE DO AÇO DE CORTE FÁCIL BAIXO CARBONO AO CHUMBO ABNT 12L14

MEDIÇÃO DE DEFORMAÇÃO UTILIZANDO-SE EXTENSÔMETROS ELÉTRICOS SOLDADOS ATÉ A TEMPERATURA DE 422ºC

OPERAÇÕES MECÂNICAS I

FORÇAS E POTÊNCIAS NA USINAGEM

TRANSDUTORES E AQUISIÇÃO DE DADOS

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

2 Eletrodinâmica. Corrente Elétrica. Lei de Ohm. Resistores Associação de Resistores Geradores Receptores. 4 Instrumento de Medidas Elétricas

Medição da temperatura da pastilha de freio

E03 - CAMPO ELÉTRICO E MAPEAMENTO DE EQUIPOTENCIAIS. Figura 1: Materiais necessários para a realização desta experiência.

EXP 05 Motores Trifásicos de Indução - MTI

Soldagem por Alta Frequência. Maire Portella Garcia -

SOLDAGEM. Engenharia Mecânica Prof. Luis Fernando Maffeis Martins

Exp 4 - Máquina térmica de efeito Seebeck

DAS termometria. Mantendo o processo da sua empresa sob controle. Tel.:

Usinagem I Parte 3 Aula 23 Condições Econômicas de Corte. Prof. Anna Carla - MECÂNICA - UFRJ

Aula Medição de Temperatura

Termopares. Princípios - I. Óptica. Tomografia Medir Temperatura Eléctrica. Laser Termopares

CALIBRAÇÃO DE UM SISTEMA TERMOPAR FERRAMENTA-PEÇA PARA MEDIÇÃO DE TEMPERATURA DE USINAGEM

H3 - Sistemas com Maçaneta Embutida

Curvas de resfriamento contínuo com diferentes taxas de resfriamento: Ensaio Jominy. Resultados: - Microestruturas diferentes; - Durezas diferentes.

A NOVA GERAÇÃO MINIMASTER

DESEMPENHO DE FRESAS DE METAL DURO REAFIADAS NO FRESAMENTO DE TOPO DE UM AÇO P20 PARA MOLDES E MATRIZES

INSTITUTO DE FÍSICA UNIVERSIDADE

Geraldo Alves Colaco (UFPB ) Ithyara Dheylle Machado de Medeiros (UFPB )

PRÁTICA DE OFICINA - USINAGEM

ANÁLISE DO TORNEAMENTO DO AÇO INOXIDÁVEL ABNT 304 ATRAVÉS DA TEMPERATURA DO CAVACO

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

EXERCÍCIOS FÍSICA 10. e problemas Exames Testes intermédios Professor Luís Gonçalves

INFLUÊNCIA DO TEOR DE CARBONO NA USINABILIDADE DO AÇO DE CORTE-FÁCIL ABNT 12L14

Transcrição:

