8/11/2015 Projeto intrain Portugueses desenvolvem interior de comboio suburbano O projeto intrain, desenvolvido por um consórcio de empresas portuguesas, concebeu o interior de um comboio suburbano, o qual conta com a integração de materiais e tecnologias eco-eficientes, amigáveis dos utilizadores e com um design inovador. O protótipo foi apresentado nas instalações da EMEF, no dia 30 de janeiro. O mercado de material circulante ferroviário apresenta um aumento da procura de soluções para modernização de equipamentos a meio do seu ciclo de vida útil. Trata-se de uma solução economicamente mais vantajosa para os operadores e para as autoridades de transportes do que a substituição dos equipamentos, sobretudo numa conjuntura onde as disponibilidades financeiras são menores para esses tipos de investimentos. E não apenas em países do sul da Europa. Com o objetivo de procurar aproveitar algumas das oportunidades existentes no mercado, um conjunto de empresas portugueses reuniu competências e desenvolveu um projeto que consistiu na criação de um interior para um comboio suburbano, com base na integração de materiais e tecnologias eco-eficientes. Denominado intrain Projeto de Investigação e Desenvolvimento de Componentes para
Interiores Ferroviários, é promovido por um consórcio que integra empresas como a SETSA, Active Space Tecnologies, Almadesign, INEGI, ISQ (Instituto Superior de Qualidade), Optimal Structural Solutions e Spin.Works. Contou ainda com o apoio da EMEF, da ERT Têxteis Técnicos, da Forbo, da Climar indústria de iluminação, e foi co-financiado pelo QREN Quadro Estratégico de Referência Estratégico Nacional, no âmbito do Programa Operacional Fatores de Competitividade - COMPETE, e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. O consórcio desenvolveu e integrou todo o interior de um comboio suburbano numa mockup à escala real, com base numa unidade ferroviária CP 2000, para validação das soluções desenvolvidas, demonstrando o know-how e as capacidades tecnológicas dos consorciados, no setor ferroviário. No decorrer do projeto, que teve uma duração de 36 meses, o consórcio aplicou novas soluções em cinco grupos diferentes: pavimento, painéis laterais, painéis de teto, bancos e acessórios e sistemas de infotainment.
Formalmente, a linguagem emotiva e fluida do design é inspirada nas formas orgânicas da natureza. As soluções foram materializadas no referido protótipo, em tamanho real. O layout da carruagem foi otimizado para o conforto do passageiro, sendo dinâmico, modular e versátil. O desenho interior possibilita a distribuição de 48 passageiros sentados e 72 em pé, contando com uma ampla área de vestíbulo para evitar as aglomeração de passageiros nas entradas, libertando espaço para o transporte de objetos de grande dimensão, como carrinhos de bebé, cadeiras de rodas, bicicletas. No vestíbulo optou-se por colocar bancos rebatíveis, uma solução que oferece uma maior flexibilidade de oferta de lugares sentados e em pé, com um maior número de lugares sentados em horas entre pontas e máxima lotação em hora de ponta. Os bancos, de construção modular, com diferentes tipologias e upgrades, são construídos
em materiais compósitos, revestidos com espumas e tecidos mais confortáveis e inovadores. Os bancos foram testados na fase de desenvolvimento do projeto através de simulações de elementos finitos. Aqueles ensaios tiveram como objetivo avaliar a resistência mecânica e a fadiga dos materiais utilizados, bem como a validação do design global. Após essas simulações foram criadas as peças e moldes de fabrico para os protótipos. O teto, por sua vez, apresenta uma artéria central que integra os sistemas de iluminação LED, que permite alterar a intensidade da luz proporcionando diversos ambientes em função da luz natural, das condições climatéricas e da estação do ano. Neste elemento, está também integrado o sistema de som e distribuição de ar que se ramifica para o pórtico de entrada, integrando as estruturas de apoio e acesso. A carruagem está também equipada com um interface que transmite informações ao passageiro, tais como temperatura, qualidade do ar, humidade e sinalização de ocupação de lugares, bem como informação complementar sobre a viagem. O projeto aposta ainda na utilização de materiais compósitos certificados para o fogo M2/F2 e em estruturas de painéis modulares permitindo uma fácil acessibilidade à estrutura primária da carruagem, para manutenção e substituições e contribuindo também para a leveza da solução final. As empresas participantes no intrain acreditam que o projeto possa contribuir para o arranque de uma nova e mais inovadora etapa deste setor, em tempo de aposta na inovação, competitividade e reindustrialização - com foco na exportação de bens transacionáveis de valor acrescentado. Com base neste projeto intrain, a criação de sinergias de trabalho entre as empresas participantes permite um enorme potencial de spin-offs para projetos decorrentes do conceito desenvolvido. O consórcio acredita em condições para comercializar vários produtos diferentes, em função das necessidades específicas de cada cliente na remodelação de material circulante, designadamente pavimentos, painéis laterais, painéis de teto, bancos e acessórios ou sistema de informação ao passageiro. Esses produtos poderão ser fornecidos isoladamente ou em várias combinações. O protótipo apresentado nas instalações da EMEF, na Amadora, reúne todas as soluções desenvolvidas pelo consórcio, mas nem todas elas poderão ser aplicadas em conjunto num projeto individual. O conhecimento obtido neste projeto poderá permitir a empresas como a EMEF especialista em grandes reparações, reabilitações e recondicionamentos apresentarem soluções e propostas em concursos internacionais para a remodelação do interior de material ferroviário. A necessidade existe. Agora, o know-how também. in TR 144 Por: Carlos Moura Pedro
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