O TRATADO DE LISBOA OS PARLAMENTOS NACIONAIS. Assembleia da República Comissão de Assuntos Europeus

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Transcrição:

O TRATADO DE LISBOA E OS PARLAMENTOS NACIONAIS

O TRATADO DE LISBOA E OS PARLAMENTOS NACIONAIS O Tratado de Lisboa consagra os Parlamentos nacionais como garante do bom funcionamento da UE (artigo 12.º TUE) e reconhece que os Governos são democraticamente responsáveis perante eles (artigo 10.º TUE).

O TRATADO DE LISBOA E OS PARLAMENTOS NACIONAIS O Tratado de Lisboa apresenta um conjunto de inovações sobre o papel dos Parlamentos nacionais na UE, nomeadamente, nas seguintes matérias: Escrutínio do princípio da subsidiariedade; Espaço de Liberdade, Segurança e Justiça (p. ex.: os Parlamentos nacionais são associados às modalidades de controlo das atividades da Eurojust e Europol); Revisão dos Tratados; Pedidos de Adesão; Cláusula Passerelle; Cláusula de Flexibilidade.

PARLAMENTOS NACIONAIS NA UE PROTOCOLO 1 O SEU PAPEL Objetivo: maior participação dos PN na UE, reforçando a capacidade de exprimirem o seu parecer sobre projetos de atos legislativos e outras questões consideradas relevantes. Informação dirigida aos PN: passam a receber diretamente todos os seus documentos de consultas e programação da Comissão, bem como todos os projetos de atos legislativos emanados de qualquer instituição ou grupo de EM; PN podem dirigir aos Presidentes do PE, Conselho e Comissão um parecer fundamentado sobre a observância do princípio da subsidiariedade; Cooperação Interparlamentar: o PE e os PN definem as modalidades da sua cooperação; o papel da COSAC no intercâmbio de informações e boas práticas.

PARLAMENTOS NACIONAIS NA UE PROTOCOLO 2 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE PN têm 8 semanas para dirigir às instituições da UE um parecer fundamentado expondo as razões pelas quais um projecto de acto legislativo não respeita o princípio da subsidiariedade ( Mecanismo de Alerta Precoce ). Nota: Cada PN tem 2 votos, num total de 54. Cartão amarelo : se 1/3 dos PN (ou ¼ se for matéria ESLJ) se opuser, a Comissão Europeia é obrigada a reanalisar a proposta (1/3 equivale a 18 votos e ¼ a 14) CE pode manter, retirar ou alterar.

PARLAMENTOS NACIONAIS NA UE PROTOCOLO 2 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE Cartão laranja : no âmbito do processo legislativo ordinário (co-decisão), se uma maioria simples (28 votos) dos PN se opuser, a Comissão Europeia é obrigada a rever: Se mantiver a proposta inalterada, o parecer fundamentado da Comissão e os pareceres dos PN são remetidos ao legislador (Conselho e PE) para consideração. Se o Conselho, por maioria de 55%, ou o PE, por maioria simples, considerarem que a proposta não respeita a subsidiariedade, esta será retirada.

PARLAMENTOS NACIONAIS NA UE PROTOCOLO 2 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE Cartão vermelho : Estado-Membro ou PN através dele interpõe recurso com fundamento em violação do princípio da subsidiariedade: o Tribunal de Justiça da UE é competente para se pronunciar sobre estes recursos

Espaço de Liberdade Segurança e Justiça O Tratado de Lisboa reforça o papel dos PNs no acompanhamento das políticas da UE no ELSJ, não só em termos de subsidiariedade, mas da própria avaliação das políticas: Cláusula Passerelle (Art. 81.º, n.º3 TFUE) estabelece que, em matéria de Direito da Família com incidência transfronteiriça, o Conselho pode decidir, por unanimidade, que determinada matéria deste âmbito passe a ser decidida através do processo legislativo ordinário e não por unanimidade. Os PNs têm 6 meses para se opor. Os PNs são associados às modalidades de controlo das actividades da Eurojust e Europol (Art. 85.º e 88.º, n.º 2 TFUE) O Conselho irá criar um Comité Permanente que assegure na UE a promoção e o reforço da cooperação operacional em matéria de segurança interna. Os PNs serão periodicamente informados desses trabalhos (Art. 71.º TFUE)

Revisão dos Tratados Processo de revisão ordinário (art. 48.º/2 a 5 TUE) -Os PNs são notificados e participam da Convenção Novos processos de revisão simplificado (art. 48.º/6 a 7 TUE) - Aplicável apenas à revisão das políticas e acções internas da UE (Parte III do TFUE); - Nos casos em que o TFUE ou o Título V (PESC) do TUE definam que o Conselho delibera por unanimidade em determinado domínio, o Conselho Europeu pode decidir por unanimidade que o Conselho delibere por maioria qualificada nesse domínio; - Além disso, quando o TFUE disponha que o Conselho adopta actos através do processo legislativo especial (unanimidade), o Conselho Europeu pode decidir que a adopção destes actos seja feita através do processo legislativo ordinário; - Estas iniciativas são transmitidas aos PNs. Em caso de oposição de um PN no prazo de 6 meses, a decisão não pode ser adoptada.

Outras disposições Pedidos de Adesão à UE (art. 49.º TUE) > os PNs passam a ser informados desses pedidos. Cláusula de Flexibilidade (art. 352.º TFUE) > quando uma acção é considerada necessária para atingir um dos objectivos dos Tratados, mas estes não a prevejam, o Conselho pode, sob proposta da Comissão e após aprovação do PE, adoptar por unanimidade as disposições necessárias; > No âmbito do processo de controlo do princípio da subsidiariedade, a Comissão alerta os PNs para as propostas baseadas neste artigo.