POSMEC 215 Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Faculdade de Engenharia Mecânica Universidade Federal de Uberlândia 18 e 19 de Novembro de 215, Uberlândia - MG MEDIÇÃO DE TEMPERATURA DE USINAGEM EM AÇOS DE CORTE FÁCIL ATRAVÉS DO MÉTODO DO TERMOPAR FERRAMENTA-PEÇA Ivanilson Sousa da Costa, LEPU - UFU, ivanilsonsousacosta@hotmail.com Márcio Bacci da Silva, LEPU - UFU, mbacci@mecanica.ufu.br Resumo. A temperatura de corte é um importante parâmetro na usinagem de metais, podendo ser um critério para avaliação de usinabilidade de metais. O objetivo deste trabalho foi medir a temperatura de corte dos aços de corte fácil ressulfurado ABNT 1214 e ao chumbo ABNT 12L14 através do método termopar ferramenta-peça. A metodologia utilizada nos ensaios e na calibração do método foi detalhada. Os resultados de temperatura obtidos através do método termopar ferramenta-peça mostraram que o aço de corte fácil ABNT 1214 apresenta temperaturas de usinagem mais altas que o aço de corte fácil ABNT 12L14 em toda faixa de avaliação. Palavras chave: temperatura, aços de corte fácil, termopar ferramenta-peça 1. INTRODUÇÃO Em usinagem praticamente toda a energia mecânica associada à formação do cavaco se transforma em energia térmica (calor). Grande parte deste calor gerado é dissipada pelo cavaco, uma pequena percentagem é dissipada pela peça e outra pelo ambiente. O restante vai para a ferramenta de corte, que muito contribuem para o desgaste da ferramenta (Diniz; Marcondes; Coppini, 8; Machado et al., 211). O monitoramento destas temperaturas é imprescindível para o bom desenvolvimento da usinagem de metais. Inclusive, a temperatura de usinagem pode ser um parâmetro para avaliação da usinabilidade de metais. O objetivo deste trabalho foi medir a temperatura de corte dos aços de corte fácil ressulfurado ABNT 1214 e ao chumbo ABNT 1214 através do método termopar ferramenta-peça. Além disso, apresentar a metodologia para medição de temperatura de usinagem utilizada no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Usinagem (LEPU) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2. MÉTODO DO TERMOPAR FERRAMENTA-PEÇA O método do termopar ferramenta-peça mede a temperatura da interface cavaco-ferramenta por meio do fenômeno físico denominado efeito Seebeck. A experiência mostra que um circuito constituído por dois materiais diferentes é percorrido por uma corrente elétrica i desde que os contatos ou junções destes materiais estejam a temperaturas diferentes. Um circuito deste tipo, denominado par termoelétrico ou termopar, é uma fonte de força eletromotriz. O valor desta força eletromotriz gerada depende somente da natureza dos condutores e da diferença de temperatura entre os dois contatos (Borchardt; Gomes, 1979). Utilizando o princípio do efeito Seebeck, a temperatura de usinagem pode ser medida. O material da peça e o material da ferramenta constituem um termopar. Isto ocorre porque, durante a usinagem, a zona de aderência entre a ferramenta e o cavaco garante a formação de uma junção (junta quente). Uma conexão elétrica para uma parte de menor temperatura da ferramenta forma a junção fria (junta fria). A Figura (1) mostra um esquema geral do método do termopar ferramenta-peça. O ponto Q, de contato da peça com a ferramenta, representa a junta quente. Os pontos F1, F2, F3 e F4 representam as juntas frias. A cuba é preenchida com mercúrio até que seja estabelecido o contato elétrico do disco de contato com o elemento E, garantindo desta forma o fechamento do circuito. Os fios A1 e A2 fazem a conexão do sistema com o milivoltímetro V que indica o valor da força eletromotriz gerada (Machado et al., 211). A relação entre a força eletromotriz gerada pelo termopar ferramenta-peça e a temperatura da junta é obtida através da calibração do sistema. Esta calibração é realizada para cada par de materiais e em faixas de temperaturas a que estes materiais estarão submetidos na usinagem. Um sistema de aquisição de dados é utilizado para medição da força eletromotriz e da temperatura gerada na junta quente, para posteriormente obter a curva de calibração. A calibração do sistema termopar ferramenta-peça também pode ser realizada através de um aquecimento produzido por chama de maçarico a gás oxi-acetileno (Kaminise, 212). O princípio é semelhante à calibração utilizando banho de sal aquecido por resistência elétrica (Ferraresi, 197), entretanto, a calibração com maçarico a gás oxi-acetileno pode ser realizada na própria máquina-ferramenta, com os mesmos elementos usados em um ensaio de usinagem: ferramenta de corte, porta-ferramenta, corpo de prova e o elemento de aquecimento (pino metálico do material da peça ou cavaco).

