Em teste preliminar Silva (2004) avaliou diferentes meios de cultura para Diplodia maydis e D. macrospora, incubados à 20 o C ± 2 na câmara de crescim

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Transcrição:

Communication ESPORULAÇÃO DE Diplodia maydis E Diplodia macrospora EM DIFERENTES MEIOS DE CULTURA SPORULATION OF Diplodia maydis AND Diplodia macrospora IN DIFFERENT CULTURE MEDIA Adriana Rodrigues da SILVA 1 ; Fernando Cezar JULIATTi 2 RESUMO: Dentre os patógenos que atacam as espigas de milho causando podridões, Diplodia maydis e D. macrospora são os mais destrutivos, causando reduções na produtividade e na qualidade de grãos. A esporulação destas espécies foi avaliada nos meios de cultura farinha de aveia-ágar (FAA), farinha de milho-ágar (FMA), creme de milho-ágar, milho+estigma-ágar, espiga de milho-ágar, V-8, FAA+vitamina, FMA+vitamina, creme de milho+vitamina, milho+estigma+vitamina, espiga de milho+vitamina, V-8+vitamina, grãos de sorgo, trigo e milho. Os meios foram incubados em temperatura de 26 o C ± 2 com fotoperíodo de 12 h. A esporulação foi avaliada no 20 o dia de incubação. Para Diplodia maydis, os meios grão de sorgo e FAA+vitamina proporcionaram a melhor esporulação, com produção de 2,6 x 10 6 e 2,3 x 10 6 esporos ml -1, respectivamente. Para Diplodia macrospora, FMA e FAA, com produção de 1,3 x 10 6 e 1,2 x 10 6 esporos ml -1, respectivamente, foram os melhores. UNITERMOS: Zea mays; Stenocarpella maydis; S. macrospora; Reprodução; Inóculo; Picnidiosporos. INTRODUÇÃO As podridões brancas das espigas de milho (Zea mays L.) são causadas pelos fungos Diplodia maydis (Berk) Sacc. [= D. zea (Schw.) Lev.] e D. macrospora Earle. O gênero Diplodia pertence à classe Deuteromycetes (Coelomycetes), Ordem Sphaeropsidales e Família Sphaeropsidaceae (PINTO; FERNANDES; OLIVEIRA, 1997). Estes fungos têm recebido muita atenção dos pesquisadores nos últimos anos devido ao aumento da área plantada com lavouras de milho altamente tecnificadas (MARIO, 1998) e por serem considerados responsáveis pela redução da produtividade e qualidade de grãos, afetando diretamente o rendimento da cultura (BIZZETTO, 1999; BIZZETTO; HOMECHIN; SILVA, 2000a; CASA, 1997; LUZ, 1995; MARIO, 1998). A incidência destes fungos nos grãos normalmente ocorre pela infecção natural da espiga no campo, favorecida por clima úmido e quente na fase de polinização, mau empalhamento e danos externos causados por insetos servem de porta de entrada para o patógeno (AGRIOS, 1997; PEREIRA, 2002; SHURTLEFF, 1992). Segundo Agrios (1997), as podridões da espiga e de grãos são favorecidas por falta de água no começo do desenvolvimento da planta e chuvas próximo ou em seguida à antese. Pode-se somar a isso alta população de plantas, alto teor de nitrogênio e baixo teor de potássio na planta e precocidade de híbridos. A resistência genética oferece maior vantagem no manejo de podridões de espigas causadas por Diplodia. As empresas produtoras de sementes melhoradas testam centenas e até milhares de genótipos ao mesmo tempo. As diferenças nos níveis de infecção em diferentes locais e anos estão diretamente relacionadas com a metodologia usada para a inoculação e, principalmente, entre a quantidade de inóculo utilizado. A seleção para linhas resistentes requer um método seguro de inoculação, com a produção de infecção consistente entre anos e dentro de linhas, e sobretudo, simulando a ocorrência natural da doença. A técnica tem que ser exeqüível, devido ao grande número de plantas a serem inoculadas num curto espaço de tempo (KLAPPROTH; HAWK, 1991). 1 Engenheira Agrônoma, Mestranda, Discente do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia. 2 Engenheiro Agrônomo, Doutor, Docente, Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Uberlândia. Received: 11/03/04 Accept: 15/07/04 127

Em teste preliminar Silva (2004) avaliou diferentes meios de cultura para Diplodia maydis e D. macrospora, incubados à 20 o C ± 2 na câmara de crescimento e em diferentes fotoperíodos. Após 90 dias de incubação, os fungos não haviam formado picnídios em nenhuma das combinações: diferentes meios e fotoperíodos. Esta observação confirmou a necessidade de temperaturas elevadas para a esporulação destes fungos em laboratório, conforme relatos de Correa (1978), Bizzetto, Homechin e Silva (2000b), Mario (1998) e Ullstrup (1949). O objetivo deste trabalho foi avaliar as duas espécies de Diplodia de ocorrência natural nos Cerrados em diferentes meios de cultura, em laboratório, para a obtenção de esporos viáveis e em quantidade. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Fitopatologia do Instituto de Ciências Agrárias - ICIAG, da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG. Isolados de Diplodia maydis e D. macrospora foram provenientes de espigas de milho coletadas em Itumbiara-GO, em abril de 2002, na Estação Experimental de Pesquisa da Empresa de Sementes Pioneer Ltda. Esporos viáveis retirados de picnídios formados sobre os grãos contaminados foram isolados em BDA acidificado e incubados em câmara de crescimento à 20 o C ± 2, com fotoperíodo de 12 h, por 7 dias. Os meios de cultura testados foram: diferentes grãos colocados separadamente em placas de Petri (milho, sorgo e trigo), farinha de aveia-ágar (FAA), FAA+vitamina (1 ml por litro de meio do complexo vitamínico Nutri-Ped Poliminerais + associações), farinha de milho-ágar (FMA), FMA+vitamina, creme de milho-ágar, creme de milho-ágar+vitamina, milho+estigma-ágar, milho+estigma-ágar+vitamina, espiga de milho-ágar, espiga de milho-ágar+vitamina, V-8 e V- 8+vitamina. Os grãos foram embebidos em água destilada esterilizada por 12 h e depois autoclavados (20 min à 120 o C) por 2 dias consecutivos. Os meios creme de milho-ágar (200g de grãos de milho verde), milho+estigma-ágar (200g de grãos de milho verde, 100g de estigmas frescos) e espiga de milho-ágar (200g de grãos de milho verde, 100g de estigmas frescos, 30g de palha fresca) foram batidos em liquidificador, por 3 min, peneirados e cozidos em banho-maria por 20 min. Após o cozimento, foram acrescidos 20g de ágar e 20g de sacarose por litro de meio de cultura. O meio com V-8 foi feito usando uma lata de suco V-8 (Campbell Co). O conteúdo da lata foi vertido num balão volumétrico com capacidade para 1 litro. Completou-se, então, o volume do balão com água destilada e esterilizada e acrescentou-se 20g de ágar e 20g de sacarose por litro de meio. Os meios foram então esterilizados em autoclave por 20 min à 120 o C. Após a esterilização, corrigiu-se o ph para 5,5. Os meios foram então vertidos em placas de Petri. A adição da vitamina ocorreu após a esterilização dos meios em autoclave, com temperatura de aproximadamente 50 o C. A espécie avaliada, D. maydis ou D. macrospora, individualmente, foi repicada para placas de Petri contendo os diferentes meios de cultura. Cada placa recebeu 1 disco de BDA de 6 mm de diâmetro colonizado com micélio ativo do fungo. As placas contendo os diferentes meios de cultura foram incubadas em fotoperíodo de 12 h e à 26 o C ± 2 na câmara de crescimento. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições. Cada unidade experimental foi composta por uma placa de Petri contendo a combinação meio a ser avaliado e o fungo D. maydis ou D. macrospora. A esporulação de D. maydis e D. macrospora, nos diferentes meios de cultura, foi avaliada no 20 o dia de incubação. Cada placa de Petri, individualmente, foi triturada em liquidificador por 3 min com 150 ml de água destilada e esterilizada. A suspensão resultante da filtragem foi utilizada para determinar a concentração de esporos (picnidiosporos ml -1 ), através de quatro leituras em câmara de Neubauer. RESULTADOS Os esporos de Diplodia maydis apresentaram 1 septo e mediram 15-37,5 µm x 5-6,25 µm, enquanto os de Diplodia macrospora apresentaram 0, 1 ou 2 septos e mediram 42,5-82,5 µm x 6,25-12,5 µm. Foram observadas diferenças significativas entre os meios de cultura avaliados para as duas espécies de Diplodia. A produção de esporos dos fungos Diplodia maydis e D. macrospora, em laboratório, é apresentada na Tabela 1. 128