Ivanilson Sousa da Costa, Márcio Bacci da Silva Medição de Temperatura de Usinagem em Aços de Corte Fácil Através do Método do Termopar Ferramenta-Peça Figura 1. Esquema geral do método do termopar ferramenta-peça (adaptado de Machado; Da Silva, 4, p.14) A contra ponta utilizada por Kaminise (212) foi modificada especialmente para conferir isolação elétrica do corpo da máquina-ferramenta e permitir a continuidade do circuito elétrico, sem comprometer a sustentação do corpo de prova na usinagem. A continuidade elétrica do circuito foi obtida através do alojamento de uma cápsula de Teflon com armazenamento de mercúrio no interior do cone morse da contra ponta. A Figura (2) apresenta os elementos da contra ponta rotativa modificada. Fio de cobre Ponta rotativa passante (aço ABNT 15) Vedação roscada da cápsula de mercúrio Haste de aço ABNT 15 Tinta eletrostática epóxi para isolação elétrica da ponta Cápsula de Teflon para retenção do mercúrio Figura 2. Conta ponta rotativa modificada para o método termopar ferramenta-peça (adaptado de Kaminise, 212) A ponta rotativa e a haste metálica da Fig. (2) fazem contato com o mercúrio retido na cápsula de Teflon, uma vez que ambos foram confeccionados com aço SAE 15, a junta formada é de mesmo material. Desta forma, não há força eletromotriz adicional no sistema termopar ferramenta-peça proveniente desta junta. O cone morse foi isolado eletricamente através de pintura eletrostática à base de resina epóxi. O fio de cobre soldado à haste metálica da conta ponta fecha o circuito elétrico (Kaminise, 212). 3. METODOLOGIA Os ensaios de temperatura de usinagem foram realizados em torno eletrônico universal Diplomat modelo Revolution RV-22 de rotação máxima de 2 rpm e potência de 8 kw. O equipamento para medição de temperatura em usinagem consiste de uma unidade de aquisição, comutação e registro de dados Agilent Technologies modelo 3497A comandado por computador através do programa Agilent BenchLink Data Logger. Este sistema é utilizado para adquirir os sinais dos termopares e da força eletromotriz gerada pelo termopar ferramenta-peça, tanto na calibração do método quanto na execução dos experimentos de usinagem. Nas pesquisas mais recentes do LEPU, tem-se optado pela calibração do termopar ferramenta-peça através do aquecimento gerado por chama de maçarico a gás oxi-acetileno, de acordo com Kaminise (212), em detrimento à calibração utilizando banho de sal aquecido por resistência elétrica (Ferraresi, 197). Assim, a montagem experimental utilizada na calibração do termopar ferramenta-peça é apresentada na Fig. (3).

Ø 1 mm POSMEC 215 Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica Isolação elétrica da barra com fita isolante Contra ponta rotativa modificada Maçarico Pino do material da peça Isolação elétrica em volta da ferramenta de corte Termopares Fio de cobre soldado na ferramenta de corte Figura 3. Montagem experimental da calibração do sistema termopar ferramenta-peça através do aquecimento gerado por chama de maçarico a gás oxi-acetileno Um pino metálico do material da peça foi utilizado como elemento de aquecimento, ver Fig. (4). Isso ocorre caso o material da peça não produza cavacos contínuos. A função deste elemento de aquecimento é receber diretamente o calor (chama do maçarico) e conduzi-lo até a junta formada pelo contato entre pino metálico e ferramenta. 5 mm 4 mm Figura 4. Geometria de pino metálico (elemento de aquecimento) utilizado na calibração do termopar ferramenta-peça Durante a calibração, o aumento de temperatura induzido na junta pino metálico-ferramenta através da chama do maçarico é medido através de termopares do tipo K. Estes termopares são soldados sobre a cunha cortante da ferramenta, na superfície principal de folga e na superfície de saída, visando obter os valores de temperatura gerados na ponta da ferramenta. Também é soldado um termopar na face oposta à cunha da ferramenta, para controle da temperatura desta região, ver Fig. (3). Os termopares são fixados através de soldagem por descarga capacitiva. A força eletromotriz originada pela variação de temperatura imposta pela calibração é medida através do sistema de aquisição de sinais utilizando um fio de cobre (bitola de 2 mm) soldado por descarga capacitiva na face oposta à cunha cortante, ver Fig. (3). De posse dos valores de temperatura da junta pino metálico-ferramenta e da força eletromotriz gerada, essas variáveis são correlacionadas, obtendo-se a curva de calibração do termopar ferramenta-peça. A isolação elétrica é realizada utilizando folhas de lixa e fita isolante, entre a peça e a placa do torno. Da mesma forma, a ferramenta de corte é isolada do carro porta-ferramenta. A eficiência da isolação é examinada por meio de testes de continuidade elétrica utilizando multímetro digital. Todos os ensaios de usinagem foram realizados sem a presença de fluido de corte.