Tabela 1. Número de esporos de Diplodia maydis e D. macrospora nos diferentes meios de cultura, após 20 dias de incubação em câmara de crescimento à 26 o C. UFU, Uberlândia-MG, 2004. Diplodia maydis Diplodia macrospora MEIO DE CULTURA Esporos/mL MEIO DE CULTURA Esporos/mL Grãos de sorgo 2,6x10 6* a ** FMA1,3x10 6* a ** FAA+vitamina 2,3x10 6 a FAA 1,2x10 6 a FAA 1,4x10 6 b Espiga de milho+vitamina 2,3x10 5 b FMA+vitamina 8,5x10 5 c Espiga de milho 2,1x10 5 bc Grãos de trigo 5,0x10 5 cd Creme de milho+ vitamina 1,9x10 5 bcd V8+vitamina 2,4x10 5 de Milho+estigma+ vitamina 1,4x10 5 bcde Espiga de milho+vitamina 1,6x10 5 ef Creme de milho 1,3x10 5 bcde Creme de milho+vitamina 1,4x10 5 ef Grãos de milho 1,1x10 5 cdef V8 1,0x10 5 ef FAA+ vitamina 1,0x10 5 def Espiga de milho 8,7x10 4 ef Grãos de trigo 8,5x10 4 efg Creme de milho 7,2x10 4 ef Milho+estigma 7,2x10 4 efg Milho+estigma 4,5x10 4 ef V8+ vitamina 5,2x10 4 efg Milho+estigma+vitamina 3,5x10 4 f V8 3,2x10 4 fg FMA1,5x10 4 f FMA+ vitamina 1,5x10 4 g Grãos de milho 1,0x10 4 f Grãos de sorgo 1,0x10 4 g * Dados originais. Para análise estatística os dados foram transformados em [ + 10. ** Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5%. DISCUSSÃO Os esporos de Diplodia maydis apresentaram somente um septo transversal. A presença de duas células é uma característica marcante desta espécie, mas, de acordo com Pereira (2002) e Sutton (1980) o número de septos pode variar de 0 a 2 em Diplodia maydis e de 0 a 3 em Diplodia macrospora. As dimensões dos esporos das duas espécies mostram que, os de Diplodia macrospora podem ter até três vezes o comprimento do esporo de D. maydis. A largura dos esporos varia menos devido ao seu formato fusiforme. Portanto, a medida dos isolados avaliados não apresentam variação significativa em relação ao relatado por Marasas e Van Der Westhuizen (1979), Mario (1998) e Pereira (2002). O meio de grãos de sorgo e o FAA+vitamina proporcionaram a melhor produção de esporos para Diplodia maydis, com produção de 2,6 x 10 6 e 2,3 x 10 6 esporos ml -1, respectivamente, diferindo estatisticamente de todos os outros meios. O meio de grãos de milho proporcionou a menor produção, que foi de 1,0 x 10 4 esporos ml -1. Os meios de FMA e FAA proporcionaram a melhor produção de esporos para D. macrospora, com 1,3 x 10 6 e 1,2 x 10 6 esporos ml -1, respectivamente, diferindo estatisticamente de todos os outros meios. O meio de grãos de sorgo e o FMA+vitamina apresentaram as menores esporulações para Diplodia macrospora, com 1,0 x 10 4 e 1,5 x 10 4 esporos ml -1, respectivamente. Nota-se que, as melhores médias de esporulação de Diplodia macrospora estão bem abaixo das melhores médias de Diplodia maydis, em laboratório. Isto enfatiza a dificuldade em se trabalhar com Diplodia macrospora, conforme já observado por Johann (1935), Mario (1998) e Morant, Waren e Von Qualen (1993). Além das evidentes diferenças na quantidade de esporos produzidos pelas espécies estudadas, observase que há uma interação entre o meio de cultura e o fungo. Apesar da ocorrência natural e simultânea das duas espécies de Diplodia nas regiões cultivadas com milho, D. macrospora apresentou produção de esporos muito inferior àquela de D. maydis. Em ambiente das Regiões de Cerrado e do Rio Grande do Sul, D. macrospora apresenta infestação maior que a de D. maydis (informação verbal 1 ; MARIO, 1998). CONCLUSÕES 1. O meio de cultura de grãos de sorgo e o de farinha de aveia-ágar+vitamina proporcionaram a melhor esporulação para Diplodia maydis. 2. Para Diplodia macrospora, os meios de cultura farinha de milho-ágar e farinha de aveia-ágar proporcionaram a melhor esporulação. 129