Temperatura ( C) Temperatura ( C) Ivanilson Sousa da Costa, Márcio Bacci da Silva Medição de Temperatura de Usinagem em Aços de Corte Fácil Através do Método do Termopar Ferramenta-Peça 4. RESULTADOS 4.1. Calibração do método termopar ferramenta-peça As curvas de calibração apresentadas na Fig. (5) e Fig. (6) representam os resultados obtidos na calibração de aço de corte fácil ABNT 1214 (material I) e aço de corte fácil ABNT 12L14 (material II) utilizando a metodologia apresentada. Esta calibração é realizada com a mesma ferramenta de corte utilizada nos ensaios de medição de temperatura. 8 4 Calibração (Material I) y = 39,946x + 16,324 R² =,9136 4 5 6 7 8 9 1 11 12 13 14 15 16 17 18 Diferença de potencial elétrico (mv) Figura 5. Curva de calibração para material I para f =,15 mm/volta e a p = 2, mm 8 Calibração (Material II) y = 32,819x + 33,897 R² =,932 4 4 5 6 7 8 9 1 11 12 13 14 15 16 17 18 Diferença de potencial elétrico (mv) Figura 6. Curva de calibração do material II para f =,15 mm/volta e a p = 2, mm Através de regressão linear são obtidas as seguintes equações das curvas de calibração: T 39,946x 16,324 (material I) (1) T 32,819x 33,897 (material II) (2) A variável x representa a diferença de potencial elétrico (mv) e a variável T representa a temperatura média da interface cavaco-ferramenta ( C). 4.2. Temperatura de usinagem A Figura (7) apresenta os valores de temperatura de usinagem em função da velocidade de corte obtidos pelo método do termopar ferramenta-peça para o material I e material II, levando em consideração as respectivas curvas de calibração apresentadas na seção 4.1.

Temperatura ( C) POSMEC 215 Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica 8 4 Temperatura de usinagem Material_I Material_II 2 4 6 8 12 14 16 18 Velocidade de corte (m/min) Figura 7. Temperatura de usinagem obtida pelo método do termopar ferramenta-peça para o material I e material II. Condições de corte: f =,15 mm/volta e a p = 2, mm O material I apresentou maiores temperaturas médias na interface cavaco-ferramenta em toda faixa de velocidade de corte. Desconsiderando os erros do sistema, a temperatura máxima alcançada pelo material I foi ligeiramente superior a C, enquanto que para o material II a temperatura de usinagem máxima foi de C, ambos à velocidade de corte de m/min. 5. CONCLUSÕES Através dos ensaios de medição de temperatura de usinagem realizados conclui-se que o material I (aço de corte fácil ressulfurado ABNT 1214) apresentou maiores temperaturas de usinagem que o material II (aço de corte fácil ao chumbo ABNT 12L14) em toda faixa de velocidade de corte ensaiada. O método do termopar ferramenta-peça foi detalhado e pode ser utilizado para avaliação da temperatura em processos de usinagem com bom desempenho. 6. REFERÊNCIAS Borchardt, I. G., Gomes, A. F., 1979, Termometria Termoelétrica Termopares, Ed. Sagra S/A, Porto Alegre. Diniz, A. E., Marcondes, F. C., Coppini, N. L., 8, Tecnologia da Usinagem de Materiais, São Paulo, Artliber, 6ª ed., 262 p. Ferraresi, D., 197, Fundamentos da Usinagem dos Metais, Editora Edgard Blücher Ltda, São Paulo, 751 p. Machado, Á. R., Abrão, A. M., Coelho, R. T., Da Silva, M. B., 211, Teoria da Usinagem dos Materiais, São Paulo: Blucher, 2ª ed., 397 p. Machado, Á. R., Da Silva, M. B., 4, Usinagem dos Metais, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Usinagem, Universidade Federal de Uberlândia, Versão 8, Abril de 4, 257 p. Kaminise, A. K., 212, Estudo da Influência do Material do Porta-ferramenta sobre as Temperaturas de Usinagem no Torneamento, 15 f., Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 7. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq, CAPES e FAPEMIG pelo apoio financeiro às pesquisas do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Usinagem (LEPU/UFU). 8. ABSTRACT The cutting temperature is an important parameter in the metal cutting, which can be a criterion for evaluation of machinability of metals. The objective of this study was to measure the cutting temperature of free-machining steels AISI 12L14 and AISI 1214 through the tool/work thermocouple method. The methodology used in the testing and in the calibration method is detailed. The experimental results cutting temperature by the tool/work thermocouple method showed that the free-machining steel AISI 1214 show higher cutting temperatures that free-machining steel AISI 12L14 in all evaluation range. 9. RESPONSABILIDADE PELAS INFORMAÇÕES Os autores são os únicos responsáveis pelas informações incluídas neste trabalho.