ABSTRACT: Among the pathogens that produce ear rot, Diplodia maydis and D. macrospora are the most destructives. They are responsible for the reduction of both yield and quality of grains. The sporulation of both species was evaluated in the following culture media: agar oat flour (AOF), agar corn meal (ACM), agar corn cream, agar corn + silk, agar corn ear, v-8, AOF + vitamin, ACM + vitamin, corn cream + vitamin, corn + silk + vitamin, corn ear + vitamin, v-8 + vitamin, grains of sorghum, wheat and corn. At 26 o C (± 2) in a photoperiod of 12 hours. The sporulation was evaluated on the 20 th day of incubation. For D. maydis, the media sorghum grains and AOF + vitamin yielded the best sporulation, with production of 2.6 x 10 6 and 2.3 x 10 6 spores ml -1, respectively. For D. macrospora, ACM and AOF, with production of 1.3 x 10 6 and 1.2 x 10 6 spores ml -1, respectively, were the best media. UNITERMS: Zea mays; Stenocarpella maydis; S. macrospora; Reproduction; Inoculum; Picnidiospores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIOS, G. N. Plant Pathology. 4 th ed. New York: Academic, 1997. 635 p. BIZZETTO, A.; HOMECHIN, M.; SILVA, H. P. Técnicas de inoculação de Diplodia maydis em milho. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 25, n.1, p. 21-29. maio. 2000a. BIZZETTO, A.; HOMECHIN, M.; SILVA, H.P. Diplodia maydis e Gibberella zea: produção micelial e esporulação em substratos naturais e meios de cultura. Summa Phytopathologica, Campinas, v. 26, n. 1, p. 88-91. jan. 2000b. BIZZETTO, A. Podridão de espigas de milho (Diplodia maydis): técnicas de inoculação. 1999. 50 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Curso de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Estadual de Londrina. Londrina. CASA, R. T. Diplodia maydis e Diplodia macrospora associados à semente de milho. 1997. 71 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Curso de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Viçosa. Viçosa. CORREA, C. F. P. Métodos de inoculação e fontes de resistência para Diplodia maydis (Berk) Sacc. e Fusarium moniliforme Sheldon, agentes causadores de podridões de espigas de milho (Zea mays L.). 1978. 127 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Curso de Pós-graduação em Agronomia, Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz. Piracicaba. FLETT, B. C.; McLAREN, N. W. Optimum disease potential for evaluating resistance to Stenocarpella maydis ear rot in corn hybrids. Plant Disease, St. Paul, v. 78, n. 6, p. 587-589, June. 1994. JOHANN, H. Diplodia macrospora on corn in Brazil. Plant Disease, St. Paul, v. 19, n. 9, p. 9-10, sept. 1935. KLAPPROTH, J. C.; HAWK, J. A. Evaluation of four inoculation techniques for infecting corn ears with Stenocarpella maydis. Plant Disease, St. Paul, v. 75, n. 10, p. 1057-1060, Oct. 1991. LUZ, W. C. Podridão de Diplodia: Diagnose e controle das doenças da espiga de milho no Brasil. Passo Fundo: Embrapa CNPT, 1995. 28 p. (Circular Técnica n. 5). MARASAS, W. F. O.; VAN DER WESTHUIZEN, G. C. A. Diplodia macrospora: the cause of a leaf blight and cob rot in maize (Zea mays L) in South África. Phytophylactica, v.11, n. 1, p. 61-64, feb. 1979. MARIO, J. L. Comparação de métodos de inoculação de Diplodia maydis em espigas de milho e reação de híbridos em condições de infecção natural de D. macrospora. 1998. 80 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Curso de Pós-graduação em Agronomia, Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo. 130

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